imagem cedida por Free Digital Photos |
Por Caroline Salazar
Edição: doutor Alysson Zanatta
A
endometriose é uma doença muito séria, que precisa ser levada a sério por toda
nossa sociedade, especialmente pelos órgãos públicos. É uma doença que pede
políticas públicas (leia meus textos sobre o tema texto 1, texto 2, texto 3) com urgência. Hoje mesmo milhares de brasileiras estão presas às suas camas por
conta dessa doença que atinge uma a cada 10 mulheres. Talvez por ser uma doença
tipicamente feminina, apesar de mais divulgada nos últimos anos, ainda é pouco
conhecida da maioria da população, inclusive, de muitos médicos e, inclusive,
de muitas mulheres.
Apesar
de ser a doença feminina que mais causa infertilidade, ser portadora da doença
não significa que a mulher será infértil ou que vai demorar mais para conceber.
Ou que nunca irá gerar uma vida em seu ventre. Muitas mulheres descobrem ter a
doença após algum tempo tentando engravidar, porém, ter endometriose não é
sinônimo de que a mulher não vai conseguir ser mãe. Outras tantas mulheres descobrem ter a doença após a maternidade. Cada caso é um caso, e não
devemos generalizar. Quero aproveitar que junho é o mês internacional da infertilidade para levar todas as endomulheres à reflexão, em especial, àquelas que já geraram seus filhos e que continuam passando sofrendo com as dores da endometriose.
Algum
tempo atrás comecei a ver mulheres postando a hashtag “eu venci a endometriose”
quando conseguia seu tão desejado bebê. Essa expressão ficou ainda mais forte
há cerca de dois anos, quando uma atriz, portadora da doença, engravidou
naturalmente de seu primeiro filho. Desde a descoberta de sua gravidez, ela começou
a postar essa expressão em suas fotos. Quero deixar bem claro
que este texto representa a minha opinião mediante minha luta em prol do
reconhecimento da doença como social para que haja políticas públicas
(tratamento acessível) a todas endomulheres brasileiras. E também pela minha luta em mostrar que a endometriose é uma doença que maltrata e muito as mulheres, que a dor crônica e severa é a principal sintoma da doença.
Até
relutei em escrevê-lo, mas desde que comentei sobre a ideia central dele no
Insta-stories (siga @aendoeeu no Instagram tenho recebido mensagens diárias para escrever sobre o
tema. E já que junho é o mês internacional de conscientização da infertilidade,
e o texto tem tudo a ver com tema, pois é bem provável que teremos mais
informações erradas sobre a endometriose, resolvi escrevê-lo. Desde a primeira
vez que li a expressão “eu venci a endometriose” achei bem sem nexo. Várias e
várias vezes fiquei me perguntando qual o real sentido, qual a conotação da
frase? Se a ideia é celebrar a gravidez mediante a infertilidade que a doença
poderá ocasionar, o correto não seria “eu venci a infertilidade” ou “ eu venci
a infertilidade causada pela endometriose” ou "eu venci a infertilidade da endometriose"?
Se
a gravidez fosse a cura da doença com certeza a expressão estaria correta. E eu
não precisaria escrever esse texto. Mas como, infelizmente, não é, então, na
minha cabeça essa frase não faz sentido. Nos meus mais de cinco anos na luta em prol de políticas públicas e direitos das portadoras tenho percebido que enquanto não desvincularmos a
endometriose da infertilidade, já que são duas doenças diferentes, infelizmente,
a endometriose não será levada tão a sério quanto ela e suas portadoras, que sofrem com as dores crônicas, merecem. Não porque eu não quero, mas porque
vivemos num país machista onde os homens não sabem o que é gerar, não sabem o
que é nascer com a vontade de ser mãe, não sabem o que é ter esse sonho como
meta de vida.
