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No texto a seguir, a psicóloga Ana Rosa Detilio Mônaco aborda uma
questão muito delicada, especial e muito importante para todas endomulheres:
nossa sexualidade. A endometriose é uma doença muito complicada especialmente
por afetar a mulher num todo e cada uma de uma forma única. O texto a seguir é
muito importante não só para as mulheres com endometriose, mas, principalmente,
para os companheiros. A perda da sexualidade e, consequentemente, da libido
traz sérios danos às portadoras. Muitas, infelizmente, são abandonadas por seus
companheiros. Mas tantas outras não, têm a compreensão, o carinho e o cuidado
do parceiro. Por ter vivido isso na pele, acho que a compreensão e o
entendimento do parceiro sobre o assunto e o estado de saúde de sua companheira
são fundamentais para não pirar a nossa cabeça e, assim, procurarmos tratamento
adequado. Atenção mulheres! Leia o texto com muita atenção e mostre ao seu
companheiro. Mesmo com a dispareunia, não podemos perder nossa autoestima e,
principalmente, nossa sexualidade. O A Endometriose e Eu quebrou paradigmas e também tabus ao
falar abertamente sobre as várias facetas da endometriose. E dentre esses tabus
podemos falar que o blog foi o primeiro a não só descrever, mas a de falar
abertamente sobre a dor da dispareunia - dor durante e após a relação sexual ( artigo
1, artigo
2, artigo 3, artigo
4, artigo
5, artigo
6), dentre muitos outros. Beijo carinhoso!! Caroline Salazar
A sexualidade de
uma endomulher
Por Ana Rosa Detilio Mônaco
Falar em sexualidade não é uma tarefa
fácil num país machista como o Brasil, em especial, quando abordamos a da
mulher. E quando falamos na da mulher com endometriose, então... A sexualidade
da mulher com endometriose se apresenta de forma especial e merece muita
atenção, tanto das pessoas as quais ela convive e, principalmente, do parceiro,
como também da comunidade médica. As endomulheres, muitas vezes, têm sua
sexualidade comprometida, já que a doença é muito complexa e atinge a mulher de
forma abrangente e pode trazer sérios prejuízos à sua vida conjugal.
A sexualidade é um conjunto das
condições anatômicas, fisiológicas e psicológicas que caracterizam cada sexo,
seja masculino ou feminino. O termo também se refere ao apetite sexual e ao
conjunto de fenômenos emocionais e comportamentais relacionados com o sexo.
Para a OMS (Organização Mundial da Saúde), a sexualidade abarca tanto as
relações sexuais (o coito), como o erotismo, a intimidade e o prazer. A
sexualidade é experimentada e expressada através de pensamentos, de ações, de
desejos e de fantasias.
Para muitas mulheres, a sexualidade
também é expressada pela possibilidade de gerar uma nova vida, o que também
pode ser ameaçada pela endometriose e apresentar para mulher a realidade de não
poder engravidar ou ainda de necessitar de técnicas de reprodução assistida
para alcançar seu objetivo. Afinal temos como referência que as mulheres devem
engravidar por meio do ato sexual, e ter que necessitar da medicina para
realizar esse feito pode levar o casal ou um dos membros do par, a desvalorizar
o ato sexual, já que não necessitariam deste para engravidar, comprometendo
assim todo o contexto da relação sexual.
Frente às características da doença que
pode causar dores pélvicas de vários níveis e algumas vezes constantes, onde
graus mais avançados da patologia interferem de forma significativa na vida da
mulher, a paciente em menor ou maior grau pode desenvolver dificuldades na
esfera sexual podendo, portanto, comprometer seus relacionamentos e
paralelamente sua autoestima.
