Agora assumir que ele (o médico)
“fez cagada“ e não retirou a parte necessária para não provocar essa síndrome,
eles não assumem. Não adianta retirar todos os órgão se não retirarem todos os
órgãos, e em alguns casos de aderência dos ovaries na parede, é preciso retirar
essa parte tambem. Sim, a doença pode voltar nesse caso, mesmo sem os ovários.
Ficam colocando a culpa na coitada da mulher que, geralmente, nesses casos é
desacreditada por todos, da família aos amigos, e até desses que se dizem
especialistas. Por isso, quando for preciso fazer a cirurgia, tem de saber tudo
sobre a vida acadêmica e profissional do médico. Para isso existe o currículo
lattes, que é público e todo mundo pode ver. E quando a mulher pensa que
retirou os dois ovários e um belo dia faz um simples ultrassom e descobre que um
de seus ovários está lá. Um absurdo, mas acontece muito isso. Bom, vou deixar
com quem realmente entende do assunto, para vocês descobrirem que um dos
motives que a endo é tão enigmática. E lembre-se: escolher bem quem vai te
operar, que além de conhecer a doença, é preciso muito conhecimento e muita
técnica em laparoscopia, é fundamental para uma endomulher ter a tão sonhada
qualidade de vida.A tradução deste artigo foi autorizada pela minha querida H.R.G., a mesma que prestou a homenagem a nós no facebook do centro, e que trabalha com doutor Sinervo, no CEC. Não se esqueça de preencher nossa Ficha de Inscrição para a Marcha de Um Milhão de Mulheres para Endometriose (a Million Women March for Endometriosis), a primeira marcha internacional de conscientização, um evento inédito nunca feito antes para nehuma doença, idealizado pelos Estados Unidos. Até o momento, 23 países saíram ás ruas simultaneamente no dia 13 de março de 2014. Beijo carinhoso!! Caroline Salazar
Síndrome do Ovário Remanescente
Ou quando você removeu seus ovários e descobriu que tem um deles no
exame de ultrassom
Por doutor Ken Sinervo, do CEC
Tradução: Alexandre Vaz
Edição: Caroline Salazar
Outra potencial fonte de dor na
mulher que teve uma histerectomia com remoção de um ou dois ovários, é uma
condição chamada síndrome de ovário remanescente. Tipicamente, a paciente apresenta
dor no quadrante inferior, de um lado ou do outro. A dor pode ser bastante
forte. Pode desaparecer espontaneamente, ser persistente ou ocorrer com uma
periodicidade mensal.
A chave para o diagnóstico é ver uma
massa em ultrassom, TAC (nota da
editora: tomografia axial computadorizada) ou ressonância magnética.
Tratando-se de um cisto, estará localizado na região onde se encontravam os
ovários. As pacientes frequentemente dirão que não podem ter cisto ou tecido do
ovário, já que estes foram removidos. O médico frequentemente concordará com a
paciente. Quando uma massa consistente com um cisto de ovário é detectada após
uma ooforectomia (remoção do ovário), certos testes podem
confirmar a sua natureza ovárica. Se está fazendo terapia hormonal de
substituição, pode parar durante um mês e se não tiver afrontamentos e outros
sintomas da menopausa, isso sugere que o cisto tem natureza ovariana.
Também pode testar os seus níveis de
estrogênio quando não estiver fazendo a terapia de substituição hormonal
(tipicamente inferior a 30 pg/mL se tiver tecido ovárico presente). Bem como
uma análise ao sangue chamada FSH (Hormônio de Estimulação Folicular) que
apresentará também valores mais baixos do que o normal para uma mulher em
menopausa. O resultado da FSH (nota
da editora: hormônio produzido pela glândula pituitária que fica no
cérebro, e é o hormônio responsável pela ovulação) geralmente será maior que 30
se estiver em menopausa (o seu cérebro estará tentando simular a presença dos
ovários, mas não verifica um aumento no estrogênio que acontece quando os
ovários estão presentes. Então produz mais FSH para estimular os ovários a
produzir mais estrogênio). Quando a mulher é jovem e os seus ovários estão
intactos e a fertilização é viável, os níveis de FSH são geralmente inferiores
a 10. Então, uma mulher que tenha tido uma histerectomia com remoção de ambos
os ovários deverá ter um resultado de FSH superior a 30. Se não for o caso,
então provavelmente terá remanescência do ovário.
Como ocorre então essa remanescência
do ovário? Não existe crescimento de novo tecido ovariano. Ovário remanescente
ocorre quando o ovário é dissecado abruptamente da parede pélvica quando está
grudado ou fez uma cicatriz na referida da parede. Essa cicatriz é geralmente resultado
da endometriose que causa inflamação, e o resultado dessas inflamações é a
formação de aderências. Essas aderências frequentemente podem ser bastante
densas e fica difícil separar o ovário da parede pélvica ou do intestino que
pode ter cicatriz também.
