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No primeiro artigo do mês de maio vamos abordar na coluna
"Saúde e Bem-estar" uma questão que aflige muitas endomulheres: a
infertilidade. Sabemos que as doenças não são sinônimo uma da outra, mas
infelizmente é a enfermidade feminina que mais deixa as mulheres inférteis. A
psicóloga Ana Rosa Detilio aborda este assunto e fala a questão do lado
psicológico da mulher frente a batalha em realizar o sonho da maternidade.
Nunca podemos desanimar, perder a fé e muito menos esmorecer diante de qualquer
dificuldade. Ana Rosa fala muito sobre isso também. Sabemos que este mês para
quem luta contra a infertilidade é significativamente mais triste, mas
acredite que Deus tem um propósito na vida de cada um de nós. Nunca desista de
seus sonhos! Vá à luta! Beijo carinhoso! Caroline Salazar
Endometriose e Infertilidade:
Apesar de atualmente a endometriose ser mais conhecida, ela ainda
é uma doença misteriosa e é considerada uma das mais principais causas de
infertilidade feminina.
A endometriose pode ser classificada como leve, mínima, moderada e
severa, conforme a extensão e o tamanho das lesões. Isto é um fato que preocupa
muito as mulheres portadoras da doença, especialmente, àquelas que desejam ter
filhos.
A associação da endometriose com a infertilidade tem sido
discutida há anos. Calcula-se que 10% a 15% das mulheres em idade fértil possam
apresentar endometriose e nem sempre a manifestação clínica está de acordo com
o grau de lesão da doença. Podemos ter mulheres sem sintomas com lesões severas
e por outro lado, existem mulheres com lesões severas com poucos sintomas, e
também mulheres com lesões mínimas e com sintomas severos. Muitas mulheres só
passam a levantar a hipótese da doença, após se deparar com a infertilidade. É
a doença feminina que mais causa infertilidade. Há ainda aquelas com graves
sintomas e com severas lesões, estas geralmente viverão a infertilidade e irão
necessitar de algum tipo de tratamento de reprodução assistida para conseguirem
realizar o sonho da maternidade.
Porém o que assombra as mulheres é a possibilidade de não
conseguirem engravidar por conta da endometriose. Frente a esta possibilidade é
colocado em risco os planos de vida de constituir a tão sonhada família e dar
continuidade a linhagem, pois não dar continuidade a
espécie, ameaça as estruturas da feminilidade e da condição humana da
tarefa de procriar. E não podemos deixar de considerar o quanto pesa para a
mulher a tarefa de colocar filhos no mundo, cabendo a ela a função do parto.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a infertilidade uma
das mais graves crises na vida de uma pessoa, colocando em cheque muitos
sentimentos que podem abalar a saúde mental dos envolvidos, como: culpa,
vergonha, medo, auto-desvalorização e outros. Afetando diversas áreas da vida,
como o preenchimento dos papeis sociais, da sexualidade, da vitalidade, da
preocupação com a aparência, a vida social e, inclusive, a vida profissional.
O fato de a mulher se descobrir portadora de endometriose e ainda
se deparar com a infertilidade, pode trazer muita culpa, pois ela irá se
perguntar por que está tendo que passar por isto, porque todas as mulheres
engravidam e ela e não, e ainda, para algumas concomitantemente, há a difícil
convivência com os sintomas da endometriose.
Portanto estamos falando de uma mulher que enfrenta um momento de
muita fragilidade. Pensando ainda que a mulher tem o fator tempo para
engravidar e este se mostra muito precioso frente ao sucesso da gravidez, o
estado emocional fica muito debilitado. Sabemos que a mulher a partir dos 35
anos passa a perder a qualidade dos óvulos em cerca de 50%, pois eles
envelhecem com ela, e isso se dá independente de ela ser saudável – ter alguma
doença ou não. Muitas vezes a idade reprodutiva não equivale a idade mental das
mulheres. Muitas mulheres entram em menopausa precocemente, numa idade ainda
jovem, e a medicina ainda não conseguiu reverter esta realidade. Isto não quer
dizer que ela não irá engravidar, mas significa que ela também terá de
considerar o fator idade e se desejar engravidar e, se tratando de uma com
endometriose, é preciso investir no diagnóstico e controle da doença, fatores
que farão a diferença.
Porém também sabemos de casos onde a mulher foi diagnosticada com
endometriose e alertada pelo médico que não engravidaria e engravidou
naturalmente. Ai se apresenta parte dos mistérios da doença que citei no início
do artigo. Frente à endometriose nada, ainda parece definitivo, estamos a
conhecendo aos poucos, pois mais investimentos estão surgindo na busca da
compreensão desta doença.
Do ponto de vista psicológico o que sugiro frente à experiência
que venho acumulando ao longo dos anos atuando com portadoras de endometriose é
que as mulheres não ignorem os sinais que a doença pode apresentar, mesmo que
isto a amedronte, que busque o diagnóstico adequado, tratamento e controle da
doença. E que de forma alguma se desfaça de seus sonhos, mesmo que estes não se
realizem no tempo e do jeito que ela tenha imaginado um dia. E se a mulher
identificar reais dificuldades de prosseguir com sua vida, seja física ou
emocionalmente, pois muitas vezes este percurso não é fácil mesmo de ser
vivido, procure ajuda profissional, mas de forma alguma tente dar conta daquilo
que já não está suportando sozinha. A ajuda e a compreensão de amigos,
familiares e, principalmente, do companheiro será também de grande valia.
A energia que depositamos em qualquer coisa que desejamos fará a
diferença frente ao resultado, e quando falamos de energia falamos de saúde
mental, que pode sim ser abalada em alguns momentos de nossas vidas, em
especial, quando se trata da infertilidade, mas que possamos ter fé e força
para lutar e não desistir.
A endometriose pode sim ser vencida e a gravidez acontecer, porém
para a mulher com endometriose a luta será marcada por mais investimento e, com
isso, ela irá precisar de mais força para vencer esta batalha. Nunca se
desanime e lute sempre pelos seus sonhos.
Sobre Ana Rosa Detilio Mônaco:
Há 17 anos atuando na área cínica, a doutora Ana Rosa foi
residente e atuou como psicóloga hospitalar no Centro de Referência da Mulher
no Hospital Pérola Byington, em São Paulo. É especialista em saúde, em
psicoterapia breve e atua também em reprodução assistida. É professora
convidada do Instituo Gerar e atende em seu consultório em São Paulo.
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