quarta-feira, 30 de julho de 2014

O GINECOLOGISTA E CIRURGIÃO DR ALYSSON ZANATTA NO ENDOMULHERES DESTA QUINTA, ÀS 9H!!



Você sabe a diferença entre endometriose profunda e a superficial? O que é a cirurgia de excisão completa? Quais os benefícios dessa cirurgia? A endometriose é mesmo a doença da mulher moderna? A gravidez é a cura ou tratamento para a doença? Quando a doença começa na mulher? Nesta quinta-feira, dia 31, nosso entrevistado do EndoMulheres é o ginecologista e cirurgião doutor Alysson Zanatta. Doutor Alysson também vai falar sobre o Seminário de Endometriose realizado na Câmara dos Deputados, em Brasília, no dia 10 de junho. Ele foi um dos palestrantes. O programa está imperdível! Acesse a WEBTB Profissão Saúde!



O logo do programa desenvolvido especialmente pela nossa querida designer, Monica


EndoMulheres é o primeiro programa do Brasil, e, provavelmente, o primeiro do mundo especializado em endometriose. Além do mais, é o único voltado aos profissionais de saúde. Nosso lema é educar e conscientizar quem tem paixão por cuidar de nós. Todo dia, em horários diferentes, para você ter mais comodidade. Se você não pode assistir em nenhum horário, após serem hospedados na TV UOL, os programas estão armazenados também na coluna  Programa EndoMulheres, na aba superior. Veja os horários da semana na grade de programação. Todos os dias em horários diferentes. E, agora também, na coluna do programa que é hospedado na TV UOL aqui no blog.Assista aqui todos os programas EndoMulheres! Um beijo carinhoso!!

terça-feira, 29 de julho de 2014

"COM A PALAVRA, O ESPECIALISTA" DOUTOR HÉLIO SATO!!

Como se dá a remoção de um cisto ovariano? Esse tipo de cisto causa dor na relação sexual?  Tive uma gravidez embrionária e, na curetagem, descobri um cisto. “Em com a Palavra, o Especialista”, o doutor Hélio Sato responde essa dúvida da leitora sobre cisto de ovário, e também, responde a questão da querida Leila Proença, de São Paulo, capital, sobre a ostopenia e a perda do cálcio devido ao Zoladex.  Se você tem dúvidas e quer participar da coluna, escreva para carolinesalazar7@gmail.com coloque o título "Com a Palavra, o Especialista". Um beijo carinhoso!! Caroline Salazar 

- Tenho 20 anos e, em maio, fiz uma curetagem na 8ª semana de gestação, pois descobri que minha gravidez era embrionária. No procedimento descobri um cisto no ovário esquerdo, mas não sei se ele foi retirado. Antes, eu sentia dor na relação e do lado esquerdo. Agora, mesmo sem ter relação sexual, eu sinto dores. Um cisto de ovário causa dores na relação? Por quê? O que devo fazer? Anônima

Doutor Hélio Sato: O cisto ovariano só pode ser retirado por laparoscopia ou laparotomia (cirurgia aberta). A curetagem limpa a cavidade uterina, mas não acessa os ovários. Portanto, se não foi feito nenhum dos dois procedimentos citados não foi abordado o cisto ovariano. Porém, durante a fase inicial de gravidez é normal ter um cisto chamado de “cisto de corpo lúteo”, que produz a progesterona que sinaliza ao útero que há uma gravidez e, portanto, ele não deve contrair. E, esse cisto, regride com a curetagem. O cisto ovariano pode causar dor na relação, mas, provavelmente, a dor deve ser por outra causa. Sugiro procurar seu médico para uma reavaliação, e relate a ele o que você está sentindo. Boa sorte!

2 – Estou com ostopenia leve na lombar, artrose na coluna, três hérnias na cervical e três na lombar. Ainda sou jovem para ter tudo isso e o radiologista disse que, provavelmente, é por conta do Zoladex, já que tomei 3 doses junto com o anticoncepcional Gestinol para endometriose. Gostaria de saber com o doutor se esse medicamento pode causar tudo isso, e o que eu deveria fazer, pois estou muito preocupada? Leila Proença, São Paulo - SP

Doutor Hélio SatoO zoladex pode diminuir a quantidade de cálcio dos ossos, porém, é somente por volta de 5% e se utilizar alguma medicação para diminuir os efeitos do zoladex a perda reduz para 2,5%. E, após 1 ano da utilização, esta perda pode ser recuperada. Apesar destes parâmetros de segurança, recomenda-se a utilização do zoladex por 9 meses no máximo. A osteopenia é um diagnóstico feito pela densitometria óssea, exame que quantifica o cálcio nos ossos. Para ter referência da normalidade foi avaliada milhares de pacientes em diversas idades dado que a quantidade de cálcio diminui com a idade. E, assim, para saber se a quantidade de cálcio nos ossos estão normais, é comparada dentro de uma curva de normalidade e quando o nível de cálcio está um pouco abaixo é denominada de osteopenia e quando muito abaixo é a osteoporose, doença grave que leva a fraturas com pequenos traumas e de difícil consolidação.



Sobre o doutor Hélio Sato:

Ginecologista e obstetra, Hélio Sato é especializado e endometriose e em laparoscopia. Tem graduação em Medicina, Residência Médica, Preceptoria, Mestrado e Doutorado em Ginecologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP),  e foi corresponsável do Setor de Algia Pélvica e Endometriose da mesma instituição.

Hélio Sato tem certificado em Laparoscopia pela Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e de Obstetrícia. É membro da AAGL “American Society of Gynecology Laparoscopy” e é coordenador de pesquisas da clinica de reprodução humana GERA e está à frente nas seguintes linhas de pesquisas: endometriose, biologia celular e molecular, cultura celular, polimorfismo gênico e reprodução humana. (Acesse o currículo Lattes do doutor Hélio Sato). 

segunda-feira, 28 de julho de 2014

FIBROMIALGIA: UMA DOENÇA CRÔNICA QUE ATINGE MUITAS PORTADORAS DE ENDOMETRIOSE!!

imagem cedida por Free Digital Photos



É sabido que mulheres com endometriose tem mais chance de ter alguma outra doença autoimune e crônica, como a fibromialgia. Eu mesma tive esta suspeita por ter muitas dores no corpo, mas graças a Deus ela foi descartada a partir do teste dos pontos. Dos 18 pontos do corpo acometidos pela doença, a pessoa precisa ter ao menos 11 para que se possa suspeitar da doença. Foi nesses pontos que me safei! Eu  conheço muitas endomulheres que têm também esta dolorosa doença. Gostei muito do texto que Alexandre escolheu para traduzir, pois sua esposa, além da endometriose, também sofre com a fibromialgia. Abaixo, um breve relato de Alexandre sobre a bravura de Susana, e depois, a parte técnica escrita pelo médico e cientista inglês Robert Bennett sobre a parte técnica da fibromialgia. Um beijo carinhoso! Caroline Salazar 

Fibromialgia

Hoje vou abordar um tema que há muito tempo afeta minha esposa e também a nossa qualidade de vida enquanto casal. Além da endometriose, minha esposa foi diagnosticada com fibromialgia. Posso falar que ainda estou aprendendo sobre isso, não tem um especialista desse lado, mas, sim, alguém que faz o que pode para entender sobre mais uma doença que muito sofrimento tem causado nela e afetado nossa vida.

