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domingo, 17 de junho de 2012

A HISTÓRIA DA LEITORA PATRICIA GASTALDI E SUA ENDOMETRIOSE PÉLVICA E DIAFRAGMÁTICA!!

O A Endometriose e Eu conta a história da leitora Patrícia Gastaldi Gouvêa, de Vila Velha, Espírito Santo. Patrícia só descobriu que era portadora de endometriose, porque parou de tomar seu anticoncepcional contínuo para tentar engravidar. Devido às fortes cólicas que começou a sentir, ela ia à urgência no pronto-socorro, todos os meses. HPV e até suspeita de aborto foram alguns dos diagnósticos que Patricia recebeu antes de saber que tinha endometriose. Como nenhum encontro nesta vida é por acaso, um belo dia ela pegou o ônibus para ir ao trabalho e encontrou com uma conhecida, que trabalhava numa maternidade, onde tinha especialista em endometriose. Deus nos envia pessoas aqui na Terra para nos servir. E isso aconteceu comigo e até hoje acontece. Quando eu menos espero, eis que surge um anjo terrestre! A principal lição da história da nossa leitora capixaba é em relação aos médicos especialistas. Ir a um médico, que se mostra especialista, talvez, até seja, mas que não sabe ou não tenha esta técnica tão afiada para realizar a vídeo é uma grande furada. Como encontrar um bom especialista é algo bem difícil, qualquer uma de nós podemos ser enganada por eles. O pior é se consultar e ser operada com um médico errado. Outro fato que me chamou atenção é a questão que falo muito aqui no blog: como existe médicos desonestos no Brasil. É impressionante, até parece que isso é uma aula obrigatória na faculdade de medicina. Será uma nova disciplina? Vocês acreditam que Patrícia se internou, foi pro centro cirúrgico, voltou pro quarto, ou seja, ela pensou que tivesse realizado sua segunda cirurgia. Certo? Errado, o médico disse que a operou, mas não realizou o procedimento, é mole! Eu sei que existe médicos desonestos, mentirosos, desumanos, mas dizer que vai operar uma pessoa, receber por essa cirurgia, colocar a pessoa num centro cirúrgico e não realizar o procedimento, nunca vi isso. Ela só descobriu porque suas dores ficaram ainda mais intensas após esta, que seria sua segunda vídeo. Com a desconfiança, ela exigiu a outro médico a ressonância magnética e, para sua surpresa, todos os focos de antes da cirurgia e mais alguns, como o endometrioma no ovário esquerdo, estavam lá. Por isso, eu sempre digo: o nosso médico ginecologista especialista em endo tem de ser nosso melhor amigo. E, claro, super de confiança. Por problemas de coagulação, ela teved e fazer duas vídeolaparoscopias de emergência por conta de hemorragias, que ela teve após uma vídeo para remover os focos de endo. Patrícia tem focos em vários órgãos diferentes e também este é o primeiro caso de endometriose diafragmática que o blog conta. Obrigada, querida Patrícia por compartilhar sua história conosco e, assim, ajudar ainda mais mulheres. Ela resumiu bem sua história aqui, que ainda não chegou ao fim. No próximo dia 23, às 7h, ela irá se submeter a sua sexta (isso mesmo!) cirurgia por videolaparoscopia. Desta vez, com seu médico competente e de sua extrema confiança. Você já está em nossas orações e Deus estará contigo na sala de cirurgia e, com certeza, guiará as mãos de seus anjos de azuis. Depois volta aqui para terminar de contar sua história. Em 2011, ela. Adriana Heintz e Lívia Lorenzini idealizaram o Endometriose Brasil, um grupo de portadoras para auxiliar outras mulheres que tem a doença. Estamos juntas nessa, meninas! Parabéns pela iniciativa! Beijos com carinho!

