segunda-feira, 5 de agosto de 2013

"COM A PALAVRA, O ESPECIALISTA", DOUTOR HÉLIO SATO!!

Em “Com a Palavra, o Especialista”, o doutor Hélio Sato vai abordar os implantes hormonais no tratamento da endometriose. A pergunta foi sugerida pela leitora Mariana Machado, de Brasília, no Distrito Federal. Existem dois tipos, o subcutâneo e o endoceptivo intrauterino. O primeiro são implantes aplicados sob a pele, geralmente, em locais com pouca irrigação sanguínea, como antebraço e nádegas, com anestesia local. Já o endoceptivo é colocado dentro do útero, como o Mirena, que eu uso há um ano e dois meses. Abaixo, na explicação do doutor Hélio ele fala como age esses dois contraceptivos: um age na corrente sanguínea e o outro direto no útero. Cada organismo reage de um jeito a cada tipo de tratamento. Eu pensava que não senti dor na colocação do meu DIU porque estava sedada, pois o coloquei na minha abençoada videolaparoscopia, mas soube de casos de mulheres que colocaram em consultório com anestesia local e também não sentiram nenhuma dor. Assim como soube de mulheres que colocaram em cirurgia e passaram muito mal depois. Mas acho que a melhor coisa em comum entre eles é o fato de não precisar tomar todo santo dia uma pílula. Olha, isso era torturante pra mim. Se o relógio não despertasse, eu não me lembrava de tomá-lo. Aí, já rolava um estresse: o esquecimento. E foi justamente esta observação que a enfermeira ao me receber no Nipo e ver aquela caixa gigante do Mirena em minhas mãos falou: “A melhor coisa de colocar o DIU é não precisar tomar o comprimido todo dia.” E eu pensei: “Gente, que maluca!” E não é que ela estava certísssima!!!! E eu não tenho TPM, nem enxaqueca e quase nada de cólica, esse é meu grande milagre: menstruar (sim, eu menstruo bem pouco, uso absorvente míni) e ter uma vida normal, sair, fazer tudo que eu não conseguia fazer antes quando estava menstruada.

Na outra questão vamos falar mais uma vez sobre a endometriose no músculo do útero. A Érika Mozena, de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, tem mais de 40 anos, o que a aproxima da menopausa natural, e tem muitas dúvidas em relação à adenomiose. O que é, e como pode ser feito o tratamento no caso dela, que se aproxima da menopausa natural? Eu achei muito interessante a abordagem da alopecia (nota da editora: é a redução parcial e ou total de pelos na pele, que pode ser no couro cabeludo como em qualquer outro lugar do corpo) e das espinhas. Quem quiser participar da coluna deixe sua pergunta aqui ou escreva para carolinesalazar7@gmail.com e coloque o título “Com a palavra, o Especialista”. Assim será mais fácil identificá-lo e separá-lo ao chegar. Ah, e eu quase zerei os emails, ficou 1, mas daí já entrou vários outros. Agora preciso cuidar um pouco dos comentários do blog. Portanto, continuo pedindo calma e paciência para quem me envia email. Eu faço tudo com muito carinho e amor, o blog é fruto da mistura desses ingredientes, por isso eu respondo um a um. Sei que todas têm urgência, mas não repliquem os emails. Já, já sua resposta chegará e com certeza irei ajudá-la da melhor forma possivel. 

