domingo, 14 de dezembro de 2014

DAVID REDWINE: OS SINTOMAS E AS DORES DA ENDOMETRIOSE!!

Imagem cedida por Free Digital Photos

Como são as dores da endometriose? Aguda, como pontadas de facas, como queimaduras,  latejante... como é a sua dor? O A Endometriose e Eu foi o pioneiro em falar abertamente dessas dores e a descrevê-las também, mas hoje é o doutor David Redwine que aborda essa questão. Ele também fala dos sintomas da doença, dos tumores fibroides, das cólicas menstruais e os sintomas atípicos da doença. Esse tópico também é muito importante, pois eles podem ser confundidos com outras doenças. Mais uma leitura obrigatória para quem quer saber mais sobre a endometriose. Beijo carinhoso!!

Por doutor David Redwine 
Tradução: Alexandre Vaz
Edição: Caroline Salazar


Os sintomas da endometriose:

A endometriose é a causa mais comum associada à dor na mulher em idade reprodutiva. É sem dúvida a causa mais comum de dor, mas não é levada a sério como merece. A dor da endometriose é frequentemente localizada na região da pelve que está envolvida pela doença. Algumas portadoras conseguem descrever exatamente onde estão os focos da doença pela natureza e localização da dor que sentem.

Como o Saco de Douglas, os ligamentos úterossacros e os ligamentos largos posteriores são geralmente as áreas pélvicas mais afetadas. Muitas portadoras experimentam dor relacionada com irritação da doença através de funções normais do corpo. Por isso, a endometriose no Saco de Douglas e no ligamento úterossacro podem ser irritadas por penetração profunda durante o ato sexual, enquanto que uma dor mais superficial durante o ato não é geralmente causada pela doença.

Essas áreas pélvicas mais baixas também podem ser irritadas pela passagem do bolo fecal durante os movimentos do intestino. Por isso é possível sentir dor quando essas áreas estão afetadas, ainda que geralmente essa dor esteja maioritariamente ligada ao fluxo menstrual. Quando a parede retal está afetada pela endometriose, a portadora pode sentir dor a cada episódio de movimento intestinal independente da menstruação.

Descobrimos que a dor com cada movimento intestinal sem estar ligada com a menstruação, prisão de ventre ou diarreia, é o sintoma fundamental de endometriose retal. A bexiga contudo, pode ser envolvida por endometriose extensiva e a portadora raramente exibe sintomas.

Tumores fibroides:

Os tumores fibroides (também chamados de “leiomioma”) são acumulações de músculo liso que surgem na parede muscular uterina. Eles se expandem em tamanho de forma algo concêntrica, como uma pérola crescendo dentro da ostra. Um fibroide grande pode atingir a dimensão de uma toranja (cruzamento do pomelo com a laranja) ou maior.

Um fibroide pequeno seria menor que uma bolinha de gude. Eles podem causar  cólica uterina entre ciclos menstruais e cólica severa e bastante sangramento como fluxo menstrual, exceto se estiverem na superfície exterior do útero, e nesse caso poderá não exibir sintomas.

A dor da endometriose é frequentemente descrita como aguda, semelhante a queimadura ou perfuração de uma faca. Ela pode ocorrer durante o mês inteiro, embora exacerbada pelo fluxo menstrual. A noção de que a endometriose doi principalmente durante a menstruação, ou que o sintoma fundamental é a cólica uterina está incorreto.

Os sintomas principais da endometriose pélvica (não intestinal) incluem uma dor descrita como se tratasse de uma faca pontuda e afiada em brasa, que vai cortando e queimando enquanto entra, que ocorrre fora do periodo menstrual, mas que pode ser agravado durante a menstruação, dor na parte superior da vagina quando ocorre penetração profunda durante o ato sexual e movimentos intestinais dolorosos durante a menstruação.

Sintomas atípicos da endometriose:

Sangramento menstrual abundante não é um sintoma primário de endometriose, e muito provavelmente isso não mudará com cirurgia conservativa para a endometriose. Outros sintomas que não são necessariamente sugestivos só de endometriose: dor no clitóris, nas pernas e na virilha, náusea, fadiga, prisão de ventre, diarreia e desconforto na bexiga.

Quando as aderências causam dor, essa dor é localizada na própria aderência. As portadoras usam termos como “puxar” ou esticar” para descrever essas dores. A dor da aderência não é de esperar que mude com o ciclo menstrual exceto se as aderências em torno de um ovário for esticada pelo aumento de um cisto. Muitas portadoras com endometriose possuem aderências também e, muitas vezes, não é possível determinar se a dor se deve às aderências ou à endometriose.

