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Sabemos que a atividade física é grande aliada não só na perda de peso, mas nos proporciona bem-estar físico e mental.Porém quando se tem uma doença com dores crônicas, que dói literalmente da cabeça aos pés, é muito difícil ter forças para se exercitar. Falo isso por experiência própria, pois já fui atleta na adolescência, de competir e ganhar medalhas no basquete, e sempre amei esportes e me exercitar, mas quando as dores severas da endometriose chegaram com tudo virei uma sedentária. Como mal conseguia andar, como teria ânimo para ir à academia? Imagino que muitas que sofrem com as dores severas pensam assim. Mas se eu pudesse voltar ao passado me esforçaria para tentar fazer ao menos uma caminhada leve.
A maioria dos especialistas recomenda a prática de algum exercício físico, nem que seja uma caminhada pelo bairro. Quando exercitamos liberamos endorfina, que além de nos proporcionar a sensação de bem-estar, é considerada um "analgésico natural". Por isso com a prática regular as dores começam a diminuir e a portadora começa a ter qualidade de vida. Claro que não é chegar na academia e puxar um monte de ferro. Neste caso, a endomulher precisa ser acompanhada por um educador físico que entenda da doença e que faça um treino específico para ela. Faz tempo que quero abordar no A Endometriose e Eu os benefícios da atividade física no controle das dores da endometriose, até por ser um dos temas mais pedidos pelas leitoras, e três meses atrás conheci o Renato Trevisan, educador físico de Maringá, no Paraná, que entrou em contato comigo para coordenar a EndoMarcha 2017 em sua cidade. Fiquei bem feliz pela atitude dele em prol do próximo, e bem emocionada por um homem coordenar a EndoMarcha. Quando o conheci e soube de seu trabalho em prol das portadoras de endometriose, que iremos falar no próximo texto, o convidei para fazer parte do time de colaborador-voluntário do blog. Seja bem-vindo! Juntos vamos ajudar a melhorar a qualidade de vida das endomulheres do Brasil e do mundo. Beijo carinhoso! Caroline Salazar
Por Renato
Trevisan, educador físico
Edição: Caroline
Salazar
Os benefícios da atividade física no controle dos sintomas da endometriose.
Vamos falar nesse
artigo sobre como o exercício físico pode ser um grande aliado no controle dos
sintomas da endometriose.
Primeiramente é
preciso entender que o exercício físico atua em mecanismos de extrema
relevância, quando falamos em endometriose. Sendo os mais importantes:
1- Controle dos níveis de estradiol
(estrogênio);
2 - Controle de cortisol;
3 - Redução da resistência insulínica;
4- Produção de endorfina;
5- Organização do sono;
6- Diminuição da gordura corporal.
Não estamos aqui
elegendo o exercício físico como a solução de todos os problemas. O objetivo
desse artigo é mostrar que o exercício, se bem conduzido, pode proporcionar uma
melhora gigantesca na qualidade de vida de qualquer pessoa, inclusive, da
portadora de endometriose.
Mas calma, não
estamos afirmando que você deve sair correndo e se matricular na primeira
academia que aparecer. Esse não é o caminho.
É preciso entender
que no caso da endometriose, existe uma patologia instalada e que por esse
motivo, seu organismo apresenta algumas modificações e atuações hormonais
distintas de pessoas que não possuem a doença.
Quantas mulheres
que sofrem com a endometriose, relatam que o exercício físico só piorou as
dores e o sofrimento. Isso acontece porque a prescrição de exercícios físicos
para mulheres de um modo geral, independente se tem endometriose ou não, deve
ser feita respeitando alguns critérios importantes que iremos abordar aqui.
Quando falamos em
atividade física para mulheres, o primeiro aspecto que deve ser levado em conta
é o ciclo hormonal de cada uma. Conhecer o momento e a duração da menstruação,
assim como a periodicidade da mesma, são fundamentais para a potencialização do
exercício.
E no caso das
endomulheres, isso funciona do mesmo jeito. Mesmo para as mulheres que tratam a
doença com remédios que anulam a menstruação, o raciocínio é o mesmo. O que
muda é que em vez de se ter como base o primeiro dia da menstruação, o ciclo
desta mulher será definido de acordo com a forma de ingestão do remédio que a
mesma utiliza.
