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segunda-feira, 14 de agosto de 2017

"COM A PALAVRA, O ESPECIALISTA", DOUTOR ALYSSON ZANATTA!

Apesar de a endometriose ser a doença ginecológica mais estudada dos últimos 20 anos, o diagnóstico ainda é muito tardio. A média mundial é de sete a 12 anos. A média, pois em muitos casos pode-se levar 15, 20 ou até mais anos para a doença ser corretamente diagnosticada, como foi o meu caso. Não é fácil sofrer 21 anos com as dores severas, 18 sem saber o que eu tinha. É muito difícil para qualquer jovem ter um corpo doente quando a mente está sadia. Imagine você aos 30 anos, feliz na vida profissional e na pessoal, não conseguir levantar da cama? Uma das missões do A Endometriose e Eu é espalhar a correta conscientização da endometriose para que o diagnóstico seja feito precocemente. Infelizmente muitas endomulheres são diagnosticadas com outras doenças, tais como Síndrome dos Ovários Policísticos, Cisto de Ovários, Síndrome do Intestino Irritável, entre outras, e só depois de anos há o correto diagnóstico. Para mudar a média mundial é preciso que os médicos saibam diagnosticar corretamente a doença. Em “Com a Palavra, o Especialista”, o doutor Alysson Zanatta explica como é feito o correto diagnóstico, e como a endometriose é classificada. Um dos objetivos da EndoMarcha é ter o diagnóstico precoce da doença. Junte-se a nós e inscreva-se gratuitamente e participe da nossa caminhada. Beijo carinhoso! Caroline Salazar

– Como é feito o diagnóstico da endometriose? Silvia M. da Silva - Curitiba - PR

Como tudo em Medicina: anamnese (história clínica), exame físico, e exame complementar (por exemplo, um exame de sangue ou de imagem). Nessa ordem.

No caso específico da endometriose:

- anamnese: chamam a atenção para possibilidade de endometriose o histórico de cólicas menstruais fortes desde a adolescência, o sangramento menstrual excessivo, as dores durante a relação sexual, as dores evacuatórias e urinárias, e, também, uma eventual dificuldade para engravidar (mais de 1 ano de tentativas). Temos que perguntar diretamente sobre esses sintomas, pois muitas vezes as mulheres podem achar que são normais.

- exame físico: um toque vaginal realizado com cuidado e atenção, buscando-se palpar cuidadosamente o fundo da vagina e a região atrás do colo do útero, poderá ser capaz de identificar os nódulos e aderências de endometriose profunda em mais da metade dos casos.

- exame complementar: para a endometriose, é necessária uma ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal e/ou uma ressonância magnética pélvica com contraste endovenoso e gel vaginal, desde que feitos por profissional capacitado. Nada mais.

– Quais os tipos de endometriose e como classifica-las? Até hoje não sei qual eu tenho, como eu poderia saber? Joyce Oliveira – Ribeirão Preto - SP

Há três tipos principais de endometriose: peritoneal (ou superficial), profunda (que forma nódulos sólidos) e ovariana (cistos líquidos nos ovários). A endometriose ovariana é consequência da endometriose profunda e é mais facilmente detectada. Ou seja, quando houver detecção de endometriose ovariana, sabemos que existe também a endometriose profunda.




Sobre o doutor Alysson Zanatta:


Graduado e com residência médica pela Universidade Estadual de Londrina, doutor Alysson Zanatta tem especializações em uroginecologia e cirurgia vaginal pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), cirurgia laparoscópica pelo Hospital Pérola Byington de São Paulo e doutorado pela Universidade de São Paulo, USP. Suas principais áreas de atuação são a pesquisa e o tratamento da endometriose, com ênfase na cirurgia de remoção máxima da doença. Seus inter­esses são voltados para iniciativas que promovem a conscientização da população sobre a doença, como forma de tratar a doença adequadamente. É diretor da Clínica Pelvi Uroginecologia e Cirurgia Ginecológica em Brasília, no Distrito Federal, onde atende mulheres com endometriose, e ex-professor-adjunto de Ginecologia da Universidade de Brasília (UnB). (Acesse o currículo lattes do doutor Alysson Zanatta).

sexta-feira, 9 de junho de 2017

"COM A PALAVRA, O ESPECIALISTA" DOUTOR ALYSSON ZANATTA!!