Uma palavra  sobre cólica menstrual:

Se a dismenorreia (cólica menstrual) for o sintoma principal, então a cirurgia conservativa por si poderá não ser suficiente para melhorar esse sintoma, já que esse é o sintoma que responde menos à cirurgia conservativa para a endometriose.
Outras doenças podem causar períodos dolorosos. Se a endometriose for a causa, os períodos irão melhorar e se tornar menos dolorosos. Se a cólica tiver origem no próprio útero, a remoção da endometriose em áreas fora do útero não irá melhorar essa situação.

Existem outros dois tratamentos que poderão ajudar com a cólica menstrual: transecção (divisão por corte transversal) dos ligamentos uterossacros e neurectomia pré-sacral (remoção cirúrgica do plexo pré-sacral para alívio de dismenorreia grave), e ambos podem ser realizados por laparoscopia.

3 comentários:

  1. Tenho suspeita de endometriose desde os 16 anos. Agora tenho 20 e há 5 anos tomo anticoncepcional de forma contínua, mas isso não me impede mais de "sangrar" ocasionalmente. Menstruar nunca foi tranquilo para mim. Na verdade, até os 15 eu não entendia porque alguém ficaria feliz em se 'tornar mocinha'. Meu fluxo era de 10 a 14 dias desde os 12 e eu pensava que isso era normal. Foi conversando com amigas que descobri que elas menstruavam de 3 a 7 dias. Além disso, eu sofria muito com as cólicas. Sou alérgica ao corante amarelo, que infelizmente é usado em muitos medicamentos, inclusive ponstan e buscopan fem. Minha dor, depois de um tempo, não reagia mais ao buscopan composto. Por me sentir tão incomodada com o fato de todo mês precisar passar por isso e, às vezes, o intervalo entre um ciclo e outro era de apenas 10 dias, decidi procurar uma ginecogista. Aos 15 anos ela me disse quemeu ciclo já deveria ter se regularizado e o que eu descrevia não parecia ser normal. Tomei por um tempo remédio para hemoragia, porque poderia ficar anêmica com a perda de sangue, mas ele não ajudava com as cólicas, inchaço e dores de cabeça que vinham junto. Então, passei a tomar pílula aos 15. No entanto, aos 16 sofri com cólicas horríveis uma noite, que chegaram a me deixar sem poder caminhar. No hospital, chegaram a preparar uma sala cirúrgica porque acreditavam que eu estava com pedras nos rins, mas os exames deram negativo e o médico da emergência me mandou consultar minha ginecologista porque pela região poderia ser um problema nos órgãos reprodutores. Desde então, minha médica acredita que eu tenha endometriose e, por sua recomendação,passei a tomar a pílula de forma contínua. Foi a melhor decisão. Não sofro mais com as cólicas, dores de cabeça e inchaço, mas aos 17 iniciei minha vida sexual e os sintomas pareceram retornar. Já fiz várias ecografias e todas constam que meus órgãos são normais, mas algumas mostram uma inflamação na pelve sem causa. Minha gineco acha que eu tenho focos muito pequenos de endometriose, e que por ser muito nova, não vale a pena me submeter agora à uma cirurgia para achá-los. Atualmente, tenho sangramento de escape com muita frequência, dores no baixo ventre e no fundo da vagina durante as relações e alterações intestinais. Gostei muito de ter achado este blog e esta é a primeira vez que compartilho aqui meu relato, embora eu ainda esteja na busca do diagnóstico. Só mais uma coisa, pode ser impressão minha, mas mas alguém sentia como se houvesse uma pressão no útero? E como se o sangue não descesse completamente? Meu escape parece que fica 'preso' dentro, não sei explicar. É um escape que 'vai e vem', passa dois dias volta...e sempre acompanhado de uma dor no útero que não sei explicar, não é cólica, e é na mesma região que me dói durante as relações. E parece que o sangue que desce é antigo, sem contar os pedaços que vem junto haha Enfim, alguém sentiu algo parecido? Obrigada pelo espaço e por compartilharem suas histórias