Minha esposa tem um coração de leão. Ela luta bravamente para manter a esperança, as suas atividades, o amor e a alegria de viver. Tem hora que ela desaba, mas eu conheço bem a fibra dela. Quem vive com duas doenças crônicas sabe o quanto é importante ter apoio do companheiro, da família e dos círculos profissional e social. É necessário buscar insistentemente coisas positivas na vida, olhar o que tem de bom, puxar a alegria para dentro de casa, pois de coisa ruim já tem que baste. Então, para conseguir um equilíbrio que ajude a enfrentar tudo isso é necessário muito positivismo. E uma das coisas que ajuda bastante é o entendimento dos mais recentes avanços e descobertas comprovadas sobre a doença. O mesmo serve para a própria endometriose e qualquer outra doença crônica.

Se você não é portador/a de uma dessas doenças, mostre respeito por quem é e dedique um tempinho para o aprendizado do que alguém que tem a doença vive a cada minuto, pois mesmo não sabendo sobre os aspectos técnicos da doença, qualquer portadora é especialista nos sintomas que a afetam, cada uma do seu jeito próprio.

Vamos então dar uma olhada na explicação um pouco mais técnica da fibromialgia. Espero que o texto ajuda muitas portadoras de endometriose. Abraço. Alexandre.

Por Robert Bennett MD
Tradução: Alexandre Vaz
Edição: Caroline Salazar

Pacientes recém-diagnosticados

Fibromialgia é uma doença muito comum em que se verifica uma dor muscular generalizada e fadiga. Entre 7 a 10 milhões de americanos sofrem com essa doença. Ela afeta muito mais as mulheres do que os homens, em uma taxa aproximada de 20 para 1. Ela é observada em todos os grupos etários, desde crianças a idosos, embora na maioria dos pacientes o problema comece entre 20 e 30 anos. Estudos recentes mostram que a fibromialgia ocorre no mundo inteiro e não existe uma pré-disposição étnica específica.

Os sintomas da Fibromialgia:
Pacientes de fibromialgia experimentam uma dor que se espalha pelo corpo e que frequentemente parece ter origem nos músculos. Alguns pacientes sentem que as dores partem das articulações. A dor que emana das articulações é chamada de artrite; estudos extensivos mostram que os pacientes com fibromialgia não tem artrite.

Embora muitos pacientes de fibromialgia estejam conscientes da dor enquanto estão repousando, ela é mais evidente quando usam seus músculos, especialmente, em atividades repetitivas. O seu desconforto pode ser tão severo que isso limita a sua capacidade de levar uma vida completa. Os pacientes podem não conseguir trabalhar em suas profissões e ter muitas dificuldades em realizar as suas tarefas diárias.

Como consequência da dor muscular, muitos pacientes limitam bastante as suas atividades, inclusive, suas rotinas de exercício físico. Isso resulta em ficar fora de forma física, o que acaba piorando os sintomas da fibromialgia.

Além dessa dor generalizada, outros sintomas comuns incluem uma quebra de energia, perturbações do sono, e graus de ansiedade e depressão variáveis, relacionados com as alterações físicas do paciente. Outras doenças frequentemente associadas à fibromialgia: cefaleia de tensão, enxaqueca, síndrome de intestino irritável, síndrome de bexiga irritável, síndrome de tensão pré-menstrual, intolerância ao frio e síndrome das pernas inquietas.

Pacientes diagnosticados com artrite reumatoide, lúpus e síndrome de Sjogren (nota da editora: doença autoimune que destrói as glândulas que produzem a saliva e as lágrimas, tornando os olhos e a boca secos) frequentemente desenvolvem fibromialgia. A combinação de dor e múltiplos outros sintomas frequentemente levam a que os médicos façam diagnósticos muito alongados, o que é quase sempre normal.

Diagnosticando a fibromialgia

Não existem exames sanguíneos ou raios-X que mostrem anomalias no diagnóstico de fibromialgia. Com isso, no começo, muitos médicos acreditavam que os problemas sentidos pelos pacientes de fibromialgia estavam “em sua cabeça, em seu psicológico”, ou que pacientes de fibromialgia tinham uma forma de depressão ou que eram hipocondríacos. Testes psicológicos extensivos mostraram que isso era falso.

Um diagnóstico médico de fibromialgia é baseado na escuta atenta do histórico do paciente e em checar certos pontos-chave em áreas especificas dos músculos, chamados de “pontos sensíveis”. Eles são sensíveis à palpação, causando dor e frequentemente parece que  está bloqueado.

O resultado a longo prazo da fibromialgia

A dor nos músculos, no esqueleto e a fadiga experimentada pelos pacientes de fibromialgia são problemas crônicos que tendem a variar gradativamente na intensidade, quase como um pulsar lento. Atualmente, não existe uma cura para essa doença. De acordo com pesquisas recentes, a maioria dos pacientes pode sofrer com esse problema até o resto da vida.

Contudo, melhoramentos podem ser conseguidos com tratamentos apropriados. Existe uma preocupação óbvia por parte dos pacientes e por vezes também dos médicos de que a fibromialgia possa ser a fase inicial de outras doenças mais severas como esclerose múltipla, lúpus, etc. O acompanhamento a longo prazo dos pacientes com fibromialgia mostrou, que é de fato, muito raro para eles desenvolverem outra doença reumatológica ou neurológica.

Contudo, é muito comum que pacientes com doenças reumatológicas confirmadas, como artrite reumatoide, lúpus sistêmico e síndrome de Sjorgren, também podem ser portadores de fibromialgia. É importante que os médicos desses pacientes percebam se eles possuem essas combinações de problemas, pois as terapias específicas para atrite reumatoide, lúpus, etc, não têm efeitos nos sintomas de fibromialgia.

Pacientes com fibromialgia não ficam incapacitados com a doença, nem existe nenhuma prova de que isso afete a sua longevidade. Ainda assim, devido às variações nos níveis de dor e cansaço, existe uma inevitável contração das suas atividades sociais, vocacionais e não-vocacionais, o que conduz a uma redução de sua qualidade de vida.

