Na coluna "Saúde & Bem-estar", a fisioterapeuta
Ana Paula Bispo fala sobre as disfunções osteomusculares, entre elas, a
dispareunia, a dor durante e ou após a relação sexual. Infelizmente, muitas
portadoras de endometriose conhecem muito bem esta consequência que, além de
causar dor, traz às mulheres uma impotência muito grande pelo fato de muitas.
Ela explica os tipos de dispareunia, os tratamentos, como as disfunções
musculares e as alterações musculoesqueléticas podem também afetar e agravar os
músculos do assoalho pélvico, os músculos da vagina. Este texto vai ajudar
muitas endomulheres e também muitos endomaridos a entenderem melhor como a
doença e o diagnóstico demorado podem agravar ainda mais os músculos de quem
sofre com a endometriose.
A partir de meus relatos, o A Endometriose e Eu foi o pioneiro no Brasil a falar abertamente sobre a dor durante e após o sexo. Segue aqui os principais textos (têm muitos outros) que relatei essa minha consequência da endo (dispareunia 1, dispareunia 2, dispareunia 3), inclusive, meu tratamento, escrito pela fisioterapeuta Ana Paula Bispo. Beijo carinhoso!! Caroline Salazar
Por doutora Ana Paula Bispo
As disfunções osteomusculares - a dispareunia e seus tratamentos
O tempo entre o início dos sintomas e diagnóstico e tratamento da endometriose é de cerca de oito anos. Durante este período de tempo, a mulher permanece com a queixa dolorosa sem diagnóstico o que pode ocasionar inúmeras alterações secundárias à doença como disfunções osteomusculares e emocionais.
As disfunções osteomusculares - a dispareunia e seus tratamentos
O tempo entre o início dos sintomas e diagnóstico e tratamento da endometriose é de cerca de oito anos. Durante este período de tempo, a mulher permanece com a queixa dolorosa sem diagnóstico o que pode ocasionar inúmeras alterações secundárias à doença como disfunções osteomusculares e emocionais.
Dentre estas alterações, destacam-se as do
sistema osteomuscular que podem causar, agravar ou perpetuar os sintomas da
dor. Disfunções da musculatura perineal ou das articulações sacro-ilíacas e
seus ligamentos também podem ser causa de dor, já que podem ter irradiação para
a vagina e ou períneo.
Além dos sintomas clássicos da doença,
alterações musculoesqueléticas, devido à postura antálgica por tempo prolongado
adotada pelas mulheres podem estar presentes. Esses padrões de desequilíbrio
muscular podem exercer força de alongamento constante sobre os músculos do
assoalho pélvico (músculos da vagina), levando a flacidez (relaxamento) que
pode exacerbar ou perpetuar a dispareunia, mesmo após o tratamento da doença de
base. Este fato se justifica já que a tentativa de ajuste do corpo para aliviar
a dor, que leva às alterações no alinhamento da pelve, do quadril e dos membros
inferiores, ocasiona danos fisiológicos e, consequentemente, alteração na
função dos músculos do assoalho pélvico, interferindo na fisiologia da pelve.
Alterações nos músculos do assoalho pélvico
podem ocasionar a dispareunia que é a dor durante ou após a relação sexual. A dispareunia pode ser subdividida em dois tipos: a dispareunia
superficial, de entrada ou de introito, e a dispareunia profunda ou de
profundidade, com diferentes etiologias.
Em mulheres com endometriose,
principalmente, a endometriose profunda não é infrequente encontrarmos a dispareunia
de profundidade que pode ser resultante da distensão e inflamação de tecidos
pélvicos, como útero em retroversão fixa, pressão exercida em ovários,
ligamentos úterossacros ou região retrocervical afetados pela doença. A dor
também pode acorrer após a relação sexual, denominada dispareunia tardia. Em
razão da dispareunia estas pacientes sentem uma diminuição importante da
satisfação sexual e, em alguns casos, optam pela abstinência sexual.
Fisioterapeutas
especializados podem utilizar diversas modalidades terapêuticas para tratar as
pacientes com alterações posturais e alterações nos músculos do assoalho
pélvico decorrentes da endometriose e da DPC (dor pélvica crônica). O objetivo
principal do tratamento é a melhora do padrão postural, normalização do tônus
muscular, aumento da consciência e propriocepção da musculatura do assoalho
pélvico, dessensibilização dos pontos dolorosos na vagina. A liberação
miofascial é um dos tratamentos utilizados para a melhora do padrão postural e
da dor, pois promove a liberação das restrições das camadas
profundas da fáscia, favorecendo estiramento de interligações fibrosas e trocas
de viscosidade das camadas miofasciais de um músculo sobre outro.
Visando a
normalização do tônus muscular e dessensibilização dos pontos dolorosos dos
músculos do assoalho pélvico, a massagem perineal que consiste na
introdução de um dedo na vagina e, realização de movimentos para trás e para e
para frente, de um lado para o outro por cima dos músculos elevadores do ânus e
obturadores internos, pode ser indicada.
Desta forma, será possível reduzir o quadro álgico dessas pacientes a fim de que elas possam desfrutar de uma melhor qualidade de vida e satisfação sexual.
Desta forma, será possível reduzir o quadro álgico dessas pacientes a fim de que elas possam desfrutar de uma melhor qualidade de vida e satisfação sexual.
Sobre a fisioterapeuta Ana Paula Bispo:
Ana Paula Bispo é fisioterapeuta, atualmente faz doutorado em Urologia na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), é mestre em Ginecologia pela Unifesp, mesma instituição que fez especialização em Reabilitação do Assoalho Pélvico, e docente do curso de Pós Graduação de Fisioterapia em Uroginecologia da Universidade Estácio de Sá. Siga a fanpage da doutora Ana Paula Bispo.
Ana Paula Bispo é fisioterapeuta, atualmente faz doutorado em Urologia na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), é mestre em Ginecologia pela Unifesp, mesma instituição que fez especialização em Reabilitação do Assoalho Pélvico, e docente do curso de Pós Graduação de Fisioterapia em Uroginecologia da Universidade Estácio de Sá. Siga a fanpage da doutora Ana Paula Bispo.
Olá, meu nome é Marcelo Kantelle. Eu e minha esposa estamos num tratamento de endo. Nosso médico receitou dois medicamentos em uso concomitante (Allurene+Zoladex10.8 [1 dose]). Gostaria de saber se esse procedimento é comum para o tratamento. Minha preocupação é a carga de hormônios que será aplicada e os efeitos colaterais dos dois medicamentos em conjunto.
ResponderExcluirDesde já, agradeço!
PS: Peço desculpas por não estar comentando sobre o assunto específico desse artigo.