De origem humilde, dr. Sagae cresceu na
lavoura e lutou para realizar seus sonhos e, dentre eles, estava o de ser
médico. Com fé e perseverança, ele superou seus obstáculos (assim como todas
nós, portadoras de endometriose!) e hoje é um dos mais renomados cirurgiões em endometriose do Brasil. Ele reinventou uma metodologia
que já existia para cirurgias ginecológicas, adaptando-a para a retirada de
focos de endometriose do intestino e de outros órgãos abdominais e sem fazer um
corte. E eu achei isso fantástico, já que em uma cirurgia sem cortes há menos
chance de uma mulher ter aderências, o tal grude que nos sufoca por dentro. Fico
orgulhosa em compartilhar esta brilhante iniciativa do doutor Sagae com vocês.
A medicina brasileira é considerada uma das mais avançadas do mundo, pena que o
sistema de saúde de nosso país não funciona, pois ainda não existe políticos
engajados de coração e alma em prol da saúde da população, em especial, à da
mulher. É uma pena termos tantas mentes brilhantes por aqui e elas não serem
valorizadas. E esse método desenvolvido pelo dr. Sagae foi inspirada na
técnica criada pelo doutor David Redwine, referência mundial em endometriose e laparoscopia, e
o idealizador deste procedimento para endometriose do reto septo-vaginal, que
tive o prazer de conhecer e trocar algumas palavras (escritas) pela internet e
que está se aposentando, após quase três décadas de dedicação a nós,
portadoras de endometriose. Outra descoberta deste brilhante brasileiro foi o diagnóstico laparoscópico da doença dentro do abdômen, onde é possível investigar todos os órgãos peritoneais, se eles foram acometidos pela doença ou não. Este método é chamado de COPE - Corrida dos Órgãos Peritoneais na Endometriose. Com vocês, a entrevista exclusiva com o doutor
Univaldo Etsuo Sagae, onde ele vai falar especialmente para você queridos (as)
leitores (as) do A Endometriose e Eu. E continue votando no blog, no Prêmio Top Blog Brasil 2012. É o pioneiro e o
mais acessado do mundo em endometriose, na luta pelo reconhecimento da doença
como social e de saúde pública. Passo a passo, aqui. Beijos com carinho!
A
ENDOMETRIOSE E EU - Como
é essa nova cirurgia criada pelo senhor?
DR.
SAGAE – Inicialmente,
é preciso salientar que a Endometriose é uma doença multifocal, que pode atingir
vários locais do abdômen; há uma posição local que ela atinge que é um dos
grandes desafios do cirurgião, que se localiza entre o reto e a vagina e
chamamos de Endometriose do Septo Reto-Vaginal. Ela se manifesta de forma
clínica, tanto ginecológica quanto proctológica, gastrointestinal, dificultando
a evacuação, menstruação e a atividade sexual. Por localizar-se nessa posição,
ela invade o reto e a vagina e muitas vezes para remover essa doença, é preciso
remover também um pedaço do reto, do intestino e da vagina. O que fiz foi criar,
aproveitando a abertura da vagina, essa técnica que consiste na retirada do
intestino pela vagina, ao invés de fazer um corte na barriga, pois é possível
“soltar” todas essas lesões do reto, da vagina e outras lesões que há no abdômen,
pela videolaparoscopia. Quando a lesão é muito grande, é preciso fazer um corte
maior para a retirada da peça. E já que há a abertura na vagina, eu tiro a
lesão por ali. Esse é o segredo da cirurgia - não é preciso fazer incisões
abdominais, não precisa haver dor nem cicatriz em uma cirurgia do intestino.
A Endometriose e Eu - Qual é o nome desta técnica cirúrgica?
Dr. Sagae - O nome da cirurgia é Retossigmoidectomia
Videolaparoscópica com retirada do intestino pela vagina, conhecida hoje como
cirurgia de NOTES (sigla para Natural Orifice Translumenal Endoscopic
Surgery, em português, Cirurgia endoscópica transluminal por orifício
natural).
A Endometriose e Eu - É apenas para o aparelho digestivo? Se não, quais outros
órgãos?
