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Nesta semana, a Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo
divulgou um dado assustador: sete mulheres são submetidas à cirurgia de
endometriose por dia nos hospitais públicos do estado. Isso mesmo! Em
2012 foram 2606 cirurgias em hospitais públicos no estado paulista. E o número só não foi maior por conta das greves, que ainda permeia uma ou outra especialidade. deste setor. Vou dar um exemplo. Uma cirurgia de uma leitora do blog, da Bahia, que veio a São Paulo em busca de tratamento, era para ter sido realizada entre
outubro e novembro deste ano, num ambulatório público especializado em endo que
indico. Porém, por conta da greve dos anestesistas, a cirurgia foi remarcada para fevereiro de 2014. Ela e o marido tiveram
de mudar de estado por conta do tratamento. Ela está em São Paulo desde
junho, quando foi pré-agendada a cirurgia. É rezar para não ter nenhuma greve até lá.
Com certeza, se o setor público fosse valorizado pelos
governantes, o número de cirurgias para endometriose seria muito maior que as
2606 cirurgias divulgadas na pesquisa. O que falta é política séria para esta
doença que devasta tanto a vida de mais de 10 milhões de mulheres no país e 176
milhões no mundo. E é para isso que eu
luto. Porém, precisamos mostrar que a endometriose não é apenas a causadora de
infertilidade. Precisamos mostrar que a endo destrói toda a vida de uma mulher.
Agora, o grande problema também é que ainda não temos tantos médicos aptos a diagnosticar
a doença, e muito menos os que sabem fazer a cirurgia por laparoscopia, a cirurgia indicada para
endometriose, já que diminui a chance das aderências. É preciso começar a
incentivar os estudantes de medicina a quererem se dedicar a esta especialidade. E ser um bom cirurgião em laparoscopia. Porém, antes de ser médico, é preciso
ser um grande ser humano, principalmente, para se tornar um bom especialista em endo. Porque é
a questão “humanidade” que está faltando em muitos especialistas que existem no
Brasil. É preciso não só entender nossas dores, mas querer ajudar a mulher com endo, é preciso também entender o psicológico das endo mulheres.
Precisamos mostrar o impacto que a doença causa em
nossas vidas. A endo acomete as mulheres no período mais reprodutivo de
suas vidas. É quando estamos iniciando a
vida acadêmica, ou terminando nossos estudos, quando estamos começando nossas
carreiras, ou quando temos de pará-la abruptamente e dar um tempo para poder
nos tratar (como aconteceu comigo! e aí esse fato causa uma revolta muito
grande em nós), quando estamos construindo relacionamentos e ou iniciando a vida familiar.
Ou seja, é uma doença destruidora no sentido literal da palavra.
Principalmente, para quem tem como consequência a dispareunia, a dor durante o
sexo. Além da dor forte da cólica, dores e sangramentos ao urinar e ou evacuar,
não conseguimos ter relação sexual. Dói muito, em muitos casos passamos a ter aversão ao sexo! No caso da dispareunia profunda, como a que
eu tive, ficamos também assexuadas. Ou seja, a endo é uma doença que causa muito
sofrimento às mulheres. Um ano e meio atrás ouvi a seguinte frase da minha endocrinologista: “Enquanto
a doença for relacionada somente à infertilidade, desculpe, Caroline, ela não
será levada a sério". Ontem durante o Pilates ouvi a mesma coisa da minha
companheira de aula.
E é justamente para isso que luto. É muito triste ver
mulheres perderem seus órgãos, e engana-se quem acha que são “apenas” os reprodutores.
