segunda-feira, 11 de março de 2013

"A VIDA DE UM ENDO MARIDO": DICAS DE COMO ECONOMIZAR TEMPO E DINHEIRO NA COZINHA!!!



A estreia de “A Vida de um Endo Marido” foi um sucesso tão grande que  resolvemos fazer a coluna quinzenal. Eu sempre achei o apoio do companheiro fundamental para uma endo mulher. Saber que muitos maridos passarão a compreender e a entender melhor a vida de sua companheira foram os ensejos principais para idealizar a coluna. Aqueles que entendem e compreendem poderão trocar figurinhas com Alexandre, pedir ajuda a ele e o mais importante: conversar com quem passa pela situação semelhante. Ninguém é melhor do que ninguém e estamos todos em busca de uma evolução. Por isso acho que a união, o apoio, o amor e o carinho são premissas fundamentais para começar a ajudar alguém, mas não pode ter o egoísmo ou pensar “eu vou fazer”. Alguém pode ter a ideia, claro, mas é preciso de outros para torná-la realidade. Então, não se realiza nada sozinho. Aos poucos, Alexandre vai discorrendo sobre os diversos temas já sugeridos. O de hoje achei muito relevante e de extrema importância, pois trata de algo que traz muitos transtornos à vida não só da mulher, mas de toda família: a questão financeira. Por que economizar? E em que podemos economizar? Tenho certeza que o artigo de hoje vai ajudar muitos "Endo Casal". Afinal, como já falamos aqui, a endometriose é uma doença cara, muito cara e que leva muitas famílias à falência. Falo isso porque conheço histórias com este triste final. E não é só para quem é humilde ou não tem dinheiro. Falo isso, para servir de alerta, principalmente, para quem tem dinheiro. Não se deixe enganar por promessas milagrosas e muito menos por quem cobra uma fortuna para tratar uma endo mulher. Uma hora o dinheiro acaba, já que ele não brota em árvores e nem na terra. Por isso, faço questão de indicar o ambulatório de endometriose e açgia pélvica da Unifesp, o melhor lugar do Brasil para tratar uma endo mulher e ainda de graça, sem gastar um tostão, pelo SUS.

Nosso endo marido português (é marido de minha amada Susana V., mas acho que ela não irá se importar com o pronome “nosso” que usei!) conta a respeito de uma medida que tomou em casa há 3 anos e que está ajudando-os a terem alimentos mais saudáveis, a economizar tempo na cozinha e a economizar dinheiro também, o que é muito importante no nosso caso. Bom, a questão financeira até hoje é um tormento na minha vida. Mas faz parte de meu aprendizado e sei também que quando se tem fé, ela move montanhas, e em especial nesse momento delicado, é quando estamos à prova. Quem tem fé, a ajuda vem no último segundo, mas vem. Quem nunca teve sua graça recebida, mesmo quando estava quase tudo perdido? E quando envolve a questão financeira. Exemplo: Quando precisa pagar algo, mas não tem o dinheiro, mas na última hora, o tal aparece. E ainda dizemos “nossa caiu do céu”. Esta expressão bastante comum no Brasil é uma dádiva para quem tem fé. A fé é à base de tudo na vida e ela está à prova a todo o momento, todos os dias. É com e por ela que acordamos todos os dias para escrever um novo capítulo na nossa vida. Mesmo que não estejamos bem, é ela que nos permite ter a esperança de um novo e abençoado dia. Espero que artigo possa ajudar muitas famílias. Estamos anotando as sugestões dos endo maridos e saiba que todas são muito bem-vindas! Ah, e estamos trabalhando sem parar para preparar nosso I Brasil na Consicentização da Endometriose. Estou muito feliz em saber que mulheres de outros estados, como as queridas Adriana Heinz e Livia Lorenzini, do Endometriose Brasil, estarão em São Paulo conosco. A caminhada é longa, dolorosa, mas a vitória é certa! Beijos com carinho!! Caroline Salazar