Tal como muitas doenças crônicas, o ponto em que esses pacientes sucumbem aos vários efeitos da dor e da fadiga são dependentes de múltiplos fatores, em particular, o seu apoio psico-social, condição financeira, experiências na infância, senso de humor e determinação em seguir em frente.

O tratamento para a fibromialgia

O tratamento para a fibromialgia é frustrante tanto para pacientes como para seus médicos. No geral, os medicamentos usados para tratar a dor nos músculos e esqueleto, tais como, aspirina, não esteroides (exemplo: ibuprofeno) e cortisona não ajudam muito nessa situação. Assim como em qualquer outra doença crônica, o aprendizado é essencial para ajudar os pacientes a entender o que pode ou não ser feito, bem como, ensiná-los como se ajudarem uns aos outros.

É importante para o médico descobrir qual é a causa das pertubações de sono. Essas perturbações incluem apneia do sono, síndrome das pernas inquietas e ranger dos dentes. Se a causa para os distúrbios do sono de um paciente não puder ser determinada, doses baixas de um grupo de antidepressivos, como os tricíclicos, ou remédios de curta duração para dormir como o zolpidem (Ambien) podem ser benéficos.

Os pacientes precisam entender que esses medicamentos não causam dependência quando usados em doses menores (exemplo: amitriptilina 10 mg à noite) e possuem muito poucos efeitos secundários. No geral, o uso rotineiro de Halcion, Restoril, Valium, etc, devem ser evitados, pois eles interferem na qualidade do sono. É afirmado que o Ambien (zolpidem) não tem essa limitação.

Existe uma consciência crescente de que a prática regular de exercício é essencial para todos os pacientes com fibromialgia. O acréscimo da dor e da fadiga causados por exercícios repetitivos torna a prática bastante difícil. Contudo, esses pacientes que desenvolvem um regime de exercício experimentam uma melhora interessante e são muito relutantes a deixar a prática.

No geral, pacientes de fibromialgia devem evitar exercícios com impacto, tais como, jogging, basquete, aeróbica, etc. Caminhadas regulares, bicicleta ergométrica e terapia na piscina usando um Aquajogger (dispositivo de flutuação que permite caminhar ou correr na piscina enquanto mantem a postura vertical) parecem ser bem mais adequados aos pacientes.

É muito importante ter a supervisão de um educador físico nos exercícios. Geralmente 20 minutos de atividade física, três vezes por semana com 70% do ritmo cardíaco máximo (calcule 220 menos a sua idade) é suficiente para manter um nível de forma aeróbica razoável.

Remédios como aspirina e Advil não são particularmente eficazes e pouco mais fazem do que minimizar a dor da fibromialgia. Analgésicos opioides (propoxyphene, codeína, morfina, oxicodona, metadona) poderão dar um alívio significativo em um subgrupo de pacientes severamente afetados, mas pacientes com fibromialgia parecem especialmente sensíveis aos efeitos secundários dos opioides (náusea, obstipação, coceira e confusão mental), e, frequentemente, decidem evitar os efeitos a longo prazo do uso desses medicamentos.

O uso de analgésicos opioides (narcóticos) na gestão da dor não-maligna tem sido um assunto controverso para muitos médicos, com as razões habituais para estarem preocupados: adição, supervisão por juntas médicas e polícia de narcóticos. Contudo, pesquisas recentes mostraram que a adição raramente ocorre quando esses medicamentos são usados em casos de dor crônica. É importante perceber a diferença entre adição e dependência (que ocorre com todas essas drogas na maioria dos pacientes).

Dois opioides fracos que são particularmente úteis na gestão da fibromialgia são tramadol e a combinação de tramadol com paracetamol. Nenhum desses dois medicamentos estão referenciados pela FDA (Food and Drug Administration. Isto é têm um mínimo de potencial de dependência. 

Áreas localizadas com dor severa podem ser tratadas por um curto período de tempo (de dois a três meses) com injeção. Isso significa injetar em um dos pontos sensíveis um anestésico local (geralmente 1% de Procaína) e massagear o músculo com uma técnica chamada spray e esticar. Deve ser referido que a injeção nesses pontos é particularmente dolorosa (na verdade, se não doer, não terá sucesso).

Após a injeção existe um período de latência que tipicamente é de dois a quatro dias antes que se verifiquem algumas melhoras. Outras técnicas que ajudam diretamente esses pontos sensíveis são com alguma terapia com calor, alongamento suave e acupuntura. 

Cerca de 20% dos portadores de fibromialgia se encontram em depressão e em estado de ansiedade e necessitam receber tratamento adequado com doses terapêuticas de antidepressivos e ansiolíticos, frequentemente em conjunto com a ajuda de um psicólogo ou psiquiatra. Basicamente, pacientes que têm um problema psiquiátrico que geralmente acompanha a doença precisam carregar um fardo duplo.

Eles vão achar mais fácil lidar com a fibromialgia se o seu problema psiquiátrico estiver devidamente tratado. É importante entender que a fibromialgia não é um problema psicogênico, e que o tratamento de qualquer problema psicológico associado à fibromialgia não a cura.

A maioria dos pacientes rapidamente descobre que existem certas atividades que eles fazem diariamente que agravam a dor. Essas atividades geralmente envolvem o uso repetitivo ou tensão prolongada  dos músculos, tais como, os músculos da parte superior das costas enquanto olham a tela do computador.

Um trabalho de detetive cuidadoso por parte do paciente é necessário para notar essas associações e, quando possível, modificar ou eliminá-las. Diminuir o ritmo das atividades é importante. Temos recomendado aos pacientes que usem um cronômetro com aviso sonoro a cada 20 minutos. Qualquer que seja a atividade que esteja desempenhando, ela deve ser interrompida e durante um minuto fazer qualquer outra coisa. Por exemplo, se está sentado, deve levantar e andar um pouco. Se está andando, sente por mu minuto.

Portadores que estão envolvidos em atividades manuais razoavelmente vigorosas, frequentemente necessitam ter o seu espaço de trabalho adaptado, e podem necessitar ser retreinados para uma função totalmente diferente. Certas pessoas estão tão severamente afetadas que deve ser considerada alguma forma de compensação monetária por incapacidade. Essa decisão requer ponderação, pois incapacidade geralmente tem consequências financeiras adversas, bem como a perda de autoestima.

No geral, os médicos são relutantes em declarar portadores de fibromialgia como incapacitados, e a maioria dos que requerem esse estatuto são inicialmente recusados pelos serviços de segurança social (nota da editora: no caso do Brasil, o INSS, para aposentadoria). No entanto, cada paciente necessita ser avaliado individualmente antes de qualquer recomendação a favor ou contra a obtenção desse estatuto.