Há muitos mitos que cercam a endometriose. Apesar de a endometriose ser a doença feminina que mais causa a infertilidade, ser portadora da enfermidade não significa que a mulher terá dificuldades para engravidar. Endometriose não é sinônimo de infertilidade. Já falamos sobre isso diversas vezes no A Endometriose e Eu, mas essa é uma das perguntas que mais recebo por email e também por mensagem. Aproveitando que junho é o mês internacional de conscientização da infertilidade, o doutor Alysson Zanatta vai tirar todas as suas dúvidas sobre esse assunto e vai falar também sobre um dos vários mitos que a doença tem: a gravidez é a cura para a endometriose? Já traduzimos um artigo do doutor David Redwine sobre o assunto, e agora chegou a vez do doutor Alysson te responder em “Com a Palavra, o Especialista”. Neste mês teremos um especial na coluna sobre os mitos da endometriose versus infertilidade. Beijo carinhoso! Caroline Salazar

- Qual a possibilidade de engravidar quando a mulher tem endometriose? O doutor acha que pelo fato de a mulher ter endometriose já seja critério para realizar indução de ovulação para tentar engravidar mais rápido ou recomenda algum tempo de tentativas antes da indução? Se sim quanto tempo? Amanda Quevedo – São Paulo

Doutor Alysson Zanatta: Como vai Amanda, tudo bem? Metade das mulheres com endometriose pode engravidar. Esse índice pode ser maior ou menor de acordo com a idade da mulher, e se ela já teve outra gestação no passado. De fato, o fator que mais impacta as chances de gestação de uma mulher é a sua idade. Há uma queda natural do potencial reprodutivo a partir dos 35 anos, e essa queda se acentua bastante a partir dos 37 a 38 anos de idade.

Ter endometriose não significa necessidade de tratamento para engravidar, pois, como citado, até metade das mulheres engravida. O tempo de tentativa que um casal deve aguardar antes de procurar tratamento é dependente da idade da mulher, e se existe ou não algum outro fator que possa dificultar a gestação. Lembrando que consideramos um ano como o tempo normal que o casal pode demorar a engravidar. Muitas vezes, há uma falsa sensação de que, quando começamos a tentar engravidar, essa já irá ocorrer no início da tentativa. Poder ser que sim. Mas poder ser que demore um ano, o que ainda está dentro do normal. E pode ser que não ocorra, necessitando algum tipo de tratamento.

- Muitas mulheres dizem que ficaram curadas após a gravidez. Isso é verdade?  Se não porque elas têm essa sensação? Taís Moreira – Jaguariúna – SP

Doutor Alysson Zanatta: Olá Tais. De fato, algumas mulheres deixam de sentir dor após uma gestação, levando à sensação que tenham sido curadas. Infelizmente isso não é verdade. Dizer que a gestação cura a endometriose é um mito. O que acontece é que a endometriose pode deixar de causar dor, mas a lesão permanece no mesmo local. Algumas mulheres têm a felicidade de não mais sentirem dores, enquanto outras podem voltar a ter dor em algum momento da vida. 


Sobre o doutor Alysson Zanatta:
Graduado e com residência médica pela Universidade Estadual de Londrina, doutor Alysson Zanatta tem especializações em uroginecologia e cirurgia vaginal pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), cirurgia laparoscópica pelo Hospital Pérola Byington de São Paulo e doutorado pela Universidade de São Paulo, USP. Suas principais áreas de atuação são a pesquisa e o tratamento da endometriose, com ênfase na cirurgia de remoção máxima da doença. Seus inter­esses são voltados para iniciativas que promovem a conscientização da população sobre a doença, como forma de tratar a doença adequadamente. É diretor da Clínica Pelvi Uroginecologia e Cirurgia Ginecológica em Brasília, no Distrito Federal, onde atende mulheres com endometriose, e ex-professor-adjunto de Ginecologia da Universidade de Brasília (UnB). (Acesse o currículo lattes do doutor Alysson Zanatta). 

terça-feira, 9 de maio de 2017

"COM A PALAVRA, O ESPECIALISTA", DOUTOR ALYSSON ZANATTA!!

Nos últimos meses recebi muitas mensagens questionando sobre como é feita a cirurgia de remoção total dos focos. É a mesma coisa que cauterizar os focos? Ou são diferentes? Em muitos textos há inúmeros comentários de leitoras que fizeram a “cauterização” dos focos e, poucos meses depois, a endometriose voltou. Mas será que voltou ou a doença nunca saiu de lá? A outra dúvida é sobre endometrioma. Sabemos que quem tem o cisto conhecido como chocolate nos ovários tem endometriose profunda. Mas é necessário retirá-los ou apenas esvaziá-los? Quando optar pela primeira ou segunda opção? E em qual das duas a reincidência é maior? Em “Com a Palavra, o Especialista”, o doutor Alysson Zanatta, de Brasília, responde muito bem estas duas questões. Beijo carinhoso! Caroline Salazar

