Eu quero muito morar em um país onde, pelo menos, a maioria da população tem acesso a educação e a saúde. Um país onde os polítios não roubam, ou se roubam são punidos. Um lugar onde as leis funcionam, onde rico e pobre tomam café da manhã no mesmo lugar. Onde a saúde pública funciona, ah, e o transporte público também. Bom, enquanto isso não se realiza, cumpre aqui a minha função de jornalista e a minha missão de portadora de endometriose: a de informar sobre a doença. Mas, o que fazer, se no país onde você mora, a maioria das pessoas não tem quase nenhuma informação e, o pior, não querem escutar quando alguém começa a informar sobre a doença. Muitos acham que a endometriose é uma gripe e que vai melhorar com um analgésico, que a endometriose é igual em todas as mulheres, que têm os mesmos sintomas e, que, se uma portdora tem a sua vida normal, todas podem ter. Outro dia escutei isso de uma amiga. “A fulana tem endometriose e tem a vida normal. Trabalha, sai faz tudo.”. “Que ótimo. Ela tem muita sorte”, respondi. Alguém acha que é legal ter endometriose? Alguém acha que eu queria ter endometriose? Alguém acha que eu queria ter interrompido o sonho da minha vida, em uma primeira oportunidade que tive e, que lutei sozinha por ela? Alguém acha que é bacana sentir uma dor horrorosa, tomar um monte de Buscopan Composto, não ter vida social, não ter uma relação de mulher com o seu namorado? Há anos, eu não tenho vida social. Nem me lembro a última vez que saí! Alguém acha que eu queria ter também a dispareunia? E, que, fazer a fisio uroginecológica (massagem com os dedos no períneo) é legal? Não, né! Pesquisando na net achei um artigo muito bacana sobre políticas que os países Europeus já adotam. É de um blog sobre endometriose de Portugal. Pelo título do post, já dá para perceber do que se trata. Enquanto na União Européia, a endometriose já é considerada uma doença social, que atinge cerca de 10% da populção feminina, no Brasil, estima-se que 15% das mulheres têm a doença e, quase não existe médico especialista na área por aqui. Agora, o que é mais grave ainda, é que muitos ginecologistas desconhecem (e eu fui em um desses, uhhh que nojo) e outros não acreditam na doença, é mole! Médico especialista que atende pelo convênio, então, é raríssimo. Eu só encontrei um excelente médico especialista na doença, porque eu estava na UNIFESP. Graças a minha amiga Luciana Palmeira (um anjo em minha vida). Reproduzo aqui, com crédito e link do blog, alguns trechos da matéria.
A Endometriose é uma doença com tamanha expressão, que é hoje reconhecida como uma doença social. O seu impacto na sociedade é tremendo, e é considerada como um grave problema de saúde pública. Este reconhecimento levou mesmo a uma tomada de decisão pelo Parlamento Europeu em Abril de 2004 e que a seguir se transcreve.
Declaração escrita sobre a Endometriose
O Parlamento Europeu,
- Tendo em conta o artigo 51º do seu Regimento,
A. Reconhecendo que a endometriose é uma situação médica que afecta uma em cada dez mulheres da União Europeia,
B. Observando que, cada ano, na União Europeia, os custos das baixas ligadas à endometriose são estimados em 22.5 mil milhões de euros,
C. Constatando que não existe um Dia Europeu da Endometriose e que, nos Estados-Membros, nem as profissões médicas nem o grande público estão sensibilizados para esta doença.
1. Exorta os Governos nacionais dos Estados-Membros e a Comissão a sensibilizarem a opinião pública para a afecção debilitante que constitui a endometriose e a criarem, para esse fim, um Dia europeu anual para e endometriose;
2. Solicita aos Governos nacionais dos Estados-Membros que promovam o Dia Nacional da Endometriose;
3. Convida a Comissão a incluir a prevenção da endometriose nos próximos programas de acção comunitários no domínio da saúde pública de modo a permitir o desenvolvimento da investigação sobre as origens, a prevenção e os tratamentos desta doença;
4. Encarrega o seu presidente de transmitir a presente declaração, com nome dos signatários, ao Conselho de Ministros e à Comissão.