Ah, e vamos compartilhar entre "nossos amigos" a Ficha de Inscrição da Marcha de Um Milhão de Mulheres para Endometriose. Bom, o nome está escrito “mulheres com endometriose”, mas qualquer pessoa pode ser voluntário, inclusive, homens e mulheres sem endometriose. Afinal, nós precisamos de  pessoas saudáveis ao nosso lado para lutarem por nós. Em um mês já estamos com 125 cadastros. Em breve teremos o grupo brasileiro da marcha no facebook e tudo será tratado aqui no blog e lá. Aliás, no grupo só poderá falar sobre a marcha, nada mais, pois será nosso ponto de comunicação. Hoje apareceu a coordenadora do Ceará. Uma grande amiga minha, nós estudamos juntas na faculdade e já tínhamos grande afinidade. Ela me ligou porque está com um cisto de ovário e não sabe se é endo. E no meio da conversa ela disse: “Acho louvável seu trabalho e o blog e mesmo se eu não tiver a doença estou com você.” Gente eu fiquei arrepiada e disse: “Espero que você não tenha endo, porque terá muito trabalho.” Somos amigas há 13 anos e mesmo morando em estados diferentes, temos um carinho muito grande uma pela outra. E assim sempre será! Deus está sendo maravilhoso comigo! O logo da marcha em português está ficando pronto e iremos colocá-lo no lugar do logo do blog na ficha de inscrição. A única coisa que sei é que esta é nossa grande e primeira oportunidade de sermos reconhecidas por nossos governantes e exigirmos nossos direitos. É um evento americano e que será realizado simultaneamente em 22 países. Os Estados Unidos querem reunir 1 milhão de pessoas em Washington D.C., será que seria muita audácia ter a esperança de reunir 1 milhão de pessoas em Brasília? Esses 22 países irão sair às ruas, em suas respectivas capitais, para espalhar a conscientização da doença, e claro, mostrar nossa cara. É preciso dar a cara à tapa, mostrar que existimos sim e que somos muitas, quero a gente continuar sendo ignorada por nossos governantes. Vamos nessa? Já, já mais artigos sobre a Marcha Mundial no Brasil. Beijo carinhoso!!

- Gostaria de saber quais implantes hormonais podem ser usados para tratar a endometriose? Qual é o mais indicado para quem tem endometriose?  Mariana Machado – Brasília – Distrito Federal 

Doutor Hélio Sato:  Sim! Os implantes podem ser usados para o tratamento da endometriose, dentre eles, os subcutâneos e o endoceptivo intrauterino. Os implantes subcutâneos assim como a pílula e os adesivos liberam a medicação na circulação sanguínea e, portanto, atingem diversos alvos dentre eles o útero e os ovários. Assim, pode ter vantagens ao melhorar a TPM, porém, podem diminuir a libido e causar dor mamária. Já o endoceptivo tem ação local, age dentro do útero e direto no endométrio, portanto não causa efeitos em outras partes do corpo, porém, não costuma melhorar a acne, TPM e outros sintomas. Assim, a indicação depende do quadro clínico e das características individuais. E cada organismo vai reagir de uma maneira. O uso dos implantes hormonais pode remeter a amenorreia (ausência de menstruação), porém, em muitas mulheres podem ocorrer escapes sanguíneos, eventualmente. E, de fato, ambos são alternativas para endometriose.

- Fui diagnosticada com adenomiose e estou com muitas dúvidas. O que é adenomiose? Me disseram que não é endometriose. Ela é progressiva? Pode sair de dentro do útero e tomar outros órgãos? Tenho mais de 40 anos, o anticoncepcional contínuo seria um bom tratamento? A adenomiose tem relação com espinhas e alopecia? Érika Mozena – Porto Alegre, Rio Grande do Sul


Doutor Hélio Sato: A adenomiose é a infiltração do endométrio, a camada que reveste a cavidade uterina no miométrio (músculo liso que compõe a parede uterina). E ambas as camadas são separadas por uma camada que pode perder sua integridade com a gravidez, parto, curetagem ou qualquer manipulação uterina. Antigamente, a adenomiose foi denominada de endometriose interna, mas, dadas as diferenças de sintomas, de antecedentes (diferentemente da endometriose, a adenomiose é mais frequente em mulheres que já tiveram filhos e acima de 35 anos). Então, foram divididas em duas afecções distintas. A adenomiose, habitualmente, piora com as menstruações, portanto, ela pode melhorar com o bloqueio da menstruação. Logo, o uso do anticoncepcional, se não houver contraindicações, pode sim melhorar os sintomas da adenomiose (sangramento menstrual excessivo e cólicas menstruais) e dependendo da pílula melhora a acne e a alopecia. Quanto sair do útero, não a adenomiose não sai! E a adenomiose não tem relação com alopecia e espinhas. Porém, a alopecia e as espinhas, via de regra, decorrem do aumento da testosterona circulante. E, existem algumas situações que podem aumentar a quantidade de testosterona circulante que devem ser investigados.

Sobre o doutor Hélio Sato:

Ginecologista e obstetra, Hélio Sato é especializado e endometriose e em laparoscopia. Ele tem graduação em Medicina, Residência Médica, Preceptoria, Mestrado e Doutorado em Ginecologia pela Universidade Federal de São Paulo. É pesquisador principal de projeto regular da FAPESP.