Retirar esses órgãos femininos já é uma mutilação, é como o retirar o testículo
de um homem, agora imagine quem tem de retirar pedaços de intestino, da bexiga,
do diafragma e até mesmo do pulmão. Já contamos no blog histórias de leitoras
que tiveram endo em órgãos distantes da pelve (endometriose pulmonar, endometriose diafragmática, veja mais testemunhos aqui). A doença é devastadora e muito triste e pode acometer
qualquer órgão da mulher. Outra característica da doença é o fato de ela "pirar
a mulher". A doença mexe tanto com a parte psicológica, que muitas de nós somos
tidas como “malucas”, "bipolares" e até mesmo "esquizofrênicas". Muitas mulheres estão internadas
em hospitais psiquiátricos por algum distúrbio, mas o que elas têm é simplesmente
endometriose. Eu sei de um caso assim.
É por isso que eu luto vorazmente para mostrar que a
endometriose não é uma doencinha, como muitos pensam. É preciso mostrar que a
endometriose não é “a doença da mulher moderna”. Se ela existe antes mesmo de
Cristo, como pode se dar isso, meu Deus? Se a teoria de Sampson foi descrita na
década de 1920, como pode ser chamada de “a doença da mulher moderna?”
Sinceramente, eu não entendo essas mentes ignorantes. Enquanto ela
tiver esse estigma, com certeza, não seremos levadas a sério. Já foi comprovado que a endometriose é uma das 10 doenças mais dolorosas do mundo. A doença também é uma das causadoras de muitos suicídios entre as mulheres. Já relatamos o caso de uma americana no blog. Outra grande preocupação minha é quanto a abordagem que a mídia faz sobre a doença. A maioria das vezes errônea. E estou aqui para ajudar os jornalistas a entenderem o que de fato é a endo. E eu luto para
tirar todos esses estigmas. Por isso, a Million Women March for Endometriosis, a Milhões de Mulheres Marchando contra a Endometriose, que até o momento acontecerá
simultaneamente em 33 países no dia 13 de março de 2014, vai ser um marco em
nossas vidas.
Simplesmente pelo fato de a marcha ter sido idealizada
por um dos médicos e cientistas mais importantes do mundo, o doutor Camran
Nezhat, o precursor da cirurgia de laparoscopia, e que revolucionou a medicina.
Ele não está brincando quando diz que “não aguenta mais ver tantas meninas e
mulheres sofrendo com essa doença”, e por isso resolveu reunir as 176 milhões
de mulheres, suas famílias, amigos e quem mais quiser se juntar a nós. Fui
eleita por ele e sua equipe, a capitã da Marcha no Brasil, e será um prazer ter
todos conosco. Faça sua inscrição aqui e junte-se a nós na Marcha Brasileira, que
agora acontecerá em todas as cidades do Brasil, já que nesta primeira edição
seria inviável reunir todos em Brasília, como os Estados Unidos irão fazer. Eles
vão reunir 1 milhão de pessoas em Washington D.C. Ah, e junte-se a mim para que a endometriose seja reconhecida como uma doença social e de saúde pública, entre na campanha "Seja do Bem, vote pelo reconhecimento da endometriose como doença social e de saúde pública, Vote no A Endometriose e Eu, no prêmio TopBlog Brasil 2013". Conto com a ajuda de todos. Uma andorinha não faz verão sozinha! A união faz a força e juntos somos mais fortes. Meu próximo artigo será dedicado aos jornalista. Porque, na boa, já somos tão humilhadas diariamente, senão for para abordar o tema com a seriedade que ele precisa ter, é melhor não fazer matérias sobre a doença. Beijo carinhoso!!
Precisamos ser reconhecida pela saúde pública no Brasil como mulheres que precisam de tratamento ,medicamentos como o Allurene que ainda não tem no sus,mas que todas nós precisamos ,sentimos dores ,só quem porta essa doença é que sabe ,o governo precisa nos ver com outros olhos ,somos mulheres,votamos e todas nós temos que ter tratamento pela rede pública de saúde o sus ,a presidenta Dilma sendo mulher tem que nos ajudar porque urgentimente queremos ser tratadas como pessoas normais e dependemos do Allurene!!!!!...........
ResponderExcluirQual o caminho para se conseguir realizar a cirurgia onde procurar, endereço telefone de contato na unidade, hospital est.
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