A endometriose apresenta a
possibilidade de progressão do quadro e o risco de aderências entre os órgãos o
que pode deixar a pelve muito sensível e dolorida, impedindo as sensações
positivas que o ato sexual proporciona e, muitas vezes, gerando dores
insuportáveis fazendo com que a mulher passe a evitar a proximidade com o
parceiro, se isolando em sua dor. Outro fator que se dirige ao tema é o nível
de informação dos parceiros frentes aos possíveis sintomas relacionados à
doença. Os companheiros devem ser informados e conscientizados de tal
realidade, para que o casal busque através da criatividade e da intimidade,
formas de se relacionarem sexualmente que sejam satisfatória para ambos, o que
se torna muito possível se o casal se propuser a não deixar de investir na
relação, fazendo com que se mantenham unidos. O carinho, a compreensão e o
companheirismo de ambos, em especial, do parceiro são essenciais para manter a
chama acesa nos momentos mais delicados.
Dependendo do grau da doença, as dores
durante a relação sexual, principalmente, no momento da penetração
(dispareunia) se tornam uma realidade que pode fazer com que a mulher perca o
desejo sexual evitando assim contatos íntimos com seu parceiro, possibilitando
a queda na autoestima e a autodesvalorização frente sua feminilidade. Muitas
mulheres sentem dores também após o ato sexual e muitas podem permanecer com
essas dores alguns dias após a relação. Outras por conta do tratamento poderão
perder sua libido e, com isso, tem seu desejo sexual reduzido ou quase a zero
mesmo.
A endometriose é uma doença que mexe
muito com o corpo e com a cabeça da mulher. Por isso reforço que a compreensão
do parceiro é muito importante neste processo. Pois é por ele que a mulher
espera e deve ser desejada e, é claro, que ela não poderá desistir de sua
feminilidade. Inventar novas posições e encontrar novas formas de buscar prazer
na hora do sexo, é um caminho para o casal se adaptar frente às possíveis dores
que a mulher poderá manifestar durante e após as relações sexuais.
A criatividade pode ser um bom caminho
para resgatar o prazer na relação, pois é construído pela intimidade que o
casal apresenta e o conhecimento da própria sexualidade de cada um. Alimentar a
intimidade pode ser uma boa saída para retomar a relação do casal. Investir na
aparência também pode fazer a diferença, tanto para a mulher se sentir mais
atraente, quanto para o parceiro que a verá mais atraente, sedutora e
desejável. Portanto reinventar a sexualidade supera o ato sexual (coito) e
percorre o caminho do amor próprio, da feminilidade e do poder de sedução que
toda mulher possui como algo natural. Cada mulher tem seu poder de atração
único, e é preciso resgatar isso também para que a relação a dois se torne
muito mais que apenas sexo, mas sim, um ato de amor e cumplicidade. Até o
próximo! Beijo carinhoso!!
Sobre Ana Rosa Detilio Mônaco:
Há 17 anos atuando na área cínica, a doutora Ana Rosa foi
residente e atuou como psicóloga hospitalar no Centro de Referência da Mulher
no Hospital Pérola Byington, em São Paulo. É especialista em saúde, em
psicoterapia breve e atua também em reprodução assistida. É professora
convidada do Instituo Gerar e atende em seu consultório em São Paulo.
Tenho muito sangramento durante o ato sexual e depois ele diminui mas continua normalmente e percebo sempre que vou urinar. Isso é normal em mulheres com Endometriose??
ResponderExcluirOlá, Anônima! Vou colocar sua dúvida na coluna do doutor Hélio Sato. Beijo carinhoso! Caroline Salazar
Excluirola Caroline, Meu nome e Fernanda. eu tenho 27 anos fiz a laparoscopia a 20 dias atras, estava de repouso ate hj. sinto uma dorzinha no pe da barriga, qnd fico sentada ou em pe por muito tempo, eu tinha 4 endometrioses em lugares diferentes, bexiga, vagina, reto, intestino. Recuperei bem, usei dreno por uma semana, sonda 10 dias, e duplo J por 15 dias. O meu medico disse q repouso sexual e 30 dias, mais ainda receiosa pois mexeu muito, e tenho essas dores. Qnd vc fez vc ficou qnts dias de repouso sexual? obg!
ResponderExcluirNão é nada fácil mesmo! Eu também tenho dores pélvicas, as vezes duram dias!! Lamentável
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