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Na primeira parte do texto "Avaliação da paciente com endometriose", o médico e cientista americano doutor David Redwine explica os sintomas da endometriose e como ele pode ser confundido com outras causas de dores pélvicas. Você sabia que não tem idade para ter endometriose? Segundo doutor Redwine a menina mais nova diagnosticada com a doença tinha de 10 anos de idade. Ele também descreve como sentimos as dores: "cortante", pontadas faca", "de agulha", "queimação". Foi descrevendo assim as dores que eu sentia, que o blog começou a ficar conhecido. Muiras endomulheres se identificaram. O texto explica também o que é e os sintomas da endometriose pélvica, da intestinal, da umbilical, da diafragmática, e dos endometriomas. Ele explica cada uma e relaciona seus sintomas. Mais um texto exclusivo A Endometriose e Eu. Beijo carinhoso! Caroline Salazar
Por doutor David
Redwine
Tradução: doutor
Alysson Zanatta
Edição: Caroline
Salazar
Avaliação da Paciente com Endometriose - parte 1.
O sucesso no tratamento da endometriose
depende da diferenciação de seus sintomas de outras causas de dor. Nem toda dor
pélvica é causada pela endometriose. Se causas de dor distintas da endometriose
forem atribuídas à essa, o resultado do tratamento será confuso. Enquanto a
interpretação dos sintomas é parte da arte da medicina, a endometriose é uma
doença que costuma produzir sintomas previsíveis.
Sintomas
da endometriose:
Um
modo comum de aparecimento dos sintomas de endometriose é a ocorrência de dor
severa e progressiva associada à menstruação e que se inicia na menarca (nota do tradutor: primeira menstruação). Amigos e
familiares podem oferecer o falso encorajamento de que tal dor é “normal” ou “parte
de ser mulher”. Entretanto, deve-se ter em mente que a mais jovem paciente já
diagnosticada com endometriose tinha 10,5 anos de idade e foi diagnosticada
cirurgicamente cinco meses após sua menarca [1]. Pílulas analgésicas e bolsas de
água quente são comumente usadas nesta idade. Com o aumento dos sintomas vem a
ausência da escola e idas ocasionais ao pronto socorro, onde os exames
geralmente são inconclusivos. E quando se fala à paciente que ela pode estar
exagerando em suas queixa, a jovem mulher começa a ter dúvida sobre si própria,
pensando que talvez “esteja tudo em sua cabeça”, e tenta manter sua dor para si
o máximo possível. A dor, entretanto, pode passar a ocorrer cada vez mais cedo
antes do ciclo menstrual, e se tornar impossível de ser ignorada. Muitas
pacientes ficam incomodadas entre a ovulação e a menstruação por uma dor cada
vez mais severa que pode ser descrita como “cortante”, “queimação”, “um tiro”
ou “uma facada”. Durante a menstruação, cólicas uterinas fortes podem se
sobrepor à dor da endometriose que aumenta durante a fase lútea (nota do tradutor: segunda fase do ciclo
menstrual) do ciclo menstrual. Algumas pacientes irão cerrar os punhos como
se estivessem segurando uma faca e dar punhaladas fantasmas em seu abdômen, ou
virarem seus punhos como se fossem atacar os médicos. Elas podem desistir de
atividades físicas porque a dor pode se agravar com atividades extenuantes.
Algumas vezes, a dor pode piorar com o simples balançar do automóvel [2]. A
endometriose profunda com obliteração do fundo de saco pode às vezes produzir
sintomas de uma gripe, com discreta elevação da temperatura corporal. A doença
invasiva dos ligamentos útero-sacros pode causar dor irradiada para a região
lombar baixa e na região posterior da coxa, em algumas situações. Se o médico
escutar atentamente à paciente, ele perceberá padrões comuns de como a dor é
descrita e poderá predizer onde a endometriose está localizada, ou talvez supor
que a endometriose não seja a causa da dor.
