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É com grande satisfação que estreamos hoje a coluna "Gestação
do Coração", que vai contar a saga de Ane e Paulo em busca do sonho de
serem pais. Ane é quem vai escrever a coluna relatando passo a passo como é o processo
de adoção no Brasil. Ane é nossa velha conhecida no blog. Ela é esposa de
Paulo, que escreve a "Endo Social"
e também a "A
Vida de um Endo Marido". Já contamos a história dela com a endo e a infertilidade no blog,
e com certeza, essa será mais uma coluna com o objetivo de levar mais
esperança, mais perseverança e, principalmente, mais amor aos endo casais, em
especial, às endo mulheres. Nos outros textos que falamos sobre o tema, vi que
há grande repercussão nos grupos, pois há sim muitas pessoas que também optaram
por ter seus filhos de coração. Mas, também, há aqueles que torcem o nariz
quando o assunto é abordado. Pretendemos tirar o mito de que filho é apenas
aqueles que geramos em nossa barriga. Mesmo quando geramos em nosso ventre, de
onde vem o amor? Não é do coração? Então, porque não gerar um filho lá?! A
coluna vai tratar, em especial, da adoção tardia e também daqueles que são
excluídos, como por exemplo, as crianças negras. O filho de Ane e Paulo será
de um dos menos propensos a adoção. Meus parabéns ao casal por ter a mente e o
coração tão abertos ao amor ao próximo, e por dar chance a uma criança fora do
estereótipo de adoção a voltar a sorrir! Por isso tenho certeza do sucesso
desta coluna. Aqui abriremos espaço àquelas que querem contar suas histórias com seus filhos do coração. A coluna ficará hospedada em "Superando a Endo Infertilidade". Não podemos nunca perder a fé e a esperança de realizar nossos
sonhos. Beijo carinhoso!! Caroline Salazar
Por que optei gerar meu filho no coração?
Por Ane Bulcão
Olá queridos leitores e queridas leitoras! Após contar minha
história com a endometriose no A Endometriose e Eu, passo
a ser a nova colunista do blog. Na coluna intitulada “Gestação do Coração” vou
falar sobre a experiência de gerar um filho no coração... Pois é, como meu
esposo Paulo contou no mês passado em “A
Vida de um Endo Marido - Por que resolvi ter meu primeiro filho de coração”,
não podemos ter filhos naturalmente e a indicação dos médicos de fazermos a FIV
está fora de cogitação neste momento, pois o alto-custo do tratamento foge de
nossas possibilidades financeiras.
No entanto, isso nunca foi um motivo de tristeza ou frustração
para nós, pois bem antes de sabermos de minha doença, ainda quando eu e Paulo
namorávamos, nós já tínhamos decidido em adotar uma criança. Sempre tive esse
sonho que foi inspirado ao ver meu pai que com muita dedicação lutava para
defender os direitos de crianças e adolescentes da pequena cidade onde
morávamos na Bahia. Meu pai era conselheiro tutelar e também foi presidente do
conselho da criança e do adolescente e isso me fascinava e eu dizia comigo
mesma: “Quando eu crescer eu vou adotar uma criança, graças a Deus, Paulo
também sempre teve esse sonho. Quando fomos conversar sobre esse assunto, a
princípio ambos ficamos apreensivos com medo do outro não aceitar (risos), mas
Deus é lindo e sabe o que faz né. Quando resolvemos compartilhar com os amigos
sobre a decisão de adotar uma criança, nós ouvimos de tudo um pouco, desde
aqueles que nos parabenizaram e incentivaram, aos que tentaram nos dissuadir
com argumentos nada sólidos do tipo: diziam que é perigoso adotar porque não se
sabe de onde vem a criança e que ela talvez poderia “reproduzir” as coisas
ruins que seus pais de repente tivessem feito! Imagina só que loucura.
Mas nós entendemos que filhos são benção de Deus, e que a adoção é
um ato de amor sublime e a inspiração encontramos no próprio Pai do céu que nos
adotou como filhos através de Jesus Cristo. Também tivemos de saber lidar com a
estranheza e preconceito velado de muitos, uma vez que o perfil de criança que
escolhemos está fora do padrão convencional dos pretendentes a adoção, pois
optamos pela adoção tardia (criança com idade acima de 3 anos até os 7 e meio),
e criança negra. Nós conversamos muito sobre isso e os riscos que implicariam
nessa decisão, e vamos em frente.
