Uma das 7 faixas da marcha de Brasília e de São Paulo |
A coluna "Endo Social" começa a explicar por que o Brasil precisa adotar políticas públicas para as mulheres com endometriose. Por que precisamos reivindicar pacificamente nossos direitos? Por que precisamos nos unir em prol da saúde de milhões de mulheres? O sociólogo e endomarido Paulo Soares discorre brilhantemente sobre o motivo pelo qual os cidadãos comuns precisa de se envolver nas questões políticas de seu país. O A Endometriose e Eu reivindica desde 2010, tendo sido a primeira voz no país a pedir o reconhecimento da doença como social e de saúde pública, para que haja tratamento pelo SUS, em pelo menos, todas as capitais do Brasil, além de lutar para que a portadora de endo passe a ter os mesmos direitos que um portador de doença crônica não transmissível tem. Nós, portadoras de endometriose, também temos o direito de qualquer outro cidadão. E reforçar todas essas reivindicações é a principal missão da EndoMarcha em prol das portadoras de endometriose, (veja fotos do Time Brasil 2013), além de educar e conscientizar a sociedade a respeito desta enfermidade que acomete cerca de 10 a 15% das mulheres, seja na idade reprodutiva ou não.
A Marcha Mundial pela Conscientização da Endometriose é a primeira manifestação em massa em prol de uma doença, e uniu no dia 13 de março deste ano 60 países, que saíram às ruas simultaneamente em benefício das mais de 176 milhões de endomulheres espalhadas pelo mundo todo. Em fevereiro e no dia da marcha eu e a equipe do blog fizemos reuniões políticas apresentando reivindicações de todas as portadoras brasileiras. Nós não lutamos por um grupo ou por uma parcela destas mulheres, o A Endometriose e Eu luta igualmente pelas mais de 6 milhões de brasileiras. Irei falar sobre isso em outro artigo. No último sábado, dia 24, eu, o Paulo e sua esposa participamos na Câmara Municipal de São Paulo do Fórum para Desoneração dos Impostos dos Medicamentos. Num breve discurso apresentei a endometriose e o trabalho desenvolvido pelo blog aos presentes. Vou falar sobre isso em outro artigo, com fotos e todos os detalhes. Mas agradeço desde já a Priscila Torres, outra guerreira, portadora de artrite reumatoide, quem me fez o convite e quem dividiu seu discurso comigo. Leia o texto abauixo e depois me diz se você vai continuar reclamando sentado (a) no sofá, ou se vai se unir a nós na marcha de 2015? Quem vai mudar o rumo do nosso país é nós mesmos e não os políticos! Pense nisso, tome uma atitude e ajude-nos a salvar milhões de vidas femininas! Em breve as primeiras informações sobre a marcha 2015! Beijo carinhoso! Caroline Salazar
Por que precisamos de nos envolver com a política para lutar pelos direitos das endomulhetres?
Por Paulo Soares
Precisamos
entender os motivos pelos quais nos envolvemos na prática da política para
lutar pelos direitos das mulheres com endometriose, mais especificamente, por
que precisamos fazer manifestação pública e marcar audiência para falar com
autoridades políticas, e exigir os direitos das endomulheres.
Em frente ao Palácio do Planalto, outra faixa da marcha usada em Brasília e em São Paulo |
Partindo
do exemplo citado, um dos instrumentos políticos de reivindicação de direitos,
numa sociedade democrática, é a manifestação pública, ou seja, o protesto nas
ruas e avenidas para chamar a atenção da própria sociedade e bem como das
autoridades públicas. Estou falando aqui das manifestações públicas pacíficas,
como a Million Women March for Endometriosis, a Marcha Mundial em prol das mulheres com endometriose.
No
entanto, as manifestações violentas como instrumento político, geralmente, são
é denominadas como revolução. Este instrumento é utilizado para mudanças
sociais profundas numa sociedade, por exemplo, quando uma sociedade está
querendo mudar a forma de governo do país de ditatorial para democrático, fato
que aconteceu no Brasil na década de 1960 até 1980.
