Vanessa Rodrigues e sua avó, Maria José Rodrigues |
A endometriose ainda é uma doença cercada de mitos. Um deles é a
questão de a doença atingir apenas mulheres "em idade reprodutiva". O
que seria idade reprodutiva? Já a partir da primeira menstruação? A maioria dos
médicos cita que "a endometriose atinge as mulheres em idade reprodutiva entre 15 a 45 anos de idade". Na semana que
contamos a
história da leitora adolescente Clara Flaviane, de 16 anos, recebi
parte do depoimento da mineira Vanessa Rodrigues, de 22 anos, falando que sente
os sintomas da endometriose desde sua menarca, aos 12 anos. É mais uma história real comprovando que a endometriose não tem idade. Vanessa sempre passou muito mal
durante seu ciclo menstrual, teve sua doença confundida com outra - ovário
policístico, como acontece em muitos casos - e começou a
tratar essa outra doença que ela não tinha com anticoncepcional contínuo. Ela
ficou bem por um tempo, já que os sintomas da endometriose foram mascarados
durante este tempo, mas de repente as dores voltaram piores do que eram e o fluxo que já
era intenso, piorou e ela teve de usar fraldas para conter o sangramento. Este
testemunho é mais uma prova que a doença não escolhe idade para acometer uma
mulher. Apesar de ainda muito jovem Vanessa perdeu parte de seus órgãos reprodutores já na primeira cirurgia. Há tempos falamos no blog sobre endometriose em adolescentes - leia o texto do médico e cientista americano doutor David Redwine e do cientista inglês Matthew Rosser. Infelizmente a endometriose pode acometer qualquer mulher, das mais jovens às mais velhas. Estima-se que 2/3 das adolescentes que sofrem com dor pélvica
crônica e dismenorreia (dor durante a menstruação) têm endometriose. Destas 1/3
tem a doença de moderada a severa. É um dado que assusta bastante. Mas nossa união em propagar a correta informação sobre a doença ajudará a derrubar esses mitos da endometriose. Por isso é muito importante compartilhar os textos do A Endometriose e Eu e espalhar a correta conscientização da endometriose. Beijo carinhoso! Caroline Salazar
"Meu
nome é Vanessa Maria Rodrigues Pessoa tenho 22 anos, moro em Uberlândia, Minas Gerais, e há pouco mais de um ano, em maio de 2016, descobri ser
portadora de endometriose. Menstruei pela primeira vez aos 12 anos. Meu ciclo
sempre foi desregulado e sentia muita cólica. Com o passar dos meses, a dor
aumentava gradativamente. Fui me acostumando com essa cólica e a tratava com
remédios para dor cada vez mais fortes. Todo mês era um sofrimento enorme, as
cólicas menstruais eram tão fortes que chegava a ter crises de choro, tinha
enjoo, vomitava, atacava a enxaqueca, e não queria conversar e nem ver ninguém.
Aos
13 anos, pela primeira vez, uma ginecologista, após meu relato de dores fora do
comum e com fluxo sempre desregulado, e depois de alguns exames, disse que eu
tinha ovário policístico. Ela me receitou Gestinol 28 de uso continuo durante
seis meses. Com o uso do medicamento não menstruei durante este período. As
dores não eram mais tão intensas, como não sentia mais as dores fortes, após os
seis meses parei com o anticoncepcional e voltei à minha rotina normal. Quando
retornei ao ginecologista, como era da rede pública pelo SUS, não foi a mesma
médica que me atendeu. Então, foi feito apenas os exames de rotina.
Quando
completei 17 anos, em 2012, senti que as dores voltaram. Até então meu fluxo continuava
bem desregulado, passava meses sem menstruar, porém, quando acontecia meu ciclo
era maior que 10 dias e tinha de ir sempre ao pronto-socorro para conter o
sangramento e tomar remédios na veia. A cada ida ao pronto-socorro as doses de
remédios eram mais fortes, a dor passava e eu adiava novamente minha ida ao
ginecologista.
Em
2013 comecei a notar que os sintomas que sentia pré-menstrual não aconteciam
com mais ninguém próximo a mim. Procurei novamente um ginecologista e outra vez
foi me receitado Gestinol 28 para uso continuo e acompanhamento mensal. Com o
passar de alguns meses, mesmo tomando esse anticoncepcional pela segunda vez,
meu ciclo continuou muito desregulado, tive de usar fraldas para conseguir
conter todo fluxo. Procurei a unidade médica e lá fui medicada para conter o
fluxo intenso e as dores.
Todos
os sintomas que sentia foram piorando, as cólicas, as dores na perna esquerda, dor
ao evacuar em alguns casos, dores agudas na região pélvica próxima da coxa esquerda
como se fossem ficadas. Em 2016, eles
passaram a ser constantes e a dor era dia e noite, 24 horas por dia e começou a
prejudicar minha vida profissional. Nesta época eu era vendedora, não conseguia
ficar em pé por muito tempo. Já não tinha posição para ficar. No período
menstrual todos os sintomas que relatei aumentavam de tal maneira que tinha de
ser hospitalizada, mas nunca tinha um diagnóstico fechado. Sempre tomava os
medicamentos para dor, inclusive, morfina, mas nenhum médico descobria o que eu
tinha.
