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imagem cedida por Free Digital Photos |
Confesso que cada dia que passa estou mais fã do cientista e médico David Redwine, que dedicou mais de 30 anos estudando a endometriose, e tratando endo mulheres no mundo todo que recorriam às suas abençoadas mãos. O que mais me cativa neste americano de semblante sereno é a paixão por estudar a doença, a paixão por tentar elucidar fatos retratados por outros cientistas, e mais que isso, o de comprovar seus estudos. Paixão mesmo, já que ele começou a dedicar a endometriose por conta de sua primeira esposa, que sofria com a doença. Mesmo aposentado como médico, Redwine continua se dedicando a estudar a doença. E é isso que é ser médico, cientista: dedicar sua vida a salvar vidas, mesmo após aposentado. Não a toa que ele se tornou um cientista premiado. Após abordar que a gravidez não é a cura para a endo, Redwine sustenta provas mediante seus estudos que a castração da mulher (a retirada dos ovários e do útero) também não significa a cura da doença. Castração, uma palavra certeira quando se refere a mutilação da mulher.
Quem se lembra quando falamos que durante o I Brasil na Conscientização da Endometriose, as meninas do Endometriose Brasil encontraram em plena Avenida Paulista uma americana de 80 anos que havia descoberto há pouco tempo ser portadora da doença. Uma pena que eu estava do outro lado, pois queria muito ter feito uma entrevista com ela. Endometriose: uma doença que precisa de mais consciência dos médicos e também da sociedade para que haja o diagnóstico precoce da doença. Por isso, no dia 13 de março de 2014, vista-se de amarelo e junte-se a nós e a mais 53 países e venha marchar pacificamente conosco na Million Women March for Endometriosis, a Milhões de Mulheres Marchando contra a Endometriose. Vamos colorir o mundo de amarelo para ter a endometriose reconhecida como doença social, para ter nossos direitos perante a lei e para salvar a próxima geração de portadoras. Acesse o evento da Marcha Mundial Brasileira no facebook, veja os estados participantes e junte-se a nós! Está chegando o nosso grande dia, o dia mais esperado de nossas vidas! Em breve mais novidades incríveis! Beijo carinhoso! Caroline Salazar
A menopausa cura a endometriose?
Por doutor David Redwine
Tradução: Alexandre Vaz
Edição: Caroline Salazar
Nunca existiu um estudo controlado com recurso de biópsia
que demonstrasse que a menopausa erradica, destrói ou cura a endometriose. Nem
nunca existiu um estudo do mesmo tipo que mostrasse que a remoção dos ovários
erradica, destrói ou cura a endometriose. Uma das pacientes mais idosas com
endometriose, 78 anos de idade, foi reportada por Haydon.
A paciente mais idosa com endometriose conformada com
recurso a biópsia, alguma vez tratada no St Charles Endometriosis Treatment
Program tinha 74 anos. Tão forte era o conceito de que a remoção dos ovários
iria destruir a endometriose, que essa senhora idosa foi sujeita à remoção do
seu útero, trompas e ovários aos 73 anos de idade, para que fosse “curada” de sua endometriose, apesar de ela não ter
estrogênio quando recebeu radioterapia para destruir seus ovários na década de
1940.
De onde surgiu a noção de que a menopausa (e, por
inferência, a remoção dos ovários) poderia destruir a endometriose? Como não
tinha observado endometriose após a menopausa, Sampson ficou esperançado que a
cessação da função ovariana iria “tipicamente e possivelmente em todos os casos”
causar a atrofia da endometriose.
A endometriose precisa de mais do que verbos e advérbios
para o seu tratamento. Meigs agravou o problema ao ignorar entre suas 16
pacientes de endometriose em menopausa, duas ainda tinham endometriomas. Ele
propôs que fossem removidos os ovários como método para cessar a função
ovariana, o que levaria os cistos no interior dos ovários a parar seu
crescimento e lentamente atrofiarem.
Como exemplo do “sucesso” dessa terapia, ele relatou o
caso de uma paciente com massa pélvica (que presumivelmente seria um ovário
minado de endometriose) que persistiu durante 25 meses após a remoção dos ovários.
Os defensores da erradicação através da menopausa parecem ter um jeito todo
especial para dar opiniões sem suporte científico ou para fazer má
interpretação dos dados disponíveis.
Cattell e Swinton afirmaram que “a castração irá levar
as lesões a regredir e geralmente ao alívio dos sintomas”, embora não tenham
apresentado nenhuns dados ou referências que suportem essa teoria. Cattell mais
tarde verificou que 54% das suas pacientes com a doença intestinal significativa
continuaram a ser sintomáticas ou a ter raio-X GI com anomalias após a
castração, embora não tenha debatido a racional da terapia que deixou a maioria
das pacientes com sequelas.
Fallon, escrevendo sem referências que suportassem suas
afirmações, afirmou que “... toda a endometriose regride após a remoção dos
ovários...”. Counsellor e Crenshaw afirmaram (sem referências) que “obviamente,
a forma mais rápida e a mais certa para o alívio da dor é a destruição da
função ovariana”.
É claro, que agora se percebe que esses estudos iniciais
sobre a menopausa e a endometriose tiveram as suas conclusões com base na
observação dos sintomas ou aparentes taxas endometriose entre as pacientes em
menopausa: pacientes que pareciam ter menos dor, ou nenhuma dor após a
menopausa, já que os ginecologistas raramente observavam a doença após a
menopausa, foi concluído que a menopausa destruía fisicamente a endometriose.
Não fizeram estudos de controle com base em biópsia para confirmar suas
opiniões, e até hoje não existem provas concretas de que a menopausa tem o efeito por
eles afirmado.
Kempers reportou 138 portadoras que tinham entrado em
menopausa dois ou mais anos antes. Apenas duas tinham recebido estrogênio. 60%
tinha tido pelo menos uma gravidez, e 41 possuía doença intestinal significativa.
No St Charles Endometriosis Treatment Program, ele teve uma série de 65
pacientes com endometriose comprovada por biópsia, após histerectomia (retirada do útero) ou
ooforectomia (remoção cirúrgica de um ou ambos os ovários). Algumas dessas
pacientes estavam na casa dos 20 anos e não tinham filhos. Foi-lhes dito que a
histerectomia e castração com retenção da doença as iria curar da endometriose.
Para um médico
acreditar que a menopausa é um bom tratamento para a endometriose, ele deve
acreditar que as mulheres não precisam de estrogênio. Para além disso, para que
uma menopausa natural ou cirúrgica funcione, deverá ocorrer um efeito citocidal
(que causa a morte das células) histohormonal (rede de hormônios) miraculoso
ainda por descrever. Até agora, o único suporte para esse misterioso efeito é o
coro estridente daqueles que sem perspectiva histórica ou científica, ainda
acreditam que na sua existência.