Já
postamos um texto do cientista americano doutor David Redwine falando que agravidez não cura a endometriose e que a gravidez não é tratamento para a doença. Quantas mulheres
tiveram um, dois, três ou mais filhos e descobriu ser portadora da doença anos
depois? Na coluna “História das Leitoras” temos o exemplo de muitas mulheres
que continuaram a sentir dor ou até pioraram após a descoberta da gestação (leia a história da paulistana Hosana Santana parte 1 e parte 2, da capixaba Danielle Balbino, da americana Candice Frederikson e da portuguesa Sara Ferreira, dentre outras relatadas na coluna). A meu ver o mais correto seria dizer “eu venci a
infertilidade” ou “eu venci a infertilidade causada pela endometriose” ou "eu venci a infertilidade da endometriose". Por
conta das informações equivocadas sobre a doença, milhares de mulheres estão
sofrendo não só por causa das consequências dela, mas pela ignorância das
pessoas que as cercam. Quem nunca ouviu a expressão: "Engravida que cura", "tenha filhos que você vai melhorar".
E é
justamente por conta destas milhares de vidas em sofrimento que resolvi
escrever este texto, mesmo sabendo que ele poderá desagradar alguma
pessoas. A atriz em questão bem que
poderia se informar melhor e nos ajudar a passar a correta informação sobre a
doença, mas até agora ela só ajudou a espalhar desinformação e uma expressão
que aumenta ainda mais um dos mitos da doença. A endometriose não é
brincadeira, ela afeta cerca de 200 milhões de meninas e mulheres no mundo,
mais de 6 milhões apenas no Brasil. Enquanto a infertilidade afeta cerca de 40% das endomulheres, as dores severas atinge cerca de 80%. Esses dados são mais que números altos, são
milhares de vida sofrendo com o descaso da sociedade e o preconceito que ainda
Sei
bem a alegria que é receber o tão sonhado positivo para quem tem endometriose,
mas precisamos desvincular uma doença da outra, trata-las como duas, e não uma.
Temos de mudar nossa postura perante esta doença tão devastadora para que aquelas
que sofrem em suas camas, aquelas que tomam doses cavalares de morfina
diariamente sejam mais respeitadas e para que frases como: “engravida que você
ficará curada” ou “engravida que passa”, dentre muitas outras, parem de ser ditas
seja por médicos, por parentes, por amigos e até mesmo por outras mulheres.
Espero
que esse texto sirva de reflexão ao maior número de pessoas possíveis. Precisamos espalhar a correta informação sobre a endometriose, tirar todos os
seus mitos para deixarmos de ser invisível para a sociedade. Precisamos de
vozes na sociedade a nosso favor e não aumentar ainda mais os mitos que essa doença carrega há séculos. A mudança está em nossas mãos... e em nossas falas,
escritas... Pense nisso! Beijo carinhoso!
Eu fui diagnostica com endometriose com 22 anos, aos 23 fiz a vídeo e logo a indicação dos médicos foi tentar uma gravidez, pq eu poderia ser infértil. Mas o pior de tudo isso, foi o preconceito por parte de amigos e familiares. Eu ouvi diversas vezes que eu estava me tratando pq estava desesperada pra engravidar e não porque eu tenho uma doença que traz severas complicações a minha saúde e a qual eu venho sofrendo a 12 anos. Uma vez comentei com uma amiga que sentia fortes cólicas, pra ela procurar um médico pq ela poderia ter endometriose e que a endometriose é uma doença severa e que pode gerar muitas complicações. Sabe o que ela me respondeu? Ah eu não quero ter filhos. Como se a unica consequência da endometriose fosse a infertilidade. Concordo plenamente com você Carol! Enquanto as pessoas pensarem assim, nós portadoras da doença vamos continuar sendo tratadas com indiferença pela sociedade.
ResponderExcluirEu fui em 2012 já fiz uma cirurgia.e agora nos mês de junho irei realizar outra , acometimento intestinal.o medo tomar conta da gente.fico arrasada
ResponderExcluirEu fui em 2012 já fiz uma cirurgia.e agora nos mês de junho irei realizar outra , acometimento intestinal.o medo tomar conta da gente.fico arrasada
ResponderExcluirNunca concordei com essa frase
ExcluirAinda não li a matéria vou fazer agora ,mais nunca porque desde o 13 que sofro aos 19 cirurgia da qual nem se falava em Endomtriose foi trompa obstriuida,inflamação ENDOMETRIOSE foi aos 26 anos quando tentava engravidar e fiz uma vídeo para retirada dos focos ! Aos 34 Fiz a Fiv com sucesso de primeira e logo depois tudo piorou pra falar a verdade apesar de estar com muitas dores incapacitante Depois ficou pior e eu não tinha certeza se a ENDOMETRIOSE poderia me fazer todos estes sintomas meu Medico não acreditava e gastei tempo.e dinheiro procurando tratamento tbem para a coluna e na verdade está no intestino !