O mais relevante desta declaração, é o reconhecimento da pouca sensibilização do grande público e dos médicos para reconhecerem os sintomas e diagnosticarem a doença. O que leva a um atraso substancial no seu diagnóstico. Estima-se em aproximadamente oito anos o tempo que medeia entre os sintomas e o diagnóstico. E se após o diagnóstico, não for instituído um tratamento adequado a Endometriose continua a sua progressão. Sobretudo em fase mais avançada da doença, onde a cirurgia é inevitável. Porque a Endometriose é uma doença progressiva.
O número de mulheres que hoje em dia sofrem de Endometriose é de aproximadamente 10% da população. Este número tem aumentado nos últimos anos provavelmente devido a efeitos ambientais (por exemplo, as dioxinas) sobre a génese da doença.
Calcula-se que 25 a 45% das mulheres com infertilidade têm endometriose.
Em mulheres com dor, tantas vezes incapacitante, calcula-se que a endometriose atinja 54% desse grupo de mulheres.
Nos EUA cerca de 4 em cada 1000 mulheres entre os 15 e os 64 anos são hospitalizadas cada ano devido a endometriose, o que representa um número maior do que acontece por exemplo, no cancro (câncer) da mama.
Por outro lado, algumas mulheres com endometriose são incompreensivelmente assintomáticas.
Os casos particulares, mas menos frequentes, estão relacionados com Endometriose à distância em órgãos fora da cavidade abdominal, tal como o pulmão, o nariz ou a pele.
Para mais informações acesse: http://www.endoags.org/pt/endometriose.swf
Bom, não preciso dizer mais nada! Quem me conhece sabe aonde eu quero morar! Beijos com carinho!
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Menina, você é o maximo, corajosa e precisa, quando se trata desta maldita, que a grande maioria dos médicos, banalizam em entrevistas, e pior fazem isto perto dos nossos familiares, que acabam achando que nós estamos exagerando, quando na verdadade somos os seres mais fortes do universo. Sequestradas e torturadas diariamente pela dor, ainda temos que nos manter educadas e calmas senão os coitados sofredores dos que nos acompanham ficam feridos e magoados,
ResponderExcluirmuitos parecem estar mais doente que o próprio doente.Nem o direito d nos expressarmos temos, é o cumulo do sofrimento. Beijos querida. Admiro-te muito, obrigada.
Pelo visto , apesar da demora no diagnóstico sou sortuda por achar no meu convênio da minha cidade (guarulhos) medicos especialistas no assunto, sofri um tanto por achar que além das dores seria infértil sempre , mas com a abordagem acertada de meus médicos ( 2 GOs)num tratamento que durou menos de um ano engravidei naturalmente , minha guria tem 2 anos e meio atualmente , pra mim uma vitória , só que estragar curtir minha maternidade é a tal da fibromialgia que me litita um pouco as vezes nem posso pergar minha filha no colo pro causa das dores terríveis , quanto a endo essa só me aterrorizava nos dias menstruais , mas depois da gravidez está totalmente controlada eu mesntruo e nem sinto dor alguma " um milagre "...
ResponderExcluirOie Lia, querida, obrigada pelo carinho, sempre. Infelizmente, nós, seres humanos somos muito egoístas e ignorantes. Mas, eu tenho FÉ em Deus, já que ele tarda, mas não falha, que, em breve, todos saberão de como essa doença é perigosa e maldita, até mais do que muitos cânceres. Por ora, somente nós, portadoras, temos essa consciência. Beijo com carinho!
ResponderExcluirOie Kicha, como vai? Obrigada pelo carinho e pelos depoimentos. Olha, eu ainda não tenho certeza de ter a fibromialgia. As fisios já fizeram os testes e, graças a Deus, nas duas tentativas não alcançaram a pontuação mínima. Mas, com certeza, vc é muito guerreira por portar as duas doenças mais enigmáticas do século! Eu também me trato em Guarulhos, com o Dr. Hélio Sato, no Hopsital Nipo-Brasileiro. Ele é um profissional maravilhoso! Quem é o seu médico? É do Nipo? A fisio uroginecológica é que nenhum convênio cobre e, o pior, é muito cara. Por isso, eu faço na UNIFESP. Mantenha contato, seja bem-vinda ao blog e, se quiser contar a sua história com a sua endometriose é só enviar e-mail para carolinesalazar7@gmail.com Beijos com carinho!
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