Fonte: National Fibromyagia Association

segunda-feira, 21 de julho de 2014

"A VIDA DE UM ENDO MARIDO": DÊ A VOCÊ MESMO A CHANCE DE SER FELIZ!!

Quem de nós nunca pensou em desistir de algo? Ou até mesmo da vida, numa dificuldade ou nos obstáculos que enfrentamos no dia-a-dia? Para uma endomulher, então, pensar em desistir é uma palavra que sempre povoa nossa mente, não é mesmo? Não é porque estou bem hoje, que falo que sempre foi assim. Não, não foi. Por muitas vezes, eu pensei em desistir de tudo. Quando estava em depressão profunda, pra baixo, pensei inúmeras vezes em desistir da minha própria vida. Depois, pensei em desistir até mesmo do blog, acredite se quiser. Mas, também acredite se quiser, todas as vezes que pensava nessa bobagem, aparecia alguma leitora e deixava um recado incrível sobre ele. Era Deus usando essas pessoas para me dizer: "Não desista filha, vá em frente, o caminho é longo, doloroso, mas a vitória é certa". Não é fácil fazer caridade, ser do bem é algo que atrai fúria de quem não tem a mesma energia ou a mesma vocação: ajudar ao próximo sem ver a quem, mesmo passando por dificuldades. 


Este texto do Alexandre é muito emocionante, ainda mais porque ele fala de um episódio de sua vida que, como ele mesmo diz: "nem todo mundo sabe disso". Todos os seres humanos têm problema. Não vá pensando que a vida é um mar de rosas... ah, não é. E eu digo que quanto mais problemas enfrentamos, mais estamos preparados para enfrentar a vida de cabeça e peito erguidos. Alexandre toca em seis pontos principais que temos de superar para enfrentar os desafios que a vida nos dá. No começo podemos até não entender, e sempre perguntamos: "por que comigo?" Mas, depois quando começamos a ver a luz no fim do túnel, começamos a agradecer a Deus todas as provações e os obstáculos pelos quais passamos. É um texto para ler, para refletir e para compartilhar entre seus amigos. Um beijo carinhoso!! Caroline Salazar 

Dê a você mesmo uma chance de ser feliz


Por Alexandre Vaz 

Você pode atravessar uma ou várias fases ruins na sua vida, tem hora que parece que desistir é a única saída possível para a solução dos seus problemas. Hoje eu vou compartilhar um pouco da minha vida, algo que não falo para muita gente. Não por vergonha ou orgulho, mas simplesmente porque, na maioria das vezes, não é relevante. O que eu vou descrever em seguida não tem nada a ver diretamente com endometriose, mas o leitor poderá encontrar paralelos na sua vida, pois todo mundo vive situações complicadas.

Começando quando eu tinha 19 anos. Tinha terminado meu serviço militar e estava pronto para enfrentar a vida civil novamente. Na época, eu tinha um sonho: fazer faculdade e me formar como engenheiro eletrônico. Consegui meu primeiro emprego sério. A proposta que me fizeram incluía 12 horas de trabalho todo dia, com dois sábados de 12 horas incluídos, tudo isso em turno. Eu pegava às 7 da manhã e largava às 19 horas, e na semana seguinte, trabalhava à noite. Botei na minha cabeça um objetivo: sabendo que em casa não tinha como pagarem meus estudos na faculdade, eu iria trabalhar por três anos nesse ritmo. Nesse tempo, eu economizaria o bastante para fazer a faculdade sem ter de trabalhar e sem problemas de dinheiro quando tivesse estudando. E por um ano e meio eu fiz isso. Inclusive, fui travado em um sábado de sol. Foi no dia 9 de Maio de 1998, quando eu voltava do trabalho, após cumprir a minha jornada. Eu perdi o controle da motocicleta e caí sobre ela. Parece uma eternidade aquele segundo em que tudo acontece. Não perdi os sentidos e isso me salvou, pois tomei consciência da minha situação. Meu braço esquerdo estava gravemente esfacelado, o pulso quebrado, fratura exposta no antebraço esquerdo, sangue espalhado pela estrada e ninguém por perto para me prestar socorro. Eu nem podia levantar, pois estava preso na motocicleta, a corrente tinha desfeito meus músculos extensores na parte dorsal do antebraço e eu estava me queimando no escapamento quente.

Quando minha ficha caiu implorei para que o tanque pegasse fogo e a motocicleta explodisse. Como eu iria viver assim? Quem seria eu daquele instante em diante? Limitado fisicamente, incapaz de fazer as coisas que eu fazia antes, jovem orgulhoso... meu orgulho deu uma travada. A vida iria me ensinar muita coisa, mas na hora eu não sabia disso.

Aquele pensamento não durou muito, deve ter sido uma fração de segundo. Foi substituído por um nojo imenso de mim mesmo por querer desistir. Eu não sei de onde veio, sei que foi o que me fez lutar pela vida. Eu gritei por socorro até que alguém escutou. Era uma senhora que estava em uma casa, talvez, uns 500 metros dali, que veio correndo com a filha pequena nos braços. Chocada, ela puxou a menina para que não me visse daquele jeito e correu para chamar a ambulância. Não demorou muito para que se juntasse uma multidão em volta de mim. A ambulância chegou, eu não sei indicar quanto tempo demorou porque nessas horas tudo parece uma eternidade. A única coisa que eu consegui fazer foi me acalmar. Eu sabia que estava com uma hemorragia ativa e perdendo muito sangue. Se eu permitisse que meu coração continuasse a bater acelerado minhas chances diminuiriam. Talvez essa consciência tenha salvado minha vida. Chegou a ambulância, mas não conseguiam me tirar da motocicleta. Precisaram chamar os bombeiros para cortar a corrente e uma parte do quadro, e me soltar de lá. Não me pergunte como foi que eu fiquei desse jeito com o braço dentro da moto, só sei que fiquei. Assim que me soltaram eu levantei com meus próprios pés, sem ajuda de ninguém, e fui para a maca. Pensando friamente não sei como consegui. Meu sangue devia estar quase todo na estrada. Até hoje me parece impossível ter feito isso.

Fui levado para o hospital local, onde não tinham as especialidades clínicas necessárias para me tratar, e daí, fui levado para Lisboa (capital de Portugal), para um hospital distrital. Minha vida tinha mudado radicalmente, e eu nem sabia se sairia vivo dessa. Na mesa de cirurgia olhei bem no olho do médico que ia me operar e perguntei o que ele achava. Ele me falou que, honestamente, não sabia, estava a maior bagunça. Eu apenas respondi para ele que fizesse o melhor que conseguisse. Passaram uma coisa preta por cima de mim que eu percebi ser uma máscara de anestesia, inspirei bem fundo e adormeci. Estava na hora de deixar os homens fazerem o trabalho deles. Todo o meu orgulho de jovem não valia mais nada. Eu que não permitia que ninguém tomasse conta dos meus assuntos, estava entregando a minha vida na mão de desconhecidos. Primeira grande lição: a humildade. Teve outras antes, mas eu só entendi mais tarde.

