Mais uma vez a minha
esposa me relatou outro caso que aconteceu com ela em uma visita ao médico. Um
doutor da velha guarda, olhou para ela falando em tom condescendente que a
fibromialgia não é uma doença física, que está tudo na cabeça dela.
Ela já nem falou da endometriose, não faz sentido bater de frente com esse tipo
de gente com mentalidade fechada, que lê uns artigos por aí sem preocupação de
verificar se existem outras pesquisas, provas cientÍficas, quais os avanços
mais recentes, nada. A deusificação do título de médico faz com que muitos se
achem no direito de serem absolutos detentores da verdade, desrespeitando o
sofrimento de seus pacientes. Fica mais fácil empurrar para outro colega,
varrendo assim a sujeira para baixo do tapete. Olhos que não vêem, coração que
não sente.
Chega uma hora em que
a gente já perde a raiva e passa a sentir pena desses profissionais de saúde,
que embora tenham longas carreiras, devem ter passado a vida receitando
medicamentos para resfriado e pouco mais mostram saber. Mas o grave não é que
não saibam, o grave é o esforço desenvolvido para desencorajar a busca de
soluções, remetendo as portadoras a um conformismo desesperante. Médicos que
juraram não causar mal algum, não têm sequer a noção do mal que causam quando
falam para uma paciente que a dor delas não é real. Pior quando são médicas, já
que estamos falando de uma doença que acomete em quase 100% dos casos o gênero
feminino, podendo elas mesmas manifestar a doença em algum ponto de suas vidas,
e assim sofrer dessas mesmas dores que não acham serem reais.
Ontem mesmo eu lembrei de uma conversa com uma amiga Inglesa, que eu muito respeito e admiro, e que entende de endometriose como poucas pessoas que eu conheço. A frase dela, em um contexto parecido com a situação descrita foi na mosca: “Não dá para forçar as pessoas a serem inteligentes.”
Em outro artigo que falei sobre o mal atendimento que minha esposa teve no passado, eu já referi que quando der de cara com um médico assim, agradeça pelo tempo disponibilizado, refira que claramente está perante o médico errado, levante e saia. Mas esqueci de um detalhe: você precisa de licença ou receita para remédio.
Ontem mesmo eu lembrei de uma conversa com uma amiga Inglesa, que eu muito respeito e admiro, e que entende de endometriose como poucas pessoas que eu conheço. A frase dela, em um contexto parecido com a situação descrita foi na mosca: “Não dá para forçar as pessoas a serem inteligentes.”
Em outro artigo que falei sobre o mal atendimento que minha esposa teve no passado, eu já referi que quando der de cara com um médico assim, agradeça pelo tempo disponibilizado, refira que claramente está perante o médico errado, levante e saia. Mas esqueci de um detalhe: você precisa de licença ou receita para remédio.
Consiga isso antes de
falar seja o que for, e depois esqueça esse médico. Porque na verdade não dá
para obrigar as pessoas a serem inteligentes, a usarem seu tempo para
aprenderem mais sobre uma parte importante do conhecimento na sua área
profissional. Muitos são felizes apenas passando receita para resfriado,
achando que só isso já faz uma excelente carreira, e que estão fazendo um bem
enorme para a sociedade. Tudo bem, é importante, mas pelo menos não bloqueiem a
portadora com discursos desencorajantes que conduzem ao desespero e por vezes
ao suicídio. Esses médicos que juraram não causar mal algum, não têm noção que
através de palavras que ferem bem fundo, estão se comportando como moleques
inconsequentes, fazendo piada de mau gosto, sem noção do mal que estão
causando.
Eu já tive vontade de quebrar a cara de médicos que falaram esse tipo de coisa para minha esposa. Entrar no consultório, chutar o saco deles e dizer: “Fala aí que essa dor que você está sentindo existe apenas na sua cabeça.”
Mas o tempo faz com que a gente aprenda a escolher as batalhas em que é mais útil gastar as nossas energias. Ao encontrar um moleque fazendo besteira, reagir igual a ele não vai mudar nada, e a corda sempre rebenta pelo lado mais fraco. Uns poucos minutos de prazer por descarrego da raiva não compensam a complicação que iria gerar na minha vida. A dor do médico iria passar, a de minha esposa não, e a nossa vida poderia se complicar muito mais do que já está. Por isso, para os namorados ou maridos, pais, e inclusive as próprias portadoras, eu peço que tentem não encarar essas palavras duras dos médicos como um ataque pessoal, mas como uma manifestação da ignorância deles e da falta de preparo para lidar com uma doença complicada. Mais ainda, a falta de vocação para o exercício de uma profissão na qual apenas deveriam estar aqueles que a sentissem como um chamamento, igual ao sacerdócio. Mas a saúde é um negócio, infelizmente a maioria trabalha nessa área porque o salário é bom, porque recebem um estatuto social, porque podem usar um título “Dr. Fulano”.