De tanto pesquisar e pesquisar e encontrar os sintomas idênticos o que tenho Estou a espera DE mais uma vídeo e tratamento agora que meu organismo aceita ! Uma vez que outros
Foi ainda pior !
Ou seja A gravidez foi Bênção de Deus e perfeita ! Mais depois da gestação So Deus sabe o que venho passando cada dia pior !
Com muita Fé na minha Cura e tratamentos e não suporto mais ouvir que não tenho Fé porque não tiro útero!
Meu Utero é lindo
Meu médico não acredita que melhora até sugeri e pedi pelo amor de Deus !
Está na trompa ,ovários intestino;suspeita de retovaginal e sei lá onde mais !
Porque estou mais de cama que de pé!
Descobri a endo 3 anos após ter minha filha. Faz quase 3 meses que fiz minha cirurgia e hoje coloquei na minha cabeça que a endometriose não vai me vencer, que não vou viver de hormônios e que não sentirei dor. E se gravidez fosse sinal de vencer endometriose, eu nunca teria tido a endo, dores incapacitantes, dias em hospitais e uma cirurgia que tirou até um pedaço do meu intestino e outros focos.
ResponderExcluirMinha gineco me deu a seguinte posiçao, tenho que engravidar! Mas infelizmente nao possuo uma estabilidade para isso no momento. Os anticoncepcionais estao acabando comigo, ja troquei por suspeita de trombose... ja fiz cauterizaçao do utero com ela apos ir em varios especialistas e informando que sentia severas dores, que estava me dopando de 6 em 6 horas com remedios para amenizar a colica, e os mesmos diziam que era da minha cabeça, que meu utero estava lindo! Perdi meu plano ao ser demitida em dezembro e logo apos comecou um sangramento que ficou por dois meses sem parar, com dores... eu achei que iria morrer! Achei essa medica em um posto de saude, me deu toda assistencia, disse que meu utero tinha aparencia cancerigena por causa da forte inflamacao causada pela endometriose. Fiz a colposcopia! Ao cauterizar o meu utero, nao senti mais dores, ela solicitou um exame para verificar minhas trompas, a direita ja esta tomada e a segunda ela nao garante por quanto tempo ela nao ficara aderida. Minhas dores voltaram, nao comento com meus familiares, pois a maioria nao entendeu antes ate a medica falar que o que eu tinha era serio. Acredito que vao pensar que a dor ja é da minha cabeca! O anticoncepcional gestinol comecou a prejudicar minha circulaçao, tive que trocar para o nactali. Mas as dores ainda continuam um pouco fora a minha preocupaçao com as varizes. Perguntei a minha medica sobre outra solucao, ela disse que no momento seria engravidar. O que voces acham meninas? Beijos Amanda Souza @amandassuzart
ResponderExcluirDescobri a menos de 5 meses que tenho endometriose. A minha até então era assintomática. Todos os meus exames de rotina era absolutamente normais. Minhas cólicas menstruais eram bem leves, sem qualquer alteração. Em alguns ciclos nem sentia cólicas. Descobri quando meu umbigo teve uma inflamação e um forte sangramento. Fiz uma cirurgia de urgência e após resultado da biopsia foi constatada que se tratava de endometriose. Levei o resultado para minha gineco, ela me disse que o solução seria a gravidez. Sai do consultório feliz achando que tudo se resolveria dessa forma, mas após realização de novos exames e informação sobre o assunto constatei que a gravidez não é a cura ou tratamento para a endometriose. Isso pelo contrario nos frustra quando não conseguimos engravidar naturalmente.
ResponderExcluir