quinta-feira, 2 de outubro de 2014

"A VIDA DE UM ENDO MARIDO": POR QUE RESOLVI TER MEU PRIMEIRO FILHO DE CORAÇÃO?


imagem cedida por Free Digital Photos


Hoje a coluna "A Vida de um EndoMarido" aborda uma questão que assombra muitos casais, em especial, aos endocasais: a infertilidade masculina e a feminina. Um em cada cinco casais tem algum problema de infertilidade. Isso representa cerca de 20% da população mundial. No mundo todo cerca de 50 a 80 milhões de pessoas afetadas pela infertilidade, no Brasil cerca de 14 milhões. Neste texto emocionante, nosso endomarido, Paulo Soares, conta quando e por que ele e a esposa, Ane, decidiram partir para a adoção, e adiar a fertilização in vitro. Filhos são bênçãos de Deus, e não importa se ele vem de forma natural, por meio de reprodução assistida ou por adoção. Todos são enviados de Deus! A adoção é uma forma de amor incondicional, que a meu ver, é a mais suprema de todas. Hoje vemos tantos pais e mães maltratando seus filhos, que pais são aqueles que criam, independente do DNA, ou do sangue. Pais são aqueles que geram seus filhos no coração, antes de qualquer outro lugar. O desejo do seu coração tem de ser mais forte que E o que mais me chama atenção na vontade de adoção de Paulo e Ane é o fato de eles desejarem seu filho fora dos padrões que os adotantes desejam. Uma história para ler e se inspirar. Beijo carinhoso!! Caroline Salazar

Por que eu e minha esposa resolvemos ter nosso filho de coração?

Por Paulo Soares 

Neste artigo gostaria de falar sobre adoção de crianças pelos endocasais, como um caminho para se ter um filho/filha. Quando eu e Ane ficamos noivos, decidimos que iríamos adotar uma criança, sendo que ela seria fora do perfil mais procurado. Queremos uma criança negra, masculino ou feminino e com idade acima de 2 anos.

Hoje essa decisão está mais perto de se realizar. Há um mês dei entrada no pedido de adoção no Fórum de São Miguel Paulista, na Vara da Infância e da Juventude. Mas antes de chegar neste ponto da história, gostaria de explicar por que temos esse desejo de adotar uma criança. Primeiro, a opção pela adoção foi do casal, ou seja, dos dois, um não precisou convencer o outro sobre adoção. E vemos nesta atitude, uma ação divina, pois Deus adota, cada um, que crê nele. Por isso, meu coração batia forte quando assistia alguma reportagem sobre adoção e/ou quando visitava abrigo de crianças para ajudar com doações ou servindo de alguma forma no local.

Segundo, quando conheci Ane, ela me contara que seu pai foi conselheiro tutelar da cidade, e como na cidade não havia abrigo, eventualmente uma criança ficava abrigada na sua casa até a justiça resolver o que faria com ela.

Mas, nosso plano era ter o primeiro filho/filha de forma natural. No entanto, a situação mudou. Dois anos depois de casados, descobrimos que Ane tem endometriose grau IV, ou seja, endometriose severa. Nós morávamos na Bahia, mas como lá não havia tratamento para endometriose pelo SUS, resolvemos nos mudar para São Paulo para ela se tratar no Hospital São Paulo – UNIFESP. E, graças a Deus conseguimos, Ane fez cirurgia por vídeolaparoscopia para retirada dos focos. Mas, infelizmente, nela descobrimos que suas duas trompas ficaram obstruídas por conta da endometriose, e este problema diminuiu a chance de termos filhos naturalmente.

A esperança estava em mim, se meus espermatozoides estivessem normais. No entanto, após exames de espermograma, foi diagnosticado que meus espermas tinham pouca quantidade, qualidade baixa e formas anormais. Isso se deu ao fato de eu ter feito tratamento de quimioterapia quando criança. Segundo os médicos, eu possuo apenas 5% de chances de gerar um filho naturalmente. Com o resultado meu chão abriu, eu não podia acreditar, como assim? Eu não podia gerar um filho/filha? A gente com a cabeça de homem pensa logo: que tipo de homem eu sou, que não consigo ter um filho/filha, dá aquela sensação de inutilidade ou de inferioridade. Para esta situação eu busquei força em Deus e na minha família, especialmente, na minha esposa, que sempre ficou ao meu lado me apoiando.