Acordei após seis horas de cirurgia com o braço enfaixado e cinco ferros saindo de lá que seguravam os ossos no lugar. Eu tinha avaliado bem a coisa, estava bem feia e ia demorar uma eternidade para me recuperar. Tive um choque inicial, mas depois eu fui aceitando que ia ser desse jeito, não tinha como reverter a situação. Segunda grande lição: a aceitação.

Geralmente, eu sou um paciente fácil, bem disposto e não dificulto o trabalho das enfermeiras. E me alimento muito bem. Na verdade, para mim comer é mais do que me alimentar, é um prazer imenso. Daí que as enfermeiras não acreditavam que eu estava tomando quatro sacos de soro por dia e comendo o normal. Eu tive um desgaste muito grande, mesmo me alimentando muito bem ainda perdi 18 quilos. Terceira grande lição: encarar o desafio. Se eu queria sair dessa, eu tinha que me fortalecer e facilitar o trabalho dos médicos, cumprindo com tudo que me fosse pedido e, por vezes, ir além disso.

No dia que eu voltaria para casa, fui sozinho fazer minha higiene pessoal, e mesmo com a mão esquerda ainda quebrada e sem movimento nos dedos, eu apertei meu tênis sem ajuda. Demorou um tempão para conseguir fazer isso, mas tempo era o que eu mais tinha de sobra naquela época.

Em casa, eu me lembro de querer me vestir para sair. Calça, camisa social... bom, camisa social tem um problema, você precisa abotoar bem os botões. Acredite ou não, eu demorei uns 20 minutos para apertar cada um. Quando será que alguém vai inventar uma camisa dessas com velcro ou zíper? A frustração foi tanta que eu dei um soco na parede e quase quebrei a outra mão. Aí a coisa ia ficar complicada até mesmo para fazer xixi né? Mas naquela hora a gente não pensa nessas coisas. Quarta grande lição: a perserverança. Mesmo com a mão doendo por conta de uma atitude impensada minha, eu continuei apertando os botões que faltavam. Tive uma segunda cirurgia, fui para a fisioterapia como me pediram, e aquilo parecia brincadeira de criança. Por isso, sempre que a terapeuta dava as costas, eu aumentava a intensidade da máquina e meu braço pulava feito louco com os choques, mas de alguma forma eu sabia que tinha que fazer mais. Não recomendo que façam isso. No meu caso, acabei tendo sorte, mas poderia facilmente ter complicado minha situação. Confiem nos médicos e respeitem a opinião profissional deles.

Nos raios-X de controle meu osso estava fraquinho, parecia de um velho de 90 anos. A ortopedista sempre falava para eu não fazer esforços, pois poderia quebrá-los. Só que a fisioterapia já tinha terminado, e ninguém me dava mais. Isso não podia ficar assim. O que o cabeça de bagre aqui fez? Foi para uma academia de musculação onde um primo meu treinava. Com a médica me avisando para não fazer esforço, eu fui para uma atividade esportiva bem leve e que não implicava esforço, né? Com uma diferença, quem me treinou fui eu mesmo. A médica já tinha me falado para o osso se recuperar tinha que passar sangue lá, pois é ele que leva tudo o que o osso precisa. Ora, descanso não faz o sangue fluir. Por isso decidi que iria fazer exercício, mas sempre prestando muita atenção ao que acontecia. A mínima dor no braço e eu não fazia mais nada nesse dia. Mas, no dia seguinte, estaria lá para continuar. Eu já tinha recuperado meu peso e até engordado bastante. Mas, nos três meses seguintes, eu voltei à minha velha forma. Sem barriga (que voltou igual onda do mar), levantando 36 quilos em cada mão, fechando 72 quilos com os braços e fazendo flexões de ponta cabeça. Na verdade, eu nunca tinha estado em melhor forma física. E os resultados vieram. Quando eu fiz o ultimo raio-X de controle, a médica não estava acreditando no que estava vendo no meu exame. Meu osso estava normal e saudável. Com o peso de seu corpo, ela tentou mover minha mão e não conseguiu. O ar de felicidade dela competia com sua incredulidade. Quarta grande lição: preste atenção aos sinais do seu corpo. Respeite-o, é o único que você tem, e mesmo com defeito, provavelmente, não será na sua vida que a medicina avançará a ponto de lhe dar outro.

Muita coisa aconteceu depois. Eu demorei dois anos para me recuperar fisicamente, e quatro no total para recuperação psicológica. Na época eu não tinha namorada, e depois do acidente, não é fácil você acreditar que vai rolar. Mas nesse momento, a cabeça nem pensa nessas coisas. Venci tudo sozinho. Por vezes, com o apoio de alguns amigos, mas hoje eu sei que deveria ter buscado apoio psicológico profissional. Eu superei os traumas, mas, mais uma vez, considero-me um sortudo. Só que, talvez, também poderei ter demorado mais que o necessário. Coloquei meus problemas em uma gaveta imaginária e, de vez em quando, eu ia lá ver se conseguia resolver alguns. Se não desse eu botava de novo na gaveta e seguia vivendo.

Posso falar que nem sempre fui muito positivo. Mas alegria é algo que sempre fez parte de mim, eu adoro zoar com tudo. A Caroline pode confirmar isso para vocês. Eu acho que isso me ajudou bastante a não desistir, a ter esperança, e a dar o meu melhor sem pensar no que eu conseguia fazer antes, que era muito mais do que eu consigo agora. Quinta grande lição: aceite o desafio e se entregue 300%. Não existe tentar, ou você faz ou não faz. Muitas pessoas perguntam como fazer? Começa pelo começo, claro, e faz um pouco a cada dia. Cada pedacinho que você faz, procure que seja tão perfeito quanto possível, e tente hoje ser melhor do que foi ontem.

Eu não sabia o que iria me acontecer. Parecia que muitas coisas davam errado na minha vida. Uma delas era a sensação de que eu não iria mais achar uma mulher para mim, que olhasse para o homem e não para um braço esfacelado e cheio de cicatrizes. Porque dá para imaginar, o povo nessas horas só fala besteira. Eu senti que perdi minha identidade como pessoa. As pessoas quase não olhavam mais na minha cara, e todo o assunto era sobre o meu braço. Se o braço estava melhor... cadê perguntarem se EU estava melhor? Enchi o saco de tanta pergunta besta, de explicar sempre a mesma coisa para cada pessoa. Tinha mais pessoas me rodeando do que o habitual, mas ainda assim eu nunca tinha me sentido tão só.

