Foto: arquivo pessoal |
Há seis meses a vida de nossa querida Ane está mais colorida, mais alegre e também muito mais agitada. A maternidade é realmente uma experiência maravilhosa, mas nos vira do avesso. Com ela nós, mulheres, descobrimos nosso outro eu. São tantas descobertas e novidades que muitas vezes a alegria imensa que passamos a sentir se mistura com uma grande tristeza. Vários sentimentos se misturam.... é a chamada depressão pós-parto. Pois é e não é que Ane começou a ter sinais desta terrível doença? Mamães do coração também estão suscetíveis a terem depressão pós seu parto do coração. Neste texto Ane conta como foi os primeiros seis meses de convivência com Danilo e também relata como descobriu que estava uma doença que ainda é pouco conhecida e aceita pela sociedade: a depressão pós-parto na adoção. Ane e Paulo optaram por adotar uma criança mais velha, a chamada adoção tardia. Danilo também é surdo. Quem perdeu leia o texto sobre as primeiras contrações de Ane e o texto sobre seu tão sonhado parto. Beijo carinhoso! Caroline Salazar
A adaptação
à minha nova vida de mamãe - parte I
Olá
meninas,
Estou
de volta!! A vida de mãe aliada ao trabalho e a dedicação ao meu esposo (mais saúde
que não está tão bem) estão me consumindo tanto, que não estou conseguindo
escrever aqui todo mês, como eu gostaria. Desta vez quero compartilhar com
vocês como tem sido nossa adaptação com nosso filho durante esses seis meses de
convivência. É isso mesmo que vocês estão lendo, já se passaram seis meses
desde que Danilo chegou em nossa vida e temos vivido uma experiência única e
indescritível.
Neste
texto vou abordar a adaptação de como tem sido a minha vivência, os sentimentos
envolvidos, os medos e as alegrias de ser mãe. Pois bem vamos lá então! Quando
Danilo chegou eu pensei sou mãe e agora? Um misto de alegria e medo tomou conta
de mim: alegria por estar realizando meu grande sonho de ser mãe e medo, aliás,
muito medo de não saber cuidar dele direito. Penso que toda mulher é tomada
desses sentimentos quando chega à maternidade. Eu ficava olhando pra ele e
pensava: nossa ele chegou e agora é nosso pra sempre! Mas como é que vou
conseguir cuidar dele, ainda agora depois que a endometriose voltou e tem dias
que a dor é tão intensa que mal consigo levantar da cama?
Até
hoje não consigo passar um pano na casa sem que no outro dia praticamente fico
me arrastando de dor. Dá para acreditar? Mas por incrível que pareça, mesmo com
dor, me vem uma força que só posso atribuir a Deus para cuidar dele e de meu esposo.
Lembro-me de certa feita, minha tia ter me falado: “Seu filho vai ser a cura da
sua endometriose (risos)”. E realmente mesmo nos dias mais difíceis encontro
uma razão maior para não desistir. Tem dias que não tem jeito mesmo, tenho que
parar um pouco e repousar, mas graças a Deus fui abençoada com um marido
maravilhoso que sempre me ajuda nas tarefas de casa e a cuidar de nosso
pequeno. Lembro também de um dia que não estava bem e Danilo chegou pra mim
colocou sua mão em minha barriga e orou a Deus pedindo minha cura. Momento como
esses são emocionantes e não tem como explicar.
Confesso
que no começo também tive medo de não sentir o tal amor incondicional que as
mães biológicas têm. Hoje garanto que foi pura bobagem minha, pois quando me vi
já estava fisgada por aqueles olhinhos tão vivazes e sorriso cativante sem
possibilidade alguma de me imaginar viver longe dele. Os desafios foram
chegando. Como e quando impôr limites, quando dizer sim, quando dizer não e como
sustentar o não sem ceder à chantagem emocional. Educar, procurar escola
especial, ir atrás de terapia e de fonoaudióloga, ambas especializadas em
Libras, foram situações que tivemos o cuidado de nos preparar buscando sempre o
apoio de profissionais e de pessoas queridas que poderiam compartilhar suas
experiências no trato com seus filhos.
Mesmo assim com todas as alegrias, percebi que
em alguns momentos me vinha uma tristeza e uma angústia, principalmente, quando
estava fragilizada por conta da endometriose. Não conseguia ir mais à academia
por causa da dor e voltei a engordar tudo que havia lutado os últimos dois anos
para emagrecer com sacrifício. Sinceramente não conseguia entender o porquê
disso, uma vez que já tinha decidido não me deixar abater pela doença. Afinal,
tenho agora uma família linda que foi presente de Deus em minha vida. Mas eu
tinha momentos que me sentia ansiosa, não estava satisfeita comigo mesma,
sempre cobrando muito de mim, me recriminando por não estar fazendo tudo 100%,
não estava gostando do que via no espelho, enfim, tinha muito mais motivos pra
agradecer do que pra reclamar, mas, mesmo assim, passava por momento de grande
tristeza.
Diante
de tudo isso resolvi passar com um psiquiatra e com psicóloga, pois já era
indicação do fórum para toda família que passa pelo processo de adoção. Pra meu
alivio, minha médica e terapeuta tranquilizaram meu coração explicando que no
meu caso todas essas mudanças que eu estava vivendo nesse curto espaço de tempo,
juntando com a reincidência da endometriose, nada mais do que normal era que eu
estava passando por um tipo de “depressão pós-parto”, se é que podemos dar essa
nomenclatura. Foi essa analogia muito bem colocada por minha terapeuta, uma vez
que há um turbilhão de hormônios envolvidos. Esses altos e baixos dizem
respeito a essa briga desses hormônios que trazem alegria ou sentimento de
tristeza por causa da dor. Devo dizer que esse apoio profissional tem sido de
fundamental importância para a superação dessa fase.
Também
voltei ao Hospital São Paulo para retomar o tratamento da endometriose e tudo
indica que o procedimento a ser seguido será encaminhamento para nova cirurgia.
E assim espero, pois desejo mais do que nunca ter qualidade de vida para curtir
cada vez mais minha linda família, sem murmurações e queixas, para que, em
breve, daqui a uns dois anos pretendemos adotar novamente. Dessa vez nossa
pretensão será adotar uma bebezinha, e para tanto, preciso estar bem para dar
colo à nossa princesinha. Pois é esse negócio de ser mãe é delicioso, sou
imensamente grata ao Senhor por todas as bênçãos que sem merecer ele me
concedeu. Mês que vem será muito especial, pois será meu primeiro dia das Mães.
Com certeza quero comemorar e compartilhar mais da minha maternidade com vocês.
Beijo carinhoso.
Ser mãe!
ResponderExcluirDias de surpresas, risos e muito amor.
Deus abençoe essa linda família.