Quando falamos com o médico sobre qual seria a possibilidade de engravidar, ele respondeu que apenas por Fertilização in Vitro - FIV. No primeiro momento aceitamos, mas quando ele falou o valor do tratamento, no qual seria cobrado apenas os medicamentos, na quantia de mais ou menos R$ 10.000,00 pela UNIFESP, eu e minha esposa pensamos, não dá! Vai quebrar nossa vida financeira, estamos recomeçando do “zero” nossa vida aqui em São Paulo. Pesquisamos em outros hospitais ou clínicas, em vão, estavam cobrando quase o mesmo valor ou mais. Outras clínicas davam a opção da doação de óvulos com tratamento gratuito, mas recusamos. Fomos informados que no Hospital Pérola Byington realizava a FIV gratuitamente pelo SUS, mas a fila de espera é imensa. E teríamos de refazer todos os exames pelo SUS para comprovar a infertilidade do casal. Não obstante, minha esposa já tem 34 anos, e, com a espera pelo tratamento, provavelmente, chegaria aos 39 anos, ou seja, uma idade de risco para realizar a FIV e o hospital não aceitaria mais fazer o tratamento por causa da idade avançada dela.

Todos esses problemas nos fizeram refletir. Em vez de investirmos numa FIV, que tinha muitas chances de dar errado, e ter que pagar para fazer de novo, eu e Ane decidimos adiantar a adoção e gestar nosso filho/filha do coração, pois a criança está lá em algum abrigo precisando de uma família, precisando de um lar e de uma oportunidade melhor de vida. E eu penso que a adoção é muito mais humano e divino.

Como disse no início do texto, nós já tínhamos o desejo de adotar, não estamos adotando pelo fato de não ter outro jeito, nós estamos adiantando um sonho. E a FIV, não perdemos a esperança. Descobrimos que na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, também existe o programa de tratamento para infertilidade pelo SUS, e menos burocrático que pelo Hospital Pérola Byington, mas por enquanto o sonho da FIV será adiado.

Bom, espero que este depoimento ajude muitos endocasais a refletir na decisão de ter um filho. Eu acredito que a adoção é um bom caminho para se ter filho/ filha. Deus sabe de todas as coisas, e precisamos confiar Nele e em suas decisões. Abraço grande a todos!

3 comentários:

  1. Boa Noite!! Passo exatamente o que vcs estão passando e acho lindo o q vcs decidiram, infelizmente ainda não tive uma palavra do Senhor para o mesmo, vou orar a respeito, Boa Sorte no processo. Ana Paula Goiânia

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  2. Olá Ana Paula, é maravilhoso compartilharmos com os pessoas um pouco da nossa vida e saber que existem outras que passam pela mesma luta. Como disse no texto, um dos objetivos é incentivar os casais em fazer adoção e creio que essa decisão é pessoal. Entretanto, a adoção é um ato divino, no Antigo Testamento, Deus escolhe ou "adota" Abraão para começar seu povo, Gn. 12,2. No Novo Testamento, José "adota" Jesus, pois o filho não era naturalmente dele, e sim, do Espírito Santo com Maria, Mt. 1,18-21. E no evangelho de João, Deus adota todos como filhos, àqueles que creem e receberem no nome de Jesus, serão feitos filhos de Deus. Jo. 1,12. E a verdadeira religião, conforme afirma Tiago 1,27 "(...) é visitar os órfãos e as viúvas em suas dificuldades (..)" Esses órfãos são as crianças que estão nos abrigos sendo cuidadas, mas o melhor cuidado seria estar numa família, num lar. Outra questão importante é o lado social da adoção, abrigo de crianças não é um lar, o lugar da criança é na família sendo esta consanguínea ou substituta.

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  3. Boa noite! Descobri que eu e meu esposo somos Endocasal há 9 anos. Adotamos nossa filha em 2010. Nossa história e longa, cheia de vales e montanhas mas temos vencido pela misericórdia de Deus. Hoje estou de novo de cama por causa da Endo e nossa princesa, doce, esperta e arteira, alegra e alimenta meus dias difíceis. Obrigada pelo depoimento, vocês são mais que vencedores!

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