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    1. Olá Anônima. Sem entrar em muitos detalhes, pois o seu texto é bastante vasto e cheio de questões, ia requerer muito tempo que agora não tenho disponivel para dar uma resposta completa, mas não quero deixar de referir um aspecto que me parece fundamental. O uso de pílula continua, da experiência com minha esposa e de outros casos que tenho acompanhado, não trava a endometriose. Isso não é uma afirmação com base científica, mas sim de observação leiga. O que produz é um alívio dos sintomas, que se usado corretamente poderá ser positivo para a portadora, mas incorretamente poderá ser ruim. A forma correta parece ser o de alívio de sintomas enquanto uma terapeutica eficaz seja preparada e aplicada. Nesse sentido, o uso da pílula ao reduzir os sintomas confere uma melhor qualidade de vida. Se nada mais for feito, a doença irá agravar a um ponto em que possa comprometer orgãos internos. Deles destaco os rins, pois através do bloqueio dos ureteres eles podem entrar em falência, conduzindo à hemodiálise ou se ignorado por tempo suficiente, à morte. Obstrução do intestino é outra das possibilidades. A dificuldade em evacuar deve ser acompanhada de perto, na verdade a monitorização das funções fisiológicas no seu todo devem ser vistas por qualquer pessoa, não apenas pelas portadoras de endometriose, pois qualquer alteração que perdure no tempo é um sinal de alerta e um bom médico deve ser consultado para que se encontre a causa.
      Estando os cuidados médicos cada vez mais tornados em uma industria, inclusive com a pressão do tempo médio de consulta, cabe-nos a nós informar sobre o nosso próprio corpo, conhecer minimamente a doença e saber assim distinguir entre um médico que domina o assunto e vai tratar a enfermidade, e outro que por um qualquer motivo não o irá fazer. Essa capacidade da portadora pode ser crucial para sair de um médico que não esteja dando o acompanhamento correto (pode ser até por desconhecimento, nem na comunidade médica a endo é muito conhecida apesar dos estimados 200 milhões de portadoras no mundo) e encontrar um que dê a resposta correta. Permite também que se o seu primeiro médico for competente nessa área, a portadora não fique pulando de médico para médico.
      Todo o tempo perdido poderá agravar o quadro clínico, conduzindo a um tratamento mais vasto, profundo e com consequências fisicas e financeiras maiores do que quando a endo é identificada em fase precoce.
      Um dos problemas é que até agora a confirmação da presença de endometriose em fase inicial precisa ser visual, ou seja, a paciente precisa ser sujeita a uma laparoscopia exploratória, e o médico precisa estar muito bem preparado para reconhecer os focos em todas as suas formas. Se buscar apenas as lesões negras, poderá terminar a cirurgia achando que removeu tudo, e posteriormente a portadora voltará a sofrer de focos que "amadureceram", seguindo-se mais cirurgias. Pelos relatos do Dr. Redwine, está para ser provada a existência de focos microscópicos. Também pelos seus textos, a conclusão que retiro é que muitos cirurgiões não identificam os focos de outras colorações, nem identificam a destabilização de capilares em torno de focos ainda translúcidos.
      A idade não tem nada que ver com a necessidade de cirurgia. Se os focos forem deixados por mais tempo, eles provavelmente irão agravar e mudar de aspecto para algo mais identificável pelo cirurgião, permitindo assim que sejam encontrados mais facilmente e removidos, mas isso não garante a remoção de todos, pois alguns poderão estar em estado mais avançado do que outros que não serão identificados, promovendo assim novas cirurgias.
      Recomendo a leitura dos textos do Dr. Redwine já traduzidos no blog, bem como o acompanhamento de novas traduções que irão surgir, neste que é um esforço que fazemos para dar a conhecer às pessoas no geral o que é a endometriose e que não dominam a lingua inglesa.
      Obrigado por participar, volte sempre a esta casa que está sendo construída para si e para qualquer pessoa que deseje saber o que é esta terrível realidade de ser portadora de endometriose.

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  2. Muito obrigada pela atenção. Pensava que o anticoncepcional poderia de alguma forma evitar o desenvolvimento, mas acho que pela sua reposta me convenci a procurar algum médico que entenda mais sobre a doença e que possa me auxiliar no diagnóstico. Infelizmente minha gineco nunca tratou alguém com endo e, apesar de ser uma excelente profissional, acho que devo buscar algum especialista. Fiquei preocupada com a questão de poder estar afetando outros órgãos, principalmente porque andei enfrentando cistite crônica no ultimo ano. Vou procurar ler os outros textos e buscar auxílio médico. E mais uma vez, muito obrigada por toda a atenção que o blog dá. São poucos que tratam do assunto de uma forma tão ampla e com tanto cuidado em ouvir os relatos de outras mulheres.

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