Mas,
o que vem a ser política? De modo geral, “política concerne à sociedade como um
todo, definindo leis e costumes, garantindo direitos e obrigações, criando
espaço para contestações através da reivindicação, da resistência e da
desobediência”[1].
Diante
disso, a EndoMarcha e é um instrumento legítimo de
reivindicação, pois milhões de mulheres brasileiras, portadoras da doença,
precisam ter seus direitos na área da saúde atendidos. E se existe esse
movimento social pelo reconhecimento, é porque as demandas não estão sendo
atendidas, e no caso específico da endometriose, que uma doença ainda é pouco
conhecida ou divulgada, como uma enfermidade que tem subtraído das mulheres sua
força de trabalho, a possibilidade de ser mãe, tem extirpado casamentos e
amizades.
Como
podemos ver a Marcha, além de ser movimento de
reivindicação política e de informação (onde também realizamos o Brasil na
Conscientização da Endometriose - com panfletagem dos sintomas durante todo o
percurso) é também de afirmação de gênero. Pois, a mulher desde quando começou
a lutar para ter um “lugar ao sol” na sociedade, sofre ainda hoje as agruras do
pensamento androcêntrico e machista que permeiam toda a sociedade, um dos
exemplos disso, é a famosa frase: “endometriose é a doença da mulher moderna” (leia também o texto do endomarido Alexandre sobre o assunto).
O que está por trás dessa afirmação? A mulher abriu mão de ser dona de casa
para trabalhar fora e, para isso, teve que adiar o sonho de ser mãe e do
casamento e, como consequência, passou a menstruar mais, e, com isso, surgiram
várias doenças. No entanto, isso é uma falácia, que infelizmente é reproduzida
massificadamente, pois se fosse assim, não estava sendo diagnosticada
endometriose em adolescentes e idosas, e estaríamos negando a existência de
relatos dos sintomas da doença no decorrer da história da humanidade.
Além de reivindicar, é preciso tirar alguns rótulos da doença, tais como: "a doença é da mulher moderna", "somos viciadas em remédios", dentre muitos outros |
Por
fim, marchar pela mulher portadora de endometriose no mês de março, um mês de
reivindicações políticas para e das mulheres, significa também chamar a atenção
da sociedade para informá-la da existência dessa doença que vitimiza milhões de
mulheres pelo Brasil e no mundo. Esperamos que na próxima marcha a participação
das mulheres e seus familiares sejam maiores e mais efetiva, pois só assim
poderemos mudar a realidade da saúde da mulher brasileira.
Espero,
no próximo artigo, trazer dados estatísticos sobre a doença e pesquisas sobre
políticas efetivas do governo para tratamento da endometriose, até lá! Abraço a
todos!
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[1] CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia, pag. 347.
Olá! Sei que o post está mais relacionado a causas sociais, mas descobri o blog a pouco tempo... Tenho 21 anos e desde minha primeira menstruação tive cólicas que foram piorando com o passar dos anos, além da irregularidade no ciclo menstrual, já fiquei meses sem menstruar e quando menstruava, era considerado hemorragia. Fui diagnosticada com ovários policísticos, mas nos últimas quatro meses minhas cólicas pioraram, não consigo trabalhar, e a cólica evolui para dores no abdomem todo. Fui ao médico e clinicamente diagnosticaram endometriose, depois de inúmeras consultas, estou sendo tratada com anticoncepcionais que não estão em ajudando, o Gestinol 28 me deu hematomas na perna pois afetou a circulação com uma semana de uso, as dores pioram a cada semana e sinto dores após o período menstrual, tenho me prejudicado no trabalho e faculdade, mas os médicos dizem não poderem fazer a cirurgia pois sou muito nova e o CA125 não está alterado. Não sei mais o que fazer, onde recorrer, pode mesmo ser endometriose? Por favor, se puder me aconselhar agradeço muito! Beijos Fernanda Monteiro
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