Endometriose pélvica:
A
endometriose é uma doença que ocorre de forma previsível e recorrente, e
sintomas específicos podem quase sempre ser deduzidos a partir do tipo de
acometimento pélvico. O fundo de saco, os ligamentos útero-sacros e os
ligamentos largos são os locais mais comumente acometidos pela endometriose. A
doença nessas regiões pode afetar o funcionamento de estruturas adjacentes,
como o reto e a cúpula vaginal. Assim, com o acometimento peritoneal do fundo
de saco ou ligamentos útero-sacros “em padrão de jardim”, pode haver cólicas
intestinais dolorosas, especialmente durante as menstruações. De maneira
diferente, pacientes que têm obliteração do fundo de saco e envolvimento
intestinal podem se queixar de dor no reto à evacuação, ou dor retal à
eliminação de flatos ou ao se sentarem. A dispareunia (nota do tradutor: dor à relação sexual) de profundidade é
extremamente comum em pacientes com doença superficial ou profunda do fundo de
saco e dos ligamentos útero-sacros, e as pacientes podem se queixar que “sentem
algo tocar” durante a relação sexual. Com a obliteração do fundo de saco, a
penetração profunda durante a relação sexual pode causar dor irradiada para o
reto. Devido à dor crescente durante a relação, esta passa a ser evitada de
forma cada vez mais frequente, e o parceiro percebe que aquilo que deveria ser
um momento de prazer torna-se um ato de dor e resistência para a mulher.
Os
endometriomas ovarianos podem causar dor na área ovariana acometida
especialmente quando as aderências periovarianas são esticadas, apesar de poder
haver dor proveniente de áreas adjacentes e confundirem a questão.
Eventualmente, um cisto ovariano que esteja aderido à parede pélvica lateral pode
pressionar o ureter subjacente, o qual pode ser encarcerado por fibrose
retroperitoneal relacionada à inflamação do cisto adjacente, ou de doença
invasiva nos ligamentos útero-sacros que pode causar fibrose ao redor do
ureter. Raramente, o ureter será invadido por endometriose proveniente dos ligamentos
útero-sacros, resultando em hematúria (nota
do tradutor: sangue na urina) ou obstrução urinária. A pressão ou a invasão
do ureter pode causar obstrução cíclica durante a menstruação com resultante
hidroureteronefrose (nota do tradutor: dilatação do ureter e do rim) e dor
renal. Com uma obstrução lenta do ureter, o rim do lado afetado pode sofrer uma
morte silenciosa.
Endometriose
intestinal:
Nódulos isolados no
cólon sigmoide podem ser assintomáticos ou causarem uma dor vaga no quadrante
inferior esquerdo que antecede um movimento intestinal. A endometriose do ceco
e do apêndice costuma ser assintomática. São raros os sintomas intestinais
obstrutivos quando apenas o sigmoide e o reto estão envolvidos, devido ao seu
diâmetro relativamente grande. Quando há sintomas intestinais obstrutivos, estes
são quase sempre por lesões obstrutivas do íleo terminal, que obstruem mais
rapidamente devido ao menor diâmetro do íleo.
Endometriose
diafragmática:
A endometriose do diafragmática é mais
comum na forma de uma lesão que envolve toda a espessura do hemi-diafragma
direito [3]. As pacientes se queixam de dor torácica ou no ombro direito.
Algumas vezes a dor se irradia para o pescoço ou porção superior do braço, e
pode ser interpretada como dor muscular, pois ela ocorre como se fosse um peso.
A dor pode ser agravada pela respiração profunda e algumas pacientes podem
dormir sentadas durante os episódios de dor diafragmática.
Endometriose
umbilical:
Esta se apresenta como um nódulo na
porção inferior do umbigo que pode crescer lentamente e ficar mais doloroso
durante a menstruação. Fora da menstruação, pode ser menor e menos doloroso.
Não é comum que os sintomas de
endometriose se iniciem após os 30 anos de idade. Nestas pacientes, deve ser
lembrada alguma outra causa ginecológica de dor, como a adenomiose uterina.
Sobre o doutor Alysson Zanatta:
Graduado e com residência médica pela Universidade Estadual de Londrina, doutor Alysson Zanatta tem especializações em uroginecologia e cirurgia vaginal pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), cirurgia laparoscópica pelo Hospital Pérola Byington de São Paulo e doutorado pela Universidade de São Paulo, USP. Suas principais áreas de atuação são a pesquisa e o tratamento da endometriose, com ênfase na cirurgia de remoção máxima da doença. Seus interesses são voltados para iniciativas que promovem a conscientização da população sobre a doença, como forma de tratar a doença adequadamente. É diretor da Clínica Pelvi Uroginecologia e Cirurgia Ginecológica em Brasília, no Distrito Federal, onde atende mulheres com endometriose, e Professor-adjunto de Ginecologia da Universidade de Brasília (UnB). (Acesse o currículo lattes do doutor Alysson Zanatta).
Estou no tratamento tomando gestinol 28 mas continuou com muita dor,estou tomando faz 6 meses já estou aguardando a consulta com o cirurgião mas contínua sangrando e muita dor ao evacuar...
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