Neste mês, devido ao excesso de trabalho do doutor Hélio
Sato, a “Com a Palavra, o Especialista”, atrasou um pouco e terá apenas duas
perguntas. A primeira vai sanar a dúvida de muitas mulheres. Para quem tem
endometriose profunda e quer engravidar, a grande questão: fazer a FIV ou a
laparoscopia primeiro? Esta é uma pergunta recorrente nos comentários do blog,
em muitos emails que recebo e também em diversos comentários dos grupos de
apoio no mundo todo que participo e dou suporte. Uma pena que a leitora desta
pergunta identificou-se apenas como Ana Lu e não conseguimos saber de onde ela
era. Por isso, peço a vocês ao deixarem suas perguntas, o ideal é colocar nome
e um sobrenome ou as iniciais do nome (para quem não quiser se expor), a cidade
e o estado onde moram. E a segunda pergunta é da nossa querida Patricia Gastadi
Gouvêa, de Vila Velha, no Espírito Santo. Além da endometriose pélvica, a Paty
tem também no diafragma. Ela quer saber se o Mirena (o DIU de plástico) atua também para a endo
chamada de “extra pélvica”. Como a coluna atrasou, ela já operou e já colocou o
Mirena. Bom, eu sou supersuspeita para falar do Mirena, uma das grandes bênçãos
de minha vida em 2012. Espero do fundo do meu coração, que ela se adapte tão
bem a ele quanto eu. Quero que todas minhas endoirmãs sintam como é a sensação em ter a maior parte de seus dias sem dores ou com uma dor bem. É assim que estou a poucos dias de
completar sete meses após minha segunda videolaparoscopia. Só assim, com a qualidade de vida de volta, é que podemos "tentar" viver
melhor com a endometriose. Por que viver bem com ela, infelizmente, é uma
tarefa quase impossível e é uma realidade muito distante e inexistente para a
maioria das portadoras desta terrível doença, que, infelizmente, não é levada a
séria nem por nossos governantes e, principalmente, por muitos médicos ginecologistas. Mas isso é um assunto que vai apimentar um dos
próximos posts do blog. Quer ter sua dúvida esclarecida aqui? Deixe-a neste artigo! Beijos com carinho!!
- Uma mulher com
endometriose profunda que quer engravidar, ela deve primeiro fazer uma
videolaparoscopia para retirada dos focos ou pode tentar uma fertilização in
vitro? Qual a melhor opção? Ana Lu
Doutor Hélio Sato: Esta é uma questão ampla e depende de diversos fatores:
1- A idade da mulher: Se a idade for acima de 35 anos, o potencial
reprodutivo inicia declinar mais rapidamente. Neste caso é um ponto para partir
para a FIV primeiro.
2- Reserva ovariana: Atualmente, há modo de estimar a reserva de óvulos com relativa precisão por meio de alguns exames (US com contagem de folículos antrais, dosagem de hormônios antimulleriano, dosagem de FSH e estradiol no segundo ou terceiro dia do ciclo), mas, estes exames não avaliam a qualidade funcional dos óvulos, apenas estimam a reserva (quantidade). De todo modo, a reserva baixa e especialmente muito baixa favorece a FIV.
3- Tempo de infertilidade e desejo reprodutivo: Se o tempo de infertilidade for muito longo e o desejo for imediato, convém discutir que habitualmente aguarda-se 6 meses após a cirurgia para tentativa de gravidez e, portanto, há necessidade de paciência. Assim, há necessidade em esclarecer as possibilidades.
4- Avaliação do fator masculino: Se o espermograma do parceiro estiver com potencial diminuído confirmado em pelo menos duas amostras, de preferência com contagem manual, e se não há possibilidade de reversão, especialmente, se for um potencial muito baixo, habitualmente, opta-se pela FIV.
5- Se a intensidade da dor da endometriose for muito intensa, convém tratar a endometriose antes, pois, a qualidade de vida tem que ser suficientemente boa. Ponto para o tratamento da endometriose.
6- O tratamento de FIV tem alto custo e não há como garantir sucesso e a disposição em saúde pública é restrita e a maioria dos locais que faz o tratamento em instituições públicas não consegue fornecer as medicações que também contribuem muito para o custo final do tratamento e o tempo de espera via de regra é muito longa. Portanto, ponto para o tratamento da endometriose.
7- Se o casal não aceita a FIV por razões religiosas, pessoais, etc.... A única alternativa é tratar a endometriose e investir na gravidez natural, mas, sempre de olho na endometriose, pois, todo mês que o casal tentar e a gravidez não vier, virá a menstruação e, assim, poderá recidivar a endometriose.
8- Estes são alguns fatores que são considerados na decisão, mas a conversa e o esclarecimento com o casal é fundamental para a escolha do tratamento. Pois, muitos entendem que basta tratar a endometriose que a gravidez virá ou basta fazer uma FIV e a gravidez virá, mas, infelizmente, os resultados podem não ser tão diretos e de sucesso. Contrariamente, muitos casais relatam que testemunhou casos de insucessos de FIV ou de cirurgia de endometriose e assim acham que sua experiência será negativa. Havendo estas circunstâncias, é fundamental desmitificar sobre os tratamentos para a consciência da decisão.
