Na primeira "Com a Palavra, o Especialista" de 2015, o
doutor Hélio Sato responde dúvidas de duas leitoras sobre infertilidade. A
primeira é de extrema importância, pois aborda os exames que o casal precisa
fazer quando decidem engravidar. É válido lembrar que o tempo de
"engravidar" para a mulher com até 35 anos é de um ano, acima desta
faixa etária, a gravidez deverá ocorrer em até seis meses, caso contrário é
aconselhável que o casal procure ajuda médica para averiguar porque ainda não
engravidou. Outro lembrete é quanto a reserva ovariana da mulher.
Diferentemente do homem, a mulher já nasce com seu estoque de óvulos de toda
sua vida reprodutiva. A partir dos 32 anos, há uma queda nesse estoque, que se
acentua e cai cerca de 50% aos 35 anos. Hoje em dia, aquelas mulheres que
desejam ter filhos mais tarde, em especial, após os 35, muitas delas decidem
congelar os óvulos para preservar sua fertilidade. Saiba
mais sobre o congelamento de óvulos. A segunda questão é sobre a
fertilização in vitro e a inseminação artificial. Leia mais informações sobre
uma técnica e outra aqui.
Quando decidi engravidar fui ao consultório do doutor Hélio para
saber como estava minha fertilidade e, logo no exame para verificar minha
ovulação, descobri que estava com baixa reserva ovariana. Eu pensei que faria
apenas esse e alguns exames de sangue, mas foram alguns meses averiguando como
estava meu corpo e minha função reprodutiva. Dentre eles, fiz um que analisou
todos os meus genes chamado cariótipo (esse demora uns 40 dias para ficar
pronto), mas acho que o fundamental para a implantação da minha Bárbara foi a
biópsia do endométrio, onde descobri uma endometrite (inflamação no
endométrio), que foi prontamente tratada com três semanas de antibiótico forte.
A endometrite dificulta e muito a implantação do embrião. Leia sobre minha
história (parte
1 e parte
2). Beijo carinhoso! Caroline Salazar
-
Quais os exames necessários a serem feitos tanto na mulher quanto no homem
quando o casal está tentando engravidar e não consegue? Há diferenças nos
exames quando o casal tenta engravidar naturalmente ou por reprodução
assistida? Lilian S. - São Paulo - SP
Doutor Hélio Sato: Para
o homem é mais simples basta o espermograma, de preferência duas amostras com
intervalo mínimo de uma semana e com três dias de abstinência. E, se a contagem
for manual, ela ainda é mais precisa. Caso os espermogramas estejam normais,
não há necessidade de complementação de investigação.
Já a
mulher demanda no mínimo alguns exames de sangue, a histerossalpingografia ou a
laparoscopia com cromotubagem para avaliação das tubas. E, se estes exames
estiverem normais complementa-se a investigação com testes de ovulação,
investigação de endometriose, investigação genética, e outros dependendo da
suspeita clínica de cada paciente. Destaca-se que a avaliação da reserva
ovariana por meio de contagem de folículos antrais ou a dosagem de hormônio
antimulleriano deve ser feito em mulheres com suspeita de baixa reserva a fim
de ponderar a necessidade de acelerar o tratamento para a gravidez.
- Se a
qualidade do esperma for muito aquém das referências de normalidade ou se as
tubas estiverem obstruídas ou se houver urgência de gravidez, frequentemente, a
fertilização in vitro é considerada a primeira opção. Porém, esta decisão não
permeia apenas os parâmetros técnicos e devem contemplar o desejo do casal, a liberdade
financeira, os conceitos religiosos, a aceitação do insucesso e muitos outros.
Portanto, a consulta em situações de infertilidade deve ponderar todos os
detalhes para que se possa concluir com a opção mais adequada em todos os
âmbitos.
Em
caso de FIV e TE (transferência de embriões), anteriormente, ao início do
tratamento sugere-se que sejam feitos alguns exames e a rotina varia de clínica
para clínica, porém, os mais frequentes são:
·
Histeroscopia diagnóstica;
·
Biópsia endometrial;
·
Testes de infecções como HIV, hepatite B e C,
HTLVA I e II e sífilis.