Pode ser triste, mas essa é a realidade que temos que enfrentar. E como não existe outra, a única forma é a transformação dessa realidade em outra mais humana, onde o conhecimento não esteja apenas nos especialistas, mas também nos clínicos gerais, e um pouco também nos portadores das várias doenças que afligem a todos nós.
Operar essa mudança requer um esforço coletivo, mas que passa por cada um de nós. As pessoas acham que dever cívico é apenas votar de 4 em 4 anos para eleger o governo. Na minha visão, isso é importante, mas é o dever menos importante do cidadão. Nós devemos cuidar do companheiro do lado, do vizinho, olhar pelo nosso semelhante. Perceber que a dificuldade do outro poderá ser a nossa um dia desses. Dar um apoio, sentar e escutar um desabafo, ir lá em casa ajudar a construir um muro, passar corda no varal, tomar conta das crianças deles para que o casal possa ter uns momentos a sós. Se cada um de nós fizer isso, teremos uma verdadeira sociedade, não apenas aquele ideal dourado que é uma capa de açúcar, sendo por baixo uma coisa podre que enoja quando damos a primeira mordida.
Eu já tive vontade de quebrar a cara de médicos que falaram esse tipo de coisa para minha esposa. Entrar no consultório, chutar o saco deles e dizer: “Fala aí que essa dor que você está sentindo existe apenas na sua cabeça.”
Mas o tempo faz com que a gente aprenda a escolher as batalhas em que é mais útil gastar as nossas energias. Ao encontrar um moleque fazendo besteira, reagir igual a ele não vai mudar nada, e a corda sempre rebenta pelo lado mais fraco. Uns poucos minutos de prazer por descarrego da raiva não compensam a complicação que iria gerar na minha vida. A dor do médico iria passar, a de minha esposa não, e a nossa vida poderia se complicar muito mais do que já está. Por isso, para os namorados ou maridos, pais, e inclusive as próprias portadoras, eu peço que tentem não encarar essas palavras duras dos médicos como um ataque pessoal, mas como uma manifestação da ignorância deles e da falta de preparo para lidar com uma doença complicada. Mais ainda, a falta de vocação para o exercício de uma profissão na qual apenas deveriam estar aqueles que a sentissem como um chamamento, igual ao sacerdócio. Mas a saúde é um negócio, infelizmente a maioria trabalha nessa área porque o salário é bom, porque recebem um estatuto social, porque podem usar um título “Dr. Fulano”.
Pode ser triste, mas essa é a realidade que temos que enfrentar. E como não existe outra, a única forma é a transformação dessa realidade em outra mais humana, onde o conhecimento não esteja apenas nos especialistas, mas também nos clínicos gerais, e um pouco também nos portadores das várias doenças que afligem a todos nós.
Operar essa mudança requer um esforço coletivo, mas que passa por cada um de nós. As pessoas acham que dever cívico é apenas votar de 4 em 4 anos para eleger o governo. Na minha visão, isso é importante, mas é o dever menos importante do cidadão. Nós devemos cuidar do companheiro do lado, do vizinho, olhar pelo nosso semelhante. Perceber que a dificuldade do outro poderá ser a nossa um dia desses. Dar um apoio, sentar e escutar um desabafo, ir lá em casa ajudar a construir um muro, passar corda no varal, tomar conta das crianças deles para que o casal possa ter uns momentos a sós. Se cada um de nós fizer isso, teremos uma verdadeira sociedade, não apenas aquele ideal dourado que é uma capa de açúcar, sendo por baixo uma coisa podre que enoja quando damos a primeira mordida.
Estamos chegando na 2ª
edição da Marcha Mundial pela Conscientização da Endometriose - EndoMarcha. Esse é um dos meios principais de começar uma mudança na sociedade que só quer saber de números e estatísticas.
Então, perceba isso. O seu país precisa de você lá. Seus irmãos, seus pais, seus
filhos, seus vizinhos. As pessoas sentem vergonha de falar que têm essa doença,
por isso escondem. Mas na porta ao lado, na casa do seu vizinho, pode existir
um drama igual ao seu. Só que do mesmo jeito que você não se sente confortável
falando sobre isso, ele também não se sentirá. E podem passar anos, em que
vocês convivem juntos, são amigos, vão no futebol no domingo, fazem churrascada
no quintal, e não saber que o sofrimento que você esconde é igual ao que ele
esconde também.