Um dia eu encontrei uma moça. Ela precisava dar um jeito na vida dela também. A gente se conheceu, fomos criando uma amizade, e a coisa parecia estar dando certo. Só que tem um detalhe; ela tem endometriose. Tentou me explicar, não escondeu nada sobre a doença e, na realidade, na época, ela nem queria escutar a palavra namoro. Bonita, educada, ela tinha conquistado meu coração. Mas, estando tão na defensiva, quem ficou no mato sem cachorro fui eu. A suavidade e a paciência deram seus frutos. Lembro-me de falar para ela que se eu sentia algo mais, não era culpa dela e eu que tinha que lidar com isso. E que não gostaria de ver a nossa amizade destruída por uma besteira dessas. Olha que não foi fácil convencer essa menina, ela é osso duro de roer. Mas eu sempre fui honesto com ela, e acho que mereci uma chance.

Acabei me casando com essa moça. Ela me libertou de muitos medos, me ajudou a superar bastante esses meus obstáculos, e me apoia de um jeito que só o amor consegue. Já se passaram quase oito anos desde que a gente se conheceu, mas parece uma vida toda, de tão preenchida que tem sido. Me sinto abençoado, casei com a minha melhor amiga. A gente briga, como é normal com todo o casal, mas eu nunca pensei que fosse tão fácil amar. Tudo o que eu passei antes me preparou para enfrentar a vida que tenho hoje. Dói muito ver ela sofrer. Se eu pudesse tirar todo esse sofrimento dela, seria na hora. Mas não é minha essa decisão, nem possuo essa capacidade. Então, faço o que posso, amando e apoiando-a. Não poderemos ter filhos, pois ela teve uma histerectomia radical (nota da editora: retirada de todos seus órgãos reprodutores), mas não será por isso que seremos infelizes. Eu e ela somos nossa família. Eu continuo amando-a, a cada dia mais e mais.

Mesmo com tudo o que a gente passa, minha esposa é meu cantinho do paraíso. Agora volte no começo de minha na história, e veja tudo o que eu teria perdido se eu tivesse morrido naquele acidente. Nada indicaria que alguma coisa de bom poderia acontecer depois daquele acidente. Mas eu dei uma chance a mim mesmo. Aceitei o desafio, mesmo sem saber como jogar esse jogo. O tempo passou e curou. E o novo dia me revelou uma flor que todos os dias me faz sorrir. Você é capaz de dar uma chance para você mesmo, para a vida, para a sua felicidade?

sexta-feira, 18 de julho de 2014

"SUPERANDO A ENDO INFERTILIDADE": VOCÊ SABE O QUE É INFERTILIDADE SECUNDÁRIA? NÃO IGNORE ESSA DOR!!


imagem cedida por Free Digital Photos

"Em Superando a Endo Infertilidade", mais um texto da parceria exclusiva do A Endometriose e Eu e da ativista americana de infertilidade Casey Berna. Um texto para reflexão, para que todos saibam que a infertilidade é muito mais abrangente que possamos imaginar. Você conhece alguém que teve o primeiro filho, mas que nunca conseguiu ter o segundo? Muito se fala da infertilidade, da questão de não conseguir ter filhos, mas você sabe o que é infertilidade secundária? Somente sabe o que é a infertilidade, àquelas que viveram-a em sua plenitude. Você sabia que existe a infertilidade primária e a secundária? Pois é, esse texto vai interessar às pessoas que têm infertilidade primária e a secundária, para quem nunca conseguiu ter o primeiro filho, mas também para àquelas que tiveram seu primeiro filho, mas que nunca conseguiram ter o segundo. Retratado, claro, por quem viveu tanto uma infertilidade quanto a outra. Artigos exclusivos, informações  de qualidade sobre endometriose e infertilidade você só lê aqui, no A Endometriose e Eu.  Sempre à frente para informar quem é mais importante para nós, nossos (as) queridos (as) leitores (as). Beijo carinhoso! Caroline Salazar 


Não ignore a dor da infertilidade secundária

Por Casey Berna
Tradução: Alexandre Vaz
Edição: Caroline Salazar

Infertilidade secundária é um assunto meio confuso na comunidade infértil. Existem tantas mulheres sofrendo de infertilidade primária (nota da editora: quando a mulher tenta ter seu primeiro filho, mas se descobre infértil), mulheres que estão fazendo tudo para ter um filho, ansiando por um, e lamentando sobre o desejo de algumas quererem um segundo filho, o que pode parecer egoísta e sem ingratidão pela sorte que tiveram.

Eu me lembro de ver mulheres com crianças pequenas no consultório do meu especialista de infertilidade. Eu me lembro de pensar “Sério? Eu seria feliz com apenas um bebê. Será pedir muito, apenas um bebê? Pelo amor de Deus, me dê um bebê. Eu não vou pedir mais nada nunca mais.”

Avancemos no tempo que eu levei para finalmente conceber a minha filha e dar à luz. Enquanto eu a levava do hospital me perguntei: “Por favor, será que eu posso ter duas horas de sono seguidas? Eu prometo que não vou pedir mais nada, nunca mais.”

Avancemos no tempo seis meses após esse momento e lá estava eu, “AQUELA” paciente gananciosa na consulta do meu especialista com uma bebê (que eu tinha a sorte de poder deixar com o meu marido durante as consultas com o meu médico para não encher o saco dos outros pacientes). É isso aí: eu queria outro bebê. Estava implorando para o universo “Por favor, será que eu posso ter mais um bebê? Minha filha precisa de um irmãozinho. Eu não quero que ela fique sozinha no mundo.”

Não existe nada como a dor de a gente não poder ter filho quando é o que mais queremos do fundo do coração. Eu conheço essa dor bem demais e carreguei o seu peso por muitos anos antes de ter nossa filha. Não poder ter outro bebê é algo também difícil por algumas das mesmas razões, mas também existe dor em não poder dar um irmãozinho para seu filho, se isso é o que você sempre quis para a sua família.

Recentemente eu sentei de novo com o doutor Michael Blotner, diretor médico da Westchester Fertility, que me explicou o básico sobre Infertilidade Secundária.

O que é Infertilidade Secundária?

É a incapacidade de um casal conceber após ter um filho. O intervalo temporal em que isso se considera como um problema depende da idade da mulher. Tal como na infertilidade primária, para uma mulher com menos de 35 anos, o intervalo temporal é um ano. Se a mulher já passou dos 35, a definição se aplica após 6 meses, pois o tempo urge.

Quais são as causas mais comuns da infertilidade secundária?

