quinta-feira, 10 de outubro de 2013

"A VIDA DE UM ENDO MARIDO": QUANDO O AMOR E A FÉ SUPERAM A NEGAÇÃO DE VIVER E CONVIVER COM A ENDO!!

imagem cedida por Free Digital Photos

No artigo de hoje, nosso endo marido Alexandre faz um alerta aos companheiros das portadoras de endometriose: somente o amor e a fé podem superar a negação. Quem convive com uma portadora sintomática sabe como é difícil estar ao lado dela. Quando muitas destas mulheres não conseguem realizar alguns de seus sonhos, como a maternidade, levar a carreira adiante, dentre muitas outras consequências que a endo nos dá, e que nos rouba a oportunidade de ter uma vida normal, como qualquer outra mulher. Por tudo isso, a mulher fica pra baixo, muitas vezes entra em depressão. Com isso, a atitude positiva do companheiro é muito importante para reerguer uma endo mulher. E é isso que o Alexandre conta hoje, como ele lidou com a negação de sua esposa em relação à endometriose. Já falamos muito aqui no blog, inclusive, na própria coluna que apenas o Amor Salva. E é isso mesmo. Tenho certeza que este texto vai ajudar muitos endo maridos a ficarem mai fortes, bem com ajudar muitas endo mulheres a ter fé, pensar positivo. E lembre-se: Amanhã sempre será um novo dia. Independente do que poderá acontecer hoje, sempre haverá o amanhã, que nasce com esperança e um novo dia. E a vida é feita de "muitos amanhãs".

Entre para a nossa campanha: "Seja do bem vote pelo reconhecimento da endometriose como doença social”. Vote no A Endometriose e Eu, no prêmio TopBlog Brasil 2013. Neste ano, cada pessoa tem duas chances de voto. É um voto por e-mail e outro com o facebook. Se você tiver email e facebook, vote com os dois, pois assim teremos mais chances. Clique no link (http://bit.ly/18wANh9) e dê o seu voto. A primeira opção é o voto por e-mail, onde no primeiro espaço você vai colocar seu nome e sobrenome e, no segundo, seu e-mail. Você clica na seta votar, que está à direita na cor laranja. É necessário validar seu voto em seu próprio e-mail, que você vai receber do prêmio TopBlog Brasil. Basta clicar no link que estará em seu email, e pronto, seu voto foi validado com sucesso! Na sequência aparece o F, em azul, do facebook. Clica na seta laranja, faça seu login e pronto. Voto validado com sucesso! Conto com a ajuda de todos vocês em votar e, em especial, em compartilhar meu pedido entre seus amigos. Afinal, como eu sempre disse: "a união faz a força e juntos somos mais fortes". O primeiro turno vai até o dia 9 de novembro. Aproveite para conhecer a linha de camisetas exclusivas que acabamos de lançar para espalhar a conscientização da endometriose. É a nossa conscientização fashion! Beijo carinhoso!! Caroline Salazar



Apelo: Quando o amor e a fpe superam a negação da doença

Hoje vou abordar um tema conhecido de muitos companheiros de mulheres portadoras de endometriose: a negação.

Como reagir a quem está em negação, como encorajar a ir mais além, a reconhecer os problemas que estão lá, como aguentar as pontas quando quem precisa de ajuda e tem o problema não quer reconhecer, não quer lutar por vezes, e fica alí quietinha no canto sofrendo de dor e lamentando o que deixou de conseguir fazer. Como se consegue ajudar alguém que sabe que precisa de ajudar, que tem necessidade de resolver os seus problemas, de continuar a acreditar mesmo que todas as evidências digam o contrário e o caminho não seja claro? E como podemos nós, os companheiros dessas mulheres mudar o rumo das coisas mantendo a energia de lutar contra o cansaço e o desânimo dessas mulheres?

Bom, no meu caso foi fé, ou se quiserem, pura teimosia. Foram incontáveis os dias e as noites em que eu pedi para que a minha esposa não desistisse. Poucos dos que me conhecem terão a noção de quão dura tem sido esta viagem. Mas esperar alcançar um dia uma maior qualidade de vida significa resistir, por vezes ultrapassando o que considerávamos como o limite das nossas forças. E de cada vez que os ultrapassamos, um novo limite foi traçado. E um dia poderá vir em que essa nova fronteira tenha de ser redesenhada novamente porque conseguimos ir mais longe ainda.

Nem sempre é fácil acreditar. Nem sempre é humanamente exigível que se continue em frente, porque o corpo dói, a alma dói, a vontade já não está lá, mas alguma coisa faz com que os pés continuem se movendo, um após o outro, caminhando, umas vezes levando a vida e outras sendo levado por ela. Mas continuamos, sobretudo por uma coisa sublime, um amor maior do que o que temos por nós próprios. É necessário viver um amor desses para sobreviver em uma tempestade como pode ser a endometriose. O amor conquista tudo, redefine tudo, ultrapassa crenças, ultrapassa o nosso maior adversário... o nosso ego. O verdadeiro amor não desiste, ele ignora as dificuldades, mantém o corpo movendo mesmo quando a cabeça pede para parar por já não aguentar mais.

O amor faz com que dediquemos tempo e energias a alguém, muitas vezes ultrapassando aquilo que os outros consideram como normal e saudável. Mas o que eles sabem? Como podem avaliar se eu estou dando demais se não estão no meu lugar, amando como eu, sofrendo o que eu sofro, vendo sofrimento nos olhos da minha esposa e sentindo a impotência de não poder fazer melhor do que sorrir, beijá-la e rezar por ela? Viver com uma doença exigente como a endometriose é quase bíblico. Como se um anjo nos pedisse que resistamos dia após dia com a fé de que vai chegar o dia em que a recompensa chegará. Quando, ninguém nos diz. E é por aí o mistério da fé.

