terça-feira, 18 de abril de 2017

7 ANOS DE BLOG! "SAÚDE E BEM-ESTAR": COMO FAZER A ESCOLHA CORRETA DOS SEUS EXERCÍCIOS FÍSICOS?

Fonte: Pixabay


Neste mês o educador físico Renato Trevisan explica como podemos escolher melhor nossa atividade física. Ultimamente temos visto muitos programas de exercícios para praticar em casa, não é mesmo? Será que qualquer pessoa pode fazer esses programas? No programa online "Exercício e Endometriose" há dois tipos de exercícios: os regenerativos e os de força. Ambos são baseados no cilo hormonal feminino. Até eu ler o primeiro texto do Renato, eu não sabia que os exercícios ideal para nós, endomulheres, têm de ser elaborados a partir do nosso ciclo menstrual. O primeiro é desenvolvido justamente para os dias que a endomulher está com dores. Já o segundo é para os dias sem dores. Agora, com as dicas do Renato e com os exercícios que ele preparou, especialmente, para as endomulheres com certeza praticar atividade física regularmente não será mais sinônimo de sofrimento. Beijo carinhoso! Caroline Salazar 

Por Renato Trevisan, educador físico
Edição: Caroline Salazar

Como fazer a escolha correta dos exercícios físicos?

Quanta informação sobre exercício físico é difundida nas redes sociais e na internet, não é mesmo?

Fala-se sobre os benefícios, a importância, sobre como fazer ou deixar de fazer, trazem também prescrições prontas, exercícios que fazem milagres. Será que tudo isso é de fato interessante para quem recebe esta informação? É sobre isso que quero falar com você. Sobre como receber esse monte de informações e utilizá-las da melhor maneira possível para o seu benefício. Neste texto vou tratar do assunto, abordando principalmente os aspectos da relação do ciclo hormonal feminino e da endometriose.

MUITAS INFORMAÇÕES x POUCO ESCLARECIMENTO:

Essa “enxurrada” de informações deve ser recebida com cautela e curiosidade.
Você já viu algum material dizendo a seguinte frase: EXERCÍCIO PARA PERDER A BARRIGA? EXERCÍCIO PARA EMAGRECER EM 30 DIAS? EXERCÍCIO FÍSICO PARA DORES LOMBARES?

Pois bem, exercícios podem ser específicos para tratamento, prevenção e manutenção de diversas condições. Porém, o grande segredo está em saber se a pessoa que está lendo aquela informação tem conhecimento do que ela tem e do que ela precisa. A banalização do exercício físico como um simples ato mecânico, um movimento musculoesquelético, no meu entendimento, é um risco para a saúde. Vou utilizar o exemplo do exercício para as dores nas costas:

Vamos imaginar que alguém com dores nas costas, recebe a informação de uma sequência de exercícios que acaba com essas dores. Isso é possível? Sim, sem dúvida nenhuma é possível, desde que ele tenha conhecimento do que ele tem.

Agora imagine só se as dores nas costas que essa pessoa sente tenha origem em uma hérnia de disco, por exemplo? Imagine que tenha origem em um desgaste osteoarticular de vértebras? Nestes casos o exercício proposto pode agravar o problema, causar lesões e trazer risco à saúde do praticante.

No meu entendimento, não existe prescrição de exercício físico, sem conhecer o indivíduo. Não existe exercício físico sem fazer uma avaliação do indivíduo ou ter traçado características de um grupo de indivíduos antes de determinar quais exercícios devem ser feitos. Sair por ai fazendo exercícios de qualquer maneira, sem ter passado por critérios de avaliação, sem a prescrição de um Educador Físico, é um risco à saúde.

Pensando nisso quero fazer uma reflexão com vocês, endomulheres.

Quantas de vocês já iniciaram programas de exercícios em academias, clínicas de Personal ou até mesmo ao ar livre e SOFRERAM muito com isso? Quantas de vocês sofreram um pouco inicialmente e hoje fazem do exercício físico seu aliado no tratamento da endometriose? Vamos pensar sobre isso?

Por que será que o exercício pode trazer muito sofrimento às endomulheres? Vamos imaginar que você está em tratamento da endometriose, que você sofre com dores severas, tem menstruações periódicas, toma medicamento anti-estrogênico, tem dificuldades nas tarefas do dia-a-dia devido aos sintomas da patologia. Daí você recebe um panfleto de uma academia do bairro da sua casa dizendo: exercício para a saúde da mulher! Venha conhecer nosso programa!

