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União, uma palavra muito falada, mas pouco praticada entre as mulheres. Infelizmente! O significado da palavra ao pé da letra diz que união é a junção ou a combinação de vários elementos, sejam eles iguais ou distintos, com o objetivo de formar o conjunto. Quando as pessoas se unem elas são capazes de mudar o rumo de muitas coisas. Então, porque não há a união entre as portadoras de endometriose? Capaz que a maioria está satisfeita com tudo que o Estado oferece, certo? Pois quando as pessoas não estão satisfeitas, elas se unem àquelas que fazem algum movimento em prol do que está errado para reivindicar pelo que acha que é correto. O xis da questão é que falta união entre as próprias portadoras da doença, falta apoio de quem as cercam e no final de tudo falta atitude de ambos os lados. Para falar um pouco sobre isso, convidei a cabeleireira Kátia Victória Del Sent, mãe da nossa querida Giselle. A Kátia é um exemplo de mãe pelo apoio que sempre deu à filha. Ela já contou no blog, como ajudou a filha a descobrir a endometriose. E o mundo provavelmente seria outro se todos nós seguíssemos bons exemplos, não é mesmo? Então, compartilhe este texto com sua mãe, com seu pai, com sua irmã, com suas primas, com suas amigas, com seus parentes mais distantes, com seus conhecidos e peça a eles para se juntarem a nós. Beijo carinhoso! Caroline Salazar
União, apoio e atitude: a tríade que falta entre as portadoras de endometriose!!
Por Kátia Victória Del Sent
Edição: Caroline Salazar
Apesar
de vivermos no século XXI, os índices de violência contra
as mulheres ainda são muito elevados. Como mãe de uma endomulher, acho importante que possamos nos
questionar sobre o cuidado dispensado quando diz respeito à educação das
meninas. É importante refletir sobre como educamos por meio de nosso exemplo,
como mãe e mulher, para que nossas meninas respeitem a ética do seu corpo, não
permitindo de forma alguma que, em nenhum momento de sua vida, ela seja
agredida física ou emocionalmente.
Não
basta a educação do não deixar fazer, mas sim a atitude que deve ser tomada
diante de situações inoportunas. É preciso que as mulheres reconheçam não só a
agressão como um ato doméstico masculino, mas também o descaso a pouca atenção
que lhes é conferida nas diversas áreas nos diferentes momentos da vida. E
neste caso é importante refletir de como agimos ou reagimos diante das dores
que acometem o corpo feminino como, por exemplo, a cólica menstrual. Será que ainda
aceitamos e repassamos para as nossas filhas o que diziam nossas avós? “É assim
mesmo, é coisa de mulher”, ou “Quando casar passa”.
Diante
desta nossa postura, reforçando que é normal sentir cólica, torna-se comum ao
buscarmos atendimento em saúde- seja público ou privado - por queixa de cólicas
fortes, recebermos dos profissionais de saúde respostas semelhantes às de
nossas avós, ou falarem que a dor é psicológica. Este fato se dá pela falta de
inclusão no currículo das universidades aos estudantes da área da saúde o estudo
específico sobre a endometriose. Em especial, sobre o que de fato uma mulher
com endometriose sente, passa, sofre.
Por
isso que as portadoras de endometriose, quando acometidas pelo desconforto dos
problemas causados pela doença, têm suas queixas relegadas, em primeiro lugar,
na família por falta de conhecimento, e depois pelos profissionais que as
atendem, por conta do despreparo e também por falta de conhecimento, tornando a
vida destas jovens mulheres ainda mais sofrida, principalmente aquelas que
sofrem com as dores severas. Por exemplo: se durante a consulta o profissional
que trata a doença faz pouco caso das dores de sua paciente na frente de um
membro da família, como essa pessoa vai acreditar que as dores são reais e
incapacitantes?
