segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

DAVID REDWINE: DOR MESMO APÓS CIRURGIA COM EXCISÃO COMPLETA: SERÁ ENDOMETRIOSE OU ALGO A MAIS?

No texto de hoje, mais uma tradução exclusiva do A Endometriose e Eu que vai elucidar a tal dúvida de quem ainda tem dor após a excisão completa da endometriose. Por isso, a escolha do especialista é muito importante. Saber que ele é realmente especialista em endometriose e em laparoscopia faz toda diferença após a cirurgia. Mas para isso é preciso ter certeza, pedir a comprovação que o médico sabe mesmo. Ter acesso ao currículo lattes, e conhecer pacientes que já operaram com ele são fundamentais. Ao menor sinal de que alguma paciente do médico escolhido tenha tido alguma sequela, em especial, a tal dormência na perna, que esteja arrastando ou não sentindo a mesma, procure outro. Quando se trata de endo, não podemos ter pressa, mas sim, temos de ser seletiva. Já falamos aqui que uma videolaparoscopia feita por um especialista não deixa nenhuma mulher com sequela. Somente as aderências adquirimos com as cirurgias, mas mesmo assim a "cirurgia bem feita" faz toda diferença até nisso! E eu sou a prova viva disso, já que este é meu "grande problema" e há mais de um ano e meio passei a ter uma vida normal, como nunca tive antes. Com especialista e tratamentos corretos, é possível sim, controlar a doença e resgatar nossa vida. 

O blog está há quase 4 anos lutando para que a endometriose seja reconhecida como doença social e de saúde pública. O blog é o primeiro que reivindicar isso, pois só assim as mulheres terão acesso ao tratamento de qualidade de humano pelo SUS. Porque esta última palavrinha faz toda diferença também o escolher o especialista. Para que isso se torne uma realidade para as mais de 10 milhões que sofrem com a doença no Brasil, vote no A Endometriose e Eu, no prêmio TopBlog Brasil 2013 (clique aqui e dê seu voto) e compartilhe a votação entre seus amigos. O primeiro turno vai até 25 de janeiro. Conto com o voto de todos e a gentileza em compartilhar a votação entre seus amigos. E nisso, a Marcha Mundial contra a Endometriose será muito importante. Inscreva-se e venha marchar conoscoE amanhã, nova coluna do blog: Endo Jurídica. Além de ser o blog mais completo sobre endometriose do mundo, o A Endometriose e Eu vai prestar assistência jurídica gratuita às leitoras. Mais um endomarido chegando para lutar conosco nesta causa. Obrigada a todos os voluntários que estão comigo nesta causa! A união faz a força e juntos somos mais fortes. Ah, e a pedido das leitoras estamos preparando uma linha especial de camisetas para a passagem de ano novo! Aguardem e não percam! Boa leitura! Beijo carinhoso! Caroline Salazar

Dor persistindo após cirurgia com excisão completa: Será endometriose ou algo mais?

Por doutor David Redwine
Tradução: Alexandre Vaz
Edição: Caroline Salazar

A maioria, mas não toda dor pélvica na mulher, deve-se a endometriose. Mesmo que a endometriose se encontre na pelve, tal não significa que seja na realidade a causa da dor que a paciente sente. Por esse motivo, não existe forma de garantir o alívio da dor após a cirurgia para a endometriose, mesmo que tenha sido removida toda a doença.

Felizmente, a maioria das pacientes reporta um melhoramento significativo ou total alívio da dor após essa cirurgia. Se a dor é por conta da endometriose, e se a doença é identificada e removida na totalidade, a dor passa. A única incerteza é se a endometriose foi a causa da dor desde o início.

Outras causas menos comuns da dor pélvica incluem miomas no útero, adenomiose do útero, tecido cicatricial (as aderências), cistos ovarianos, problemas entre a massa muscular e o esqueleto e fatores desconhecidos afetando o útero e os ovários.

