sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

"GESTAÇÃO DO CORAÇÃO": TODOS OS DETALHES DO MEU TÃO SONHADO PARTO DO CORAÇÃO!!

                    Ane, Paulo e Danilo: família completa por meio da adoção tardia
Olhando a foto que ilustra esta matéria, eu me emociono. Lágrimas caem pelo meu rosto e meu coração transborda de alegria. Há pouco mais de três anos Deus quis que meu caminho se encruzasse com o de Ane e Paulo. Nos conhecemos pelo facebook. Ane, aflita e morrendo de dores por conta da endometriose, me mandou mensagem para saber de tratamentos em São Paulo, já que na Bahia, estado onde morava, não tinha tratamento pelo SUS a ela. Conversávamos há alguns meses quando ela resolveu viajar até São Paulo. Paulo ficou, pois lecionava. Três meses depois cá estava Paulo de mala e cuia. Largou tudo, inclusive, seu emprego estável para acompanhar sua esposa em sua longa jornada em busca de qualidade de vida. Leia a história completa de Ane com a endometriose. Quando os conheci pessoalmente, me apaixonei logo de cara. 

Decidiram ficar na capital paulista, pois na Bahia Ane não teria tratamento. Começaram do zero, os dois se descobriram inférteis, mas nem por isso desistiram do desejo de serem pais. Em menos de três anos após a mudança construíram sua família. E hoje ao fazer esse flashback realmente não consigo conter as lágrimas. Adotar é um ato nobre de um amor ao próximo, assim como Jesus nos dá, que poucos seres humanos são capazes. Quando Ane me ligou para contar que sua bolsa tinha estourado nossa quase morri de emoção. Que Deus em sua divina misericórdia conceda a essa família todas as bênçãos do mundo. Com vocês o tão sonhado parto do coração da minha querida Ane. Beijo carinhoso! Caroline Salazar

Por Ane Bulcão
Edição: Caroline Salazar

Olá meninas estou de volta, agora para contar como foi nosso tão sonhado parto do coração. Estamos em dezembro, mês do meu aniversário, mas o meu presente eu ganhei três meses  atrás! Por conta da adaptação e da mudança de 360º em minha vida não consegui contar antes, mas também porque queria não só contar, mas mostrar a vocês minha família. Como nós ainda não tínhamos a guarda definitiva dele, não podia citar seu verdadeiro nome e nem mostrar seu rosto.

A gente sempre ouve falar que quando a mulher tem uma gestação tranquila e normal, via de regra, quando ela entra no nono 9º mês já tem que estar com tudo pronto para ir pra maternidade, pois a qualquer momento a bolsa pode estourar.

Com quem está na fila de adoção acontece do mesmo jeito. A única diferença está no fato do tempo de gestação que a depender de cada caso pode durar meses ou até mesmo alguns anos. No meu caso, minha gravidez durou um ano e 15 dias. Já tinha passado pelas contrações de treinamento e as primeirascontrações do meu trabalho de parto, e enfim chegou o nosso grande momento. A bolsa estourou quando menos esperávamos. Era dia 29 de agosto, às 12h50. Eu estava no trabalho, acabando de fazer um atendimento de interpretação (de Libras) quando de repente o celular tocou e era do fórum. Atendi, e do outro lado da linha uma moça me avisou que o juiz já havia assinado o termo de guarda para fins de adoção, e que por isso eu e meu esposo teríamos de ir imediatamente buscar nosso filho, pois uma vez que a criança já tenha sido dada em adoção não poderia permanecer mais no abrigo.

Eu não sabia se chorava ou se ria e emoção. Na mesma hora avisei ao meu esposo. Estava aos prantos de alegria, fiquei muito emocionada. Depois liguei para minha chefe avisando que teria que viajar para buscar meu filho. Combinei com meu esposo de nos encontrarmos para comprar as passagens de ônibus e em seguida arrumar rapidamente as malas. Eu tremia tanto, chorava e ria ao mesmo tempo era uma emoção que não dá para descrever. Pegamos a estrada, e foram sete horas de viagem que mais pareciam uma eternidade. 

Quando chegamos lá nossa amiga, a missionária que fez a ponte entre nós e nosso filho, nos avisou que uma emissora de televisão soube do nosso caso e que gostaria de fazer uma entrevista conosco, pois estavam fazendo uma série de reportagens sobre adoção para um programa que vai ao ar em breve. Aceitamos prontamente o convite, pois queremos muito contribuir para que mitos e até preconceitos sobre a adoção tardia sejam desfeitos. Afinal de contas quem leu meus textos anteriores vai lembrar que nosso filho tem 10 anos (fez em 02 de outubro) e é surdo. Desde o primeiro texto usei o nome fictício de Marco a fim de preservá-lo, pois ainda o processo a nosso favor não tinha acontecido, mas agora posso revelar seu nome verdadeiro: Danilo, cujo significado é: o Senhor é meu juiz ou Deus é o meu juiz. É um nome de origem hebraica, e simboliza as características de uma pessoa guiada, protegida e juizada por Deus. E é isso que ele é e será, alguém guiado por Deus.


Meu príncipe é um garotinho esperto, cheio de vida e energia, por onde passa faz amizades e cativa todos a sua volta por ser muito carismático e de sorriso fácil. Ele chegou para completar nossa família e transbordar de alegria. Como foi tudo muito rápido, ainda não tinha feito o enxoval de Danilo. Por isso os irmãos da nossa igreja logo trataram de nos abençoar com um chá de criança improvisado. Foi lindo. Lá as crianças estão aprendendo a Libras e alguns irmãos adultos também. Todos estão querendo se comunicar com ele e meu coração está cheio de graça e gratidão ao Senhor pelas incontáveis bênçãos. 

No próximo texto falarei como tem sido o período de adaptação no novo lar, às dificuldades e as alegrias de ser mãe endoguerreira que ainda tem que superar a dor e vivenciar a mais doce missão da maternidade em sua plenitude. Beijo carinhoso!

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