“Meu nome é Patrícia Gastaldi Gouvêa, sou auxiliar de compras, moro em Vila Velha, no Espírito Santo, tenho 29 anos, casada há 11 anos e sem filhos. Tudo começou em 2008, quando decidi parar de tomar anticoncepcional contínuo para tentar engravidar. A cada ciclo menstrual minhas cólicas aumentavam e novos sintomas apareciam. A cada mês, a dor ficava ainda mais incapacitante, a barriga inchava muito, comecei a sentir dor no ombro direito e, um dia antes ou no dia que a menstruação descia, eu ia parar no pronto socorro. Isso já estava acontecendo todos os meses e, nem os remédios que tomava lá, não tiravam a minha dor. Por causa dessas dores, comecei a faltar no trabalho. A cada ciclo menstrual, eu ficava, em média, dois dias na cama. Procurei vários profissionais que não deram o diagnóstico correto. Até HPV (nota da editora: papilomavírus humano, um dos responsáveis pelo câncer de colo de útero, dentre outros), uma médica disse que eu tinha. Como assim? Uma doença sexualmente transmissível? Na época, eu tinha sete anos de casada, fiz a biópsia e deu negativo. Mudei de médico e, dessa vez, a médica foi sensata e disse que ela não podia me tratar, pois eu tinha sintoma de endometriose e precisaria de um especialista. Mais um ciclo menstrual e vou novamente para o pronto socorro. Desta vez, eu já estava andando curvada, minha barriga estava muito inchada, a ponto de a minha roupa nem fechar mais. Eu estava apenas menstruada, mas o plantonista não acreditou que era só menstruação, ele que eu estava sofrendo um aborto, fizeram até um Beta hCG (nota da editora: exame de sangue que mede o hormônio gonadotropina coriônica humana (hCG), que confirma se a mulher está grávida ou não), que, claro deu negativo. Não contente chamou o médico de plantão do ultrassom e me submeti a um endovaginal (nota da editora: conhecido também como transvaginal, ultrassom transvaginal). Foi aí que veio a primeira pista concreta: ele viu o sangue que o sangue da minha menstruação regressava às minhas trompas. Quando soube falei: “Doutor isso tem haver com endometriose?” Ele olhou para mim e disse: “Você tem grandes chances de ter.”

Passaram-se alguns meses e, um dia, ao entrar no ônibus para ir ao trabalho, encontrei com uma conhecida, na verdade uma vizinha de bairro, que estudou na adolescência com meu marido. Conversa vai e conversa vem, eu contei parte desta minha história a ela. Até então, a única coisa que eu sabia era que ela trabalhava numa maternidade. Não é que, para minha surpresa, ela me falou que onde ela trabalhava tinha especialistas em endometriose. E foi assim que anotei o nome de dois que ela dizia que mais operava nessa maternidade. Neste tempo eu já tinha interrompido a menstruação por conta própria porque não aguentava mais as fortes dores que sentia. Com a indicação marquei a primeira consulta com um especialista. Fui muito bem atendida e ele pediu alguns exames, porém quando voltei com os exames, ele estava cheio de restrições para marcar o retorno e não consegui conciliar com o trabalho. Então, marquei consulta com o outro médico que tinha referência, que logo já ouviu meu relato, viu meus exames e fiz minha primeira videolaparoscopia exploratória, onde foi confirmada, que eu era portadora de endometriose.  Na biopsia, assim como na cirurgia, fiquei sabendo que tinha pequenos focos da doença no diafragma. Porém, eu só tinha dor neste local, quando estava menstruada. Como eu não estava menstruando, eu não sentia essas dores. Após essa cirurgia, entrei em tratamento com o Zoladex 10,8 (nota da editora: antagonista de GnRH que inibe a função dos ovários, a ovulação, induzindo a mulher a uma menopausa precoce ). Foram três doses da mais forte e fiquei exatamente nove meses sem menstruação, nem um dia a mais ou a menos. Passado o tempo do tratamento, eu e o médico percebemos que o remédio não fez efeito em meu organismo, pois mesmo sem menstruar, eu continuava com dores.


