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No artigo de hoje, mais uma vez, o A Endometriose e Eu traz mais informação exclusiva para seus leitores. Afinal, estamos aqui para informar sempre em primeira mão tudo que acontece no mundo em relação à endometriose. Endometriose em homens? Sim, isto já é possível e não em apenas aqueles que fazem terapia com estrogênio para tratar câncer de próstata, como já abordamos no blog no primeiro artigo de 2011. Muitas podem se perguntar: "mas os homens não menstruam?" Gente, a endometriose vai muito além da menstruação. Não é a menstruação a culpada da endometriose,mas sim a produção de estrogênio, que alimenta a doença. O que muitas também não sabem, é que não são apenas os ovários os responsáveis pela produção de estrogênio. Estes casos citados abaixo cai por terra muitas coisas da endometriose, até mesmo a Teoria de Sampson, dando mais vida a Teoria Mulleriana, fundamentada pelo médico e cientista americano David Redwine, que nascemos com endometriose. Segundo ele, no desenvolvimento do feto ainda no ventre da mãe pedaços do endométrio materno saem do útero da mãe e se instalam no embrião.
Este texto de Matthew Rosser cai por terra também a frase ignorante de que a endometriose é a "doença da mulher moderna", como já abordamos algumas vezes aqui. Realmente, a endometriose ainda é uma doença enigmática. E o blog e seus colaboradores existem para trazer informações de qualidade e em primeira mão para ajudar a desvendar todos os mistérios que rondam a doença. O A Endometriose e Eu, além de ter sido o pioneiro a pedir o reconhecimento da doença como social e de saúde pública, é o primeiro a lutar também para tirar esses rótulos ridículos que estão colocando na doença. Vamos juntos tirar este estigma? Ajude-me votando no A Endometriose e Eu no prêmio TopBlog Brasil 2013.
Aí está algo que não assistimos todos os dias: endometrioses em homens?
Endometriose em um homem? Sim, é verdade, é uma ocorrência
extremamente rara, mas são conhecidos alguns casos. Esse relato bem detalhado
chega-nos do Japão, sendo o sujeito um homem de 69 anos de idade que estava
fazendo terapia de estrogênio havia 9 anos para tratar câncer de próstata. Não
foram registrados sintomas, mas foram descobertos vários cistos de endometriose
medindo aproximadamente 5 x 3 cm no paratesticular esquerdo (a região logo acima do
testículo).
Os autores do estudo afirmam que tal fato pode ter ocorrido
devido ao que é conhecido por metapalasia endometriótica, ou hiperplasia
estromal. Basicamente, o que estes termos significam é que, sob a influência de
níveis de estrogêneo elevados, o tecido normal sofreu uma mutação e é agora
outro tecido de tipo diferente. Esse relato não é o primeiro a observar
endometriose em um homem. Nem sequer é o primeiro a relatar a ocorrência nessa
região do corpo.
Para além desse caso, foram registrados apenas 6 casos de
endometriose masculina em órgãos como a bexiga, a próstata e a parede abdominal
inferior. Contudo, se os observarmos em detalhe, a maioria tinha um ponto em
comum: eles estavam fazendo terapia com estrogêneo de longa duração como
tratamento para o câncer de próstata. Isso é de grande importância, pois são
casos pouco usuais da doença que nos podem dar pistas sobre como a doença surge
na mulher.
Em um dos relatos de endometriose masculina o sujeito
era um homem de 27 anos que parecia totalmente saudável, muito diferente dos
outros que eram bastante mais velhos e com câncer de próstata. Então isso não
era apenas pouco usual, era extremamente raro. O que isso nos pode indicar
sobre a doença no geral?
Os autores desse relato olharam para o início do
desenvolvimento dos órgãos reprodutores. Ainda na fase embrionária existem diferentes estruturas que irão formar os sistemas reprodutores
masculino e feminino. Os órgãos femininos se desenvolvem a partir do canal
mulleriano, que nos embriões masculinos retrocede porque o embrião possui algo
com um nome bem criativo chamado MIS (Substância Inibidora Mulleriana). Os
autores desse relato sugerem que a exposição a certas toxinas ambientais, tais como, dietilestilbestrol ou outros disruptores hormonais (nota da editora: como os xenoestrogênios que já falamos no blog) quando ainda na fase
embrionária, poderá levar a uma produção anômala de MIS, que por sua vez, impedirá o retrocesso correto do canal mulleriano, deixando pequenos traços de
tecido para trás que, através do estímulo certo, poderão se desenvolver em algo
semelhante ao tecido endométrico, e que surgiria como endometriose.
Poderia
algo similar explicar a endometriose nas mulheres? Bom, poderia ser se isso
ligasse com a teoria do resto mulleriano. Essa teoria afirma que durante o
desenvolvimento normal do feto, pequenas partes do canal mulleriano, talvez
apenas algumas células, ficam deslocadas e depositadas em outros órgãos. Uma
vez lá, esses depósitos que ficaram deslocados se mantêm em estado inerte até
que sejam estimulados a se transformarem em tecido endometrial em uma fase
posterior da vida. Exatamente quais são esses estímulos, ou porque algumas
mulheres exibem esse deslocamento são mistérios ainda por resolver, mas
responder a essas questões poderá vir a ser um momento crucial na história da
endometriose.
Comentário
do Tradutor: Esse é mais um dos exemplos de que algo
está errado com a expressão “doença da mulher moderna”. Mas também levanta
outras preocupações acerca de tratamentos que podem trazer efeitos secundários.
Embora
sejam apresentadas teorias que não foram ainda comprovadas, os fatos estão lá.
Homens com endometriose. Tem muito sobre essa doença que ainda precisa ser
descoberto, e o apelo para a comunidade médica é que não durma no ponto nem se
mantenha firme em teorias que comprovadamente estão erradas apenas porque não
se conhece a certa.
É
necessário ir à luta, arriscar fazer papel de bobo por vezes, mas tentar
encontrar o caminho certo. Alguns médicos que tomamos conhecimento aqui tiveram
as suas vidas tocadas pelo flagelo da endometriose. No caso do doutor David
Redwine, ele ficou revoltado pela falta de preparação dos seus colegas para
lidarem com a endometriose. Por décadas ele investigou a doença para ajudar sua
primeira esposa que era portadora, tomando assim a responsabilidade em suas mãos. Matthew Rosser também começou a estudar a endometriose, por conta de sua esposa, como já foi abordado no blog. Um verdadeiro trabalho de amor.
Nem todos poderemos ser médicos ou cientistas, mas temos a obrigação de manter uma mente aberta e raciocinar quando nos apresentam uma ideia. Por mais espalhada que esteja uma teoria, isso não faz com que ela esteja certa. Incrível como o método científico é tão usado em tanta coisa e no caso da endometriose parece ter sido deixado de lado por tanta gente.
Nem todos poderemos ser médicos ou cientistas, mas temos a obrigação de manter uma mente aberta e raciocinar quando nos apresentam uma ideia. Por mais espalhada que esteja uma teoria, isso não faz com que ela esteja certa. Incrível como o método científico é tão usado em tanta coisa e no caso da endometriose parece ter sido deixado de lado por tanta gente.
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