A infertilidade secundária pode surgir tanto no homem como na mulher. Toxinas ambientais, bem como fumo de cigarro, consumo excessivo de bebida, e certos medicamentos podem ter um impacto negativo progressivo na quantidade de qualidade do esperma.

Condicionantes físicos, tais como, doenças crônicas, ou varicocele (uma varicose na veia do escroto) podem também causar um declínio progressivo no esperma com o passar do tempo, ao ponto de o potencial de fertilidade do homem ser afetado. Na mulher, a causa mais comum é o declínio na qualidade e/ou quantidade dos óvulos. Esses fenômenos com frequência ocorrem em simultâneo, e são um resultado natural do envelhecimento. Cada mulher tem o seu "estoque" de óvulos quando nasce, e isso é altamente individual.

Infelizmente, estamos vendo várias  mulheres jovens com um declínio na sua reserva de óvulos, baseado em avaliação hormonal e de ultrassom. Em uma nota mais positiva, se o problema for detectado precocemente, e se for aplicado um tratamento de fertilidade, as chances de uma gravidez de sucesso aumentam.

Fatores físicos também podem danificar as trompas, seja uma infecção anterior não diagnosticada (assintomática) ou endometriose ou uma doença não infecciosa na pelve, ambas podendo agravar com o tempo. Fibrose uterina, embora não impactando diretamente a fertilidade, pode afetar o fluxo sanguíneo do revestimento do útero, o que pode levar a aborto em qualquer hora da gravidez.

Quais tratamentos estão disponíveis para ajudar casais com infertilidade secundária?

O passo mais importante é o casal procurar a ajuda de um endocrinologista reprodutivo (no caso, ginecologista especializado, para mulheres, e andrologista, para os homens). Claro que o tratamento irá depender de fatores envolvendo a fertilidade do casal. A avaliação da reserva ovariana, do sêmen e das trompas são fundamentais. Se o médico suspeitar que a mulher possa ter doença nas trompas, uma laparoscopia com laser de CO2 poderá ser necessária.

Para os fatores mais comuns de esperma e de óvulos, a abordagem mais simples é estimular os ovários com hormônios a produzir mais de um óvulo por ciclo, e fazer inseminação intrauterina (IIU), mais conhecida como inseminação artificial (IA). Essa abordagem pode afetar 40-50% da taxa de gravidez no terceiro ciclo de tratamento. Para casos em que os óvulos ou o esperma estejam mais comprometidos, ou se a inseminação falhar, pode ser necessária uma fertilização in vitro (FIV). A FIV permite a fertilização direta dos óvulos no laboratório com o esperma do companheiro, e o desenvolvimento do embrião que pode ser transferido para o útero.

A taxa de sucesso de gravidez por FIV por transferência é aproximadamente três vezes maior do que a da IIU, e o número de embriões transferidos pode ser limitado para evitar vários filhos em uma única gestação.

Viver a infertilidade secundária é doloroso, estressante e muitas vezes chocante para alguns casais que não tiveram problema relacionado com gravidez com seu primeiro filho. Se você está tendo esse problema, fique sabendo que não está só, e que existem recursos por aí que podem ajudar nessa viagem.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

A FISIOTERAPEUTA ANA PAULA BISPO NO "PROGRAMA ENDOMULHERES" DESTA QUINTA, DIA 17, ÀS 9H!!



Eu e a querida Ana Paula Bispo no estúdio!

EndoMulheres desta quinta-feira, dia 17, está imperdível para as portadoras de endometriose. Se você tem dor durante a relação sexual, dores musculares, não pode perder nosso bate-papo com a fisioterapeuta Ana Paula Bispo. Doutoranda em urologia, é mestre em Ginecologia e especializada em Reabilitação do Assoalho Pélvico pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e  atualmente é coordenadora do curso de Pilates em Saúde da Mulher do Pilates Institute. No programa vamos abordar a fisioterapia uroginecológica e também o benefício do pilates às endomulheres. Essas e muitas outras amanhã, quinta-feira, às 9h. Acesse o site! Espero por você!






EndoMulheres é o primeiro programa do Brasil, e, provavelmente, o primeiro do mundo especializado em endometriose. Além do mais, é o único voltado aos profissionais de saúde. Nosso lema é educar e conscientizar quem tem paixão por cuidar de nós. Todo dia, em horários diferentes, para você ter mais comodidade. Se você não pode assistir em nenhum horário, após serem hospedados na TV UOL, os programas estão armazenados também na coluna  Programa EndoMulheres, na aba superior. Veja os horários da semana na grade de programação. Todos os dias em horários diferentes. E, agora também, na coluna do programa que é hospedado na TV UOL aqui no blog.Assista aqui todos os programas EndoMulheres! Um beijo carinhoso!!

sexta-feira, 11 de julho de 2014

ENDOSOCIAL: NOSSA LUTA POR POLÍTICAS PÚBLICAS ÀS ENDOMULHERES JÁ - SEMINÁRIO EM BRASÍLIA!!!



Eu, Paulo Soares e Adriana Heintz,
do Endometriose Brasil, 
no plenário 7, na Câmara dos Deputados, em Brasília
Na coluna EndoSocial, o sociólogo e endomarido, Paulo Soares, relata o que aconteceu no Seminário “Debater a Endometriose”, realizado na Câmara dos Deputados, em Brasília, no último dia 10 de junho de 2014. Mais que relatar, ele cita as reivindicações que todos os palestrantes pediram neste dia. E mais: pede para que nosso slogan “a união faz a força e juntos somos mais fortes” encoraja mais pessoas a lutarem na mesma direção, sem distinção de grupos. Afinal estamos todos lutando em prol de um mesmo direito, um mesmo benefício, não é mesmo? Ou será que há outra coisa por trás disso?

Dentre as minhas reivindicações mostrei na minha apresentação que até a Nigéria, um país economicamente inferior ao Brasil, já tem desde 2012, dia Nacional de Conscientização da Endometriose. Logo após minha apresentação, o deputado Alexandre Roso, do PSB – RS, que presidiu a mesa, essa será uma das primeiras a ser levada em consideração, pois só com mais conscientização sobre a doença é que poderemos alcançar mais pessoas e, com isso, ter o diagnóstico precoce no Brasil. Para quem não viu o primeiro artigo sobre o seminário, aquiestá o link. E coloco também o link do vídeo e do áudio para que todos possam ver o que rolou lá.  O texto do Paulo, como sempre, está incrível! Agradeço, mais uma vez, ao apoio e a presença do Paulo e da querida Adriana Heintz, do nosso grupo parceiro, Endometriose Brasil. Parceria é assim, onde um está o outro está junto. Obrigada pelo apoio sempre! A união faz a força e juntos somos mais fortes! Um beijo carinhoso!!! Caroline Salazar


Reivindicando políticas públicas
para as portadoras de endometriose,

Por uma práxis "EndoSocial"

Por Paulo Soares

Olá a todos! Gostaria de expor neste artigo minhas impressões sobre o Seminário sobre Endometriose, promovido pela Comissão da Seguridade Social e da Família da Câmara dos Deputados, no último dia 10 de junho, em Brasília. Desde já agradeço o apoio de Caroline Salazar para que tivéssemos lá, para colaborar com esse processo de reivindicações por políticas públicas para as portadoras de endometriose no Brasil.