No
mês seguinte, fui internada novamente e quando falei todos os sintomas que
sentia
para
o médico de plantão, ele já falou que a suspeita era endometriose. Após o ultrassom
pélvico ficou constatado um aumento volumétrico de formação cística em meu
ovário esquerdo, medindo cerca de 5,2 cm, podendo corresponder a endometrioma (leia o texto "O verdadeiro significado do endometrioma de ovário). Após
alguns exames minha médica me informou que o caso era de cirurgia, mas ela não
realizava esse procedimento. Me indicou alguns médicos no mesmo hospital onde
ela trabalhava e consegui um para me operar. Foi feito todo o processo para a
cirurgia, novos exames de sangue, pedido de internação para o convênio, ultrassom
e ressonância magnética. Quando faltava menos de uma semana para o que eu
acreditava ser o fim dos meus problemas, ao entregar o resultado dos exames, o
exame de sangue CA 125 estava muito alterado com 113,1U/ml. Então, o médico me
informou que pelo tamanho da alteração ele não correria o risco de me operar, e
me comunicou que esse exame em especifico se tratava de um indicador tumoral.
Fui encaminhada para um médico cirurgião oncológico em minha cidade e, desta
vez, eu fiquei sem saber o que fazer, não estava sabendo lidar com a última
notícia e até o momento eu nunca tinha ouvido falar sobre cisto, muito menos
sobre endometriose.
Depois
de alguns dias esperando para a consulta com o novo médico, ele me explicou que
devido ao tamanho e ao estado avançado do meu cisto era normal este marcador
estar elevado, que pelas imagens e pelos laudos de meus exames não se tratava
de um tumor e sim de endometriose. Este médico me indicou a outro médico, desta
vez um amigo dele, mas sinceramente depois de passar por vários médicos eu
estava ficando desacreditada que algum deles fosse realmente me operar. Já era
agosto quando consegui uma consulta com o doutor Leonardo. Ele me examinou e me
explicou todos os riscos que teríamos. Falou sobre a dificuldade para me operar
também por eu ser obesa, e deixou muito bem explicado que apesar dos laudos e
das imagens dos ultrassons e das ressonâncias não saberia o que realmente
poderia encontrar quando começasse o processo cirúrgico e que faria uma
videolaparoscopia. Dei entrada nos papeis para a cirurgia e durante um mês todo
cravei uma briga com o convênio médico que não queria liberar minha cirurgia.
Após muitas ligações, laudos e provas de que precisava com urgência dessa
cirurgia conseguimos marcar para o dia 18 de outubro de 2016.
A
cirurgia teve algumas complicações. O cisto tomava conta de todo meu sistema
reprodutor, foi necessário retirar todo ovário e trompa do lado esquerdo, tive
sangramento e focos no intestino e na bexiga, dois cistos menores em meu ovário
direito, que foram retirados preservando meu ovário e trompa. No dia seguinte a
cirurgia já estava de alta voltando para casa. Ele pediu repouso de 15 dias e
retorno com 30 dias de cirurgia. Foi feita biópsia do cisto retirado e também
do ovário e da trompa. Para minha alegria foi constatado que não se tratava de
tumor e sim de endometriose. Tive todos os cuidados médicos, retornei ao
consultório, vi toda a cirurgia e confesso que jamais imaginaria o tamanho do
cisto se não o tivesse visto pelo vídeo. Comecei a tomar o dienogeste 2mg uso
continuo durante seis meses onde retornarei para fazer novos exames. Espero que minha história ajude alguma menina que passa mal durante a menstruação, pois não é normal sentir dor. Beijo carinhoso, Vanessa".
Pois é...É muito sofrimento mesmo...Eu tô passando por este problema, mas no diagnóstico acusa outros problemas, e nenhum médico se interessa pelo meu caso, hoje eu tenho 33 anos e minha vida profissional foi afetada, já perdi 2 empregos por motivo das dores q sinto , sempre preciso ir ao pronto socorro pra tomar medicamentos pra dor, são dores agonizantes, não consigo ficar em pé, vômito ,dores de cabeça já cheguei a desmaiar de tanta dor. Nos meus exames acusam ovários micropolicisticos e cisto folicular e mioma tmb,mas não tenho os sintomas de ovários micropolicisticos, não tenho pêlos excesso e nem sangramento excessivo ( já tive...De ficar 2 meses menstruando sem parar...Hoje não mais). Mas na semana q vem a menstruação pra mim é muito doloroso e no dia q vem é bem pior... Dizem q preciso fazer a cirurgia de retirada dos ovários mais tenho 33 anos, casada e SEM FILHOS (por conta desse problema, é o pior DESEMPREGADA e sem condições nenhuma de pagar por exames q necessito q é o CA-125, ressonância e videolaparoscopia... Tô desesperada e de mãos atadas
ResponderExcluir17.07.2017 realizei minha quarta cirurgia para retirarda de Endometrioma 13 cm.
ResponderExcluir( 05/2016 - retirei o Utero e trompas e focos de endometriose) - houve uma melhora das dores porem meses depois cresceu o endometrioma.
Tenho dores sempre - dor na coluna cronica. Os exercicios e longas caminhadas diarias fortalecem meu corpo e me ajudando assim no pós operatorio.
São 10 anos de luta - 7 O.ps contra a endometriose.
Tenho dores intensas quase sempre.
Que Deus abençõe todas nós
Olá,
ResponderExcluirVocês conhecem algum especialista em endometriose que atenda em Florianópolis? Sempre tive vários sintomas da doença e minha ginecologista nunca investigou mesmo eu sofrendo muito com os sintomas e já tendo caso na família de endometriose...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEstou aprendendo muito neste Blog!
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