Menstruação interrompida: prós e contras
Por Romy AikawaAntes que se livrar da menstruação, saiba quais são os prós e contras
O que dizem os especialistas?
Suspender a menstruação já deu e ainda dá muito o que falar. Quem pôs lenha na fogueira foi o ginecologista baiano Elsimar Coutinho, quando lançou o livro Menstruação, a Sangria Inútil, em 1996. A partir daí, surgiram diferentes medicamentos à base de hormônios que interrompem o ciclo com a promessa de reduzir chateações típicas daqueles dias. O tema virou polêmica, dividiu a opinião dos médicos e, pior, confundiu a cabeça das mulheres. A boa notícia é que toda essa controvérsia serviu de estímulo à realização de um estudo científico que testou cada um desses métodos para responder definitivamente se vale a pena parar de menstruar.Vamos entender o porquê de toda a discussão. Para Elsimar Coutinho, suspender a menstruação não só livra a mulher de um incômodo mensal como é o melhor tratamento contra anemia, endometriose (inflamação do revestimento interno do útero), mioma (tumor benigno do útero), cólica e tensão pré-menstrual. Até existe um certo consenso entre os especialistas quanto ao uso de hormônios para tratar doenças, mas boa parte deles discorda da prescrição para casos de TPM ou apenas pela praticidade de não menstruar mais. Entre os principais motivos da turma do contra está o fato de que, com a suspensão, perde-se o papel sinalizador da menstruação de que o óvulo não foi fecundado ou ainda que está tudo correndo bem com o organismo — a ausência do sangramento regular pode indicar, por exemplo, problemas nas glândulas tireoide e suprarrenal. Eliezer Berenstein, autor do livro A Inteligência Hormonal da Mulher também defende que o cérebro feminino é inundado por hormônios ao longo de todos os meses e, ao interromper a menstruação, a harmonia desse ciclo ficaria comprometida, interferindo até no nosso temperamento.
Tira-teima dos hormônios:
Essas questões foram colocadas à prova num estudo científico do Centro de Apoio à Mulher com TPM do Hospital das Clínicas de São Paulo, ligado à Universidade de São Paulo (USP). Durante dois anos, foram acompanhadas voluntárias que queriam bloquear a menstruação por sofrer de TPM intensa. O objetivo era verificar o nível de eficácia dos medicamentos disponíveis no mercado: checar se amenizavam os sintomas, interrompiam mesmo a menstruação e apresentavam efeitos colaterais. As moças foram divididas em grupos e se submeteram à injeção trimestral, pílula anticoncepcional utilizada sem interrupção e implante de progesterona.
Os primeiros resultados, revelados à BOA FORMA, já apontam alguns dados decisivos: nenhum dos métodos adotados conseguiu interromper completamente a menstruação de todas as voluntárias — houve pequenos sangramentos irregulares chamados pelos ginecologistas de spotting. Nesse ponto, o que teve maior eficácia foi a injeção trimestral. No entanto, algumas mulheres engordaram de 2 a 6 quilos! Em relação aos sintomas físicos da TPM (inchaço, cólica e dor de cabeça), o implante, que suspende a menstruação por até três anos, apresentou a melhor atuação. Vale destacar que sintomas emocionais como ansiedade e irritação foram melhor combatidos com antidepressivos. Mas, novamente, apenas 50% das usuárias não menstruaram.
Quanto às pílulas, ficou claro que a probabilidade de efeitos colaterais é proporcional à dosagem hormonal. A que possui grande quantidade de estrogênio sintético pode causar efeitos similares aos da TPM. ”Ao interferir nos processos naturais do organismo, todos os medicamentos apresentam vantagens e desvantagens“, explica Mara Diegoli, coordenadora do estudo e autora do livro TPM – Vencendo a Tensão Pré-Menstrual. Segundo ela, há situações em que a suspensão da menstruação pode até salvar vidas.
Por exemplo: no caso de doenças que se agravam com a gravidez, mulheres com problemas de coagulação do sangue ou quem sofre com convulsões durante a menstruação. De modo geral, no entanto, Mara defende a adoção de outras medidas terapêuticas. ”Mesmo para endometriose, mioma e anemia existem outras formas de tratamento“, pondera a médica. Agora, se é a maldita da TPM que está fazendo você infeliz, a especialista continua apostando no famoso trio atividade física + alimentação + suplementos como as vitaminas B6, E, magnésio e óleo de prímula. Sexo também ajuda muito: o orgasmo reduz a tensão, a irritabilidade e a congestão pélvica. Quer remédio melhor?
Fonte: revista Boa Forma: http://boaforma.abril.com.br/comportamento/saude-mulher/menstruacao-interrompida-pros-contras-489481.shtml
Pílula anticoncepcional pode diminuir a libido da mulher
RIO - Mulheres que tomam a pílula anticoncepcional podem sofrer com a perda de libido, indica um novo estudo feito por alemães e publicado no "Journal of Sexual Medicine". Outros métodos hormonais, como os implantes subcutâneos, também costumam afetar o desejo sexual da mulher, disseram os pesquisadores.
- Os problemas sexuais podem ter um impacto negativo na qualidade de vida e no bem-estar feminino, independente da idade. A falta de desejo sexual é um problema comum, que atinge cerca de duas em cada cinco mulheres - afirma a pesquisadora Lisa-Maria Wallwiener, da Universidade de HeidelBerg, na Alemanha.
Segundo ela, a perda de libido feminina é multifatorial. Estresse, filhos, excesso de trabalho e uma vida afetiva ruim pode alterar o desejo sexual delas. Porém, nos útlimos anos, cientistas estão dando mais atenção aos contraceptivos hormonais e seus efeitos na vida sexual das mulheres.
O estudo alemão avaliou 1.046 mulheres em idade fértil que tomavam pílula há pelo menos seis meses. Destas, um terço tinha algum tipo de disfunção sexual, que variava da perda total da libido, passando pela dificuldade de chegar ao orgasmo e até mesmo dor durante o ato sexual.
Segundo os pesquisadores, o maior problema da pílula é que ela diminui os níveis de testosterona, hormônio que ajuda a aumentar o desejo sexual em homens e mulheres. Quando a testosterona está muito baixa, fica difícil sentir vontade de manter relações sexuais. Nos testes feitos pelos pesquisadores, as mulheres que tomavam pílula tinha o nível mais baixo de satisfação sexual. As que usavam somente a camisinha tinham o maior. Associar o cigarro ao uso do contraceptivo, afirmam os alemães, prejudica ainda mais a libido.
- O resultado é muito interessante, pois em um futuro próximo poderemos determinar que combinações de hormônios melhoram ou pioram a satisfação sexual. Hoje já existem vários tipos de pílula e a mulher que não se adapta a uma pode trocar por outra. Daqui a pouco, saberemos exatamente o que afeta ou não a libido feminina.
Fonte: jornal O Globo on-line: http://oglobo.globo.com/saude/pilula-anticoncepcional-pode-diminuir-libido-da-mulher-3012939