quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

ENDOMETRIOSE: UMA EPIDEMIA OCULTA!

imagem cedida por Free Digital Photos


Depois do primeiro artigo do ano, onde entramos para a história ao atingirmos Um Milhão de Visitas, no texto de hoje mais uma tradução que rodou as redes sociais e algo que já falamos há tempos no A Endometriose e Eu: a endometriose está virando uma epidemia. Se este artigo do jornal inglês Daily Mail já diz que a endo está virando uma epidemia num país com cerca de 2 milhões de mulheres afetadas (claro, lá também a população é bem menor que por aqui), mas imagine só quando o Brasil revelar o número real de portadoras. Tendo como ponto inicial que a endometriose pode começar já na primeira menstruação, levando em conta que muitas meninas têm suas menarca aos 9, 10 anos, isso quer dizer que somos muito mais de 6 milhões, a conta oficial. Oras, não é de hoje que estamos falando isso. E em minha opinião, só mesmo a doença virando uma epidemia para os governantes fazerem alguma coisa. Faz tempo que falamos que a endo já é uma epidemia no Brasil, mas eu concordo com o título da matéria inglesa no caso da "epidemia oculta", porque poucos sabem disso. É tanta mulher descobrindo que tem a doença, que até quando estou no meu lazer tem sempre alguém pedindo ajuda. É impressionante!!   

O que me chamou atenção no texto foi quando ela se compara ao “Dr. Jeckyll e Mr. Hyde”. Li este livro quando estudava inglês para uma prova e achei muito interessante a história de um médico que cria seu monstro em laboratório. Esta é a tradução "O Médico e o Monstro". É extremamente complicado você portar uma doença de difícil compreensão da sociedade. Pior ainda ser incompreendida por inúmeros médicos. Se a mulher vai a 20 ginecologistas e nenhum deles diagnostica a doença, como ficamos? Com isso, muitas vezes nos enxergamos como monstros de  nós mesmas. Somos nossos próprios inimigos. E nos tornamos até inimigos das raras pessoas que nos compreendem. Por isso, não podemos esmorecer, precisamos nos unir para que nosso objetivo de reconhecimento da doença como social seja alcançado. O A Endometriose e Eu foi a primeira voz a reivindicar isso. Daí, surgiram outras. O que é muito bom, claro, pois quanto mais reivindicações, mais chances nós teremos. 

A doença não vai acabar de uma hora para outra, por isso, é preciso políticas sérias de saúde para ajudar as endo mulheres. E é nisso que a Marcha Mundial para Endometriose vai nos ajudar, pois será a união das portadoras do mundo todo (no momento 33 países), de especialistas e de todos que lutam por nós juntos num só dia, numa só voz. No dia 13 de março junte-se a nós e venha marchar conosco na Milhões de Mulheres Marchando contra a Endometriose e venha marchar conosco. Inscreva-seContinue votando no A Endometriose e Eu no prêmio TopBlog Brasil 2013(clique aqui e dê seu voto) e compartilhe a votação entre seus amigos. Beijo carinhoso! Caroline Salazar

Endometriose: uma epidemia oculta

Tradução: Alexandre Vaz
Edição: Caroline Salazar

A ex-apresentadora do tempo da BBC, Penny Tranter, sofre com uma doença dolorosa que afeta cerca de 2 milhões de mulheres no Reino Unido, mas que com frequência fica sem diagnóstico durante anos. Aqui, ela relata a sua comovente luta pela sua vida e fertilidade.

Recentemente uma delegação de portadoras formou um lobby perante o parlamento para que exista mais reconhecimento pela doença. Cerca de 500 mil mulheres são tão severamente afetadas nos seus relacionamentos, fertilidade, trabalho e desporto.

A endometriose é uma doença em que as células que revestem o útero surgem em outras áreas do corpo, geralmente na região pélvica. Mensalmente esse tecido cresce, quebra e depois sangra da mesma forma que o revestimento do útero. Esse sangramento interno não tem como sair do corpo. Isso leva a inflamação, muita dor e tecido cicatricial (as famosas aderências).

O tecido endometrial pode ser encontrado nos ovários, onde forma cistos. Sintomas clássicos são períodos longos, desconfortáveis, abundantes e dolorosos, dispareunia (dor durante a penetração) infertilidade, e letargia ou cansaço extremo.

Em média demora 7 anos para que a endometriose seja diagnosticada. No meu caso, posso dizer que sou um caso típico. Com 19 anos quando estava no colégio, as dores no meu estômago eram causadas por ansiedade perante os exames e ensaios escolares.

Com 20 anos, durante uma viagem no Inter-Rail com duas amigas, tive um pesadelo de período – abundante e longo – e o meu suprimento de produtos sanitários teve que esticar. Estávamos na antiga Iugoslávia e eu não conseguia comprar nada, pois não falávamos a língua. Quando tinha 23 anos, já casada, meus períodos continuavam a se agravar, agora junto com a dispareunia, fazendo com que a dor durante o ato sexual fosse cada vez maior.