- Quando se fala em remoção máxima da doença, qual seria a cirurgia? É a mesma coisa que cauterizar os focos? Se não explica a diferença entre elas? Anônima – Juiz de Fora – MG

Doutor Alysson Zanatta: A cirurgia de remoção máxima consiste na ampla remoção dos focos de endometriose profunda, buscando a totalidade. Envolve dissecção do retroperitôneo, que é o local situado “abaixo” da cavidade que reveste os órgãos abdominais e pélvicos, o peritôneo. A cirurgia envolve, quase que invariavelmente, dissecção de ureteres, artérias e veias uterinas, nervos que controlam micção e evacuação, eventualmente ressecções intestinais e apendicectomias. Isso porque a endometriose pode estar situada em todos esses locais e, para removê-la na totalidade, será necessária a manipulação e dissecção desses órgãos. É a cirurgia mais efetiva, porém pouco reprodutível. Dez médicos diferentes farão 10 cirurgias diferentes.

Cauterização de focos envolve apenas “queimar” lesões superficiais, no peritôneo. Poucas mulheres terão endometriose exclusivamente no peritôneo, razão pela qual a cauterização dos focos é altamente ineficaz.

 – Doutor Alysson sou jovem, tenho pouco menos de 30 anos e endometriomas grandes nos dois ovários. O médico quer retirá-los. Li que ele poderia esvaziá-los. Qual a diferença entre retirar o endometrioma e esvaziá-los? Nas duas técnicas qual a porcentagem desses cistos voltarem? Aline Oliveira – Salvador

Doutor Alysson Zanatta: Obrigado pela pergunta, Aline. A endometriose no ovário é uma das formas mais difíceis de serem tratadas, especialmente quando acometem ambos os ovários. É nos ovários que está toda a reserva produtiva da mulher, e devemos buscar sua preservação. Infelizmente, em algumas situações, o acometimento ovariano é tão extenso que há pouca reserva residual.

Retirar o endometrioma significa esvaziar o líquido achocolatado e em seguida retirar sua cápsula. É a maneira mais efetiva, com recorrência em torno de 20%, porém pode haver remoção de tecido ovariano saudável, mesmo com equipe experiente. Assim, em algumas situações de maior complexidade, o médico opta apenas por esvaziar o líquido, sem retirar a cápsula do endometrioma. 

Nesse caso há maior preservação ovariana, porém a recorrência do endometrioma pode chegar a 50-70%.

Em qualquer das situações, só haverá benefício da cirurgia ovariana se a endometriose profunda for removida durante a cirurgia. Não há endometrioma sem endometriose profunda. O simples fato de haver endometriomas nos dois ovários aumenta o risco de endometriose no intestino para 70%. Daí a importância que haja um mapeamento COMPLETO da doença antes da cirurgia, por um exame de imagem com especialista. Faze cirurgia apenas para mexer nos ovários é uma tragédia.



Sobre o doutor Alysson Zanatta:
Graduado e com residência médica pela Universidade Estadual de Londrina, doutor Alysson Zanatta tem especializações em uroginecologia e cirurgia vaginal pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), cirurgia laparoscópica pelo Hospital Pérola Byington de São Paulo e doutorado pela Universidade de São Paulo, USP. Suas principais áreas de atuação são a pesquisa e o tratamento da endometriose, com ênfase na cirurgia de remoção máxima da doença. Seus inter­esses são voltados para iniciativas que promovem a conscientização da população sobre a doença, como forma de tratar a doença adequadamente. É diretor da Clínica Pelvi Uroginecologia e Cirurgia Ginecológica em Brasília, no Distrito Federal, onde atende mulheres com endometriose, e ex-professor-adjunto de Ginecologia da Universidade de Brasília (UnB). (Acesse o currículo lattes do doutor Alysson Zanatta). 

quinta-feira, 30 de março de 2017

"COM A PALAVRA, O ESPECIALISTA" DOUTOR ALYSSON ZANATTA!