Hélio Sato tem certificado em Laparoscopia pela Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e de Obstetrícia. É membro da AAGL “American Society of Gynecology Laparoscopy” e é membro associado da clinica GERA de reprodução humana. (Acesse o currículo Lattes do doutor Hélio Sato).

7 comentários:

  1. Excelente explicação do Dr. Hélio Sato, eu uso o mirena desde abril,pois tenho adenomiose. Estou melhor, mais pra mim ainda é fase adaptação, pois tenho outros sintomas associados, como TPM e espinhas. Mas eu considero uma vitória!!!

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    1. Obrigada por seu relato Angela! Com certeza você é uma vitoriosa sim. Eu não tenho espinhas, não tenho TPM, não sinto nenhum desses sintomas. Já estou com o Mirena há 1 ano e 2 meses e ele foi meu grande milagre para viver sem dores. Beijo carinhoso!! Caroline Salazar

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    2. Boa noite dr, descobri ontem que tenho adenomiose e me desesperei por pretendia engravidar estou com 41 anos e de vez enquando sinto um desconforto na relacao e no mes anterior uma menstruacao se estendeu alem dos 7 dias, meu ginecogista me receitou me um anticoncepcional mas tenho pressoa alta, sera devo usa o mirena ja que gravidez so por um milagre que creio

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    3. Ola Angela eu tb Usei o DIU mirena por 9 meses, e 6 meses depois de uso que eu descobrir a adenomiose, fortes cólicas, sangrava bem menos, tinha tpm, tudo normal como se não tivesse nem usando o DIU, fiz uma laparoscopia 2 meses depois ... e ainda assim continue sentindo cólicas e tendo o sintomas da menstruação e no mês seguinte da cirurgia eu tive sangramento duas vezes ( significa que tive o sintomas da TPM 2x) Enloqueci ... tinha retirado um cisto no ovário tb ... quando voltei ao medico ele não passou nem uma endo para ver como tava , fui em outra e ela passou a endo e mostrou que estou com outro cisto ( enorme no ovário esquerdo) ... quando fui pesquisar na internet, fiquei sabendo que em algumas mulheres o MIRENA causa isso... tirei imediatamente... vamos ver como sera de agora em diante, to tomando anticoncepcional para o cisto, mais não tem quem guente. Não tenha um dia q eu tome certo :(

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  2. Dr. Hélio, eu tenho 43 anos tenho endometriose profunda e tenho adenomioses e leiomiose, estou tomando a segunda cartela de allurene mas
    sinto ainda fortes dores, vontade de vomitar e mestruo ainda um pouco, o que o senhor acha, estou desesperada, no aguardo de uma resposta.

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  3. DR. Boa Tarde. Eu tenho 26 anos e não tenho filhos e há dois anos fui diagnosticada com Adenomiose. Já usei vários medicamentos e hoje uso Allurene. Mais depois de 6 meses usando o Allurene, recomendado pela minha ginecologista, voltei a sentir fortes cólicas, dores durante a relação. Vivo a base de analgésico e não aguento mais. Futuramente quero ser mãe. Por favor me ajude!

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  4. Dr. Boa noite, tenho 47 anos e há 5 anos aproximadamente foi diagnosticada com adenomiose e um pequeno mioma intramural. Esporadicamente tinha cólicas, mas o que me incomodava era o fluxo exagerado no segundo dia de menstruação, me levando a uma anemia muito forte. Tomei cerazette por 2 anos o que cortou minha menstruação mas devido a problemas gástricos, meu medico achou melhor o uso do Mirena. Faz 1 ano que estou com o Mirena e praticamente não menstruo mais, tenho apenas pequenos escapes vez ou outra. Meu medico faz o controle do DIU a cada 6 meses pedindo US transvaginal, e seis meses atras o volume foi de 260 e agora 330, a partir desse resultado ele disse que preciso fazer Histerectomia com anexectomia bilateral, por causa do aumento. A minha dúvida é por que fazer a cirurgia se os sintomas estão controlados, não tenho dores e nem menstruo há 3 anos e mais alguns anos entrarei na menopausa. Há algum problema em ficar com o útero globoso e com esse volume? Obrigada, aguardo resposta.

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