Ficamos imaginando essas crianças que estão nos abrigos vendo as
pessoas entrando e saindo de lá com bebês brancos no colo... (essa é a
preferência da maioria dos pretendentes a adoção). Penso que por vezes estes
pequenos em sua oração antes de dormir peçam a Deus que alguém os escolham para
dar-lhes um lar e nos comovemos. Tenho uma amiga que adotou uma criança, e ela
me falou que certa vez quando ela foi num abrigo olhar algumas crianças, uma
menina de uns 5 ou 6 puxou a barra de sua saia e disse-lhe: “Tia me adote, eu
vou ser uma boa filha, vou arrumar meu quarto e te obedecer!” Nossa, meu
coração se encheu de compaixão e amor e se antes eu tinha alguma dúvida com
este testemunho de minha amiga, elas se acabaram. Essas crianças necessitam de
um lar onde elas se sintam amadas e protegidas. Eu acredito que nós seres
humanos estamos em constante formação, nunca prontos e acabados, por isso a
máxima de que seria impossível educar uma criança maior por que ela já estaria
com seu caráter e personalidade formados, na minha concepção não passa de
clichê ou desculpa para não adotar, uma vez que educar uma criança grande
demandaria maior esforço e dedicação, e sobretudo, muito amor para não desistir
tão facilmente desta vida. Caso venham surgir problemas, isso não significa que
esta tarefa seja impossível. Sei de uma coisa, Deus nos ama incondicionalmente
e não desiste nunca de cada um de nós, mesmo quando somos rebeldes e lhe
voltamos as costas, por isso eu acredito no poder transformador do amor.
E foi nessa certeza que no final do mês de agosto eu e Paulo demos
entrada com a documentação no fórum da nossa região aqui em São Paulo, dando
início oficialmente, à nossa gestação no coração. Como toda gestação leva um
tempo desde o início até o fim pretendemos compartilhar cada passo e progresso
que fizermos neste processo, com todos os leitores do blog, que também abriram
seus corações para este nobre ato de amor e que entendem que ser mãe ou ser pai
é muito mais do que gerar, é também quem cria com todo amor e carinho. E
àqueles que de repente não se sentem preparados para adotar, entendo que nem
todos estão prontos para tal, isso é direito que cada um tem, mas por favor uma
dica que dou (somente aos que fazem isso, tem gente que não faz) se você não quer
também não precisa ficar tentando fazer mudar de ideia quem deseja adotar com
os argumentos já citados acima, pois assim como as crianças que estão nos
abrigos, tem direito de ter uma família que as ame, essas pessoas também tem
direito de se permitirem ser “adotados” por uma criança e vivenciarem esta
linda experiência de serem mães e pais.
Devo dizer que cada progresso feito será relatado aqui, de acordo
com o andamento do processo, por isso creio que isso não acontecerá
mensalmente, pois como nós sabemos aqui em nosso Brasil o processo de adoção
não é tão rápido. No próximo texto contarei como foi a visita da assistente
social na nossa casa e a entrevista com a psicóloga no fórum, como nos sentimos
nos dias que antecederam a este momento. Espero do fundo do meu coração que
essa coluna possa levar ainda mais esperança aos endo casais que se encontram
na mesma que eu e meu marido, e que ela ensine a todos nós como é dar um lar a
uma criança que precisa de muito amor. Fiquem com Deus. Um beijo carinhoso!
Queridos Paulo & Ane, desejo que a gestação do coração de vcs seja uma benção e que o parto aconteça na hora determinada por Deus. Desfrutem da beleza desta gestação pois ela é muito real. Com carinho, Luciane, autora do blog "Gravidez Invisível" que visa colaborar para a nova cultura da adoção no Brasil.
ResponderExcluirAssim mesmo! Filho é filho, independente de como foi gerado! Há tantos filhos sanguíneos que dão um trabalhão! Meu filho nasceu no meu coração e é melhor do que mil filhos gerados no ventre! Parabéns, Ane! Por Urânia Vianna
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