Todos os dias recebo mensagens e emails perguntando a diferença entre endometriose, endometrioma e adenomiose. Já abordamos esta diferença em textos no blog, mas desta vez coloquei esta dúvida na coluna "Com a Palavra, o Especialista", para que o doutor Alysson Zanatta esclareça todas as dúvidas de uma vez por todas sobre o assunto. O que mais perguntam é: são a mesma doença? Nãããão! Não é gente, são três doenças diferentes e o doutor Alysson explica maravilhosamente bem sobre o que é cada uma delas. A outra questão é sobre as trompas de Falópio ou tubas uterinas. Será possível desobstruí-las durante a cirurgia? O ginecologista e especialista em endometriose, doutor Alysson Zanatta, da Clinica Pelvi, de Brasília, esclarece suas dúvidas. Beijo carinhoso! Caroline Salazar 

- Qual a diferença entre endometriose, adenomiose e endometrioma? As últimas duas têm origem por conta da endometriose, ou é possível ter adenomiose e ou endometrioma sem ter endometriose? Gladys Silva – São Paulo, SP

Doutor Alysson Zanatta: Ótima questão, Gladys!
ENDOMETRIOSE significa a presença FORA DO ÚTERO de lesões (nódulos, cistos líquidos, aderências) que contêm glândulas que se parecem com o endométrio, a camada interna do útero que se descama com a menstruação. Apesar de se parecerem, não são as mesmas células.

O termo ENDOMETRIOMA se aplica na atualidade à endometriose no ovário. São cistos líquidos de conteúdo achocolatado que têm essas glândulas endometriais. O endometrioma ovariano é consequência direta da endometriose profunda, estando associados em mais de 98% dos casos. Ou seja, é quase impossível ter endometrioma ovariano sem ter endometriose profunda.

Essa estatística é relevante, pois, diferentemente da endometriose profunda, o endometrioma ovariano costuma ser facilmente detectado pela ultrassonografia comum ou pela ressonância. Mas se esse mesmo exame diz que há apenas o endometrioma ovariano, e não menciona nada a respeito de endometriose profunda, há mais de 98% de chances desse exame estar incompleto. Infelizmente, muitas mulheres são submetidas à cirurgia pelo diagnóstico de “endometrioma” ovariano, sem haver o diagnóstico completo da doença. Isso leva, quase que invariavelmente, a cirurgias incompletas, ineficazes, e não raramente com retirada desnecessária do ovário.

Já a ADENOMIOSE significa presença de glândulas de endométrio na camada muscular do útero (o miométrio), ou seja, DENTRO DO ÚTERO. Há forte associação com endometriose (60-70%), mas pode sim ocorrer independentemente da presença desta. Pode causar sintomas exatamente iguais aos da endometriose, a paciente precisa ser bem avaliada antes de decisão terapêutica (medicamento ou cirurgia).

- Tenho endometriose profunda e vou operar pela segunda vez em dois anos. As duas trompas estão obstruídas, gostaria de saber se é possível desobstruí-las na videolaparoscopia e como é o processo? Anônima – São José dos Campos, São Paulo

Doutor Alysson Zanatta: As trompas são órgãos que, infelizmente, aceitam pouca manipulação cirúrgica. É difícil desobstruir, pois quando o dano aconteceu, costuma ser irreversível. Se esse dano for maior como uma grande dilatação (hidrossalpinge), geralmente não é possível revertê-lo. Por outro lado, tratar apenas as trompas obstruídas e sem tratar a sua causa, no caso a endometriose profunda, é pouco efetivo. Quando a desobstrução é possível, a fazemos passando um cateter no interior da trompa durante a videolaparoscopia, esperando que haja a desobstrução.

Vale observar que em grande parte das vezes quando achamos que as trompas estão obstruídas, na verdade elas não estão o que poderá ser comprovado durante a cirurgia.



Sobre o doutor Alysson Zanatta:
Graduado e com residência médica pela Universidade Estadual de Londrina, doutor Alysson Zanatta tem especializações em uroginecologia e cirurgia vaginal pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), cirurgia laparoscópica pelo Hospital Pérola Byington de São Paulo e doutorado pela Universidade de São Paulo, USP. Suas principais áreas de atuação são a pesquisa e o tratamento da endometriose, com ênfase na cirurgia de remoção máxima da doença. Seus inter­esses são voltados para iniciativas que promovem a conscientização da população sobre a doença, como forma de tratar a doença adequadamente. É diretor da Clínica Pelvi Uroginecologia e Cirurgia Ginecológica em Brasília, no Distrito Federal, onde atende mulheres com endometriose, e Professor-adjunto de Ginecologia da Universidade de Brasília (UnB). (Acesse o currículo lattes do doutor Alysson Zanatta). 

segunda-feira, 13 de março de 2017

"COM A PALAVRA, O ESPECIALISTA" DOUTOR ALYSSON ZANATTA!

