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Após o sucesso do texto de estreia da coluna "Gestação do Coração", nossa querida Ane conta mais um passo que ela e seu esposo deram, aliás, dois: a entrevista com a psicóloga e com a assistente social. O protocolo de adoção no Brasil é rígido e tudo é averiguado, desde o local e como vive o casal, sua condição financeira, psicológicas, dentre muitas outras. Aos poucos Ane vai nos trazer esse novo mundo, com novas informações e estritamente importantes para quem pensa em gerar seu filho no coração e até mesmo estimular quem já pensou no assunto, mas que depois virou tabu, e até mesmo colocar em discussão a adoção que eles desejam: a tardia, algo mais raro hoje em dia quando pensamos em adoção. Só posso agradecer Ane por cada artigo, pois eu sou uma das que está aprendendo muito com seus textos. Beijo carinhoso! Caroline Salazar
Por Ane Bulcão
Após a correria do fim do ano, estou de volta para continuar minha
contando nossa saga em busca do meu tão sonhado filho que estou gerando em meu
coração. Primeiro desejo a todas(os) um excelente 2015, que ricas bênçãos do
Senhor esteja sobre a vida de cada um de nós, que o tão sonhado positivo se
concretize na vida de muitas endoguerreiras, se assim for a vontade de Deus, e
também que muitas possam realizar o sonho da maternidade por meio da adoção.
No artigo de hoje, vou contar como foi a visita da assistente
social e da psicóloga, que aconteceu no dia 29 de setembro de 2014. Nossa,
vocês nem podem imaginar como eu e Paulo ficamos eufóricos. Afinal de contas, a
gente tinha colocado os papeis no fórum no final de agosto e, não esperávamos
que, um mês após dar a entrada, já teríamos a entrevista, mas eu não me canso
de dizer que Deus é lindo!
Eu lembro que quando recebi a ligação sendo informada de que
no mesmo dia teríamos a visita da assistente social aqui em casa e a entrevista
com psicóloga no fórum, fiquei imensamente grata ao Senhor. Amigos nossos que
já adotaram nos disseram que entre colocar os papeis e serem chamados para o
primeiro contato demorou quase um ano. Estou falando isso para mostrar a vocês
que as coisas acontecem em nossa vida no tempo de Deus, cada um de nós precisa
passar por um determinado processo, que é único e intransferível, mas podem ter
certeza que cada fase é muito importante para nos prepararmos devidamente para
chegada do filho(a) tão sonhado(a) e esperado(a).
Confesso a vocês que na véspera da visita mal consegui dormir
(risos). Me virei de um lado para o outro a noite toda, mas enfim estava pronta
para este primeiro contato. Caprichamos na arrumação da casa como a gente
costuma fazer quando vamos receber uma visita não é verdade meninas? Essa era
uma das visitas mais importantes de nossas vidas. A assistente social chegou
cedo e logo começou a anamnese, fazendo questão de me deixar à vontade
conduzindo todo processo com serenidade. Foi um bate-papo gostoso e bem descontraído,
onde ela nos perguntou várias coisas, como por exemplo: por que queremos adotar
uma criança, como é a nossa rotina, qual nossa profissão, qual nossa renda
mensal entre outras coisas. Essas perguntas são muito importantes e devo dizer
que ninguém precisa se sentir invadido com tantas perguntas. Elas fazem parte
do protocolo como uma medida de prevenção e cuidado para com as crianças que
possivelmente serão adotadas pelos candidatos.
No decorrer da conversa fizemos questão de deixar claro que a
opção pela adoção não era apenas porque não podíamos ter filhos, mas que já era
um desejo do nosso coração e uma decisão consciente. Falamos que queremos fazer
adoção atípica, fora dos padrões convencionais. Com isso, ela se mostrou
profundamente entusiasmada com nosso relato, nos parabenizou e comentou que
desde que havia chegado a essa comarca nunca tinha atendido um casal com
convicções tão firmes e esclarecidas como a gente estava demonstrando ter.
Disse também que estava profundamente emocionada com a nossa história. Ao
ouvirmos isso nosso coração se aqueceu e se acalmou, e pudemos sentir que as
coisas estavam fluindo naturalmente e, assim, conseguimos nos desprender
daquela ansiedade própria de quem está sendo avaliado. Por fim a assistente
social já finalizando a visita fez uma breve inspeção em nossa humilde casinha
e se despediu nos desejando “boa sorte”.
Já no período da tarde, a segunda etapa era no fórum: a entrevista
com a psicóloga. Ao chegarmos lá devo dizer que essa entrevista foi um pouco
mais tensa que a primeira. Afinal vocês sabem bem que nesse momento cada
palavra ou gesto nosso estava sendo muito bem analisado por ela. Por isso
tentamos ao máximo demonstrar naturalidade. Foram feitas as mesmas perguntas da
assistente social, porém acrescida de muitas outras, como por exemplo: ela
afunilou bastante a questão da adoção tardia, querendo saber se estávamos com
essa opção por sentir “peninha” dessas crianças. Tranquilamente respondemos com
convicção nossas razões e motivações que nos levaram a essa opção: que é
permitirmo-nos nos deixar amar e ser amados por essas pequeninas vidas que
também têm direito de ter um lar. Depois ela fez um questionário com inúmeras
perguntas a fim de traçarmos o perfil detalhado da criança que queremos adotar,
com perguntas do tipo: qual a cor da criança, se aceita adotar criança
deficiente, com doenças crônicas, ou doenças tratáveis, soro positivo para
AIDS, se aceita adotar irmãos... E muitas outras perguntas que pareciam
infindáveis.
De todo processo até agora, essa foi a parte mais chata, pois em
um dado momento parecia que eu estava em um supermercado olhando nas
prateleiras “qual tipo de criança” levar. Mas a psicóloga nos explicou que esse
procedimento é extremamente importante não só para proteger a criança, como
também para ajudar muitos candidatos a adoção, que muitas vezes chegam lá com
uma visão bastante romântica ou até mesmo equivocada sobre a adoção. Graças a
Deus a psicóloga também ficou encantada com nossa escolha, nos parabenizou e
nos orientou a participarmos de um grupo de apoio a adoção. Ela disse que pela
forma como expomos nossas convicções e como nos portamos durante toda
entrevista, nós iríamos contribuir e ajudar a desmistificar muitos tabus sobre
a adoção nesse grupo.
A gente se despediu, fomos para casa esperançosos e satisfeitos
por ver o processo caminhando direitinho. Ficamos muito felizes por tudo e
imensamente gratos ao Senhor por sempre cuidar de nós. Agradeço muito por
compartilhar com vocês cada passo desta minha “gestação do coração”. Obrigada
pelo carinho do primeiro texto. Um dos motivos que aceitei escrever a coluna
quando recebi o convite da Caroline, foi justamente o que disse a psicóloga:
desmistificar e tirar os tabus sobre a adoção. No próximo texto falarei como
foi o encontro com o grupo de apoio a adoção que aconteceu no fórum em dezembro
do ano passado. Um beijo carinhoso e até o próximo artigo.
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