Para aprofundar
ainda mais esse assunto, vamos detalhar na sequencia os benefícios citados
anteriormente:
1-Controle dos
níveis de estradiol (estrogênio):
Controlar os níveis
de estrogênio é fator primordial para o controle dos sintomas da patologia, já
que o aumento do estrogênio está diretamente ligado à dor que essa mulher
sente. O exercício nesse caso atua aumentando os níveis de globulina, que por
sua vez, promove a redução da biodisponibilidade do estrogênio no organismo.
2-Controle de
cortisol:
Intitulado por
muitos como o hormônio do estresse, o cortisol é muito atuante no nosso
organismo. Quando em excesso o cortisol atua como facilitador das reações
oxidativas, que muitas vezes estimulam ações inflamatórias em nosso corpo. Com
isso, ele acaba contribuindo com a piora dos sintomas da endometriose. O
exercício físico aplicado de maneira adequada em cada fase do ciclo menstrual e
considerando as particularidades de cada mulher, proporciona o equilíbrio desse
hormônio, ajudando no combate do processo inflamatório e redução das dores.
3 - Redução da
resistência insulínica:
A resistência
insulínica ocorre quando há a falta da ação plena desse hormônio na corrente
sanguínea. Sabemos que a insulina é responsável pela entrada da glicose nos
diversos órgãos e tecidos do nosso corpo.
Quando ocorre a
resistência insulínica, a glicose não é capaz de entrar nos tecidos e acaba
sendo acumulada no sangue, e depositada na forma de gordura. E esse fato acaba
levando ao ganho de peso.
E de acordo com a
American Heart Association, a obesidade contribui grandemente com a piora dos
processos inflamatórios que já acontecem no organismo da mulher que tem endometriose.
Nesse sentido, o
exercício físico contribui para uma melhor ação da insulina na corrente
sanguínea, favorecendo a perda de peso, e diminuindo os agentes inflamatórios
do organismo.
4- Produção de
endorfina:
Como você pode
perceber, endorfina é uma junção de “endo” e “morfina”, o que já caracteriza
algo relacionado ao alívio de dores.
Para muitos
especialistas a endorfina é considerada um analgésico natural. E o exercício
regenerativo, que é um exercício específico realizado em uma frequência
cardíaca mais baixa, estimula a produção de endorfina, promovendo condições de
melhoria do quadro dos sintomas e dores.
O exercício também
estimula a produção de serotonina, um dos neurotransmissores do cérebro,
responsável pela transmissão de dados entre neurônios.
De uma forma geral, a prática de exercícios físicos melhora diversas
funções cognitivas, como memória e raciocínio, além de atuar também como um
excelente ansiolítico e antidepressivo.
7 - Organização do sono:
É durante o sono que a magia bioquímica acontece em nosso organismo. E o
exercício físico é um forte estimulante do bom sono.
Montgomery et al(1982) aponta que o exercício físico
estimula o sono mais profundo, além de ser de extrema importância para a reparação
da fisiologia e energia.
8 - Diminuição da gordura corporal:
As gorduras representam a maior reserva de energia do nosso organismo.
Por outro lado, o tecido adiposo, possui inúmeras células envolvidas em
processos inflamatórios, como o caso dos macrófagos, responsáveis pela produção
da molécula PAI-1, que inibe a ação da insulina. O tecido adiposo também é
responsável pela formação de coágulos nos vasos sanguíneos. Por esses motivos
podemos afirmar que o excesso de gordura está diretamente ligado aos processos
inflamatórios que nosso organismo sofre.
O exercício físico realizado na intensidade correta utiliza a lipólise
como principal ação para transformar a energia das células de gordura do corpo
em substrato energético para a realização dos exercícios físicos.
Por isso precisamos reforçar que atividade física não se trata apenas de
promover o movimento músculo esquelético. O objetivo é utilizar o exercício
para promover o equilíbrio hormonal fisiologicamente. E dessa forma, sua ação
será capaz de melhorar sua qualidade de vida e saúde.
Sobre Renato Trevisan:
Sobre Renato Trevisan:
Educador físico, é pós-graduado em atividade motora
adaptada pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). É diretor do Centro de Saúde A3
Atividade Física para a Saúde em Maringá, no paraná, e é coordenador da EndoMarcha Maringá. Acesse a fanpage do A3.
Matéria ótima!
ResponderExcluirQuais tipos de até atividades físicas seriam as mais indicadas?
Faço treinamento funcional. Isso auxilia?