Após minhas queixas meu médico solicitou exames mais detalhados que constataram endometriose profunda e infiltrativa. Porém, devido ao plano de saúde, eu não consegui operar com meu médico. No desespero procurei outro médico e logo marquei minha segunda cirurgia. Só que eu fui enganada por este médico. Foi um tiro no escuro e não saiu como eu esperava. Ele (o médico) disse que me operou, mas isso não aconteceu. Como descobri? Após a cirurgia minhas dores estavam piores do que antes, não senti nenhuma melhora. Com isso fui a consultório de um dos cirurgiões e ele disse que teria de ser operar novamente e com urgência. Porém, eu disse ao médico que só operaria se fizesse nova ressonância magnética. Com o novo exame, o médico comparou-o com o anterior e foi comprovada a suspeita. Tudo o que eu tinha antes da tal cirurgia estava no exame e, para minha surpresa, ainda tinha mais endometriose dentro de mim: no meu ovário esquerdo, que se chama endometrioma, e a minha trompa esquerda estava enorme e com acúmulo de líquido. Marquei minha terceira vídeo para junho de 2011. Desta vez, a cirurgia durou cerca de 10 horas! Imagine como estava dentro de mim. A minha pelve já estava congelada (nota da editora: saiba mais sobre a pelve congelada). Perdi a trompa esquerda, meus ovários estavam menores do que o normal e tinha bolsinhas de sangue neles, as quais tiveram de ser retiradas com cuidado, pois corri o risco perder os dois ovários. Foi retirado um pequeno nódulo no reto e, no total, foram enviados materiais para biópsia de nove lugares diferentes de meu corpo, e o resultado: endometriose! Já saí dessa cirurgia sabendo que teria que fazer outra, pois a endometriose do diafragma evoluiu. Foi aí que começou meio que um filme de terror em minha vida. No dia seguinte da minha alta hospitalar, eu tive hemorragia em casa e tive de ser carregada para o hospital. Para conter essa forte hemorragia fui submetida a mais uma vídeo (a minha quarta!). Segundo os médicos, eu tive uma reação à medicação e, para não dar trombose, eles optaram por mais uma cirurgia. Tive alta, mas após um dia em casa eu voltei de novo ao hospital, pois não conseguia comer, beber e muito menos tomar os remédios. Já estava com anemia e, como eu não conseguia me alimentar, meu organismo não iria se recuperar. Por isso tive de fazer transfusão de sangue. Foram três bolsas de sangue e, quando terminou a ultima bolsa, mais um susto: mais uma hemorragia. Desta vez, meu médico estava na minha frente e, para contê-la, tomei duas bolsas de plasma e mais uma de sangue. Fui para a quinta, a segunda vídeo de emergência, porque uma pequena artéria havia se rompido em baixo do útero. Foi difícil, mas meu médico por videolaparoscopia mesmo conseguiu encontrá-la e a grampeou. Com isso tudo, eu fiquei vários dias com dieta zero, inclusive, sem poder beber água.

O importante é que isso foi resolvido e consegui me recuperar aos poucos. Tomei mais duas doses de Zoladex 10,8. Porém, dessa vez, esse remédio não cessou minha menstruação e, por isso, voltei a tomar o anticoncepcional cerazette. Depois de tudo que passei fiquei bem, voltei a trabalhar, mas as dores no tórax começaram a me incomodar. E sem estar menstruada. Então marquei a cirurgia do diafragma, porém ela foi cancelada porque meu sangue ficou alterado. O TAP (nota da editora: exame que determina a coagulação do sangue) estava muito baixo e, com isso, o risco de hemorragia era enorme. Com o histórico que tenho, não posso correr mais este risco, de ter outras hemorragias. Fui encaminhada para o hematologista que me passou vários testes para verificar meu sangue. E, para nossa surpresa, quando vimos os primeiros resultados, eu realmente estava com o TAP baixo, e, além disso, estava também com deficiência no Fator XIII (nota da editora: deficiência rara de coagulação sanguinea). A partir desses exames, eu recebi a orientação de não fazer nada que pudesse me causar sangramento. Até mesmo me exercitar na academia, é algo proibido para mim, pois eu tenho sangramento muscular. Então, até que descobrisse o que está acontecendo nada de cirurgia. Depois disso precisei fazer uma colonoscopia, pois meu intestino estava muito constipando e como é necessário fazer biopsia, o hematologista receitou vitamina K. Tomei e pude fazer o exame, pois o meu TAP voltou a subir. Porém, para minha surpresa, eu estava com nova lesão de endometriose no intestino. Decidi com ajuda de amigas viajar até São Paulo para fazer o ultrassom endovaginal com preparo intestinal que, infelizmente, não existe no meu estado. Isso é que não dá para acreditar! Bom, viajei, fiz o exame e, para nova surpresa, tenho duas lesões no intestino, que não foram apontadas na colonoscopia e nem na ressonância magnética. Fiz com uma ótima especialista e não tenho dúvida de que ela conseguiu fechar todo meu diagnóstico. Bom, a partir daí, descobri que não tenho de operar apenas a endometriose do diafragma, mas a da pelve novamente e a do intestino. Retomei a questão do meu sangue que virou um quebra cabeça em minha vida. Com o passar dos meses meu Fator XIII voltou ao normal e o TAP, ora estava normal e ora baixo?! Fui encaminhada para uma especialista no hemocentro da minha cidade e repeti todos os exames que havia feito. A diferença agora é que o sangue coletado foi enviado direto para máquina e o exame veio normal. Fui liberada para fazer cirurgia, porém preciso ir com reserva de plasma e sangue concentrado para um eventual sangramento anormal. A questão é depois disso tudo que já passei por causa da endometriose continuo tendo dores sem mesmo menstruar. Minha sexta cirurgia está marcada para o dia 23 de junho, já no próximo sábado, às 7h. Torçam por mim, pois tenho fé de que minha dores estão com os dias contados após essa cirurgia. Beijos com carinho, Patrícia Gastadi.”