“Hoje escrevo com múltiplos propósitos, sendo um deles o dar apoio à minha mulher. Como sabem, é duro chegar a casa e ver quem amamos com dores, em desespero, lutando. Mais triste ainda é por não saber quando vai parar as dores, quando vai saber novamente o que é uma vida normal. No meio dos maiores desesperos, por vezes falha-nos as forças e a razão significa pouco. Os braços parecem pesar toneladas, teimam em ir para baixo como se não quisessem obedecer. A tal fé é testada, por vezes de formas muito violentas. Nem sempre conseguimos ver a importância que temos na vida dos outros, a falta que lhes faríamos se desaparecêssemos. As pessoas que lutam lado a lado conosco, que riem e choram conosco, por quem enfrentamos o cansaço extremo, por quem permitimos que a nossa carne seja machucada e o sangue escorra. Aquelas pessoas por quem nenhum sacrifício será grande demais. E, no entanto, por vezes queremos desistir, ainda que apenas por momentos. É humano. Cair do cavalo faz parte da aprendizagem. A diferença entre vencedores e vencidos está muitas vezes na rapidez com que voltamos a subir. Somos todos dotados de limites à nascença. Alguns possuem a ilusão de que não os têm, mas tal não é verdade. E para esses o confronto com a realidade pode ser mais duro do que para os restantes.

Porque quem se sente invencível, capaz de tudo, acaba por se convencer de que é mesmo assim, que é uma força indomável. Quando a vida lhes prova o contrário, o contraste chega a ser tão grande que não se quer encarar. O sofrimento é maior por se comparar uma ilusão que durou enquanto foi perfeita, com uma realidade que não se quer aceitar por ser feia. Surgiu um espelho que é mentiroso, que mostra o que não pode ser verdade. Para quem acredita que tem uma missão a desempenhar, tudo o que é significativo na sua vida deve ter um propósito. E o sofrimento pela sua própria natureza é muito significativo. Essas pessoas podem encará-lo de duas formas: como punição ou como preparação. Não vou abordar a vertente da punição, mas a da preparação terá a sua lógica e é mais interessante. Um estudante tem de ler os livros, fazer os exercícios e prestar provas. Viver com a endometriose não é diferente. É preciso aprender sobre a doença, lendo, vendo vídeos, falando com as pessoas que sabem; dar muito apoio e ajuda em casa; e prestar provas passando o testemunho e ajudando quem agora começou a sua interação com a doença. Talvez eu não esteja a ser tão rápido como gostariam a falar mais sobre como lidar com esta questão, mas prometo que não será sempre assim.

A paciência é fundamental para resistir, e a única forma de desenvolvê-la é exercitando-a. Como eu sei muito bem, e vocês saberão também, a endo absorve a maior parte do nosso tempo, tirando a do trabalho. A mulher está doente, não pode fazer muitas das tarefas domésticas e por vezes tem alturas que não consegue fazer nenhuma. Vai sobrar para o companheiro e familiares. E não há outra forma, portanto, uma gestão correta do tempo é fundamental. Hoje vou abordar a questão da comida. Tratando-se de uma necessidade básica vou dar-lhe prioridade. É importante uma alimentação correta, e passar os dias com comida rápida porque se está exausto não é solução. Não é muito saudável, acaba por ficar caro e não sabemos o que iremos comer. Reparem nas notícias na Europa, muita comida processada que contém ingredientes não declarados como a carne de cavalo. O problema não é a ingestão dessa carne, mas o perigo de não ter sido sujeita a controlo sanitário e a possibilidade de alergia alimentar. Bom, aqui em casa, uma das melhores opções que tomamos foi a de comprar uma congeladora vertical (nota da editora: freezer vertical) com 6 gavetas. A minha esposa não queria que fosse tão grande, mas eu bati o pé e escolhi esta. Por vezes as mulheres erram, ainda que não gostem de admitir. E porque senti a necessidade de comprar esta congeladora? Na família temos quem nos ofereça vegetais cultivados nas hortas e por vezes rejeitávamos porque sabíamos que não íamos consumir a tempo. Era melhor que fossem entregue a outras pessoas do que estragarem conosco. Poucos dias depois eu tinha de comprar as mesmas coisas, pagando do meu bolso o que poderia ter sido grátis.