Frequentemente o ginecologista usará
instrumentos ou as próprias mãos se o procedimento for realizado com recurso a
uma incisão grande, mas estarão deixando para trás pequenas porções do ovário
na parede pélvica. Estes pequenos pedaços de tecido ovariano podem gerar o seu
próprio suprimento de sangue e reagir como um ovário normal perante a
estimulação por FSH, produzindo hormônios e gerando cistos ovarianos. A
prevenção da ocorrência do ovário remanescente acontece com a remoção cuidadosa
do tecido da parede pélvica também, já que geralmente existe aí endometriose, e
a pretensão é minimizar a recorrência da doença. A maioria dos médicos não faz
isso, e o resultado não é apenas o ovário remanescente, mas também endometriose
nessa zona. A dor pélvica regressará meses ou até mesmo anos depois.
Já tratamos de uma centena de
mulheres com ovários remanescentes. Todos foram controlados com sucesso com
recurso a laparoscopia sem ser verificada a recorrência do ovário remanescente.
Nunca tivemos um ovário remanescente em uma paciente em quem tenhamos removido
um ovário, ou em histerectomia com remoção de um ou ambos os ovários. Tivemos
no entanto uma paciente que teve uma remanescência mas em uma localização
diferente, já que o tecido ovariano foi deixado em diferentes zonas da pelve e
apenas um dos remanescentes estava ativo durante a cirurgia inicial.
A cirurgia para ovário remanescente
pode ser muito exigente e se o médico não realizou algum destes procedimentos,
existe um risco acrescido de complicações para a paciente, e aumenta a
probabilidade de existência de ovário remanescente. Tivemos apenas uma paciente
que necessitou de duas cirurgias adicionais para remoção dos restos antes de
ter a cirurgia no CEC para finalmente os remover na totalidade. A razão pela
qual estas cirurgias são difíceis tem a ver com o fato de que podem existir
muitas cicatrizes e aderências que tornam a dissecação complicada, e o
intestino pode também ter aderências aos restos bastante densas. Muitos
ginecologistas serão relutantes em dissecar essas aderências densas pelo risco
de lesão no intestino.
Fazemos dissecações delicadas no
intestino de forma rotineira todas as semanas devido à natureza severa dos
casos de endometriose que nos chegam, incluindo pacientes em grau IV de endometriose
envolvendo o intestino. Esta competência única permite que confortavelmente
restauremos a anatomia normal e dissequemos os restos do intestino.
Outro fator que faz com que esta
cirurgia seja difícil para o cirurgião comum é que os restos geralmente estão
nas cicatrizes da parede pélvica, e o ureter e os grandes vasos pélvicos passam
nessa área. Muitos ginecologistas são relutantes em tratar essa área por receio
de causar lesão a essas estruturas. A endometriose frequentemente afeta a
região abaixo do ovário ou a parede pélvica (na verdade 30 a 40% das pacientes
possuem endo nesses locais). Fazemos a excisão da endo nesses locais
diariamente, e de forma rotineira dissecamos o ureter e os vasos pélvicos para
que a doença possa ser removida com sucesso. Essa prática de operar no espaço
retroperitoneal (área ocupada pelos ureteres e pelos vasos pélvicos)
permite-nos dissecar confortavelmente os restos ováricos dessas estruturas com
risco mínimo.
Se você tem dor pélvica recorrente
após ter tido uma histerectomia para a sua endometriose, ou outras doenças em
que os ovários possam ter sofrido lesões e aderido a outras estruturas, valerá
o esforço fazer um ultrassom e análises de sangue (níveis de estrogênio e FSH)
para despistar a existência de restos de tecido ovariano. Se tem histórico de
endometriose, dor recorrente e não existe a possibilidade da existência de
restos, poderá ser devido a endometriose persistente devido a um tratamento
menos correto quando realizou a sua histerectomia.
Fonte: CEC
Muito muito esclarecedor! Obrigada! Eu farei um video em breve e tenho um dos ovários aderidos ao reto. Também tenho adenomiose...então escolhi meu cirurgião a dedo dessa vez, pq o outro, por falta de competência, me abriu e fechou. Mas com certeza, será pauta da minha consulta com meu meu médico, nessa próxima semana, para saber qual será a conduta médica. Um grande bjo.
ResponderExcluirBom saber disso! Sou uma sofredora, não aguento mais!!!
ResponderExcluirFiz histerectomia e as dores persistiram , falei c médico e ele não acreditou em meus relatos , pedi um FSH e não estava na menopausa, fiz RM e lá estava o ovário tá recente, detalhe a Endometriose se espalhou e tenho dores fortíssimas, troquei de cirurgião e estou nos exames pré operatórios, deus nos abençoe 🙏
ResponderExcluir