Dr. Sagae – Esta técnica foi desenvolvida há um século para retirar os órgãos ginecológicos. Há muito tempo, portanto, se tira o útero, ovário e trompa pela vagina e às vezes, drenagem de infecções também, mas nunca havia sido proposta a retirada de outros órgãos. Com a publicação de minha técnica, em 2005, outros médicos viram que era um acesso factível para a retirada de outros órgãos como, por exemplo, apêndice, vesícula e rim. Atualmente desenvolvo um trabalho para retirada de fígado, baço, pâncreas e estômago.
Dr. Sagae – Esta técnica foi desenvolvida há um século para retirar os órgãos ginecológicos. Há muito tempo, portanto, se tira o útero, ovário e trompa pela vagina e às vezes, drenagem de infecções também, mas nunca havia sido proposta a retirada de outros órgãos. Com a publicação de minha técnica, em 2005, outros médicos viram que era um acesso factível para a retirada de outros órgãos como, por exemplo, apêndice, vesícula e rim. Atualmente desenvolvo um trabalho para retirada de fígado, baço, pâncreas e estômago.
A Endometriose e Eu - Quanto tempo o senhor levou para desenvolver esta técnica,
da ideia à concepção?
Dr. Sagae – A ideia surgiu em 1998 e desenvolvi a técnica em
2000, começando a realizá-la em 2000 e 2001.
A Endometriose e Eu - Por que teve esta ideia?
Dr. Sagae - Quem me levou à essa ideia foram os próprios ginecologistas,
pois eles tiravam o útero e ovário pela vagina e então comecei a pesquisar um
autor americano, o cirurgião ginecológico David Redwine, que tirava os nódulos
da endometriose reto septo-vaginal pela vagina (ele tirava um pedaço da vagina
e uma “tampa” do reto). Aí pensei, “por que não tirar o reto e o intestino
pela vagina?” Hoje tiro até o intestino inteiro.
A Endometriose e Eu - O senhor contou com parcerias?
Dr. Sagae – Sim, contei com a parceria de alguns ginecologistas
de Cascavel e São Paulo e dos colegas daqui da Gastroclínica Cascavel.
A Endometriose e Eu - Quais os benefícios desta nova cirurgia em relação à
antiga?
Dr. Sagae – No início houve grande resistência da comunidade
médica devido às dúvidas de seus benefícios, mas hoje comprovadamente o seu
resultado de cura é semelhante às demais técnicas cirúrgicas, tendo um índice de
sucesso também semelhante. Quanto aos benefícios, podemos falar sobre a
diminuição da dor, breve recuperação da paciente, possibilitando rápido retorno
ao trabalho e a satisfação da paciente em não ver nenhum corte abdominal. Isso
faz com que se sinta psicologicamente muito melhor, sem falar nos riscos que os
cortes oferecem, como hérnias e aderências, o que não ocorre com esta técnica.
A Endometriose e Eu - Quantas cirurgias foram realizadas com esta nova técnica?
Dr. Sagae – Fiz mais de cem cirurgias, em vários estados do
país, entre eles, São Paulo, Ceará, Santa Catarina, Paraná, entre outros.
A Endometriose e Eu - Apresentou para algum país? Quais?
Dr. Sagae – Esta ideia já foi mostrada em vários países,
entre eles, EUA, Grécia e países da Europa.
A Endometriose e Eu - Algum outro médico no Brasil está apto a fazê-la?
Dr. Sagae – Sim, há vários centros médicos no Brasil
iniciando esta técnica. Caroline, quero aproveitar a oportunidade já que você é
uma estudiosa do assunto e informar que pelo fato da endometriose ser uma
doença multifocal - como falei no início da matéria - desenvolvi também uma
técnica de diagnóstico laparoscópico da
doença dentro do abdômen, com inventário (investigação) de todos os órgãos peritoneais,
porque qualquer órgão dentro do abdômen pode ser acometido pela endometriose e
o que acontece nessa doença é que invariavelmente, os médicos não examinam
todos os órgãos. Cada especialista examina o órgão de sua área de atuação
médica, por exemplo, o ginecologista examina o órgão ginecológico, o
gastroenterologista vai examinar os órgãos gastroenterológicos e assim por
diante. E na verdade essa doença pode acometer qualquer um desses órgãos. Então
é obrigatório hoje fazer um inventário da cavidade, examinar todos esses
órgãos, para não correr o risco de deixar lesões residuais em algum ponto do
abdômen ou algum local desses órgãos. Essa técnica de diagnóstico foi padronizada
e conhecida como COPE - Corrida dos Órgãos Peritoneais na Endometriose, que é a
tese defendida em meu mestrado na USP, em 2005.
