Eram dores em pontadas, dores estas que limitaram um pouco minhas brincadeiras de infância, já que nasci e cresci numa linda cidade do interior goiano, onde brincávamos de pega-pega na rua, onde também pulávamos amarelinha, nosso esconde-esconde era nas árvores, dentre muitas outras brincadeiras livres pelas ruas e quintais das nossas casas. Essas dores como "pontadas de facas ou agulhas" me deixavam as vezes em stand by, eu parava um pouco, mas como sempre me considerei uma pessoa forte, me recuperava rápido. O mesmo aconteceu quando me tornei atleta na pré-adolescência. Joguei basquete por anos e fazia atletismo também. Participei de várias competições, inclusive, até quando mudei para São Paulo. No basquete tanto em Goiás quanto em Sampa, eu era uma das principais jogadoras do time, portanto, não dava para pedir para sair do jogo. No atletismo era comum ter desmaios, mas sempre pensara que era por conta do solzão e calorão do meu estado. Joguei muitas vezes com essas dores de pontadas, sem reclamar e sem que ninguém percebesse que não estava bem. Afinal, somos mais que fortes, somos mulheres guerreiras, daquelas que matam mais de um leão por dia. E vocês, como inciaram suas dores?
Ah, e já começou a primeira fase do prêmio TopBlog Brasil 2013. Entre você também para nossa campanha "Seja do bem, vote pelo reconhecimento da endometriose, vote no A Endometriose e Eu", passo a passo aqui. Vote no blog pioneiro em lutar não apenas pelo reconhecimento da endometriose como doença social, mas pelos nossos direitos, pela qualidade de vida das portadoras de endometriose. É o blog que dá vozes às endomulheres desde 2010, é o que traz informação de qualidade e exclusivas do que acontece no mundo todo em relação à doença. É o blog que conscientiza e educa a sociedade, em especial, quem não tem a doença. É o blog que passa fé, esperança e perseverança perante as adversidades que muitas portadoras enfrentam. No ano passado, graças a nossa união fomos o campeão do voto popular, na categoria saúde pessoal. Neste ano, podemos também disputar com maestria o voto acadêmico. O primeiro turno vai até o dia 9 de novembro. Conto com a colaboração de todos para chegarmos ao segundo turno. Afinal, a união faz a força e juntas somos mais fortes. Beijo com amor!
Por Matthew Rosser
Tradução: Jorge Francisco
Edição: Caroline Salazar
Talvez ela já tenha nascido com isso
Se você sofre de endometriose poderá já ter se perguntado como
será que a doença surgiu em você. Será que herdou de um membro da família? Será
que a doença surgiu da exposição a algo enquanto você estava no útero? Ou será
que esteve exposta a algo durante a infância ou adolescência que desencadeou a
doença? Não são apenas as portadoras que se questionam sobre isso, os
cientistas também se perguntam como e porquê as mulheres contraem endometriose
e eles têm feito um bom esforço tentando perceber exatamente estas questões.
Talvez você já tenha ouvido teorias que andam por aí. A da menstruação retrógrada é a teoria mais badalada para explicar a origem da
endometriose. Ela basicamente afirma que durante o período menstrual, embora quase todo o
sangue seja expelido pela vagina, parte desse mesmo sangue volta a subir pelas
trompas de falópio e acaba saindo para a zona envolvente dos vários órgãos
reprodutivos. Esse sangue contém tecido endométrico (que reveste o
útero) e que se pensa que ele venha a se implantar nos órgãos os quais se deposita,
crescendo e se tornando endometriose.
O problema com essa teoria é que foi descoberto que 90%
das mulheres têm menstruação retrógrada. Então, como explicar que apenas
10% delas são portadoras de endometriose? A menstruação retrógrada também assume que a
menstruação é necessária para que a endometriose se desenvolva. Bom, um estudo
bem interessante publicado no jornal Experimental and Clinical
Cancer Research (Pesquisa do Câncer Clinica e Experimental) apresentou novas
provas sugerindo que as mulheres já nascem com endometriose.
O estudo dissecou 36 fetos
humanos femininos, que tinham abortado ou morrido de causas naturais, e buscou
por sinais de tecido endométrico fora do local normal, a marca da
endometriose. O que eles descobriram foi que dos 36 fetos, 4 deles exibiam
sinais de endometriose. Isso foi notável por dois motivos: um pelo fato de a
endometriose ter sido aparentemente descoberta em fetos que estavam se
desenvolvendo, sugerindo que as mulheres nascem de fato com endometriose; e
dois, porque 4 em 36 indivíduos é muito próximo da percentagem que se
esperariam encontrar na população feminina adulta (nota da editora: no caso os 10% da população feminina).
Por muito interessante que pareça, a questão permanece, como
é que esse tecido endométrico se desloca para os locais onde é encontrado? A
menstruação retrógrada não é seguramente a resposta. Os autores dessa pesquisa
sugerem que possa dever-se a erro no desenvolvimento dos órgãos reprodutores do
feto. Veja bem, na fase inicial do desenvolvimento, não é homem nem mulher, tem
dois conjuntos de canais, o canal Wolff (que desenvolverá para ser os órgãos
masculinos) e o canal Mülleriano (que se
desenvolverá para ser os órgãos femininos).
O corpo envia sinais para esses canais dizendo a eles
para se tornarem na parte anatômica correta. Então, se você é mulher, o canal
Wolff desaparecerá e o seu corpo enviará sinais para as diferentes partes do
canal Mülleriano, falando “ok, isso aqui será um ovário, essa parte será o
útero, essa parte será o endométrio, essa aqui a vagina... etc, etc". O problema
surge quando esses sinais ficam embaralhados (é possível que toxinas ambientais
possam ter alterado o sinal, ou as mensagens do seu DNA estão erradas). Com isso, você
pode ficar com as “peças” crescendo no lugar errado. É basicamente isso que os
pesquisadores estão sugerindo, que durante a fase inicial do desenvolvimento do
corpo, os sinais estão sendo alterados por uma razão qualquer, e pedaços de
endométrio estão se desenvolvendo onde não deveriam (isso é chamado de “Müllerianose”), e quando chega a puberdade,
esses pedaços de endométrio que estavam adormecidos desde o nascimento se
tornam ativos e o resultado é a endometriose.
No
geral é uma teoria nova bem interessante sobre a origem da endometriose que
devemos considerar. Será necessária muita investigação antes que possa se tornar uma teoria globalmente aceita, mas ela providencia uma base para futuras
pesquisas. Adicionalmente, se essa
teoria conseguir dar esse passo de aceitação geral, a pergunta seguinte será
“Afinal, o que está embaralhando os sinais?”
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