Kátia, à esquerda, com apito e cartaz na EndoMarcha 2017, ao lado da filha, Giselle |
Ultimamente
tem se falado tanto em sororidade, mas cadê a atitude de união que esta palavra
significa? Somente com a união de todos nós - seja portadoras da doença,
familiares, amigos (as), conhecidos, profissionais de saúde – que as cerca de
10 milhões de brasileiras que sofrem com a doença deixarão de ser invisível à
sociedade. E a EndoMarcha foi idealizada justamente para dar voz as mais de 200 milhões de
mulheres que sofrem com a doença no mundo todo. Por que você não vai à EndoMarcha?
Por que sua mãe, sua irmã, seus amigos, seus vizinhos não vão à EndoMarcha?
Vergonha? Preguiça? Está em crise de dor?
De
acordo com as nossas leis o atendimento da área de saúde deve ser humanizado,
mas a realidade das endomulheres está longe da humanização. O atendimento ainda
é precário. Fazer exames específicos e cirurgias pelo Sistema Único de Saúde
(SUS) é uma verdadeira via-sacra, e nas raras cidades que têm, a fila pode
demorar anos e anos. Por isso lutamos por políticas públicas efetivas e a EndoMarcha
é o nosso caminho para isso. Nós, mães de portadoras, precisamos apoiar nossas
filhas. Sair às ruas é uma maneira de se manifestar pacificamente e dentro da
lei. Precisamos lutar para que se um dia tivermos netas, elas não sofram tanto
quanto nossas filhas sofreram. Sei que há muita desunião das próprias
portadoras, mas isso precisa mudar, e vejo o apoio da família um ponto crucial
para que essa mudança aconteça.
Em
2014, quando minha filha soube da 1ª
edição da Marcha Mundial pela Conscientização da Endometriose ela entrou em
contato com a Caroline e foi convidada para coordenar a EndoMarcha em Porto
Alegre, no Rio Grande do Sul. E eu a apoiei. Na época ela tinha 18 anos. Por
dois anos ela esteve à frente da EndoMarcha na capital gaúcha, e
mesmo após deixar a coordenação, nós (eu e ela) participamos ativamente das
outras duas que teve até então. E iremos participar de todas que pudermos. Sabe
por quê? O nosso apoio é essencial.
Sempre ao lado da filha, Kátia, à direita, participa ativamente da EndoMarcha desde a 1ª edição em 2014, quando Giselle coordenou a caminhada em Porto Alegre. |
É
fundamental que a paciente tenha a segurança de que não está sozinha e pode sim
contar com o apoio das pessoas mais próximas, em especial das mulheres, como mães,
irmãs e demais membros da família. O apoio começa em observar nossas meninas,
observar seu corpo. É superimportante ter um olhar mais sensível às queixas de
cólicas fortes das mulheres, especialmente, das jovens por parte das mães e de familiares.
Jamais devemos ignorar a intensidade de sua dor e de seu sofrimento. Jamais
devemos menosprezá-las (tanto a cólica quanto às mulheres). Muito pelo
contrário devemos sempre estar ao seu lado na busca de diagnósticos corretos e
eficazes, bem como lutar por políticas públicas que lhes tragam benefícios
assegurando-lhes tratamento gratuito, digno, humanizado e direitos de saúde,
com qualidade de vida e também direitos à reprodução. Afinal, a endometriose é
a principal responsável pela infertilidade feminina.
Tudo
isso fará a diferença no tratamento de seu ente-querido. Mostrar que o não à
violência também deve ser o caminho na busca para ter seus direitos respeitados
enquanto menina ou mulher, no qual não basta reproduzir a queixa com acomodação,
é preciso ter atitude de enfrentar a doença e suas adversidades com força e
muita fé. A união e a participação de todos fará a diferença. O envolvimento da
família nos eventos de conscientização, tais como nas palestras e na EndoMarcha,
é mais que uma demonstração de amor e carinho, é o alicerce que ela poderia
estar esperando para dar um novo rumo à sua vida. Pense nisso com carinho.
Vamos nos unir na de EndoMarcha 2018? Beijo carinhoso!
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