SOBRE O DR. UNIVALDO ETSUO SAGAE:
Univaldo Etsuo Sagae nasceu em Rancho Alegre, no Paraná, e possui graduação em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (1981), especialização em Cirurgia Geral pela Universidade de São Paulo (1985), especialização em Coloproctologia pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia (1988), especialização em Cirurgia do Aparelho Digestivo pela Universidade de São Paulo (1991), especialização em Cirurgia do Aparelho Digestivo pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (1997), especialização em Cirurgia Oncológica do Aparelho Digestivo pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (2001), residência médica pela Universidade de São Paulo (1984) e residência médica pela Universidade de São Paulo (1986), além de mestrado em Medicina (Cirurgia do Aparelho Digestivo) pela Universidade de São Paulo (2005). É professor da disciplina de Gastroenterologia e Cirurgia do Aparelho Digestivo Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
Grazi, querida!!
ResponderExcluirEspero que vc esteja bem! O dr. Univaldo é do Paraná, se vc morasse lá ou próximo, com certeza falaria para vc ir nele. Em São Paulo, eu indico meu coloproctolgista que me operou e me livrou das dores, o dr. Roberto Hiroshi. Ele atende a vários convênios, vc pode me enviar um e-mail com o pedido, pois não deixo nenhum telefone no blog, pois não sabemos quem está atrás do computador. Inclusive, amanha vou lá e falarei sobre vc: carolinesalazar7@gmail.com Espero por vc. Beijos com carinho!!
Sou do Paraná e gostaria de consultar com o Dr Univaldo, vc pode fornecer o contato. obrigada Gislaine
ResponderExcluirOlá Gislaine!
ExcluirEspero que esteja tudo bem com você.
Por favor, envia um e-mail para carolinesalazar7@gmail.com e solicite a Caroline os contatos do Dr. Univaldo, pois por questões de segurança não são postados os contatos dos médicos aqui no blog.
Beijos, com carinho
Hosana Santana
Muito interessante esta nova técnica. Bom artigo!
ResponderExcluirBjs
Oi Carla!
ExcluirEspero que esteja tudo bem com você.
Também achei bem interessante a técnica.
Beijos, com carinho
Hosana Santana
Oi, eu tambem tenho muita dor na hora de ter relação com meu namorado, nao aguento nao aguento e nao aguento, parece que tem algo no caminho impedindo a entrada do penis, fiz exames e constou um septo no canal vai ser necessario cirurgia, vc sabe me dizer se essa cirurgia tem algum risco? quais sao ? e sobre ter filhos, tem alguma coisa ah ver?
ResponderExcluirObrigadúuu.
Oi anônima!
ExcluirTudo bem?
Não somos médicas, apenas portadoras de endometriose, esclarecemos dúvidas relacionadas a endometriose como portadoras dessa doença, algumas dúvidas são passadas ao ginecologista especialista em endometriose, mas são passadas a ele apenas perguntas referentes a endo.
As dores presentes na sua relação sexual é por causa do septo. Algumas mulheres não sentem dores, já outras além da dificuldade na penetração, sentem muita dor. Os riscos da cirurgia são os mesmo de qualquer outra. Você precisa estar bem de saúde e passar por uma avaliação com anestesista. Não tem nada a vê com ter filhos. A presença do septo impede apenas que você tenha um parto normal devido ao estreitamento do espaço da vagina. Mas uma correção cirúrgica resolve o problema e você vai ficar bem.
Boa sorte!
Beijos, com carinho
Hosana Santana
Ola,gostaria de saber se e normal sangrar pelo anus durante o período menstrual já fui no proctologista não constou endometriose ,meu útero e retrovertido o medico disse que e 90 graus mas voltando ao sangramento anal o que pode ser?
ResponderExcluirOi meninas o Dr Sagae vai fazer a minha cirurgia para retirada da endometriose intestinal amanha dia 30/3 espero que tudo corra bem. Bjos ate
ResponderExcluirConta pra gente como foi...
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