Entre os 23 e os 25 anos visitei meu médico mais de 20 vezes com resultados diferentes. A pílula não ajudou, e por isso, me receitavam analgésicos cada vez mais fortes. Aos 25 anos, me indicaram um urologista para me confirmar a suspeita de Síndrome de Intestino Irritável (SII). Após examinar o meu estômago inchado e bastante sensível, ele falou que eu talvez tivesse endometriose e deveria consultar um ginecologista.

Antes disso, tive uma dor forte no meu abdômen, e meu marido mandou chamar uma médica que não fazia parte da equipe cirúrgica, e ela falou que provavelmente eu teria endometriose. Enquanto estávamos andando, ela me falou para descobrir uma boa ginecologista. Com 26 anos, foi diagnosticada com endometriose moderada a severa (grau III). Me deixaram com tratamento hormonal por 6 meses. Depois me recomendaram que não esperasse muito para constituir família.

Não existe uma cura milagrosa, embora algumas drogas com hormônios, cirurgia e terapias complementares possam aliviar a dor, preservar ou restabelecer a fertilidade e prevenir ou travar a recorrência da doença.

Pelo menos eu podia explicar para a minha família e amigos porque eu era tão “Dr. Jeckyll e Mr. Hyde”. Ninguém além de um de nossos amigos tinha escutado sequer o nome da doença. Esse amigo recomendou contatar a Sociedade Nacional de Endometriose da Inglaterra. Essa sociedade providenciou todo o tipo de informação essencial e interessante e eu pude ler sobre outras mulheres com a mesma condição.

Com 27 anos, após o tratamento hormonal, meu marido e eu tentamos ter um bebê. Nada aconteceu. Aos 28 anos, um novo médico descobriu que eu não estava ovulando corretamente. Além disso eu tinha dores fortes no lado direito do meu abdômen. Ele me colocou de novo fazendo tratamento hormonal.

Encontraram um cisto em meu ovário direito, grudado na parede abdominal. Era bastante doloroso e eu estava indo na consulta do meu médico para conseguir analgésico. Durante os dois anos seguintes, continuamos tentando ter um bebê. Com o passar de cada mês ficava mais complicado manter o otimismo.

Aos 30 anos de idade, tive uma laparotomia para lidar com o cisto ovariano e para tentar melhorar a minha fertilidade. Após alguns dias eu constatei que a minha dor tinha sumido, e passei a me sentir incrivelmente positiva. Meu médico me deu uma droga para fertilidade, a Clomid. Alguns meses depois tive a oferta para ocupar um lugar na BBC.

Com 31 anos, eu e meu marido nos mudamos novamente. Felizmente fui transferida para um outro médico muito bom e bastante compreensivo que trocou a medicação para Cyclofenil.
Aos 32 anos finalmente engravidei. Ver o scan, quando nosso filho tinha apenas 6 semanas de idade, foi emoção demais. Ele nasceu logo após meu 33º aniversário, em uma noite de Julho bem quente e úmida. Tive uma menina dois anos depois, sem ajuda de medicamentos para fertilidade.

A endometriose agora é mantida em remissão usando a pílula e felizmente não têm existido sinais de regresso – por isso estou com fé de não retornar mais a essa coisa de Jeckyll e Hyde.

Fonte: Daily Mail

Um comentário:

  1. Olá! Tenho 25 anos, desde os 14 sofro com muitas cólicas, por várias vezes cheguei a desmaiar, ir parar no hospital, noites acordadas fazendo compressas... um terror! Ultimamente elas só vinham piorando, perdi amizades por não entenderem que eu não "conseguia" sair pra festas, reprovei disciplinas na faculdade por faltas... Enfim, deixei de viver! Desde 2010 tomava anticoncepcional na tentativa de diminuir o sofrimento. Um dia, desesperada pedi ao meu médico que mudasse o anti pra um contínuo pq não aguentava mais menstruar. Ele pediu vários exames, foi quando fiz pela primeira vez a ultra transvaginal (março de 2013). Descobriram que eu tenho útero septado/bicorno (ainda não fiz a histeroscopia pra saber qual o meu tipo). Então ele me receitou Tâmisa 30 sem parar, os primeiros 5 meses foram ótimos, não menstruei, tive pouquinha cólica e enxaqueca. Depois comecei a ter pequenos sangramentos. Mas de outubro pra cá minha vida foi só dor! Dor abdominal, nas costas, nas pernas, dor pra urinar, dor pra espirrar, dor pra tudo! Suspeitei até de infecção urinária depois que tive que usar um salto em um evento e ao chegar em casa, além da dor imensa, tive um sangramento ao urinar. Resolvi ir no meu antigo ginecologista, foi quando ele diagnosticou a endometriose. Ele receitou o Allurene (começo amanhã) e ainda pediu mais exames... Além de triste, tô mais assustada! Não tenho planos de ser mãe agora, mas queria ser um dia. Mas a vida achando pouco um útero bicorno, ainda me presenteia com uma endometriose... Vocês conhecem mais casos de quem tenha os dois problemas?
    Preciso de muita força pra trabalhar esse ano, estamos em fevereiro e eu praticamente não saí da cama....
    Desculpa pelo comentário extenso, mas foi um desabafo!

    Abraços,

    Stephane, Fortaleza - CE.

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