Outro motivo foram as promoções. Por vezes surgiam promoções de carne ou de peixe, que não aproveitava porque não tinha onde congelar. E a possibilidade de poupar 1 ou 2eurow por quilo era perdida. Ao longo do mês eu perdia facilmente de 10 a 15euros em promoções. A decisão estava tomada. Procurei nas lojas a congeladora que eu precisava, e quando encontrei um bom negócio nem pensei mais. O custo ficou em 300 euros (estou a falar em valores apenas para poderem avaliar se procedi bem!). Já a temos em casa vai para 3 anos (36 meses). Considerando uma poupança média de 10 euros por mês, são 360 euros, e a congeladora continua a funcionar bem. Ou seja, até o custo da energia já está pago, e continuará a gerar poupança. Nunca mais tive problemas de faltar comida em casa e ter de sair com pressa para o mercado. Sempre que surge uma promoção, eu aproveito. Nós adoramos salmão. O custo cortado em postas é geralmente 2euros  mais caro do que o peixe inteiro. Então quando o preço é bom, compramos um salmão entre 4 a 6 quilos. Em casa congelamos o equivalente a uma refeição para o casal em cada saquinho. É só descongelar, salgar e cozinhar. É raro faltar peixe ou carne aqui em casa por esse motivo. Com os vegetais, também os congelamos, mas há algum tempo percebemos uma coisa. Os produtos ocupam muito mais espaço antes de cozinhados. Por esse motivo, e também porque é muito cansativo cozinhar todos os dias (para não falar no custo da energia para a máquina da louça), escolhemos uma tarde do final de semana para cozinhar aqui em casa. O ideal é na volta do supermercado quando tudo está fresquinho. Compramos os ingredientes para as refeições que já planejamos, evitando assim o desperdício e a tentação de comprar alguma coisa apenas porque ficamos com vontade. 

Demoramos umas 3 horas a cozinhar algumas comidas diferentes. Quando terminamos, colocamos tudo em caixas de plástico e vai para a congeladora. Depois, quando vamos para o trabalho é só retirar a caixa e aquecer no micro-ondas. Continua a ser comida congelada, mas nós sabemos quais são os ingredientes, quando foi confeccionada e quanto tempo tem no gelo. E, claro, sai mais barato. Demora mais 1 hora para lavar as panelas e o restante louça e está tudo pronto. Temos as noites da semana livres para outras atividades que podem incluir o estudo, namoro, saídas, visitas a familiares e amigos, quando minha esposa está melhor, claro. Conseguimos alguma liberdade e poupança assim. Espero que as dicas sejam úteis. Pensei que dar alguns conselhos práticos sobre cuidar da família, algumas estratégias para economizar tempo e dinheiro ajudariam a diminuir o esforço, permitindo maior disponibilidade de tempo e emocional para aquilo que é mais importante. Como dizia uma personalidade muito acarinhada do povo português de seu nome Raúl Solnado, infelizmente, já falecido, mas que deixou muitas saudades e ainda hoje nos faz rir através dos registros dos seus trabalhos: ‘Façam o favor de ser felizes’. Abraços.”

5 comentários:

  1. Alexandre,
    sempre me emociono com este quadro,com seu amor e dedicação,não posso reclamar,porque Deus me deu um esposo maravilhoso,mto companheiro tambem,mas a sua coragem de se expor,de falar,esclarecer,é lindo!
    E alem disso as dicas praticas,,como essa da comida,acho que para vcs e para muitas pessoas será muito util,pq hoje a maioria das pessoas vive uma vida frenetica e não se preocupa com o que comem,e isso faz mta diferença...amei a dica,,e claro como bom representante do sexo masculino sempre contando em numeros a economia,,e realmente nós mulheres,não gostamos de admitir que estamos erradas,,hehehehe,,continue firme,e melhoras a sua esposa!Muito legal essa coluna do endomarido!

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    1. olá Ana Paula. Desde já agradeço as suas palavras, mas amar é como correr. Quando é por gosto não cansa.

      A exposição existe porque é necessária. Porque se existem algumas pessoas a fazê-lo, são tão poucas e dispersas que eu não chego a conhecer nenhuma. Então eu escolho tornar-me na mudança que eu quero ver acontecer.

      O temas que serão tratados aqui serão diversos, cobrindo os vários aspectos daquilo que no fundo é a minha experiência de viver com uma mulher que tem endometriose profunda. Posso dizer-lhe que não existe certo ou errado quando se trata de endometriose. Ou melhor, existe certo ou errado, de acordo com a consciência de cada um e a honestidade que consegue ter em relação a si mesmo.

      Se um homem aguenta ou não ter uma companheira com endometriose, isso é relativo a cada um. Uns conseguem, outros não. Mas o importante é serem honestos consigo e com a sua companheira.

