domingo, 15 de janeiro de 2017

ENDOMARCHA 2017: POR QUE PRECISAMOS LUTAR POR POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS ENDOMULHERES?

 Uma das nossas faixas de reivindicação e a logomarca oficial da EndoMarcha 2017

A saúde é um direito básico que qualquer cidadão brasileiro deveria ter acesso. Está na Constituição Brasileira, mas infelizmente quem a tem é somente quem pode pagar por ela. E paga-se um valor muito alto. Isso falando em saúde no modo geral. Pois quando falamos em endometriose, nossa que vergonha. Se a política fosse algo sério no Brasil, se os políticos visassem o bem-estar da população, nós não precisaríamos reivindicar nosso direito à tratamento de saúde, que deveria ser assegurado por lei. 

Como já abordamos na coluna “EndoSocial” (leia o texto do sociólogo e endomarido Paulo) a luta pela política pública se faz necessária quando algum interesse de âmbito público, em especial, o social, não é atendido pelo poder público. As estatísticas apontam para mais de 6 milhões ou cerca de 10 milhões de portadoras brasileiras. Seis ou 10 milhões são números altos quando falamos numa doença que afeta apenas mulheres. Os poucos centros especializados que o Sistema Único de Saúde (SUS) dispõe atualmente, além de estar localizado em duas ou três capitais do país, não conseguem atender a alta demanda de portadoras. É como se realmente não existisse tratamento público para as endomulheres brasileiras. Três, quatro, cinco até oito anos se espera por uma cirurgia. Um horror, um absurdo. 

Agora para quem sofre com as dores severas da doença como poderá esperar tanto tempo por uma cirurgia? Quando eu me tratava no ambulatório de endometriose da UNIFESP, de 2009 a 2012, o aparelho de ressonância magnética passava mais tempo quebrado que em funcionamento. Eu fiquei em tratamento lá por quase três anos e durante todo esse tempo e via a via-sacra de mulheres tentando arrumar dinheiro para fazer particular para não perder a consulta, pois o aparelho ficava mais tempo quebrado que em funcionamento. Não é um absurdo isso? Com a crise que se instalou no país nos últimos anos, a coisa piorou. Meses atrás fiquei sabendo por uma leitora que se trata lá que no momento não estão mais aceitando novas pacientes, ou seja, só pode passar lá quem já esteve em tratamento no ambulatório, que a equipe foi reduzida, e que consultas só podem ser marcadas pessoalmente. E quem é de outra cidade e outro estado como faz? Não é uma absurdo? 

Mesmo com todo esse cenário o que mais me entristece é a desunião entre as portadoras. E isso é muito triste para não falar péssimo. Eu, que estou há sete anos na luta pelo reconhecimento da doença como social e por políticas públicas efetivas para as endomulheres, não acredito que a consciência da maioria, para não dizer quase todas, fica tranquila vendo si mesmo passar por dificuldade de tratamento e ou diagnóstico. Na verdade ter tratamento digno público deveria ser um direito de todas endomulheres brasileiras. Não era para ter mulheres se desfazendo de bens e gastando fortunas com cirurgias e exames particulares. Se o Brasil funcionasse era para termos tudo gratuitamente. Nesse tempo que tenho o blog vejo que as que mais precisam são as que mais não estão nem aí. Está de seu agrado o que o SUS oferece? Se você faz parte da pequena parcela que tem convênio e ou consegue pagar tudo particular, seja solidária e estenda a mão à sua irmã que sofre muitas vezes calada.

Vamos nos unir em prol de nós mesmas. Você não foi às ruas em 2014 por conta de 20 centavos? Por que não vai agora em benefício da sua saúde? A endometriose também tem de estar no rol de doenças crônicas e as portadoras têm de ter os mesmos benefícios garantidos por lei para quem tem doença crônica. Não podemos ficar de braços cruzados, precisamos agir, ir à luta em busca de nossos direitos e de tratamento digno e humanizado. No dia 25 de março venha marchar conosco na 4ª edição da EndoMarcha – Marcha Mundial pela Conscientização da Endometriose – e vamos mostrar à sociedade e aos nossos governantes que existimos, que somos muitas e que precisamos e merecemos ser enxergadas e respeitadas. A endometriose tem tratamento e queremos ter esse direito!

Chega de silêncio, chega de ser invisível. 13 cidades, de 11 diferentes estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS), Brasília (DF), Porto Alegre (RS), Curitiba, Londrina e Maringá (PR), Florianópolis (SC), Salvador (BA), Fortaleza (CE) e Boa Vista (RR). Clique aqui e faça seu cadastro. É rápido e gratuito. Convide sua família, seus amigos e entre conosco na luta pelos direitos das portadoras de endometriose brasileiras. Ah, não sabe para quem serve o cadastro dos voluntários? Clique aqui e leia. Se você tem uma empresa e quer patrocinar a marcha em alguma cidade, entre em contato comigo endomarch.brazil@gmail.com Chega de sofrer em silêncio! A união faz a força e juntas somos mais fortes. Beijo carinhoso! A capitã, Caroline Salazar

6 comentários:

  1. Cuiabá tbm precisa dessa marcha

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    1. Pois é Anônima, infelizmente, não teve ninguém interessada em coordenar a EndoMarcha 2017 em Cuiabá. Na verdade todas as cidades brasileiras precisa de ter a endomarcha. Beijo carinhoso!

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  2. oi Caroline , em Florianópolis vai ser realizada a Marcha? Já tem data? Já fiz meu cadastro!

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    1. Oi Laura vai ter Endomarcha 2017 em Floripa, sim. A Priscila entrará em contato com você, mas também postarei todas as informações no blog e em nossas redes sociais. Beijo carinhoso!

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  3. Quais são as cidades do estado de São Paulo?

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    1. Nathy será na capital paulista, já que não teve interessadas em coordenar em outra cidade. Venha marchar conosco. Beijo carinhoso!

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