Apesar de a endometriose ser a doença ginecológica mais estudada dos últimos 20 anos,
o diagnóstico ainda é muito tardio. A média mundial é de sete a 12 anos. A média, pois em muitos casos pode-se levar 15, 20 ou até mais anos para a doença ser corretamente diagnosticada, como foi o meu caso. Não
é fácil sofrer 21 anos com as dores severas, 18 sem saber o que eu tinha. É
muito difícil para qualquer jovem ter um corpo doente quando a mente está
sadia. Imagine você aos 30 anos, feliz na vida profissional e na pessoal, não
conseguir levantar da cama? Uma das missões do A Endometriose e Eu é espalhar a correta conscientização
da endometriose para que o diagnóstico seja feito precocemente. Infelizmente muitas endomulheres são diagnosticadas com outras doenças, tais como Síndrome dos Ovários Policísticos, Cisto de Ovários, Síndrome do Intestino Irritável, entre outras, e só depois de anos há o correto diagnóstico. Para mudar a média mundial é preciso
que os médicos saibam diagnosticar corretamente a doença. Em “Com a Palavra, o
Especialista”, o doutor Alysson Zanatta explica como é feito o correto diagnóstico, e
como a endometriose é classificada. Um dos objetivos da EndoMarcha é ter o diagnóstico precoce da doença. Junte-se a nós e inscreva-se gratuitamente e participe da nossa caminhada. Beijo carinhoso! Caroline Salazar
– Como é feito o
diagnóstico da endometriose? Silvia M. da Silva - Curitiba - PR
Como tudo em Medicina: anamnese (história clínica), exame físico,
e exame complementar (por exemplo, um exame de sangue ou de imagem). Nessa
ordem.
No caso específico da endometriose:
- anamnese: chamam a atenção para possibilidade de endometriose o histórico
de cólicas menstruais fortes desde a adolescência, o sangramento menstrual
excessivo, as dores durante a relação sexual, as dores evacuatórias e
urinárias, e, também, uma eventual dificuldade para engravidar (mais de 1 ano
de tentativas). Temos que perguntar diretamente sobre esses sintomas, pois
muitas vezes as mulheres podem achar que são normais.
- exame físico: um toque vaginal realizado com cuidado e atenção,
buscando-se palpar cuidadosamente o fundo da vagina e a região atrás do colo do
útero, poderá ser capaz de identificar os nódulos e aderências de endometriose
profunda em mais da metade dos casos.
- exame complementar: para a endometriose, é necessária uma
ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal e/ou uma ressonância
magnética pélvica com contraste endovenoso e gel vaginal, desde que feitos por
profissional capacitado. Nada mais.
– Quais os
tipos de endometriose e como classifica-las? Até hoje não sei qual eu tenho,
como eu poderia saber? Joyce Oliveira – Ribeirão Preto - SP
Há três tipos principais de endometriose: peritoneal (ou
superficial), profunda (que forma nódulos sólidos) e ovariana (cistos líquidos
nos ovários). A endometriose ovariana é consequência da endometriose profunda e
é mais facilmente detectada. Ou seja, quando houver detecção de endometriose
ovariana, sabemos que existe também a endometriose profunda.
Sobre o doutor Alysson Zanatta:
Graduado e com residência médica pela
Universidade Estadual de Londrina, doutor Alysson Zanatta tem especializações
em uroginecologia e cirurgia vaginal pela Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp), cirurgia laparoscópica pelo Hospital Pérola Byington de São Paulo e
doutorado pela Universidade de São Paulo, USP. Suas principais áreas de atuação
são a pesquisa e o tratamento da endometriose, com ênfase na cirurgia de
remoção máxima da doença. Seus interesses são voltados para iniciativas que
promovem a conscientização da população sobre a doença, como forma de tratar a
doença adequadamente. É diretor da Clínica Pelvi Uroginecologia e Cirurgia Ginecológica em
Brasília, no Distrito Federal, onde atende mulheres com endometriose, e
ex-professor-adjunto de Ginecologia da Universidade de Brasília (UnB). (Acesse o currículo lattes do doutor Alysson Zanatta).