A leitora Ana Karenina Macedo, de Brasília. Foto: arquivo pessoal |
Hoje o A Endometriose e Eu conta a história da leitora Ana Karenina Macedo, de Brasília, Distrito Federal. Fiquei muito feliz quando recebi seu email com sua história, principalmente, ao ler que ela conheceu seu "anjo da endometriose" aqui no blog. Neste caso seu anjo atende pelo nome de doutor Alysson Zanatta. Em dezembro de 2015 recebi um email de uma leitora de Brasília, que morava no Rio, afirmando que bons médicos estavam apenas no eixo Rio-São Paulo. Bom aí comentei do doutor Alysson, ela marcou consulta e depois me escreveu dizendo que ele era uma joia escondida no Cerrado. Precisamos de médicos capacitados e bons cirurgiões em todos os Estados, e não apenas nas grandes metrópoles. Ana viveu nove longos anos sofrendo com a doença, teve um aborto aos 9 meses de gestação, acabou se separando, mas nada tirou sua força, sua garra e vontade de vencer. Esta é mais uma história para se inspirar. Não vou me estender, pois a protagonista é a história da querida Ana Karenina. Beijo carinhoso! Caroline Salazar
“Primeiramente queria agradecer a você
Caroline por ter criado o blog A
Endometriose e Eu. Descobri seu blog em 2014 e comecei a entender muito mais
os caminhos do meu problema e, por isso, gostaria muito de relatar minha
história.
Em 2007, eu tive o primeiro diagnóstico de
endometriose no ovário direito. Não sentia dor, mas meu ovário estava três
vezes aumentado. Encaminharam-me para a operação com uma especialista, e eu fiz
uma laparoscopia para a retirada da lesão. Eu não tinha a menor ideia do que
era a endometriose, e saí da operação sem saber nada ainda. O que me disseram
depois da cirurgia é que eu não me preocupasse, pois estava curada e que meu
ovário estava intacto e que o que poderia curar de vez o problema era engravidar.
Na época da cirurgia estava noiva e logo
depois me casei. E logo no início do casamento engravidei. Minha filha, Mariana,
infelizmente morreu aos 9 meses de gestação por uma hemorragia cerebral. Depois
do luto e da dor pela perda do meu anjinho, achei que então estava curada da
endometriose, por causa da gravidez. Minha menstruação que sempre tinha sido
conturbada estava maravilhosa. Nada de cólica, apenas três dias e quase nada de
TPM. Me separei 9 meses depois
da morte da minha filha. No meio da dificuldade de me reerguer eu simplesmente
tirei da memória o fato de que tive endometriose. Coloquei na caixinha de
coisas resolvidas.
No final de 2012, eu voltei a ter cólicas no
primeiro dia da menstruação e o mais estranho é que toda vez que a menstruação
descia, meu intestino mantinha contrações como de diarreia, mesmo não tendo nada,
e eu defecava com sangue. Aquilo me chamou muita atenção e, assustada, comecei
minha peregrinação por um médico que me explicasse isso. E era sempre a mesma
coisa: faz ultrassonografia, exame de sangue e não dava nada significativo.
Então eu recebia uma resposta de “está tudo bem, não se preocupe” e seguia em
frente. Cheguei a fazer uma colonoscopia e nenhuma alteração. E eu fui vivendo,
achando estranho e caçando um médico capaz de me dar uma explicação.
Até que em junho de 2014, eu acordei de
madrugada com uma dor dilacerante na barriga, que nada fazia passar. A
princípio achei que eram gases, tomei Luftal e nada de passar a dor. Durou mais
ou menos duas horas e passou sozinha. No segundo dia a mesma coisa. E foi assim
por uma semana inteira. Quando não aguentei mais, fui à emergência. Novos
exames e nada demais. Foi um mês sentindo uma dor horrível, sem conseguir viver
direito senão à base de analgésicos e nenhum médico detectava nada demais. Era
angustiante.