De onde vem essa
vergonha eu não sei. Parece que nos incutem que deveremos ter algum pecado no
passado que nos faz merecer esse castigo. Ninguém tem culpa de estar doente, e
nem tem que ter vergonha disso. Estatisticamente, 1 em cada 10 mulheres são
portadoras dessa doença. Assumindo esse dado como certo, 1 em cada 10 mulheres
na rua em que você mora, deverão ser portadoras. Lembre-se que não estamos lutando
apenas pela geração atual, estamos lutando pelas próximas também. Mesmo que não
tenha portadoras na sua família, sua filha poderá nascer com essa doença. Lute
pelos direitos e garantias dela. Venha pra rua participar de uma manifestação
pacífica e ordeira. Seja mais uma gota de água nesse rio que está crescendo.
Não imagine que a sua participação não é importante porque ninguém notará que
você não está lá. Esse evento é para libertar a voz coletiva de tantos que
sofrem igual a você. Abraço a todos!
Se tiver condições de sair de casa, não fique lá apenas rezando, achando que Deus tem que fazer tudo sozinho. Lembre que a Sua mensagem incluia o seguinte “meu filho, coloque a mão que eu te ajudarei.” Liberte-se desse sentimento de impotência e frustração, usando as ferramentas que são colocadas ao seu dispor. Use as capacidades que tem para contribuir com ideias, com ações locais. Exerça sua cidadania em mais do que um voto de 4 em 4 anos, e onde as pessoas ainda ficam com dúvidas sobre se os resultados não foram forjados. Vou lhe falar uma coisa, o trabalho que sai de suas mãos, você não tem dúvida nenhuma da honestidade envolvida nele.
Se tiver condições de sair de casa, não fique lá apenas rezando, achando que Deus tem que fazer tudo sozinho. Lembre que a Sua mensagem incluia o seguinte “meu filho, coloque a mão que eu te ajudarei.” Liberte-se desse sentimento de impotência e frustração, usando as ferramentas que são colocadas ao seu dispor. Use as capacidades que tem para contribuir com ideias, com ações locais. Exerça sua cidadania em mais do que um voto de 4 em 4 anos, e onde as pessoas ainda ficam com dúvidas sobre se os resultados não foram forjados. Vou lhe falar uma coisa, o trabalho que sai de suas mãos, você não tem dúvida nenhuma da honestidade envolvida nele.
Na endometriose já tem
lágrimas demais. Não estamos pedindo o sangue, mas apenas um pouco de suor
dentro das possibilidades de cada um. Cada pessoa tem qualidades que poderão
ser colocadas ao serviço de uma causa que afeta milhões de pessoas no mundo. No
começo eu não sabia como fazer, mas entrei devagar e aos poucos as respostas
foram surgindo. Fui experimentando uma coisa e outra, umas deram certo, outras
nem tanto, mas não desisti. Meus conhecimentos de inglês finalmente tiveram a
aplicação mais nobre que eu posso me lembrar em toda a minha vida. A tradução
de textos médicos para que aqueles que não dominam a língua, não fiquem
isolados do conhecimento. Eu descobri que sou capaz de coisas que eu nem
sonhava antes de iniciar esse trabalho. Não ganho nada com isso além da
satisfação de ajudar o próximo. Se eu conseguir ajudar uma pessoa que seja,
tudo isso terá valido a pena. E eu sei, porque já tive resposta de algumas
pessoas, que consegui ajudar um pouco. Num mundo em que parece que todos querem
te empurrar pelo abismo, por vezes uma palavra de conforto é o suficiente para
que você não pule lá em baixo. Seja essa pessoa que conforta e abraça, seja um
exemplo de solidariedade e de humanismo. As promessas que você faz na igreja,
está cumprindo cá fora? As ruas são o que cada um de nós fizer delas, bem como
as igrejas. Se você não colocar em prática aquilo que promete lá, estará
fazendo da casa de Deus um lugar de hipocrisia.
Lhe esperamos no dia 28 de Março, de braços abertos. Será nesse dia que mostraremos por todo o mundo a união dos povos, exigindo o reconhecimento de uma doença grave, e a prestação de cuidados de saúde. Se a vontade de comparecer existir, existirá um meio. Sempre me pautei por essa máxima: “Mais faz quem quer do que quem pode.”
Lhe esperamos no dia 28 de Março, de braços abertos. Será nesse dia que mostraremos por todo o mundo a união dos povos, exigindo o reconhecimento de uma doença grave, e a prestação de cuidados de saúde. Se a vontade de comparecer existir, existirá um meio. Sempre me pautei por essa máxima: “Mais faz quem quer do que quem pode.”