      Manter um diálogo sincero de parte a parte é o melhor conselho que eu posso dar a qualquer casal. Toda a situação é muito exigente fisica e emocionalmente. Podem procurar todas as ajudas que quiserem, a raíz da vossa união, a vossa força maior é a cumplicidade e a amizade que vos une.

      É claro que eu sei que as questões sexuais são de grande preocupação e não estão a ser descuradas por mim. Mas como devem imaginar, é um assunto delicado que deve ser tratado com o maior cuidado, até por respeito a mim, à minha esposa e a todos os casais que se encontram na mesma situação que nós.

      Deixo em aberto a possibilidade de me colocarem questões através da Caroline, às quais terei todo o prazer em responder conforme seja possível. Penso que para mim o processo será mais fácil assim, e mais rapidamente poderei estar a abordar um assunto que preocupa a tantos de nós.

      Mas é de notar que eu não sou nenhum sexólogo, psicologo ou psiquiatra (os profissionais que abordam estas áreas). As minhas palavras valem o que valem, são as de um homem normal que vive como vós uma realidade diferente da maioria das pessoas, e da qual não se fala por vários motivos de base sobretudo cultural. É essa barreira que eu espero que se venha a quebrar, que as pessoas vejam que não estão sós, que existem outras que conhecem e compreendem o seu sofrimento, e que há quem possa ajudar, até quem sabe no bairro onde mora. Quem sabe se o seu vizinho do lado não vive uma realidade como a sua?

      Sorriam, sejam felizes, ajudem o próximo a ultrapassar as suas dificuldades. Os olhos sofridos que hoje evitamos, podem um dia ser os nossos a serem evitados por outros.

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    2. Nota: Quando eu digo que não conheço nenhuma pessoa, estou falando de homens. Porque mulheres existem até bastantes, em Portugal, Brasil e certamente em muitos outros países.

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  2. oi eu sou a Joyce e moro em Manaus me sinto muito mal durante a menstruação, não conheço muito da doença e descobrir em 2011 que tinha essa doença. Mas os médicos que me consultei pouco me falaram da doença e hoje estou péssima. tenho muito sagramento, cólicas, dores na cabeça... mas ninguém me entende em casa talvez por falta de esclarecimento.até hoje lutei sozinha contra doença mas peço ajuda. Obrigada!

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  3. Oi Joyce.

    Situação complicada a sua, infelizmente não é a única sentindo isso, mas é também para isso que o blog da Caroline existe. Ajudar família, amigos, colegas de trabalho, que não vivem com a endo mas conhecem alguém que tem, a poderem tomar conhecimento da doença e das limitações que coloca nas vidas das portadoras.

    Na abas do Dr. Matthew Rosser e do Dr. Hélio Sato, já existem alguns artigos que revelam informações sobre a doença. Isso já é um começo para que tanto você como as pessoas que a rodeiam possam entender mais sobre como funciona e porque causa tanto sofrimento.

    Estamos trabalhando para ter textos de outros especialistas aqui, para que a informação possa ser o mais completa possível.

    A minha esposa tomou pílula ininterruptamente por 15 anos para não ter menstruação. Essa saída não é um tratamento, apenas inibe a menstruação e o progresso da doença, mas não trava. No entanto, poderá lhe trazer maior conforto e qualidade de vida até que possa receber um tratamento adequado.

    Não perca tempo com qualquer médico. Seja observada por um ginecologista especializado em endometriose. O valor da consulta será mais alto, mas se for um médico competente e honesto, muito tempo, sofrimento e gastos serão poupados.

    Não basta a angústia de ter a doença e sofrer as suas consequências, mas ir correndo os médicos todos do serviço público, depois você arruma dinheiro e vai no privado e a resposta é igual... é desesperante. Eu sei porque eu passei por isso. Parece que andámos em volta do médico certo, até que contra a vontade da minha esposa, acabámos por ir em um que ela não queria. Foi quem deu a melhor resposta, fez a cirurgia e deu um bom acompanhamento pós-operatório.

    Posso lhe dizer que seu comentário me deu uma ideia para um próximo artigo, que eu acho vai ajudar muita gente que não entende a doença nem as limitações que causa, a perceber o que na realidade está acontencendo com a "fresca" lá em casa.

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