2 - O DIU Mirena bloqueia a endometriose tida como extra pélvica? Além de endometriose na pelve, tenho também no diafragma e quero saber se o DIU de Mirena bloqueia a ação do estrogênio na endometriose fora dela. E qual diferença entre a eficácia do DIU de Mirena em relação aos anticoncepcionais à base de progesterona como Cerazette, por exemplo. Patrícia Gastaldi Gouvea, de Vitória, ES
Doutor Hélio Sato: O DIU de Mirena é um dispositivo que fica dentro do
útero e libera a progesterona diariamente. Esta progesterona faz ação,
principalmente, no endométrio (epitélio que reveste o útero internamente). Sua
eficácia em termos de controle das queixas da endometriose é em torno de
90%. Inclusive, existem alguns estudos que apontaram melhora da endometriose em
locais mais distantes como o septo reto-vaginal. Porém, a ação no diafragma
suponho (reitero, acho que...) pode não ser eficaz, mas, se os implantes no
diafragma forem superficiais e os sintomas forem poucos, podem melhorar
espontaneamente. Mas, não há estudos que comprovem a eficácia do Mirena em
implantes no diafragma. Mas, se a medicação vigente estiver controlando a
endometriose e os efeitos colaterais forem discretos, não mudaria o plano
terapêutico. A diferença do Mirena com outras progesteronas é sua ação
predominantemente no endométrio e sua praticidade, ou seja, após a colocação
não há preocupações em tomar, aplicar ou injetar periodicamente a progesterona.
Em minha opinião, o que restringe o uso mais frequente é o seu preço. Porém,
ele tem a durabilidade de cinco anos. Mas, antes de optar pelo Mirena é
importantíssimo avaliar outros parâmetros como o Papanicolau, ultrassom da
pelve, intensidade dos sintomas, profundidade e localização da endometriose,
desejo reprodutivo a curto, médio ou longo prazo, situação matrimonial, etc....
Assim, sugiro conversar com o seu médico, antes de qualquer decisão.
Sobre o doutor Hélio Sato:
Ginecologista e obstetra, Hélio Sato é especializado e endometriose e em laparoscopia. Ele tem graduação em Medicina, Residência Médica, Preceptoria, Mestrado e Doutorado em Ginecologia pela Universidade Federal de São Paulo. É pesquisador principal de projeto regular da FAPESP.
Hélio Sato tem certificado em Laparoscopia pela Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e de Obstetrícia. É membro da AAGL (“American Society of Gynecology Laparoscopy”) e é membro associado da clinica GERA de reprodução humana. (Acesse o currículo Lattes do doutor Hélio Sato).
olá!
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho! Deve ser muito bom deitar a cabeça no travesseiro sabendo que ajuda tantas mulheres a melhorar suas vidas, passando tanta segurança.
Existe um prazo recomendável para a suspensão da menstruação? Desde agosto de 2011 uso Eleni 28 sem pausa. Além disso gostaria de saber se esse tratamento deixa todos os focos de endo estagnados ou apenas nos ovários? Os óvulos ficam preservados durante o período sem menstruação?
Acho que posso dizer que FELIZMENTE não senti cólicas mentruais significativas, mas por falta de sintomas só descobri a endo quando não consegui engravidar e apresentei escapes escuros como borra de café.
Hoje, sinto muito mais desconfortos do que quando desconhecia minha condição. Quando me espreguiço na cama, curvando o corpo pra trás, sinto um repuxo acima da virilha, como se algo fosse rasgar lá dentro.
Definitivamente é uma doença enigmática.
Grata!
Andréa - 38 anos (Maranhão)
Esqueci de mencionar a sensação de inchaço na pelve, fisgadas nos ovários e o que é quase constante: tristeza! Esses são os meus sintomas. Todos depois do diagnóstico.
ResponderExcluirPor não ter sintomas. Iniciei há dois anos um tratamento com indutores. Não preciso dizer que isso me levou a um mal estar indscritível. Mas foi o preço que paguei pra descobrir a endograu IV com comprometimento do intestino.
Andréa - (MA)
Boa Noite. Foram-me diagnosticados focos de endometriose em ambos os ovários em Setembro de 2013. Nessa altura estava há 6 meses a tentar engravidar. Entretanto fiz uma histerossalpingografia, que revelou que tinha as trompas permeáveis. Como os meus ciclos eram irregulares, o médico que me segue, achou que eu tinha ciclos que não ovulava e iniciei desde Dezembro de 2013 Dufine e Duphaston, estou a tomar até agora e ainda não consegui engravidar. Vou continuar o tratamento até Agosto, nessa altura o Dr Valério Carvalho diz que vou começar a levar umas injecções, afim de haver uma maior estimulação dos ovários. Essas estimulações não podem agravar a doença? Será que há alguma esperança de eu consegui engravidar naturalmente? Não seria melhor partir logo para a FIV?
ResponderExcluirMónica Rosa (Portugal)
Parabéns ao site por postar conteúdo tão relevante com um doutor tão conceituado
ResponderExcluirBelíssimo artigo. Claro e direto.
ResponderExcluirDoutor Helio é otimo mesmo, parabéns pelo artigo.
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