A partir deste mês teremos a participação do doutor Alysson Zanatta também na coluna “Com a Palavra, o Especialista” respondendo as dúvidas das leitoras. Em sua estreia, o doutor Alysson responde a dúvida da leitora Gilmara Barbosa, do Espírito Santo, que quer saber de uma maneira simples como surge a endometriose? Qual a visão do doutor Alysson sobre a causa da doença? Todos os dias recebemos pelo menos uma mensagem sobre essa questão, pois há ainda muitas dúvidas sobre o assunto, principalmente, às endomulheres que acabaram de ser diagnosticadas. Já a segunda questão é uma dúvida que recebo quase semanalmente: videolaparoscopia x cirurgia robótica. Qual a diferença entre elas? A leitora Moema Migliori, que mora nos Estados Unidos, vai operar pela robótica e quer saber o que difere uma cirurgia da outra. Esta técnica é bastante difundida nos Estados Unidos e vem sendo adotada por alguns médicos no Brasil. E você, qual sua dúvida sobre endometriose e ou saúde da mulher? Lembrando que esta coluna não substitui a consulta médica e nenhum médico aqui indica tratamento ou o que seu médico deverá fazer pelo blog. Se você tem alguma dúvida, que seja algo que vai ajudar também outras mulheres, envie para o email carolinesalazar7@gmail.com com o título “Com a Palavra, o Especialista”. Beijo carinhoso! Caroline Salazar

- Dr Alysson acompanho suas postagens no blog e sua visão sobre a doença é bem diferente da maioria dos médicos. Explica pra gente a seu ver como a doença surge e o que te fez ir seguir esta linha de pensamento? Gilmara Barbosa – Vila Velha, Espírito Santo
Doutor Alysson Zanatta: Olá Gilmara, obrigado pela pergunta. Tive a felicidade de ter grandes mestres, entre eles  doutor Ricardo Pereira e doutor David Redwine, que acreditam que a doença tem uma origem embrionária e que ela não seja causada pela menstruação. Isso faz toda a diferença na maneira que tratamos as pacientes, pois nós, médicos, buscamos o melhor de acordo com o que acreditamos.
Dessa forma, busquei, juntamente com meus colegas, me dedicar ao tratamento cirúrgico de remoção máxima da doença. E pude observar, ao longo desses 10 a 15 anos, o quanto ele pode ser efetivo para aquelas mulheres com endometriose que precisam da cirurgia. E mais que isso, o quanto é gratificante e recompensador observar a melhora na qualidade de vida das mulheres, e as altas taxas de gestação para aquelas mulheres que não conseguiam engravidar. Quando tratamos  uma doença e vemos resultados positivos, seguimos nesse caminho.
Dizer que a endometriose vem da menstruação é propagar um fato sem comprovação científica. É culpar a mulher pela sua doença. É justificar antecipadamente as falhas de tratamento, sejam medicamentosas ou cirúrgicas. É impedir avanços reais. É a maior tragédia da endometriose.

– Qual a diferença entre a videolaparoscopia e a cirurgia robótica? A minha será robótica e gostaria de saber as diferenças e qual sua opinião sobre este tipo de cirurgia. Moema Migliore – Estados Unidos
Doutor Alysson ZanattaA cirurgia por videolaparoscopia prevê que a cirurgia seja realizada por punções de 5-10mm por onde são introduzidos instrumentos cirúrgicos e ótica para transmissão de imagem a um monitor. A cirurgia robótica vale-se dos mesmos princípios, com a diferença que os instrumentos cirúrgicos estão acoplados a braços robóticos, que reproduzirão os movimentos do cirurgião que estará sentado operando em um console.
A cirurgia robótica é bastante disseminada nos Estados Unidos, e vem ganhando espaço no Brasil. Seus custos são mais elevados, há necessidade de mais punções abdominais. Por outro lado, há mais conforto para o cirurgião, o que pode fazer a diferença em procedimentos mais longos.
Acredito que, em se fazendo a remoção máxima da endometriose, ambas são benéficas. Cabe a cada médico, de acordo com sua melhor experiência em cirurgia laparoscópica ou robótica, escolher a melhor opção.


Sobre o doutor Alysson Zanatta:
Graduado e com residência médica pela Universidade Estadual de Londrina, doutor Alysson Zanatta tem especializações em uroginecologia e cirurgia vaginal pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), cirurgia laparoscópica pelo Hospital Pérola Byington de São Paulo e doutorado pela Universidade de São Paulo, USP. Suas principais áreas de atuação são a pesquisa e o tratamento da endometriose, com ênfase na cirurgia de remoção máxima da doença. Seus inter­esses são voltados para iniciativas que promovem a conscientização da população sobre a doença, como forma de tratar a doença adequadamente. É diretor da Clínica Pelvi Uroginecologia e Cirurgia Ginecológica em Brasília, no Distrito Federal, onde atende mulheres com endometriose, e Professor-adjunto de Ginecologia da Universidade de Brasília (UnB). (Acesse o currículo lattes do doutor Alysson Zanatta).