Sensacional, não é? Poder ser se ao chegar lá você poder mostrar para o profissional que vai te atender, as características citadas acima e ainda informações como antropometria, anamnese, risco cardíaco e nível de estresse por exemplo. Agora se isso não acontecer você provavelmente receberá a prescrição de exercícios de musculação, exercícios funcionais, ginásticas, cross fit, pilates... Todas as modalidades são incríveis, mas não para uma pessoa com as suas características.

Quero reforçar com esse exemplo que a prescrição do exercício PRECISA, ser feita a partir das características de cada um, e essa avaliação deve ser periódica a cada meta traçada, pois a cada ciclo de treinamento temos um novo contexto fisiológico e metabólico. Quero que reflita sobre isso, e que perceba que o exercício DEVE ser um importante aliado no tratamento da endometriose, mas ele precisa estar alinhado ao momento do tratamento.

Já expliquei aqui no A Endometriose e Eu a importância do exercício Regenerativo.  Muitas perguntas surgiram sobre esse assunto. Perguntas como: “Não consigo ir na padaria comprar pão como vou fazer o exercício?”; “Faço exercícios todos os dias, musculação e Pilates e estou me sentindo muito bem!”.

Vamos lá então! Em que momento o exercício regenerativo deve fazer parte do seu dia a dia? Sabe aqueles dias que você não tem vontade de fazer nada, está sentindo muitas dores, não reage nem para pegar um copo de água? Preste muita atenção, esse é o momento de você fazer o exercício regenerativo. Ele vai ser o seu “remedinho” contra esses sintomas, produzindo endorfina, estimulando o equilíbrio hormonal estrogênio/progesterona, diminuindo os processos inflamatórios do seu organismo. Olha só o que o doutor Kalif apontou em seu estudo na UNICAMP:

“O exercício físico mostrou-se um antiinflamatório natural, que atua nas doenças crônicas e, sabemos agora, também nas situações agudas, o exercício físico aeróbico pode diminuir em até 30% as manifestações inflamatórias agudas.”
UNICAMP – 2008

Eu tenho certeza que não será fácil, mas também tenho certeza que vai valer muito a pena. Os resultados serão extraordinários. Mas lembre-se, o exercício só terá resultado se for realizado de forma sistemática. Então, se você está neste momento do tratamento ou sofre constantemente com estes sintomas, comece a praticar o exercício regenerativo. Caso você já não esteja mais passando por muitos momentos de dores, se o tratamento já controlou suas menstruações e os dias de desânimo e de vontade de não fazer nada já são menos constantes em sua vida, já podemos pensar em outros exercícios para você.

A modalidade você pode escolher. Você pode ser dançar, fazer musculação, Pilates, voleibol, tênis, e muitas outras. Comece devagar, e vá aumentando os estímulos gradativamente. E muito importante é ter sempre um Educador Físico te orientando ou prescrevendo os exercícios, mas cobre dele conhecimento sobre o ciclo hormonal feminino e sobre o seu tratamento da endometriose.

Essa parceria professor/aluno pode te levar a lugares hoje inimagináveis. Imagine só você correndo uma São Silvestre? Quem sabe participando e ganhando um torneio de tênis do seu clube? Talvez conseguindo fazer aquela trilha que a galera sempre participa e você fica de fora... Sei lá, você pode conseguir muita coisa, basta só que você acredite, seja disciplinada e faça a escolha correta dos exercícios junto com o seu professor.

Desejo a você muito sucesso. E se você começar a se exercitar e vir que tenho razão deixe sua mensagem aqui para nós. Um super abraço!

Nota da editora: Em março, o Renato lançou em parceria com o A Endometriose e Eu um programa online com uma série de exercícios regenerativos e de força específico para as endomulheres. Se você perdeu este lançamento clique aqui e leia mais sobre. Acesse o link do Exercício e Endometriose e conheça o programa de atividade física desenvolvido especialmente para quem sofre com as dores severas da endometriose.

Sobre Renato Trevisan:

Educador físico, é pós-graduado em atividade motora adaptada pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). É diretor do Centro de Saúde A3 Atividade Física para a Saúde em Maringá, no paraná, e é coordenador da EndoMarcha Maringá. Acesse a fanpage da A3.

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