Hoje,
o A Endometriose e Eu estreia mais uma coluna. Após lançar a
"História das Leitoras", e a "Com a Palavra, o
Especialista", lançamos a "A Vida de um Endo Marido". Isso mesmo,
a partir de agora vamos contar com a ajuda de um endo marido para falar sobre a
endometriose da visão de quem vive diariamente a doença sem tê-la em seu corpo.
Tudo para ajudar ainda mais o maior número de mulheres com endometriose mundo
afora. E nada melhor, do que alguém para falar com os endo companheiros seja,
endo marido, endo namorado... "A Vida de um Endo Marido". Ao ver a
dedicação de Alexandre e conhecer sua história de amor e todo o suporte e ajuda
que proporciona à minha querida Susana pensei: "Vou convidá-lo a escrever
no blog, pois tenho certeza que ele irá ajudar a salvar mais vidas femininas.”
Convite feito, convite aceito de pronto!! Eu sei que muitos maridos compreendem suas parceiras, mas sei
também que há aqueles que ainda não entendem como a mulher pode sofrer com esta
terrível doença chamada endometriose. Muitas famílias são desfeitas todos os
dias por conta da endometriose. Há mais de 1 ano, o A
Endometriose e Eu vem ajudando mulheres no mundo todo a entenderem
mais sobre a doença. Nunca imaginei que teria contatos com tantas endo mulheres
de outros países.
Graças a minha família, tive a oportunidade de estudar inglês desde criança, o que foi essencial, mesmo sem estudar a língua há 19 anos (tempo em que troquei minha cidade natal em Goiás pela capital paulista) para saber até hoje escrever e a entender a língua fluentemente. Numa época aprendi um pouco de espanhol também. Estes aprendizados me proporcionaram dar suporte também em comunidades que falam estes idiomas. Alexandre é português e entrou em contato comigo para tentar ajudar ainda mais sua esposa. Como a internet ultrapassa a barreira dos oceanos, passamos a ter contato diariamente pelo facebook e até mesmo por skype. Daí surgiu uma grande amizade entre nós (e incluo a querida Susana também), a chamada sintonia entre almas. A cada dia que passa fico ainda mais impressionada o quanto Deus está sendo maravilhoso comigo. Ele está me apresentando a tantas pessoas do bem e isso no mundo todo, que estou pasma, acredite! A cada dia mais e mais mensagens e emails (aliás, peço paciência, pois recebo cerca de 10 por dia e, além de tudo, ando trabalhando muito, muito). Que a "A Vida de um Endo Marido" cumpra lindamente seu objetivo, ajudar os milhões de homens no mundo todo. Março está chegando, e termos o I Brasil na Conscientização da Endometriose. Beijos com carinho!! Caroline Salazar
Graças a minha família, tive a oportunidade de estudar inglês desde criança, o que foi essencial, mesmo sem estudar a língua há 19 anos (tempo em que troquei minha cidade natal em Goiás pela capital paulista) para saber até hoje escrever e a entender a língua fluentemente. Numa época aprendi um pouco de espanhol também. Estes aprendizados me proporcionaram dar suporte também em comunidades que falam estes idiomas. Alexandre é português e entrou em contato comigo para tentar ajudar ainda mais sua esposa. Como a internet ultrapassa a barreira dos oceanos, passamos a ter contato diariamente pelo facebook e até mesmo por skype. Daí surgiu uma grande amizade entre nós (e incluo a querida Susana também), a chamada sintonia entre almas. A cada dia que passa fico ainda mais impressionada o quanto Deus está sendo maravilhoso comigo. Ele está me apresentando a tantas pessoas do bem e isso no mundo todo, que estou pasma, acredite! A cada dia mais e mais mensagens e emails (aliás, peço paciência, pois recebo cerca de 10 por dia e, além de tudo, ando trabalhando muito, muito). Que a "A Vida de um Endo Marido" cumpra lindamente seu objetivo, ajudar os milhões de homens no mundo todo. Março está chegando, e termos o I Brasil na Conscientização da Endometriose. Beijos com carinho!! Caroline Salazar
“O
desafio da Caroline para participar nem sequer foi desafio. Tratava-se de algo
que eu já queria fazer a bastante tempo, mas sem saber muito bem por onde
começar. A Caroline deu-me algumas pistas sobre por onde começar, mas fiel às
minhas raízes anarcas de bom Português, vou desbravar terreno à medida que a
mente viaja. Sou o Alexandre e a razão que me traz aqui é a minha companheira
(esposa desde 2010), portadora de endometriose. Portanto, somos ambos doentes.
Visto que existem casais que quando a mulher engravida, afirmam que estão ambos
grávidos, penso que nada mais justo que classifique a situação assim. E
não o afirmo com mágoa. A minha mulher tem endometriose sim. Não é motivo de
orgulho nem de vergonha. É a nossa realidade. Igual a tantas realidades silenciosas
por aí, igual a tantos sofrimentos, a tantas lágrimas, mas também tantos
momentos de felicidade. Não me custa imaginar que sejam bastantes as pessoas
que sabendo o que é a endometriose e o que sofrem a maioria das mulheres que
são portadoras, estranhem que se fale de felicidade.