Os miomas podem ser removidos se forem grandes o suficiente para ser vistos, e isso frequentemente pode ser feito com o laparoscópio, sendo que os mais pequenos podem passar despercebidos, continuar a crescer e a causar dor. O tecido cicatricial pode ser corrigido com o laparoscópio, tal como os cistos ovarianos. A adenomiose geralmente pode ser diagnosticada e tratada apenas com a realização de histerectomia. Algumas pacientes com dor pélvica podem adotar uma mudança na postura para ajudar a lidar com a dor, e isso poderá resultar em espasmo muscular, e consequentemente, dor.

Se a portadora possui uma destas condições, e se a outra condição não for corrigida durante a cirurgia, então, é bem possível que no futuro venham a ocorrer mais episódios de dor. Mesmo que todos os focos de endometriose tenham sido removidos, a endometriose continuará a ser apontada como culpada de qualquer dor futura. Em seguida abordamos um caso real que irá demonstrar esse fenômeno:

LS, uma paciente de 35 anos com vários filhos, tinha dor pélvica e se submeteu a uma laparoscopia. Ainda que tenha sido descoberta endometriose na sua pelve, não estava no local certo para explicar a dor que sentia.

Para mais, ela não tinha uma endometriose muito avançada. Todos os focos da doença foram removidos por mim por laparoscopia. A paciente continuou a ter dor. Ela ainda se submeteu a histerectomia pelo seu cirurgião habitual, e na hora da cirurgia tanto o cirurgião como o seu assistente concordaram que não havia endometriose presente. Eu estava presente na sala de cirurgia, desta vez, apenas como observador. Ainda que não tenha detectado sinais óbvios de endometriose, eu vi mudanças sutis que mostrei para eles e que foram removidas. A biópsia deu negativo para endometriose. Até ao nível microscópico o útero estava normal.

Mesmo sem ter encontrado nenhuma patologia óbvia, a paciente reportou um alívio da sua dor. Todos os cirurgiões estavam em acordo que ela não tinha endometriose, mas apesar disso o diagnóstico final foi oficialmente registrado como “Endometriose”, provando mais uma vez que é impossível livrar da doença a partir do momento que é diagnosticada.

O corpo sara após a cirurgia formando tecido cicatricial. Como cirurgiões, não apenas dependemos disso, como estamos contando com esse fato. Na cirurgia pélvica, o tecido cicatricial pós-operativo  pode causar dor, ainda que isso não seja assim tão comum como poderíamos esperar. Se os ovários sofrerem uma cirurgia acima ou ao lado, então, esse tecido cicatricial que os irá envolver, tem muitas chances de ser formado. A remoção de endometriose na bexiga, ligamentos uterosacros ou do solaho pélvico raramente resultarão na formação de tecido cicatrizacional significativo.

Não se conseguiu até hoje nada que consiga prevenir a formação de tecido cicatricial, e parece que  as ocorrências estão mais ligadas ao processo de cura da paciente e à localização da cirurgia. Se o tecido cicatricial surge e provoca dor, teremos a necessidade de um novo procedimento cirúrgico, já que não existem medicamentos que possam ser tomados para a remoção desse tecido.

A ameaça de formação do tecido cicatricial pós-operativo não é motivo suficiente para evitar a cirurgia para endometriose, já que essa fuga seria aceitar um medo do desconhecido e ignorar um problema bem real.

Quando a mulher nasce, cada um dos seus dois ovários possui milhares de óvulos, e cada óvulo está cercado por um pequeno folículo, que na verdade é um pequeno cisto. Como tal, cada ovário tem o potencial de formar muitos cistos ao longo da vida. Na verdade, pequenos cistos, geralmente, são formados antes e depois de cada ovulação, e esses cistos normais podem por vezes causar dor. Mesmo cistos maiores podem por vezes sumir sem tratamento. Não existem provas que possam sugerir que a cirurgia pélvica para a endometriose torne a mulher mais pré-disposta a ter cistos dolorosos.