- Sou portadora de endometriose e também tenho adenomiose. Vou
fazer 40 anos e, infelizmente, não consegui engravidar naturalmente. Já tentei
uma inseminação, sem sucesso. O espermograma do meu marido não deu 100%. Os
meus exames estão todos ok. Mas, por conta da minha idade e do resultado do meu
marido, seria mais indicado tentar de novo a IA ou partir direto para a
FIV? Anônima – São Paulo
Doutor Hélio Sato: O método depende muito da obstrução e ou desobstrução
das trompas. Se as trompas estão obstruídas a indicação é a FIV. Pois, o
encontro do espermatozoide e do óvulo ocorre na trompa e a obstrução impede o
encontro dos gametas. A inseminação consiste na injeção de espermatozoides
preparados e selecionados dentro do útero e, deste modo, os espermatozoides
precisam percorrer a trompa para alcançar o óvulo. Novamente reitero que a
obstrução tubária limita a fecundação.
A inseminação é uma alternativa indicada principalmente quando há
um fator masculino leve. Portanto, se for um fator mais relevante,
habitualmente, a indicação é a FIV e TE. Mas, outros parâmetros devem ser
avaliados, dentre eles, cabe destacar: a ansiedade do casal, a condição
econômica, a reserva ovariana, doenças associadas, etc...
Por este motivo, o médico que está acompanhando está normalmente
mais subsidiado em termos de informações e terá melhor opinião da situação. Boa
sorte!!
Sobre o doutor Hélio Sato:
Ginecologista e obstetra, Hélio Sato é especializado e endometriose, em laparoscopia e em reprodução humana. Tem graduação em Medicina, Residência Médica, Preceptoria, Mestrado e Doutorado em Ginecologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), e foi corresponsável do Setor de Algia Pélvica e Endometriose da mesma instituição.
Hélio Sato tem certificado em Laparoscopia pela Federação Brasileira das
Sociedades de Ginecologia e de Obstetrícia. É membro da AAGL “American Society
of Gynecology Laparoscopy” e é coordenador de pesquisas da clínica de
reprodução humana GERA e está à frente nas seguintes linhas de pesquisas:
endometriose, biologia celular e molecular, cultura celular, polimorfismo
gênico e reprodução humana. (Acesse o currículo Lattes do doutor Hélio Sato).
Dr Helio ou Carol, eu queria perguntar se é normal continuar sentindo colicas absurdas mesmo após a video? fiz a video há 6 meses e desde então fiquei tomando anticoncepcional ininterruptamente. há 2 meses parei com a pilula e em ambos meses a menstruação veio com um fluxo bem forte, com umas camadas espessas e muuuita dor que cheguei a ir ao pronto socorro. isso é normal? vou ter isso pro resto da vida?
ResponderExcluirOi Carolina fui diagnosticada com endometriose severa com 26 anos, fiz cirurgia para retirada de um cisto no ovario esquerdo. Fiz o tratamento recomendado pelo ginecologista e agora estou tentando engravidar e nao consigo, e ainda me apareceu um endometrioma de 2,2 cm. Ja tomei tres meses Clomid tive ovulacao mas nao consegui. Voltei com a ginecologista e ela me disse que o Clomid ainda pode ter efeito por mais tres meses, sinceramente minha esperanca esta pouca e pior ainda as dores estao voltando estou com medo de ter que fazer outra videolapariscopia. Mas estou tentando, pedindo a Deus que tudo de certo no final! As vezes choro sozinha, fico triste com tudo isso. Sou casada hoje e sempre tive vontade de ser mae. Oque devo fazer nesse momento. Obrigada Marisa.
ResponderExcluirSou diabética e três cesáreas , com 2 obitos, eu fiz a histerosalpingografia e detectou que eu estou com as duas trompas obstruídas. Seria arriscado a tentativa de desobstrução e tentar uma nova gestação.
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