Até que em uma das idas à emergência, a médica
pediu uma ressonância magnética. E por fim, a endometriose foi diagnosticada. Levei
o resultado a um ginecologista que estava disponível na hora e que me explicou
que somente a cirurgia de retirada dos focos poderia resolver o problema e que
eu teria que colocar o DIU Mirena depois dela. Eu não conseguia nem pensar de
tanta dor que sentia. Concordei com tudo e fiz a cirurgia de retirada.
Nessa cirurgia aberta tive a retirada do
ovário esquerdo, da trompa esquerda, metade do meu ovário direito e fiz uma
raspagem no intestino. Fiquei muito triste, porque desejo muito ser mãe e sabia
que isso, de certa forma, era um limitador. O médico me disse que eu não podia
menstruar porque viriam novos focos. Coloquei o DIU um mês após a cirurgia e,
graças a Deus, não tive nenhum efeito ruim. Me dei bem com o DIU desde sempre.
E foi justamente buscando informações sobre
o DIU Mirena que descobri o A Endometriose e Eu. Ele me ajudou muito! Comecei a entender
mais sobre a doença, ler algumas coisas e ver o testemunho de outras mulheres
que haviam passado pelo mesmo que eu foi importante para me manter forte. Comecei
a entender melhor o que eu tinha e buscar mais informações.
Seis meses depois da cirurgia comecei a
sentir os sintomas de novo, menos a dor, graças a Deus. Mas até o sangramento
quando defecava estava presente. Um calafrio passou na minha espinha. Meu
pensamento foi: eu quero ser mãe, pelo amor de Deus, que não seja no meu ovário
bom. E fiz toda a bateria de exames de novo e lá estava: outros focos de
endometriose. Só que agora era de retossigmoide, no intestino e atrás do útero.
Fui ao médico que me operou e o diagnóstico dele foi: “Não vamos mexer. São
focos pequenos e não precisa preocupar. Vamos acompanhando porque não faz
sentido operar agora”. Eu fiquei muito apreensiva. Como conviver tranquilamente
com uma bomba relógio dentro de mim. E se cresce? E se chegar a outros órgãos?
E se pegar meu resto de ovário bom?
Foi quando eu li um artigo do doutor Alysson
Zanatta aqui no blog e resolvi procurar onde ele atendia. E para minha alegria
total, ele era de Brasília e atendia pelo meu convênio. Marquei a consulta e
levei todos os exames. E que alegria! Que tranquilidade quando ele falou: “Nós,
eu e minha equipe, estamos aptos para cuidar de você. Vai ficar tudo bem”.
Discutimos os procedimentos, a viabilidade
da cirurgia, e ele me explicou calmamente as teorias sobre a endometriose. Eu
pude tirar várias dúvidas e acalmar minhas angústias. E ele me disse que a
cirurgia tinha que ser por laparoscopia, porque era mais preciso e era a melhor
forma de enxergar todos os focos para poder retirá-los de uma vez, como fazer
uma limpeza para tirar toda a sujeira desse mau inquilino. Eu fiquei muito feliz.
Como disse para o doutor Alysson, eu não tenho medo de cirurgia, eu tenho medo de
problema que eu não posso resolver. Falei para ele da minha vontade de ser mãe.
E decidimos fazer a cirurgia o mais rápido possível.
Então, foram cinco meses de luta com o plano
de saúde para conseguir autorização para a cirurgia, muito choro, muita raiva,
mas finalmente recebi em abril o resultado positivo do plano. E marquei em duas
semanas a cirurgia.
No dia 18/04/2016 fiz minha cirurgia por
laparoscopia com a equipe do doutor Alysson. Tive uma ressecção de 9 cm do
intestino, a retirada do apêndice por estar completamente tomado de
endometriose e outros focos espalhados como aderências entre os órgãos. E tudo
isso com apenas quatro furinhos na barriga. A recuperação está sendo ótima e
praticamente indolor.
Hoje, escrevo esse texto porque acabei de
sair do consultório do doutor Alysson, após a retirada dos pontos. Ele me
mostrou as fotos da cirurgia, me explicou ponto a ponto nas fotos o que era a
endometriose e o que foi feito. Me senti amparada e com toda a informação que
precisava sobre minha saúde e meu corpo. Saio satisfeita e muito feliz. Um novo
ar e um novo fôlego depois de nove anos de luta.