A adenomiose é uma mudança estrutural dentro da parede muscular do útero. O útero pode parecer, visualmente e ao toque, como estando normal, e ainda assim ter adenomiose. Nem a laparoscopia nem a histeroscopia são capazes de diagnosticar a adenomiose, e não existe tratamento conhecido que a possa erradicar.


A maioria dos relatos na literatura médica com respeito à persistência da doença após excisão da endometriose revela taxas abaixo de 30% e na minha experiência tenho obtido resultados muito semelhantes. A conclusão é de que a dor persistente ou recorrente após a excisão completa da endometriose geralmente não se deve à doença. Focar exclusivamente na endometriose poderá não dar a resposta adequada às pacientes com dor após excisão cirúrgica.

6 comentários:

  1. Boa tarde! Fiz uma videolaparoscopia ha duas semanas e fiquei com boa parte da minha coxa direita adormecida por uma semana. Em seguoda comecou a doer muito, mesmo que ainda dormente, como se a pele estivesse queimada, embora nao tenha aparencia nenhuma. Falei para o meu medico que disse que melhoraria mas nao me explicou o que era. Esta incomodando muito. Voce cita a dormencia na perna neste artigo, gostaria de saber o que seria, mas nao encontro nada na internet.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Lourdes, fiz a video recentemente e tive o mesmo problema.Agora farei exame de eletroneuromiografia. Me parece que um nervo foi comprimido durante a cirurgia e estou desesperada. Como foi o seu caso depois? Você conseguiu sarar? Espero que te encontre por aqui....Abs

      Excluir
  2. Boa noite,
    Bom eu ja fiz 2 cirurgias uma laparoscopia e em dezembro de 2015 fiz uma aberta retirei utero, colo e trompas e mesmo assim sinto muita dor na barriga, lombar,costas e na minha perna esquerda que doe dia e noite tem momentos em que mal consigo andar ou ficar de pé.passei com uma medica que quer me operar novamente por laparoscopia pois tomo mediamentos fortes para dor como morfina e outros e a dor so alivia ja nao sei o que fazer

    ResponderExcluir
  3. Boa noite.

    Fui diagnosticada com ENDOMETRIOSE a 6 meses, entao faço o uso de Allurene,o qual não tirou a minha dor. Sim!, diminuiu a frequência mas a dor quandoo ataca, vómitos, e sem reação do corpo são os fatores principais. Chego a babar de tanta dor e me sentir entregue à morte.
    Farei agora em dezembro a vídeolaparoscopia e gosatria de saber se isso resolverá o meu problema. Se de fato, eu não sentirei mais dor e se por acaso terei que continuar o uso do Allurene, porque sinceramente, engordei mais de 10kg e nao quero mais tomar.

    Alguém pode me dizer se esse inferno vai ter fim?
    Meu nome é Patricia

    ResponderExcluir
  4. Boa noite.

    Fui diagnosticada com ENDOMETRIOSE a 6 meses, entao faço o uso de Allurene,o qual não tirou a minha dor. Sim!, diminuiu a frequência mas a dor quandoo ataca, vómitos, e sem reação do corpo são os fatores principais. Chego a babar de tanta dor e me sentir entregue à morte.
    Farei agora em dezembro a vídeolaparoscopia e gosatria de saber se isso resolverá o meu problema. Se de fato, eu não sentirei mais dor e se por acaso terei que continuar o uso do Allurene, porque sinceramente, engordei mais de 10kg e nao quero mais tomar.

    Alguém pode me dizer se esse inferno vai ter fim?
    Meu nome é Patricia

    ResponderExcluir
  5. E quando o foco retirado foi na parede abdominal? Ainda sinto dor! Após um ano de cirugia, suspendi o uso de anticoncepcional e acabei menstruando, o que está me gerando muita dor onde eu operei. Alguma opinião clínica sobre, alguém poderia me dar?

    ResponderExcluir