Mas ela existe, é real. Pode ser encontrada onde nós a quisermos encontrar. E eu tenho momentos de felicidade com a minha esposa. São um pouco diferentes do que a maioria das pessoas conhece. Nós tivemos de aprender a aproveitar a felicidade quando a doença dá tréguas. Tem de se reajustar muita coisa na nossa cabeça. Se há coisa que se aprende quando se tem uma companheira com endometriose, é que aquilo que a sociedade afirma como sucesso, felicidade, bem-estar; tudo isso precisa ser ajustado. Temos de pensar bem, tomar uma posição firme e agir de acordo com isso. Vou ser muito direto: a pior coisa que se pode fazer com uma mulher que sofre de endometriose é iludi-la e depois abandoná-la. Se for para isso, melhor que o façam o mais depressa possível. Mas enquanto restar uma dúvida, deem o vosso melhor. Não é fácil, é uma violência diária que a mulher sofre, mas também o homem. E sobre o homem não se fala muito. Este assunto é como se fosse apenas de mulheres, e não é para ser falado fora de circulos muito restritos. É aqui que entra a importância de alguns movimentos, que procuram trazer à luz certos tabus. Porque por certas vergonhas sociais condenam muitas mulheres e os seus companheiros a um sofrimento enorme para que alguns não se sintam desconfortáveis.
Então, antes de mais, seria importante que as pessoas interiorizassem que se pode falar disto sem problemas. E que quem desvaloriza a endometriose, é por abençoada ignorância. A ignorância de quem não teve o seu mundo tocado por esta doença, que não sabe o que é sair de casa de coração pequenino por ver os olhos sofridos de dor na pessoa que mais ama. Não sabe o que é dia após dia, ter de ir trabalhar para segurar o emprego deixando a sua cara-metade a sofrer em casa. Não sabe o que é acordar de noite sobressaltado por achar que ela está mal. Não sabe o que é perder-se no meio de tanto medicamento que os médicos prescrevem. Não sabe o que é ir de especialista em especialista, bater a todas as portas e só obter respostas negativas e vê-los a coçar a cabeça sem saberem o que fazer. Viver com a endometriose é tirar um mestrado em sofrimento e um doutoramento em humildade. É ter de lidar muitas vezes com a incomensurável frustração de ver um ser amado a sofrer e estar impotente para parar esse sofrimento.
Mas ela existe, é real. Pode ser encontrada onde nós a quisermos encontrar. E eu tenho momentos de felicidade com a minha esposa. São um pouco diferentes do que a maioria das pessoas conhece. Nós tivemos de aprender a aproveitar a felicidade quando a doença dá tréguas. Tem de se reajustar muita coisa na nossa cabeça. Se há coisa que se aprende quando se tem uma companheira com endometriose, é que aquilo que a sociedade afirma como sucesso, felicidade, bem-estar; tudo isso precisa ser ajustado. Temos de pensar bem, tomar uma posição firme e agir de acordo com isso. Vou ser muito direto: a pior coisa que se pode fazer com uma mulher que sofre de endometriose é iludi-la e depois abandoná-la. Se for para isso, melhor que o façam o mais depressa possível. Mas enquanto restar uma dúvida, deem o vosso melhor. Não é fácil, é uma violência diária que a mulher sofre, mas também o homem. E sobre o homem não se fala muito. Este assunto é como se fosse apenas de mulheres, e não é para ser falado fora de circulos muito restritos. É aqui que entra a importância de alguns movimentos, que procuram trazer à luz certos tabus. Porque por certas vergonhas sociais condenam muitas mulheres e os seus companheiros a um sofrimento enorme para que alguns não se sintam desconfortáveis.
Então, antes de mais, seria importante que as pessoas interiorizassem que se pode falar disto sem problemas. E que quem desvaloriza a endometriose, é por abençoada ignorância. A ignorância de quem não teve o seu mundo tocado por esta doença, que não sabe o que é sair de casa de coração pequenino por ver os olhos sofridos de dor na pessoa que mais ama. Não sabe o que é dia após dia, ter de ir trabalhar para segurar o emprego deixando a sua cara-metade a sofrer em casa. Não sabe o que é acordar de noite sobressaltado por achar que ela está mal. Não sabe o que é perder-se no meio de tanto medicamento que os médicos prescrevem. Não sabe o que é ir de especialista em especialista, bater a todas as portas e só obter respostas negativas e vê-los a coçar a cabeça sem saberem o que fazer. Viver com a endometriose é tirar um mestrado em sofrimento e um doutoramento em humildade. É ter de lidar muitas vezes com a incomensurável frustração de ver um ser amado a sofrer e estar impotente para parar esse sofrimento.
Por tudo isto, só se vai sobrevivendo à endometriose com muita fé. É preciso acreditar contra todas as evidências, ter esperança para lá do imaginável e da razão. Não falo de uma fé religiosa necessariamente Mas é importante essa força de acreditar que quando se descreve imediatamente se entende como fé. Não tenham ilusões, a endometriose é uma luta sem prazo. Vão precisar descobrir forças onde não as há. Por vezes vão ter medo de ver a vossa companheira sorrir. Medo de que esse sorriso acabe, desapareça. Como é certo que desaparecerá para novamente dar lugar a uma expressão de dor e sofrimento. E não se saberá quando sorrirá novamente, apenas que será sempre pouco o tempo em que estará bem. Para todos aqueles que conhecem como a palma da mão o que estou a tentar descrever, um grande abraço. São merecedores da minha maior admiração por fazerem felizes mulheres que poucas razões possuem para sorrir e mesmo assim o tentam fazer, mesmo forçado, para aliviar o homem que amam e está a seu lado. Abraço e até a próxima! Alexandre"