Eu decidi continuar com o DIU, preferi não tirá-lo
ainda porque está funcionando bem comigo. Como estou solteira no momento, já
tenho 33 anos, e gostaria muito de ser mãe, o doutor Alysson me recomendou
talvez congelar alguns óvulos para o futuro, mas eu não sei bem se é isso que
quero. Mas com toda essa notícia de só ter meio ovário bom, mesmo sabendo que é
possível engravidar naturalmente, e o doutor Alysson sempre me reforça isso, eu
me abri para outras possibilidades futuras, como a adoção. Afinal ser mãe de
coração é mãe também, né? Então, por isso, eu relaxei um pouco mais para não
enlouquecer com a pressão do tempo passando e a possibilidade de não engravidar
naturalmente.
Eu posso dizer que essa doença é para
guerreiras, para quem não desiste de lutar. E depois de três cirurgias, alguns
órgãos perdidos no caminho e vários sintomas estranhos, eu sinto que venci mais
uma vez. Principalmente porque apesar de tudo não me deixei abater, nem entristecer,
tentei enfrentar todas as dificuldades com ânimo, entusiasmo e vontade de
viver. E com a certeza de que Deus põe em nosso caminho as pessoas certas no
momento certo para nos ajudar a conquistar a vitória.
Carol, muito obrigada pelo trabalho que você
faz. E muito obrigada a todas as outras guerreiras nessa luta! Juntas somos
mais!! Beijo carinhoso! Ana Karenina Macedo”
Nossa que história exatamente o que eu precisava ouvir nesse momento também tenho endometriose profunda vou fazer a cirurgia tirar um pedaço do intestino as duas trompas e outros focos mais meu ultero e os ovários serão mantidos e aprendi muito aqui ler essas histórias de vencedoras me faz ver uma luz no fim do túnel 🙏🙏
ResponderExcluirNossa que história exatamente o que eu precisava ouvir nesse momento também tenho endometriose profunda vou fazer a cirurgia tirar um pedaço do intestino as duas trompas e outros focos mais meu ultero e os ovários serão mantidos e aprendi muito aqui ler essas histórias de vencedoras me faz ver uma luz no fim do túnel 🙏🙏
ResponderExcluirVocê é uma guerreira! Tenho mto orgulho da sua batalha! Que Deus continue te abençoando!
ResponderExcluirQue bom. Fico feliz por vc. Adorei sua história. Usei o DIU tb mais nao me adaptei... To usando anticoncepcional e vou aguardarpara ver no que vai dar
ResponderExcluirEu também fui vitima da endometriose. só que na minha epoca foi muito dificil sofri muito sem descobrir nada fiquei gravida duas vezes e perdi os meus anjos até que tive que fazer a remoção do útero e trompas e ficando somente
ResponderExcluiros ovários, Fim do meu sonho de ser mãe, fiquei deprimida sofri um bocado, continuei a viver hoje aos meus 66 anos ainda fico triste, mas caminho pra frente, aconselho sempre quem hoje tem esse problema que os tempos são outros que hoje a esperança existe. Boa sorte a todas tudo dara certo bjs.
Bom saber que existem pessoas guerreiras como eu,descobri a endo a 3 anos,e fui operada,retirei parte do intestino,fiz tratamento pos cirugia com Zoladex,e parei para tentar engravidar naturalmente,conclusão em 1 ano tentando,alguns focos voltaram e me encontro perdida nesse momento,fui encaminhada para uma clinica de reprodução assistida e muitas duvidas rolam,Só peço a Deus que me guie.
ResponderExcluirGostaria muito de conversar com alguém que tenha feito a retirada de parte do retosigmoide por causa da endometriose. Não tenho medo da cirurgia em si, mas a retirada do intestino me apabora e preciso me operar em breve. Alguém poderia me contar sua experiência, como foi o pós operatório, etc?
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