Em “Com a Palavra, o Especialista”, o doutor Hélio Sato fala, mais uma vez, sobre a adenomiose. Você sabia que quem tem adenomiose tem dores no período de ovulação, enquanto quem tem endometriose sente mais dores na menstruação? A outra questão é sobre a retirada dos órgãos reprodutores. Será que é a solução para acabar com a endometriose? Beijo carinhoso!!
- A
ressonância magnética sugeriu que eu tenho adenomiose, mas eu não tenho
sintomas. Já tive menstruação intensa, mas agora é só nos dois primeiros dias
(mas nada que chegue a sujar a roupa) e a duração do ciclo está normal,
menstruo por 5 ou 6 dias. Não tenho qualquer dor durante a menstruação. Sinto
dor no período fértil, mas os médicos dizem que não é da adenomiose. A
adenomiose pode ser também assintomática? Ou a falta de sintomas pode indicar
outra doença? Érika – Porto Alegre –
Doutor Hélio Sato: A
adenomiose é a infiltração do endométrio, a camada que reveste a cavidade
uterina no miométrio (músculo liso que compõe a parede do útero). E ambas as
camadas são separadas por outra camada que pode perder sua integridade com a
gravidez, o parto, uma curetagem ou qualquer manipulação uterina. Antigamente,
a adenomiose foi denominada de endometriose interna, mas, dadas as diferenças
de sintomas, de antecedentes (diferentemente da endometriose, a adenomiose é
mais frequente em mulheres que já tiveram filhos e acima de 35 anos). Então,
foram divididas em duas doenças distintas. A adenomiose, habitualmente, piora
com as menstruações, portanto, ela pode melhorar com o bloqueio da menstruação.
E, sim, a adenomiose pode ser assintomática e, neste caso, como a
paciente tem dor no período ovulatório e se não houver desejo reprodutivo
sugiro introduzir algum anticoncepcional hormonal para inibir a ovulação e
diminuir o fluxo menstrual que piora a adenomiose.
- Por que nem sempre retirar o útero e os ovários podem não ser a
solução para acabar com a endometriose? Terei de conviver com a endometriose
para o resto da minha vida? Flavia Carvalho –
Doutor
Hélio Sato: Dentre todas as alternativas a retirada do útero associado à retirada
dos ovários é a melhor alternativa no tratamento da endometriose, em termos de
eficácia, para quem já tem filhos e não deseja mais tê-los .Porém, se os focos
não forem todos retirados não adianta a ausência dos órgãos reprodutivos. No
entanto, a ausência dos ovários remete às alterações hormonais características
da menopausa, cabe destacar ondas de calor, diminuição da libido, ressecamento
da vagina, aparência de envelhecimento, secura da pele, unhas quebradiças,
insônia, depressão, etc.... Assim via de regra sugere-se a terapia hormonal com
estrogênio e que somente deve ser com uma dose mais baixa do que habitual para
não estimular as células da endometriose. E, isto é bem simples, mas precisa
ser monitorada pelo especialista para controle. A melhor forma mesmo é tratar a
endometriose mantendo os órgãos reprodutores da mulher.
Sobre o doutor Hélio Sato:
Ginecologista e obstetra, Hélio Sato é especializado e endometriose, em laparoscopia e em reprodução humana. Tem graduação em Medicina, Residência Médica, Preceptoria, Mestrado e Doutorado em Ginecologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), e foi corresponsável do Setor de Algia Pélvica e Endometriose da mesma instituição.
Hélio Sato tem certificado em Laparoscopia pela Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e de Obstetrícia. É membro da AAGL “American Society of Gynecology Laparoscopy” e é coordenador de pesquisas da clínica de reprodução humana GERA e está à frente nas seguintes linhas de pesquisas: endometriose, biologia celular e molecular, cultura celular, polimorfismo gênico e reprodução humana. (Acesse o currículo Lattes do doutor Hélio Sato).
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ResponderExcluirDr. Helio e querida Caroline, fui diagnosticada recentemente com adenomiose. Encontro pouca informação sobre essa doença e, na maioria dos casos, as informações se repetem e sao rasas. Tenho 3 filhos, já fiz curetagem e nas tres gestações tive acretismo placentário. Fiz laqueadura no último parto que foi cesárea. Após meu último parto passei a ter grandes hemorragias em toda menstruação. Totalmente incapacitantes e estou constantemente com anemia ferropriva forte. Tentei controlar com Diosmin durante alguns anos mas nao surtiu efeito. Há dois meses coloquei o Diu Mirena na esperança de nao ter que partir diretamente para uma histerectomia mas estou bem desanimada pois continuo com fluxo intenso. Dúvidas: qual a chance do tratamento com o Mirena dar certo? eu deveria ter feito RM para ter certeza da localização e grau da adenomiose? a adenomiose pode atingir outros tecidos/órgãos como acontece com a endometriose? Please, help!!!
ResponderExcluirCaroline, vc conhece a dra. Rosa Maria Neme? Teria alguma referencia dela para me dar?
Cordial abraço. Andrea