Será você capaz de acreditar? Será você capaz de continuar caminhando apesar do cansaço e das dores? Será capaz de lutar por si e por mais alguém? Será capaz da dádiva do seu desconforto em favor de alguém que não pode e precisa? Pense bem, pois hoje eu lanço um alerta.

Não é segredo para ninguém que dia 14 de Março de 2014 será o dia em que o Mundo marchará pela endometriose. O objetivo sempre foi encarado como ambicioso, algo nunca feito na saúde e raramento visto em outro gênero de situações. Mas de cada vez que aconteceu envolveu paixões, amor e raiva, mas seguramente nunca apatia. E não posso negar que me sinto preocupado. As pessoas que seguem o blog, em particular a parte do endomarido, sabem que eu sou português.

Não sei nada sobre o Brasil. Muito honestamente é assim mesmo. E acho que esse é o melhor ponto de partida. Evitar a negação, não achar que por ter amigos, e bons amigos brasileiros, assistir novelas daí faz mais de 30 anos, ter na história do meu país a colonização e parte do desenvolvimento do vosso, que isso faz de mim uma autoridade para falar desse país que eu admiro e que um dia espero visitar. Eu não sei nada sobre o Brasil, porque o meu entendimento do que é conhecer um país é muito mais do que passar em terminais de aeroporto, visitar monumentos e bater umas fotos para mostrar aos amigos que a gente esteve lá. Conhecer um país é conhecer as gentes. É sentir a vibração do povo, é a gente sentar no buteco com os amigos de sempre, alguém começar uma batucada e em segundos tá todo o mundo cantando aquele sambinha gostoso. É a gente olhar na cara do vizinho e saber se ele está precisando de ajuda. É tanta coisa e não é nada. É sangue nas veias correndo, partilhado por tanta gente que sente, ri, sofre, passa necessidade, partilha o que tem... é o povo, não a terra. É a gente que dá a fibra a um país.

Eu posso conhecer um país como o Brasil escolhendo uma cidade vossa, de qualquer parte, e vivendo lá por uns 10 ou 15 anos. Lidando com as pessoas, vivendo do mesmo jeito, me alimentando como vocês, reclamando do vosso governo e do SUS... :) sentindo o que vocês sentem. Do Norte ao Sul, litoral ou interior, para mim gente é gente. E eu sou bem pequeno e finito, não está na ordem natural da vida que eu possa conhecer algo tão vasto como o Brasil no meu tempo de vida, pelo menos do jeito que eu falo.

Mas uma coisa eu sempre admirei, e nisso me arrogo o direito de falar sobre os brasileiros que eu conheci até hoje (tou falando de gente de bem). A força imensa da fé e a generosidade de dar a quem precisa. Por isso a surpresa que gera a preocupação que eu falei no inicio. De sentir que não está havendo o envolvimento que eu esperaria, a generosidade de levantar do sofá e intervir em uma causa tão importante, defendendo quem mais precisa, lutando para dar voz a quem não a tem. O pouco que eu achava conhecer do Brasil talvez seja uma lição de vida para mim, mostrando que na realidade não sei nada mesmo.

Até o último instante eu me recusarei a acreditar que as pessoas preferem levar as suas vidas sem incômodo a dedicar um pouco do seu tempo para ajudar quem tanto sofre. Já assisti a algumas manifestações de Deus nessa vida, e sei que Ele tem uma predileção pelos ultimos instantes, talvez para  testar a nossa fé. Pois eu tou dentro, aceito o desafio e vou acreditar até o último instante que as pessoas possuem coração generoso e que darão um pouquinho de si para proteger os mais frágeis.

Parece lógico que quem xuta o pau do barraco por 20 centavos de aumento no vale transporte, seja capaz de pelo menos levantar a mão em sinal de solidariedade pelo sofrimento de tanta gente, mostrando que está presente, que as pessoas que representa interessam. Que são brasileiros do mesmo jeito, que merecem dignidade, cuidados de saúde adequados. Parece lógico que quem roda a baiana por conta do dinheiro gasto num mundial, possa pelo menos doar algum do seu tempo e capacidades dando uma mão nesse esforço para ajudar a que os governantes reconheçam essa doença terrível. Ou estará o Brasil em negação?

Faltam menos de 160 dias para que chegue o grande dia, tem muito trabalho para ser feito e tá faltando gente. Sempre existe um tempinho para dedicar ao que consideramos importante. Trabalhar, cuidar da casa, namorar, malhar na academia... A quem lê, eu peço ajuda para podermos realizar esse projeto enorme, a participação num evento à escala mundial. Mas peço também respeito pelo trabalho que está sendo feito e por quem sofre. Se responder a esse apelo, faça-o em consciência e se mantenha até o final, pois nada disso será possível se não pudermos contar com as pessoas. Mesmo que não possam contribuir com muito trabalho, o pouco de cada um todo junto significará muito, mas para isso é preciso que surja.


Será que você é capaz de acreditar e da generosidade de dar um pouco de si, alterando um pouco da sua rotina e oferecendo um pouco das suas capacidades em prol de uma causa como essa? Eu acredito que tem gente por aí assim. Se puder e quiser se juntar a nós com firmeza, seja bem vindo a bordo. 

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