Muitas pessoas criticam quando falamos que vamos cobrar dos nossos políticos, ações para atender alguma demanda, bem como, na área da educação, segurança, moradia ou saúde, que é o nosso caso, e especificamente a saúde às mulheres, porque acreditam que não vai adiantar em nada nossos esforços. Como diz o ditado popular: "É dar murro em ponta de faca!". Ainda existem outras pessoas que querem somente resolver o seu problema individualmente, e não tem tempo para se envolver com política, manifestação, Marcha ou movimentos do tipo.

Esse tipo de atitude está subjacente a um pensamento individualista que permeia esse mundo (sistema) pós ou hipermoderno. Uma sociedade individualista, antagônica em si mesma, por ser sociedade deveria primar por interesses sociais, mas é contrário a isto, pois seus interesses são individualistas.

Para que mudemos este tipo de mentalidade, precisamos do que chamo aqui de uma práxis "Endosocial", ou seja, uma participação efetiva na vida social, com consciência livre, para realizar uma ação política consciente e transformadora. Dizendo de maneira mais simples e direta, é deixarmos de sermos alienados (alheio, excluído, separado) para fazermos uma crítica radical ao sistema, por meio da ação política, e não apenas ficarmos falando: "eles (os políticos) não fazem nada!". Acreditamos, portanto, que é por meio dessa práxis que podemos transformar as vidas de milhões de mulheres portadoras de endometriose no Brasil.

Vinícius Ximenes e Tatiana Coimbra,
representantes dos ministérios da
Educação e da Saúde, respectivamente,
o deputado Alexandre Roso, a deputada
Janete Pietá e Angela Fontes,
representante da Secretaria de Políticas
Públicas para as Mulheres
E, se estamos diante de um problema na saúde de milhões de mulheres, não podemos mais pensar individualmente. Por isso, para começar a resolver o problema da endometriose, foram apontadas algumas reivindicações no Seminário em Brasília, são elas:

1. Capacitação dos médicos;
2. Capacitação dos radiologistas;
3. Centros de referência;
4. Agilização do protocolo.

Essas reivindicações foram feitas pelos palestrantes, de forma unânime, diante dos deputados presentes e dos representantes dos ministérios da educação (Secretaria de Ensino Superior), da saúde e da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres. Como podemos notar, estávamos diante do poder legislativo (os deputados) e do poder executivo (os ministérios e secretárias).

Sobre a primeira reivindicação é de suma importância a capacitação dos médicos, isto é, desde estudantes de medicina a médicos e médicas ginecologistas. Porque o que ocorre é a falta de informação das novas pesquisas sobre a endometriose, que estão "demitologizando" a doença, há muitos mitos sobre ela que precisam ser banidos entre os médicos e das faculdades. Falou-se, também, a respeito da capacitação dos médicos e dos profissionais da saúde básica, pois eles têm o primeiro contato com a população, para que, o quanto antes for diagnosticada a doença, melhor será o tratamento e até mesmo a cura, evitando, inclusive, uma geração de mulheres inférteis, porque se for diagnosticada ainda na adolescência, as chances de retirar todos os focos e de gravidez natural são enormes, quase 100%.

Paulo e Adriana com uma
das 7 faixas da marcha mundial
de Brasília e de São Paulo
 A segunda reivindicação além de capacitar radiologistas, está atrelada a compra de equipamento de diagnóstico por imagem e a manutenção permanente dos que já estão em uso. Precisamos de mais aparelhos para ressonância magnética, aparelhos de ultrassons e laparoscopos (para a realização da videolaparoscopia). Hoje no SUS, a fila de espera para fazer os exames que necessitam desses equipamentos é de 6 meses a 1 ano. Isso quando os equipamentos estão funcionando, pois quando o aparelho de ressonância quebra são necessários cerca de 8 meses para ser consertado.

A capacitação dos radiologistas é necessária para que o laudo médico seja mais preciso, porque não adianta investir em equipamentos de última geração, se não existirem radiologistas capacitados e sensibilizados. Quando se faz um exame com a qualidade de imagem, melhora em muito a localização dos focos endometriais, e consequentemente, o laudo médico terá mais precisão para se realizar a cirurgia com mais eficiência.

Michele e Raquel com outra das
7 faixas usadas na marcha mundial
em São Paulo e em Brasília
Outro problema que precisa ser resolvido é o da ampliação dos centros de referência para tratamento integral da Endometriose pelo SUS. Nossa reivindicação (a que o A Endometriose e Eu fala há mais de 4 anos) é para que seja criado em cada capital do Brasil um centro de referência, para que mais mulheres tenham acesso ao tratamento sem sair do seu estado de origem, pois só na cidade de São Paulo existem quatro centros públicos, três deles ligados à universidades. Todos eles atendem mulheres de todo o Brasil. Isso gera uma fila de espera enorme para o tratamento, especialmente, para as cirurgias. Neste caso, a espera chega de 1 a 3 anos para casos mais sérios, que envolvem órgãos como os intestinos, e de 3 a 4 (ou até mais) para endometriose menos grave. Lembro que ter uma endometriose “menos grave” não significa que a mulher não tenha dores.

No entanto, é preciso descentralizar o tratamento da região Sudeste (São Paulo e Rio) por dois motivos:

- A portadora de endometriose não precisará mais gastar com passagem e hospedagem para fazer o tratamento. Lembro que é dever do Estado arcar com essas despesas, por meio do Tratamento Fora Domicílio - TFD, pois se não existe possibilidade nenhuma de tratamento da doença na cidade ou no estado que a mulher reside, é obrigatório fazer o TFD;

- O outro motivo está na qualidade do tratamento que será muito melhor, pois a portadora será tratada próximo da sua residência, perto da família, com médicos capacitados e com os equipamentos necessários.

Mediante essas reivindicações, vamos conseguir um tratamento mais humano e digno para as portadoras de endometriose do nosso Brasil. Para tanto, é necessário uma práxis EndoSocial, isto é, o empenho e o envolvimento de todas as mulheres que estão nessa luta, bem como, seus familiares, seus amigos, para melhorarmos a qualidade do tratamento da endometriose e expandirmos a oferta deste para todo o Brasil e transformarmos a realidade de milhões de mulheres.